segunda-feira, outubro 31, 2005

Ah! Se o mar tivesse atalhos...

Quantas vezes eu já tinha
Ido ter à nossa porta.
E não iria sozinha

Se tem algum interesse por poesia de estilo popular…

Se tem alguma curiosidade por conhecer a versão poética que um dos mais inspirados poetas açorianos pode conseguir de um tema tão popular e tão explorado nos nossos palcos e pelos nossos criadores literários regionais, como é o tema das “Cartas da América”…

Se deseja conhecer mais um inédito de Coelho de Sousa…

Só tem de dar um salto ao Álamo Esguio.

Lá vai encontrar um texto de genuíno sabor popular, escrito por Coelho de Sousa, em São Jorge, no verão de 1955, pela mesma altura em que ele redigiu os poemas sobre “ O Moinho” e “ a Vila das Velas” que este Ventilhador e o Álamo Esguio já transcreveram.

sexta-feira, outubro 28, 2005

Tropeçar duas vezes na mesma Pedra?

Mais um PLANO DE ACÇÃO, política e socialmente da maior importância, condenado a ser politicamente "devorado" e apagado, por uma estratégia de comunicação errada? A sua mistura com a OTA e o TGV.
Esta experiência já foi feita o ano passado. Sabe-se qual foi o resultado. Valerá a pena voltar a tropeçar na mesma pedra?
Quanto a resultados práticos, é de desejar que não nos contentemos em voltar a ser, mais uma vez, os grandes pioneiros em boas intenções, no sucedâneo de uma estratégia para a Europa, de que a Europa de Durão se apressou a apagar o nome que lembrava a Lisboa de "outras eras" políticas.


quinta-feira, outubro 27, 2005

Erros Imperdoáveis ( IV )






As mensagens publicitárias (imagens e textos) costumam ter um mérito.
Terem um sentido único e serem claras.
Estas imagens e este texto, que constam dum prospecto publicitário do "Modelo", para uma recente "Feira de Vinhos e Queijos", para mais, editado especialmente para Angra, Horta, Lagoa, Ponta Delgada, Praia da Vitória e Ribeira Grande, não têm nada disto, pois não?
Que sentido transmitem?
Que os vinhos dos Açores são tão bons como o vinho do Porto?
Ou que os vinhos do Porto e dos Açores, não sendo tão versáteis como os mais versáteis (os espumantes) também "podem acompanhar todos os pratos de uma refeição"?
Ou que "este tipo de vinhos"(os espumantes+vinhos do Porto+Açores+vinhos da Cooperativa Vitivinícola da Ilha do Pico) "pode proporcionar-nos umas combinações perfeitas com queijos e com muitas sobremesas"?
Ou, pelo menos, o efeito destas "combinações", acabará por ser semelhante ao do celebérrimo pessoano : Primeiro, estranha-se; depois, entranha-se?
Ou o seu efeito ficará apenas pela primeira parte? Estranha-se. Ponto final.

quarta-feira, outubro 26, 2005

Blogues contra Jornais

4 a 2

Vitória folgada dos blogues

Blogues - 1 Jornais - 0

A ameaça mais recente, e sem dúvida a mais grave, para a imprensa de informação tradicional vem dos blogues. Os jornalistas acusam os bloguistas de terem feito baixar a qualidade. Todavia, a sua verdadeira preocupação é menos nobre e tem que ver com a ameaça que os bloguistas, na sua maioria amadores, representam para os jornalistas profissionais e seus empregadores (…) Um (…) jornal (…) fica necessariamente dependente das receitas publicitárias e, por consequência, da boa vontade dos anunciantes e dos leitores. Esta dependência acarreta limitações de toda a espécie (…)


Blogues – 2 Jornais – 0


Os blogues vivem sem preocupações. Como o bloguista trabalha sozinho não se lhe exige que seja preciso e exacto, como não tem anunciantes (embora isto esteja a mudar), não tem qualquer razão para se pôr com falinhas mansas (…)


Blogues – 3 Jornais -0


Os bloguistas podem, igualmente, atingir um grau de especialização a que poucos jornalistas dos grandes meios se podem dar ao luxo(…)


Blogues – 4 Jornais - 0


Os blogues não oferecem individualmente qualquer garantia de exactidão, mas a blogosfera, no seu conjunto, dispõe de um sistema de correcção de erros melhor do que o usado pelos meios de comunicação social tradicionais; e, isso, os jornalistas têm dificuldade em engolir (…)

Blogues - 4 Jornais -1

Os bloguistas parasitam os meios de comunicação social tradicionais. Retomam, sem desembolsar um cêntimo, as informações e opiniões produzidas por vezes a custos muito elevados, pelos grandes órgãos de comunicação social.

Blogues – 4 Jornais - 2


A blogosfera é um maravilhoso sistema de correcção quase instantânea dos erros, mas não é inteiramente certo que contribua para reduzir o número de erros no conjunto dos meios de comunicação.

Nota Final.

Neste relato de estilo "futebolístico" entre os argumentos a favor dos blogues e argumentos a favor dos jornais, limitei-me aos golos.
Quem quiser seguir o "jogo " completo pode fazê-lo, na internet, na sua versão gaulesa (se estiver disposto a pagar para ver), ou, no papel, na versão lusa do n.º 29 do Courrier Internacional (também se estiver disposto a pagar...para ler).

terça-feira, outubro 25, 2005

Quando a "Greve" é Doença

No passado Sábado, o Diário de Notícias publicava um texto de opinião com o título "Antes a Doença que esta justiça", em que se narrava o seguinte facto:



No dia 18,(de Outubro) portanto, às 09.00, todos se encontravam no tribunal na Madeira. Só do lado da defesa tinham sido obrigadas a viajar de véspera oito pessoas os cinco arguidos, o advogado, duas testemunhas. Da parte queixosa não faltava ninguém imprescindível. Mas às 10.20 o julgamento foi adiado para 8 de Novembro. Razão: não havia sala disponível. O tribunal, que marcara a sessão com um ano e meio de antecedência, que obrigou a GNR e a PSP a notificar em todo o País, que multaria pesadamente quem faltasse, não cuidou de garantir ele próprio condições para a realização do julgamento. É uma vergonha para o sistema, uma leviandade, um desrespeito pelos cidadãos."



Todos nós conhecemos casos destes.Às mãos cheias. Por experiência própria ou relato de terceiros. Mas parece-me especialmente oportuno lembrá-los nestes dias em que os "digníssimos" titulares destes órgãos de soberania devem acrescentar vários dias de greve oficial ao estado habitual de greve com que se comportam.


segunda-feira, outubro 24, 2005

Ainda as Autárquicas?



Vale a pena continuar a falar de eleições autárquicas?
Tenho muitas dúvidas.
Em todo o caso, só respeitando dois requisitos.
Um, para aqueles que ainda acreditam em leituras globais, regionais ou nacionais, das cerca de 4870 eleições com carácter local. Ou seja, as correspondentes a 616 eleições de âmbito municipal e 4.260 ao nível de freguesia. De que haverá a excluir apenas alguns raros plenários de cidadãos.
Estes devem fazê-lo com os mapas dos resultados eleitorais bem diante dos olhos, para tentar apagar a imagem, televisivamente falsificada, transmitida pelas nossas televisões. Aproveito para realçar o que me pareceu evidente. A RTP, neste aspecto, pareceu-me a pior de todas. Baseou a sua noite eleitoral, exclusivamente, na meia dúzia de casos mediáticos.
Quem quiser aproveitar para esse olhar mais sereno aos mapas de resultados globais pode fazê-lo aqui e aqui também.
O segundo requisito é para aqueles que, como eu, já não acreditam em leituras globais possíveis de quase cinco mil eleições locais, realizadas por comunidades, com percursos históricos e características culturais próprias e respondendo, em cada uma dessas eleições, a estímulos eleitorais completamente diferentes. Por mais tentativas de estandardização política e comunicacional que, partidos e comunicação social, se esforcem por forjar, com maior ou menor artificialismo.
A estes últimos, resta-lhes tentar reflectir sobre as consequências ou as condições para a concretização efectiva deste condicionalismo. Ou seja, tentar esboçar as condições para que esse carácter localista se possa expressar em toda a sua autenticidade.
A primeira condição seria tentar despartidarizar o mais possível as eleições autárquicas.
Tentar mesmo mudar-lhe o paradigma sobre o qual foram modeladas desde 1976. E que tem sido o paradigma das eleições legislativas.
Na minha opinião, devia-se passar a tentar moldá-las, do ponto de vista legislativo e da sua execução prática, pelo modelo das eleições presidenciais.
Transformá-las em eleições de pessoas ou grupos de pessoas que se candidatam, não a partir do interior dos partidos, mas do seu exterior, e que, livremente, quando o entendam e se o entenderem, escolhem o apoio de partidos, e na medida em que o desejarem. Que poderá continuar a ser total. Mas também poderá ser apenas ideológico. Ou apenas logístico.
Além disso, a maioria partidária, como as maiorias presidenciais, dissolvia-se a seguir à eleição.
Tudo isto, poderá parecer tão pouco genuíno, e sobretudo, tão fácilmente deturpável ou falsificável como a situação actual.
Não creio.
Mas tem, pelo menos um mérito. É o de traduzir, na preparação das eleições locais e no dia da sua realização, aquilo que acaba por acontecer, na esmagadora maioria dos casos, passado o acto eleitoral, no dia a dia da vida dos órgãos autárquicos.
Salvo raras excepções, as barreiras partidárias esfumam-se, ou evaporam-se mesmo, na prática autárquica diária.
Há quem o lamente e fale em incongruência.
Não creio que assim seja. É apenas a verdade latente do sistema, camuflada pela lei e pela prática política, a falar mais alto do que o artificialismo dos espartilhos partidários impostos pela lei.
A segunda condição, é talvez menos relevante do que a anterior, mas foi sugerida por alguns comentadores das recentes autárquicas.
Porquê realizar todas as eleições autárquicas, em todo o país, no mesmo dia?
Qual a vantagem?
Se se lhe pode descobrir alguma, não é, decerto, a de facilitar a leitura correcta do significado político de cada uma delas.
São assuntos a retomar. Até porque parecem vir ao arrepio do que se pretende fazer na reforma legislativa para as autarquias de que se vem falando.

sábado, outubro 22, 2005

Coelho de Sousa: O Homem que não cabia dentro do Padre



Quem tiver a curiosidade de ler o texto integral do Professor Doutor Luís Fagundes Duarte com o sugestivo título deste "post" já o pode fazer no Álamo Esguio.

Pode-me ficar mal dizê-lo, mas garanto-lhe que não se arrependerá. Posted by Picasa

sexta-feira, outubro 21, 2005

A Poesia: Água de Deus?




O DIARIO INSULAR publicou, ontem, o texto da intervenção sobre Coelho de Sousa - O HOMEM QUE NÃO CABIA DENTRO DO PADRE - que o Professor Doutor Luís Fagundes Duarte proferiu na sessão comemorativa do 10º aniversário da morte do P.e Coelho.
Se é assinante do DI e se contentar com uma versão com algumas falhas (ontem estava mesmo truncada) daquele texto, pode encontrá-la no link do DI acima indicado.

Quem desejar ler todo o texto, em "posts", poderá vir a fazê-lo no Álamo Esguio.

Para abrir o apetite, deixo-vos a deliciosa história que encerra o texto de Fagundes Duarte e que mostra como Coelho de Sousa "respirava", "produzia","vivia" e "introduzia" teatro, poesia e religião, no mais banal quotidiano.

"E eu nunca esqueci uma história a que assisti, andava eu pelos meus 10-11 anos, entre um grupo de senhoras aqui de São Sebastião que tinham acompanhado o seu pároco, o Pe. Coelho de Sousa, à procissão dos Biscoitos.
Pouco antes de a procissão ter início, começara a chuviscar; e, na sacristia da igreja nova, uma das senhoras disse ao Pe. Coelho que tinha sede, que precisava de beber água. E então o Pe. Coelho, com aquela sua pose elegante e também um pouco teatral, que o caracterizava, virou-se para as senhoras e, de braços abertos, disse-lhes:

Ide, minhas pombas, ide até lá fora e abri o bico para o céu: A água de Deus vos matará a sede…

E eu, na candura da idade, logo imaginei um grupo de devotas senhoras a correr pela rua fora, de boca aberta voltada para o céu, a matar a sede com a água da chuva... Acho que foi esta a primeira vez, tirando as cantorias ao desafio dos nossos cantadores populares, como o Charrua ou a Turlú, que tive consciência de assistir à Poesia ao vivo.
E isso, quarenta anos depois, devo-o ao Pe. Coelho de Sousa, personalidade ao mesmo tempo fascinante e difícil de entender, com quem eu nunca tive o prazer da intimidade nem, sequer, de conversar.
Mas, pelo menos, tenho os livros que ele nos deixou, onde encontro as palavras adequadas, e que nunca morreram, para, a cada momento, perceber um pouco melhor aquilo que é a Vida. E as pessoas…"

terça-feira, outubro 18, 2005

As Autárquicas e...o "José Peseiro" do PSD-Açores

Neste Ventilhador, ainda não falei dos resultados das eleições autárquicas, nem nas regionais, nem nas nacionais.
Em bem rigor, nem seria necessário. Tanta é a especulação para todos os gostos que sobre elas tem sido feita. Mas parece que, mesmo assim, não serei dos mais atrasados a extrair conclusões delas. Ainda hoje lia que Victor Cruz está fazendo o mesmo. Mas para tirar a mesma conclusão de sempre. Aquela em que se especializou depois de cada eleição. Que está condenado a ser o “José Peseiro” do PSD-Açores. Condenado à demissão. Restando-lhe a ele, apenas decidir quando. Em vez do grande líder, o grande parêntese entre líderes.
A verdade é que o problema não é só dele. E, talvez, nem sequer, principalmente dele, mas do próprio PSD-Açores que não consegue desenredar-se do labirinto da incapacidade de constituir-se como alternância ou alternativa ao partido de poder em que, desde 96, se vem firmando e afirmando o PS-Açores.
É que, se Victor Cruz é o José Peseiro do PSD-Açores. O próprio PSD-Açores é o “PS-Madeira”dos Açores. Condenado, pelas circunstâncias sócio-políticas, em que se vive nos Açores, a ser o partido que não consegue recuperar, aos olhos dos açorianos, o estatuto de alternativa ao PS.
Porque não tem revelado a menor capacidade para formular alternativas para o destino dos Açores, nem como democracia nem como regime autonómico, nem em qualquer dos outros domínios.
Em todos eles tem-se revelado de uma ineficácia pungente. Desbaratando mesmo os créditos que lhe vinham do seu passado. Menos ainda, conseguindo acrescentar-lhe créditos do presente.
Recordemos dois casos paradigmáticos destes últimos tempos.
O caso da revisão do sistema eleitoral regional é um deles.
Era fácil perceber que a solução proposta pelo PS é que vingaria. Quer pelo seu mérito intrínseco, quer pelas maiorias absolutas que o PS detém na Assembleia Regional e na Assembleia da República.
O que restava ao PSD-Açores? Revelar-se útil para a única brecha que o sistema proposto pelo PS lhe deixava. A sua compatibilidade com o aumento ou a diminuição do número de deputados.
Ora o PSD de Mota Amaral e do próprio Victor Cruz vinham defendendo a diminuição do número de deputados. Bastava ter-se mantido fiel a esta perspectiva. Com o ambiente social propício a esta solução, seria quase inevitável o PS-Açores ter-se visto forçado a aceitá-la. Proporcionando ao PSD-Açores a oportunidade para exibir o troféu como seu principal promotor. Ao contrário disto, multiplicou as trapalhadas, desde o referendo interno até a propostas sem qualquer nexo.
Resultado. Em vez de um trunfo, mais um prego para o caixão do enterro político do seu líder.
Outro exemplo. O da revisão em curso do Estatuto da Região. Victor Cruz, recuperando ou não perspectivas passadas próprias do seu partido sobre o tema, em vez de procurar soluções para afirmação do PSD-Açores, prepara-se para o transformar no principal acólito do PS-Açores, na preparação da revisão do Estatuto.Fica feliz da vida com uma habilidosa proposta de Carlos César para lhe dar, no caso do Estatuto, aquilo que nunca lhe quis conceder na revisão do sistema eleitoral. Chamar o Estatuto para a responsabilidade directa dos presidentes dos dois maiores partidos. O que significa dar-lhe “um prato de lentilhas”, em troca do consenso que só serve a quem já detém o poder, não a quem precisa de afirmar-se como diferente para ter hipóteses de o conseguir.
E, agora, temos o “comedor de lentilhas” a sofrer de indigestão depois das autárquicas. E a pensar no seu modelo preferido de hara-quiri. A demissão, como fuga ao despedimento com justa causa dos açorianos, em próximas eleições regionais.
Por mim, tenho de acabar este post, mesmo por aqui. As autárquicas vão ter de esperar pelo próximo.

Nota extra. Diz-se que Costa Neves é nome falado para suceder a Victor Cruz. O cúmulo da ironia seria o líder “vitorioso” das autárquicas dos Açores ter como sucessor um dos grandes derrotados dessas mesmas autárquicas. O PSD-Açores está mesmo transformado em “casa sem pão” de autênticas vitórias sem sombra de derrota, como não foram estas autárquicas, nos Açores, para o PSD.

quinta-feira, outubro 13, 2005

Fontes com...Erros Imperdoáveis (III)





As eleições são verdadeiras dores de cabeça para os partidos! A sua preparação, as listas, as pré-campanhas e as campanhas são cada vez mais exigentes! E as consequências políticas dos seus resultados, cada vez mais dependentes dos caprichos das noites televisivas eleitorais!
As eleições também se podem transformar numa verdadeira dor de cabeça para os jornais e jornalistas, que não sabem distinguir entre fontes credíveis e fontes inquinadas ou pela impreparação ou pelo seu carácter tendencioso.
É o que parece ter acontecido, nestas eleições autárquicas, com o Diário Insular.
Anteontem, foi a maioria absoluta de Pedro Cardoso, erradamente atribuída aos votos da Ribeirinha.
Hoje, é a informação, agora atribuída explicitamente às suas fontes, que " cinco votos podem influenciar a distribuição de mandatos na Assembleia de Freguesia (do Posto Santo), já que a eleição do sétimo elemento ( a favor do PS) surgiu por mais três votos".
A única afirmação correcta em tudo isto é esta diferença numérica(rigorosamente nem se trata de votos, mas da diferença de quocientes de uma divisão) na atribuição do 6º mandato ao PS (não do 7º que é o do PSD).
Mas que cinco votos possam alterar a distribuição de mandatos é absolutamente falso.
Para que fosse possível alguma alteração na distribuição de mandatos seriam necessários, no mínimo, 8 votos. Mas, mesmo este número de votos, que é impossível obter com cinco votantes, apenas faria com que o 7º mandato do PSD passasse para 6º, descendo o do PS para 7º.
Não havendo, portanto, qualquer alteração na composição da Assembleia.
Para que esta acontecesse, passando, por exemplo, dos actuais 5 para o PS e 2 para o PSD, para 4 do PS e 3 do PSD, seria necessário que o PSD obtivesse mais 81 votos numa eventual repetição do acto eleitoral naquela freguesia.
Quem tiver a pachorra e a curiosidade de confirmar tudo isto, pode fazê-lo facilmente.
Não precisa de fontes que lhe façam a "papinha". Basta pegar nos resultados do PS (364 votos) e do PSD (138 votos) e dar-se à paciência de dividi-los por 1, por 2, por 3...até 7. Em seguida, alinhá-los por ordem decrescente e fazer, finalmente , a atribuição de mandatos. O resultado deve ser o seguinte: PS 1º, 2º, 4º,5º e 6º; PSD 3º e 7º.
Conclusão (pouco) jornalística: Quem quer saber, faz ou investiga; Quem quer ser enganado, pergunta às fontes.
Conclusão (muito) provável. Ou não foi esta a razão para ser pedida a intervenção da Comissão Nacional de Eleições; ou então, não se vê qualquer razão para a repetição do acto eleitoral.
Conclusão final para memória futura. Mais vale tentar convencer o eleitorado dos méritos dos candidatos e partidos do que tentar complicar, com picuinhas interpretativas e preciosismos jurídicos condenados pelo bom senso, o decorrer do acto eleitoral. Se tudo o que conseguiu, o PSD do concelho de Angra, com o clima de suspeição que tentou criar nalgumas assembleias de voto, foi este caso, não mereceu a pena o encarniçado esforço.
Nota final. Que relação possa ter este insignificante "fait divers" com a tomada de posse da Camara Municipal de Angra, é que ninguém consegue perceber. Que mestres do "suspense" são estes nossos "profissionais" da comunicação social!!!

A Arma Secreta de Costa Neves para Perder Eleições



Com a sua reconhecida e habitual lucidez, em declarações à imprensa local, na noite eleitoral do passado domingo, Costa Neves explicou a sua derrota pela " forte implantação do PS no concelho".
Sem pretender reclamar pergaminhos de profeta, há muito que previra, neste Ventilhador, o que era facilmente profetizável - o fracasso de qualquer tentativa de Costa Neves para conquistar o voto dos terceirenses, embora por razões muito diferentes daquelas a que ele se acolheu.
Mas que, naturalmente, nenhuma relação tinham com os méritos do adversário, partidário ou pessoal, que ele defrontasse.
Só tinham a ver com os seus próprios deméritos. Não vou voltar a eles. Excepto para um velho "pitafe" que ele voltou a confirmar nesta eleição.
A sua insaciável fome de criar conselhos, gabinetes e planos.
Reparem só, daquilo que os municípes de Angra fugiram e se livraram. Nem mais nem menos, que

4-Conselhos-4,

4-Gabinetes-4,

12-Programas/Planos-12,

5-Roteiros/Mapas-5

e ainda mais

5-outros-5.

Total: 30 categorias de diferentes "desnatadeiras"do orçamento camarário.

Foi deste verdadeiro aluvião amazónico de organismos e burocracias, que os angrenses da cidade/concelho fugiram a sete pés... ou a milhares de votos.
Foi desta nova versão camarária de um Costa Neves, criador descontrolado, multiplicador desenfreado, de novos pelouros e novos poleiros que os angrenses citadinos/munícipes fugiram. Este é o Costa Neves que os angrenses citadinos/munícipes conhecem muito bem de uma reencarnação governamental anterior, construída sobre um castelo de cartas de departamentos, secções, chefias e direcções sobrepostas em pirâmide, convergindo para um vértice chamado Costa Neves.

Vejamos os nomes destes clones com que Costa Neves ameaçava os citadinos/munícipes angrenses:

Conselhos

1-Conselho Local de Acção Social
2- Conselho Municipal do Emprego
3-Conselho Municipal de Desenvolvimento Agro-Rural
4-Conselho Municipal de Cultura


Gabinetes

5- Gabinete de Apoio ao Empresário
6- Gabinete de Apoio aos afectados pelas térmitas
7 - Gabinete de Apoio ao Munícipe
8 - Gabinete de Apoio às Juntas de Freguesia

Programas/Planos

9 - Programa de Prática Desportiva
10 - Programa de Actividades Culturais
11 - Programa de Recuperação de Habitação Degradada
12 - Programa de Geminações de Angra
13 - Plano Municipal de Prevenção Primária da Toxicodependência
14 - Plano de Desenvolvimento Estratégico do Concelho
15 - Plano de Animação de Rua
16 - Plano Estratégico de Turismo
17 - Plano Municipal de Desporto, Saúde e Lazer
18 - Plano de Salvaguarda da Zona Classificada
19 - Plano de Urbanização
20- Plano de Recolha e Tratamento de Lixo

Roteiros/Mapas

21- Carta Agro-rural
22- Roteiro da Cidade
23 - Mapa Comercial da Cidade
24- Roteiro Turístico do Concelho
25 - Agenda Turística

Outros

26- Sistema de Placas sinalizadoras
27 - Associação das cidades irmãs de Angra
28 -Protocolos para a Recuperação de Edifícios Públicos
29 - Fundo de Apoio a Micro-Empresas
30 - Equipas de Resposta para a Habitação Social.

Foi deste dilúvio de organismos, pseudo-organismos e aproximações, que os angrenses citadinos/munícipes fugiram, refugiando-se na "Arca de Noé" de Pedro Cardoso.
Livraram-se da boa!
Do presidencialismo faraónico municipal, albergue espanhol de amigos, vizinhos e parentes da grande familia social democrata e da pequena familia-Costa Neves.
Uf! por quatro anos estão safos!
Da ave da gripe e da gripe da ave!

quarta-feira, outubro 12, 2005

Erros Imperdoáveis ( I I)



Eles lá sabem porquê!...Mas seria de esperar que o explicassem aos seus leitores.
Sim. Acho que todos os leitores destas peças jornalísticas gostariam de perceber por que é que os 896 votos da Ribeirinha foram a "arma (secreta, claro) de Pedro Cardoso para a maioria absoluta"! E não, exactamente os mesmos 896 votos que obteve na Conceição! Ou os 845 de São Mateus, ou ainda os 862 de São Pedro?
Por que é que aqueles 896 votos trazem a marca da maioria absoluta? Que os senhores jornalistas não "enxergam" em nenhuns dos outros?
Façamos um raciocício de senso comum, portanto, extra-jornalístico ou para-jornalístico, pois deve estar para além da lógica jornalística. Os votos que dão a maioria absoluta a José Pedro Cardoso são aqueles que, retirados a José Pedro Cardoso, também lhe retiram essa maioria. Sobretudo se os atribuirmos ao respeitável ancião do "tempo novo".
O facto é que a matemática e as regras do método d'hondt, mesmo na hipótese mais inverosímil de serem todos atribuídos ao esbanjador de velhos baluartes, continuam, contra a visão de lince jornalística, a dar a maioria absoluta ao Cardoso e a recusá-la ao (abominável homem das)Neves.
Eis o exemplo do que vale a glória (ou o opróbrio) de um título de jornal!
Afinal, os eleitores da Ribeirinha, do "velho" baluarte do PSD, não vão ter de arcar com a pesada responsabilidade da maioria absoluta de Pedro Cardoso!
Afinal, todos os baluartes do PSD estão velhos. E estão fazendo a vontade ao (abominável homem das) Neves. A escolher um "tempo novo". Não o dele. Mas o deles.
Já agora, senhores jornalistas, aproveitem a "maré" das explicações e esclareçam-nos sobre o outro mistério que, numa só notícia, conseguem criar.
Onde foram desencantar a classificação de "município património mundial"? Não foi à UNESCO que todos conhecemos. Deve ter sido a alguma UNESCO privativa. Só para privilegiados jornalistas.
Esclareçam-nos. Mas, pela nossa saúde (mental), não nos revelem as vossas fontes "bem informadas", "próximas de"...

domingo, outubro 09, 2005

Erros Imperdoáveis ( I )




As solenes afirmações sobre a orla marítima do concelho de Angra são retiradas do folheto de propaganda eleitoral de Costa Neves para as ocorrentes eleições autárquicas. Os residentes no concelho sabem que o prospecto tinha o ar muito respeitável e convincente de material didático e formativo. Mas os muitos dislates começavam na capa.
Quem pretendia transmitir a imagem gráfica de que entre a cidade e o concelho havia total identidade sem separações não podia fazê-lo através de uma cortante barra que separa, mas com um hífen que une palavras diferentes e, portanto, funde realidades separadas. Mas mais comprometedor para um candidato com as pretensões alternativas de Costa Neves é mostrar que desconhece os limites geográficos do concelho a que concorre. Com efeito, falando da "orla marítima do Porto Judeu aos Altares", Costa Neves, numa só frase, amputa a orla marítima do Concelho de Angra, em cerca de dez por cento, correspondente à zona costeira da Vila de São Sebastião. Precisamente, uma área riquíssima em tudo aquilo que ele diz querer cuidar do "Porto Judeu aos Altares" (miradouros, zonas balneares, acessos ao mar,etc).
Talvez haja quem pense que não passa de um erro de pormenor. Para os habitantes da Vila nunca poderá ser assim considerado. Além disso, prolonga um erro histórico muito vulgarizado e com raizes muito antigas.
Mas este é tema para outra altura.
Por hoje, fiquemo-nos pelo erro ridículo do risível e irrisório candidato do "tempo novo"e velhos dislates.

sábado, outubro 08, 2005

...Farto de Eleição


Pois claro,
agora andam todos com o facho
na mão
a dizer que o lume é seu
e o povo é o amigo
na fogueira da eleição:
O voto está contigo!
O pior é haver tanta bandeira
desfraldada
e ninguém saber ao certo
no meio deste deserto
de nada...nada
qual é a verdadeira
chama embandeirada!
p'ra agasalhar o povo
faminto de pão
e farto de eleição
mal votada!


Este desabafo versejado da autoria de Coelho de Sousa, feito em período eleitoral incerto, mas que, pelo teor da linguagem e por outras circunstâncias, não é muito arriscado supor do final dos anos 70, bem merece ser lembrado neste sábado de reflexão eleitoral!

Coelho de Sousa: O Poema


Há cinquenta anos e dois meses, escreveu Coelho de Sousa estes três poemas ligados por uma mesma circunstância: as velas de um moinho em ruínas e a Vila das Velas.

O Moinho



Aos estudantes das Velas




Que não lhe digam nada...


Olhem-no só como um farol abandonado


Em terra de ninguém.


E deixem-no sonhar eternamente,


Além,


Naquele morro...



A mó do tempo triturou-lhe a vida


Como fosse grão.


Moeu-lhe em pó de estrelas


A ilusão


Das suas velas;


Rasgou-lhe, o abandono, o coração...


Agora é só ruinas a pedir socorro.


Pobre moinho, além, naquele morro!...



Alimentei palácios e tugúrios,


Pisei nas minhas mós o pranto e a dor,


Acalentei do mar os seus murmúrios,


E acendi no peito a vida e a dor.



Eu tinha a quem subisse a minha encosta


A graça do convite num sorriso.


Eu fui o Pão divino, em mesa posta


A quem demanda alegre o Paraíso!...



E hoje?... Eu nada valho, eu nada sou.


A sombra do passado que se foi;


Montão de pedras que se abandonou


Moinho já sem velas,


que não mói.




Oh! Velas


Veste de novo a tua graça antiga


Feita só da luz das caravelas...


Que não te falta o mar ao teu respeito,


Tens soma de luar em doce preito,


E muito além no céu, para vestido, estrelas.



Serás eternamente Velas,


Gentil, cheia de graça,


Se fores acender, além, naquele morro


As velas do moinho que a pedir socorro


A vida passa.



E não terás, então, ao sol e ao vento


Da tua gentileza e graça pura


Mais rico monumento


Para mostrar a quem te veja e queira.


Velas, querida Velas,


Acende esta fogueira.



Velas, 3-VIII-1955


Pe. Coelho de Sousa

Quem desejar conhecer as circunstâncias completas que rodearam a criação deste poema e as duas faces da sua história "pública" e "secreta" é só empurrar a porta do Álamo Esguio, aqui ao lado.

terça-feira, outubro 04, 2005

Fenómenos Espectaculares

Por estes primeiros dias de Outubro, falar de fenómenos naturais espectaculares é quase inevitavelmente falar do eclipse solar.

Por simples coincidência, por estes mesmos dias encontrava estas soberbas imagens do vulcão Etna

Estes preocupantes efeitos de uma explosão vulcânica em El Salvador.

O espectacular lugar de destaque para Portugal no mundo da vulcanologia, por causa dos Açores (seus vulcões, sismos, altitude (o Pico Alto, afinal não é tão alto como isso!) e... sua proximidade com o estreito de Gibraltar)


E esta lista de "Volcanoes of Azores" em que 6 das ilhas dos Açores são outros tantos vulcões.





segunda-feira, outubro 03, 2005

Coelho de Sousa: "A União" - A Excepção



Como se pode confirmar pela imagem acima, "A União" fez reportagem da sessão comemorativa do 10.º aniversário da morte de Coelho de Sousa.

Assinala-se a excepção, tal como se salientou a regra.


Aqui pode-se ter acesso ao texto completo

domingo, outubro 02, 2005

Coelho de Sousa: Dez Anos?...Ou Apenas Ontem?...


Anteontem, dia 30 de Setembro, acabou por ser um grande dia para a "vida" de Coelho de Sousa, falecido há dez anos.
Coelho de Sousa teve, na Sociedade Filarmónica de São Sebastião, a recordá-lo e a homenageá-lo, quase tanta gente como a que acorria, quando celebrava missa e lhe enchia a Igreja para lhe ouvir a homilía, ou pregava sermão, em dia de santo lembrado ou orago festejado.
Ou quando tinha em exibição, no palco da Vila ou do Seminário de Angra, peça de teatro, que escrevera, ensaiara, pintara os cenários, arranjara as letras para os actos de variedades ou dera os últimos retoques nos ensaios finais.
Ou quando era ouvido, diariamente, pela rádio, nos anos setenta ou era lido no jornal, nos anos oitenta, no "registo" ou no "nota bene" de cada tarde da "União".
Ou quando, nos anos sessenta, preparava os grandes desfiles e cortejos para as Sanjoaninas de Angra ou era ouvido, nos comentários que fazia durante esses desfiles que, ele próprio (ou outros, ou com outros) imaginara, desenhara, montara ou carpinteirara, em grandes traços de concepção geral ou pequenos pormenores de cuidado artesanal.
Anteontem, foi, de facto, um grande dia para a vida do poeta Coelho de Sousa, falecido há (já) dez anos.
Poeta que teve, a reeditá-lo, em 2ª edição do seu primeiro livro de poemas, Poemas de Aquém e Além, a Junta da Vila de São Sebastião.
Poeta que teve a (re)apresentá-lo aos seus velhos leitores e a revelá-lo a muitos novos, um grande nome da linguísica portuguesa, que é o escritor terceirense e Professor Doutor Luís Fagundes Duarte que, literalmente, conseguiu transmitir aos presentes que o ouviram e àqueles que o hão-de vir a ler em letra de imprensa, uma nova "epifania"da poética de Coelho de Sousa.
Poeta que teve a cantá-lo, em poemas e letras que rabiscava, às vezes, na velha mesa da Sacristia da Matriz, depois da missa, a pedido de ensaiadores em crise de inspiração e de temas, o coro dos idosos da Vila e o grupo coral da Vila, que o interpretaram numa dezena de canções, a que a sua inspiração de poeta deu letra e força.
Poeta que teve a recordá-lo, em muitos episódios da sua vida, o Professor Doutor Luís Fagundes Duarte, a vereadora responsável pelo pelouro da cultura da Câmara de Angra, Dr.a Luísa Brasil e, em representação do Governo Regional, O Director Regional do Desenvolvimento Agrário, Eng.º Joaquim Pires.
Todos eles se juntaram à Filarmónica de São Sebastião, ao Grupo Folclórico da Vila, aos familiares, às autoridades locais, e sobretudo, ao povo que encheu o salão da Sociedade para reencontrarem o Coelho de Sousa, na flor da sua juventude de 81 anos que, nesse dia, teria comemorado, se vivo fora.
Outros o fizeram por ele. Os mesmos que confirmaram, mais uma vez, as palavras que foram mais repetidas, na altura do seu falecimento. O Coelho de Sousa não morreu. Estará sempre vivo, na rede de laços que construiu, com a sua arte e a sua multiforme actividade, ao longo da sua presença continuada na vida de gerações de terceirenses e açorianos.
Saliente-se apenas que, alheia a tudo isto, esteve, nesse dia, a comunicação social da Terceira e aquela que, estando na Terceira, é dos Açores.
É o habitual. Deixar que a vida autêntica de pessoas e colectividades lhe passe ao lado, é especialidade que cultiva com zelo inexcedível.
Que lhe faça bom proveito! Ajudada pelo exemplar do livro reeditado e do convite entregue em mão a todos os seus responsáveis!