quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Duas Receitas para os Males da América

A receita de Bush:
mudar as outras democracias
ou mudar as democracias dos outros.
Agora chama-lhe:
"Diplomacia Transformacional".
Resumidamente, consiste em juntar,
em camadas sucessivas,
um militar e um diplomata,
um diplomata e um militar.
A outra receita não tem nome pomposo nem promotor oficial.
Resume-se a um velho ditado:
Médico, cura-te a ti próprio
.





La nouvelle doctrine de Bush, François Schlosser


La nouvelle doctrine de Bush.
L’Amérique de Bush ne pouvait pas en rester à ses terribles échecs en Afghanistan et en Irak. Les tapis de bombes ne suffisent pas pour transformer en démocratie un pays dictatorial ou un Etat failli. Il fallait changer de méthode et diversifier les actions destinées à rendre le monde meilleur.
Une nouvelle stratégie a été élaborée à Washington et les instruments bureaucratiques de sa mise en oeuvre sont déjà créés.
Il s’agit de promouvoir une « diplomatie transformationnelle » dont la mission sera de « stabiliser et de reconstruire » les Etats.
La nouvelle doctrine de Bush, François Schlosser



Cindy Sheehan, en guerre pour la paix, Jean-Gabriel Fredet
- Les Américains s’intéressent très peu à ce qui se passe hors de leurs frontières.
Demandez-leur de quel pays Paris est la capitale, très peu vous répondront.
Quand je leur parlais de la mort de mon fils cinq jours après son arrivée dans la guerre, beaucoup me disaient :
«La guerre, mais quelle guerre? Le Vietnam?»
Cela peut vous choquer mais, malgré le nombre de morts, beaucoup d’Américains ont eu du mal à réaliser que leur pays était en guerre
Cindy Sheehan, en guerre pour la paix, Jean-Gabriel Fredet

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

França: A escolha entre dois modelos FEMININOS do exercício do poder?

LASTAMPA.it

Francese di ferro perché paragonato a Margaret Thatcher (la «Iron lady», la dama di ferro
LASTAMPA.it



Será mesmo este, o curioso e original dilema para as próximas presidenciais em França?
Pelo menos, tal é a leitura da batalha presidencial francesa vista de Itália.
De um lado, Sarkózy, o "francês de ferro," na peúgada do modelo inglês da "dama de ferro".
Do outro, Ségolene Royal, tentando abrir o seu difícil caminho, entre os chamados "elefantes" do PSF, desgastados na imagem e na doutrina, e o esquerdismo gratuíto da "esquerda muito parisiense e muito caviar"!
Curioso ainda o retrato-síntese que o biógrafo italiano de Sarkózy, nos traça do seu biografado:



sexta-feira, fevereiro 23, 2007

A lição Portuguesa

La leçon portugaise, Jean-Gabriel Fredet





Avortement


La leçon portugaise


La leçon portugaise, Jean-Gabriel Fredet







Já o disse e aproveito para repetir.
Há uma lição portuguesa, para a a Europa, sobre o modo de alterar, através de referendo, a legislação sobre o aborto.
O sentido dessa lição, na minha opinião, já o deixei dito em anteriores "entradas".
De França, chega-nos a ideia de serem tiradas outras lições.
É claro que, entre os derrotados do "Não", também têm aparecido tentativas de "tirar lições".
Por exemplo, alguns "cavaleiros do Apocalipse" fazem leituras tremendistas dos resultados nos Açores.
Leituras "à irlandesa".


É conversa para outra ocasião.




quinta-feira, fevereiro 22, 2007

A política "politiqueira" de Alberto João

 

Há quem comece a encontar virtualidades e até méritos na recente decisão espectacular de João Jardim, de se demitir para se recandidatar, em protesto contra a promulgação da Lei de Finanças Regionais.
Por exemplo, Pacheco Pereira e Lobo Xavier na Quadratura do Círculo de ontem.
Confesso que por mais voltas que lhe dê, não encontro naquela atitude nenhuma racionalidade que exceda os limites do gesto gratuito, da bravata descabida e do "a mim ninguém me mete medo","a mim ninguém me vira",  de tradução política do gesto, que utilizando linguagem do próprio Alberto João, se deve considerar de "testicular".
Ou seja, eu, Alberto João, num país de quem eu já disse que ninguém "os têm no sítio", eu, Alberto João, vou mostrar a todos que os tenho e da cor tradicional!

Ainda ontem lia, a respeito de alguém situado entre o mundo do jornalismo e da política, o seguinte retrato:
"Ele podia levar as pessoas a reagir de formas imprevisíveis; podia inventar questões e depois soluções - igualmente inventadas, mas nem por isso menos populares" 
Acho que estas palavras se aplicam como luva ao gesto de Alberto João.
Soluções inventadas para questões inventadas.
O mais fácil, provavelmente, de se fazer em política.
Pelo menos, muito mais fácil do que tentar encontrar soluções reais para problemas reais.
É este lugar ambíguo em que João Jardim se compraz em viver e arrastar os que com ele vivem e sobrevivem, entre ser notícia e fazer notícia, entre o palco da comunicação social e o palco da política pairando acima do mundo real e dos seus problemas efectivos. 

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

As máscaras no carnaval da poesia

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Só mesmo Camões
é que podia conseguir,
num só poema,
no mesmo poema,
dar forma e expressão,
às duas grandes correntes,
mais antigas
e mais singulares,
da poesia portugesa:
A cantiga de escárnio e mal-dizer
e a trova de amor.

Por obra e mão dele,
cada um de nós
pode repetir
este milagre
de metamorfose
poética.
É só ler as "trovas" seguintes,
na vertical,
e teremos a cantiga de escárnio.
Ou, então, na horizontal,
isto é,
ligando cada verso
da estância da esquerda
ao verso respectivo
da estância da direita,
e teremos
a mais bela trova de amor.


É o carnaval da poesia.
Goze-o. O melhor que puder.
Este. E o do calendário.





sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Renée Fleming Aniversário





No passado dia de São Valentim, ocorreu mais um aniversário da soprano americana Renée Fleming.

É uma data que merece ser lembrada, por aqueles que já conheçam algumas das suas gravações ou actuações.

Pode ser um pretexto a aproveitar, por aqueles que a não conheçam e tenham curiosidade ou desejo de fazê-lo.

Ou simplesmente, para aqueles que estejam pensando concorrer ao "um contra todos".

Para todos, será um nome a reter ou a recordar.

Aqueles que desejarem conhecer algo mais sobre a cantora podem aproveitar
esta página

Aqueles que desejarem ouvir algumas das suas interpretações podem fazê-lo nesta

outra página



Uma crítica a um dos seus últimos trabalhos editados pode ser
lida aqui

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

O dia do amor ou dos amores ?

 

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Sim. Acho que é mais dos amores.
De seus enganos e desenganos.
De seus encontros e desencontros.
De suas angústias e enlevos.
Da sua importância e insignificância.
Da sua incerteza e contradições.
Da sua efémera perenidade.

 

Foi talvez por tudo isto;
Ou por nada disto;
Que me lembrei de Camões.
E da sua "cantiga"
de um "cantar velho,"
que, tempos atrás,
numa tentativa
de encontrar
a quadra perfeita,
descobri.

Trata-se de uma cantiga
com mote.
E com um mote ridículo.
Vejam só:

"Coifa de beirame
namorou Joane".


 

Mas deixemos
para trás o mote.
Nem precisamos de 
saber-lhe o sentido,
para perceber que,
mesmo sem
as referências ao mote,
nas "voltas"
da sua cantiga,
Camões surpreendeu
e registou
(genialmente)
todos
os caprichos,
as fantasias,
as incongruências,
os pequenos nadas 
 e os grandes arroubos
que definem
o amor
que fica
e os amores
que passam.
E o amor
que fica
nos amores
que passam.

 

 

 

Por cousa tão pouca
andas namorado?
Amas o toucado
e não quem o touca?

 

Amas o vestido?
És falso amador.
Tu não vês que Amor
se pinta despido?

 

Se alguém te vir,
que dirá de ti?
Que deixas a mi
por cousa tão vil!

 

Qem ama assi
há de ser amada;
ando maltratada
d'amores, por ti.

 

Eu não sei que viste
neste meu toucado,
que tão namorado
dele te sentiste.

Não sei de que vem
amares vestido;
que o mesmo cupido
vestido não tem.  

 

 

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Aborto:Após o dia do Sim

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Para quem, como eu, antes do referendo, escreveu sobre este tema, justificam-se algumas considerações posteriores ao dia do Sim maioritário.
A primeira delas é relembrar que a vitória do Sim, num referendo sobre a IVG, e consequente alteração da legislação em vigor, no sentido favorável à despenalização do aborto, é um caso único na Europa. Pelo menos, na Europa.

Como já salientei, todos os exemplos anteriores, dos anos 80 e 90, na Europa, resultaram de referendos promovidos pelos movimentos e partidários do Não e o seu resultado final foi-lhes sempre favorável.
A democracia portuguesa protagonizou, assim, no passado Domingo, uma dupla singularidade.
É verdade, que o faz com um grande atraso temporal sobre os restantes países da Europa, que, já há muito, alteraram a sua legislação nesta matéria.
É verdade também, que a ideia do referendo, em 1998, foi engendrada por Marcelo Rebelo de Sousa, defensor do Não, e apoiada por António Guterres, igualmente partidário do Não, mas, a sua vitória, acabou por ser temporária, e o seu efeito reduziu-se ao adiamento de alguns anos, para a entrada em vigor de legislação que correspondesse ao sentir maioritário da sociedade portuguesa.
Neste aspecto, o fadário do Não tem sido sempre o mesmo.
Correr atrás da história e das transformações exigidas pela consciência social.
A segunda consideração a fazer sobre o tema é precisamente esta.
Qualquer legislação sobre este assunto, no sentido de romper com concepções com peso de séculos, na cultura, nos comportamentos e convicções religiosas dos portugueses, mas que não fosse, previamente, submetida ao veredicto final do conjunto da sociedade portuguesa, teria sempre a ensombrá-la, na sua aceitação generalizada e, sobretudo, na sua aplicação concreta, a dúvida, que os partidários do não, infatigavelmente, não deixariam de agitar, de ela corresponder mesmo ao sentir maioritário do país.
Esta dúvida metódica deixou de ter qualquer fundamento, com os resultados do referendo.


Mais algumas breves considerações sobre o caso dos Açores, que acabei por não fazer antes do referendo.
Faço-o agora.
Pode-se dizer que tudo o que o referendo revelou era previsível.
Elevada abstenção, esmagadora vitória do Não, algum progresso do Sim.
Realisticamente, não era possível esperar resultados muito diferentes.
Para mim, porém, há, ainda, dois sinais positivos.
Só ouvi a dois abencerragens do PSD, (Álvaro Monjardino e Reis Leite), uma referência à ideia de voltar a um comportamento, por parte do PSD, semelhante ao que teve, nos anos 80, aquando da aprovação na Assembleia da República da lei actualmente em vigor.
Apelar para as "especificidades" regionais (e para os resultados regionais) para que a legislação nacional nunca fosse aplicada na Região.
Sim, convém não esquecer que, figurões como Costa Neves, que, Domingo, lembravam a sua posição favorável à manutenção da lei em vigor, nos anos oitenta, faziam parte de maiorias e governos que defendiam que, nem a lei actual, que, agora defendiam, devia ser aplicada na Região.
A tal mesma regra de correr sempre atrás da História ou, neste caso, até contra ela.
Segundo sinal positivo.
Ao contrário do que aconteceu com os governos regionais do PSD, que, promoveram, activamente, o incumprimento, na Região, da lei actual, o Presidente do Governo Regional não deixou dúvidas sobre a sua intenção de cumprir e fazer cumprir a lei que resultar deste referendo.
Trata-se, apenas, de acertar o passo com a História.
Dados os antecedentes referidos, é de sublinhar.

sábado, fevereiro 10, 2007

Aborto: Na Véspera do Sim e do Não

 

Um sumário olhar sobre  a campanha.

A cisão que divide a sociedade portuguesa entre o sim e o não à despenalização do aborto, deslocou-se, entre 1998 e 2007, do interior do PS para o interior do PSD.
Dito de outra forma, enquanto, em 98, as vozes hesitantes ou favoráveis ao não, tinham ainda um peso significativo, no interior do PS, em 2007, passaram a ser claramente residuais e sem qualquer impacto no seu eleitorado.
No PSD, tudo leva a crer que se tenha passado precisamente o inverso.
Traduzindo ainda noutros termos, a cisão entre o sim e o não passou a fazer-se por dentro do eleitorado de centro direita e o mais fácil consenso de posições e de discurso passou a ser mais notório entre o eleitorado de centro esquerda.
Este último facto, aliado à circunstancia de o partido polarizador do centro esquerda ter uma posição de referência favorável ao sim e ser mesmo o promotor do referendo, ao contrário do seu rival do centro direita,  facilitou as condições de campanha dos movimentos do sim, embora me pareça que não chegou para a tornar nem mais activa nem mais eficaz.

Esta circunstância ainda, aliada a duas outras, à centralização da discussão directamente na despenalização e só indirectamente no próprio aborto em si, e à importância  que assumiu o debate televisivo (particularmente através do "Prós e Contras" da RTP 1, graças ao impacto do seu formato e credibilidade) e a própria internet, dificultou em muito o discurso e a actuação dos defensores do não que, fora do tema dilemático, não ao aborto, sim à vida, revelaram dificuldades evidentes em se sintonizarem com as preocupções reais do eleitorado, que se situam muito mais no "como" e nas condições, legais e outras, do aborto, do que na sua legitimidade ética e aceitabilidade social. 
Viram-se, assim, forçados a recorrer a sucessivas tácticas de ajustamento da sua campanha até acertarem no tom das modalidades intermédias de despenalização.
Neste contexto, parece razoável prever a vitória do sim, em termos políticos e de expressão do voto nas urnas, mantendo-se, no entanto, uma grande margem de dúvida sobre a mobilização para a ida às urnas, sobretudo, para se conseguir mais de 50% de votantes recenseados e arrumar, assim, em definitivo, e de forma única em toda a Europa, esta velha questão.
O caso dos Açores merecia uma referência, que espero fazer brevemente.      

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

O blogue que incomoda Aqui e Agora

E deve incomodar muito gente,
além do Conselho Superior de Magistratura,
ao revelar consequências pouco conhecidas
da actual legislação portuguesa sobre o aborto.








Aqui e Agora



Em situações ainda menos frequentes, toda a população é chamada a pronunciar-se, em referendo.


É o que vai suceder agora com o aborto.


Em meu entender, trata-se de fazermos uma escolha.


Devemos ou não continuar a enviar a mensagem de que é proibido realizar abortos em Portugal?


Imagine-se um patrão sem escrúpulos.


Numa reunião de trabalho com outras pessoas, vira-se para uma empregada, que acaba de engravidar e dirige-lhe as seguintes palavras:- Já chegou a considerar a hipótese de abortar? Pense nisso…Este homem seria julgado em tribunal, por instigar à prática de um crime. Estaria a sugerir a prática do crime de aborto.


Numa sala de aula, um professor conversa com uma aluna adolescente grávida:- Já reflectiste sobre se a manutenção da tua gravidez vai ou não prejudicar os estudos?


Também ele seria arguido num processo-crime. E expulso da escola, em processo disciplinar.


Caso o aborto seja liberalizado, poderão ser efectuadas todas estas sugestões, conselhos e recomendações.


A mulher é livre de abortar. Todos podem aconselhá-la, tentar convencê-la e induzi-la em qualquer sentido.
Aqui e Agora

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

A pergunta de 1998 e de 2007

É verdade.
O "não" anda a tentar inventar diferenças que, até historicamente, são insustentáveis.
A resposta às mesmas perguntas não pode ter um significado em 1998 e outro em 2007.

Veja as "diferenças", claramente vistas, entre a pergunta de 1998, que era esta:





Referendo de 1998



E a pergunta do referendo de 2007, que é esta:







Referendo de 2007

terça-feira, fevereiro 06, 2007

O "Não" trapalhão

O "não" ao referendo ao aborto do próximo fim de semana, está com uma tendência manifesta para as pequenas e grandes trapalhadas.

Exemplo de pequena trapalhada pode ser esta que já anotei no Epigrama.


Exemplo de grande trapalhada é a de tentar transformar totalmente o significado do "não," entre 1998 e 2007.
Em 1998, toda a gente entendeu (quer os adeptos do "não" quer os adeptos do "sim") que a vitória do "não" à resposta à pergunta feita ( exactamente a mesma, em 98 e agora) significava a manutenção da lei sobre o aborto, vigente desde 1984.
Alguns dos defensores do "sim" entenderam tanto assim, que, mesmo sem terem sido satisfeitas as condições jurídicas de obrigatoriedade do respeito pela decisão popular, a respeitaram ao ponto de se terem sempre recusado a alterar a lei, até novo referendo sobre ela.
Com estes antecedentes bem presentes na memória de todos, a que vimos assistindo, nos últimos dias de campanha, por parte dos defensores do "não"?
À tentativa de tudo baralhar.
De tornar o "não," exactamente igual ao "sim".
De tentar convencer o eleitorado que, votando "não," podem conseguir aquilo que só o "sim" pode obter: a alteração da actual lei.
De que, afinal, o referendo não se decide, como é da sua natureza, na escolha definitiva entre o "sim" a uma pergunta, ou o seu contrário, o "não".
Contra tudo o que os defensores do "não", sempre reclamaram desde 98, afinal, o "não" não é o contrário do "sim", é o "sim" menos qualquer coisa.
Sobretudo, se esse "menos qualquer coisa", não passar de uma menos que simbólica alteração da lei.
Afinal, o "não" dos grandes princípios está pronto a negociá-los com o "sim", a troco da tentativa de pescar alguns votos no campo do "sim".
Que "não" mais trapalhão!

domingo, fevereiro 04, 2007

Fim de semana em Nantes

Este fim de semana saiu prolongado.
É o que pode acontecer aos fins de semana que são vividos entre um passado que se tenta recordar, um presente que nos incomoda e um futuro em incerto projecto.
Desculpem as frases-feitas e, aparentemente enigmáticas, para dizer apenas o seguinte:

Passei o fim de semana a tentar seguir pela
Antena 2 da RDP
a "folle journée" de Nantes.



Assim, por algumas horas (muitas menos do que as 19 horas que a Antena 2 transmitiu ou retransmitiu),
Lá fui conseguindo, muito fragmentada e ultraperifericamente, ir participando na


Mas, em clara "desarmonia," com a decisão dos responsáveis pelas realizações culturais deste país, por não haver, este ano, pela oitava vez, a réplica portuguesa desta "folle journée", com "A Festa da Música" no CCB que, desde a sua 1ª edição, vinha sendo o meu salto anual para fora da ultraperiferia.
Tanto mais que, no decorrer da emissão da Antena 2, tinha a oportunidade de saber:


Que os brasileiros estavam preparando a sua importação para o Brasil, este ano.


Que calculavam que, no Brasil, a iniciativa custaria cerca de 600.000 euros.


Que os cálculos para o orçamento da "Festa" em Portugal eram de 1.200.000 Euros.


Que alguns dos grandes intérpretes presentes en Nantes, como Engerer e Berezovky, quando souberam que as razões(?) para a supressão da "Festa da Música", em Portugal, eram de ordem financeira, se mostraram disponíveis para participarem gratuitamente.


Que o responsável pela realização da iniciativa, Renée Martin, nunca chegou a ser contactado pelos responsáveis do CCB, para introduzir as adaptações que permitissem a continuidade da versão portuguesa da iniciativa.


Tudo razões que me levam a pensar que a supressão da "Festa da Música" foi precipitada por razões que parecem estar muito para além da questão financeira e que ficará, para sempre, como uma marca negativa para Mega Ferreira, o responsável último pela decisão.




É claro que também posso pensar em deslocar-me até Bilbao, daqui a um mês.

Será outra forma de tentar o salto sobre a ultraperiferia.
É claro que posso tentar.
Na verdade, é mesmo o que vou tentar.
Mas nunca poderei sentir-me bem com a ideia de ter de ir procurar em Espanha aquilo que já tive em Portugal.

É uma ideia que me incomoda mesmo muito.

Até porque também posso comparar aquilo que ocorreu em Nantes, este ano.
E que a RDP resumiu assim:




Posso comparar isto, com o que está previsto para Bilbao.
E que é o seguinte:






E continuar a pensar que Mega Ferreira não se deu ao menor esforço, para tentar as mil e uma variantes que pode assumir esta iniciativa e perfeitamente adaptáveis aos circunstancialismos de toda a ordem, a começar pelos financeiros.
E que, quem acompanhou as anteriores edições da "Festa da Música", mesmo sem estar por dentro dos segredos financeiros (e outros) da "Festa," percebeu que foram sendo feitas sucessivas adaptações e alterações de programação durante todos estes anos.

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Um jornal da oportunidade perdida

É o que foi o Diário Insular do dia 31 de Janeiro.

Tudo por causa desta notícia doInstituto Nacional de Estatística (INE)



E, sobretudo, por causa deste mapa




E que, entre outras, revela estas realidades:

Entre 2000 e 2003, o crescimento médio anual do Produto Interno Bruto (em termos nominais) da Região Autónoma dos Açores (RAA), foi o mais elevado de todas as Regiões do país.

A média do crescimento do PIB, nesses anos, foi de 7 % .
A média do crescimento nacional foi de 4,3%.
Imediatamente a seguir aos Açores ficaram a Região Autónoma da Madeira, o Algarve, o Alentejo e o Centro, respectivamente com crescimentos médios de 6,8%, 6,7%, 4,5% e 4,4%.

Mais ainda, em termos reais, em volume de crescimento, os Açores tiveram o segundo maior crescimento do país, com 2,9%, contra o crescimento real médio nacional de 0,7%, tendo sido apenas excedido pela Madeira, com 3,2%.


Mas onde está, então, a oportunidade perdida pelo Diário Insular naquele dia 31?

Está em ter conseguido levar, nesse dia, às páginas do jornal estes dois personagens maiores da nossa politica regional


mas, em vez de os colocar frente a frente e confrontá-los com estes e outros números e realidades reveladas por aquelas contas regionais, põe-nos, positivamente, de costas um para o outro.

Assim, oferece a Costa Neves a sua segunda página, para ele repetir, pela enésima vez, as suas lamurientes queixas contra a Inspecção Administrativa Regional e a falta de ambição do Governo Regional, quanto aos números futuros dos apoios da União Europeia.

Claro que se percebe a (anti) lógica "jornalística" do DI.
Confrontar Costa Neves com estes dados sobre o desenvolvimento económico do passado recente da Região, seria condená-lo, antecipadamente, à derrota.
O que, como é óbvio, ninguém quer.
Muito menos o Diário Insular.

Quanto a Carlos a César, o DI coloca na sua boca os números e a interpretação dos números, do Instituto Nacional de Estatística.
O que, como também é óbvio, só lhes diminui o impacto e a confiança que possam suscitar.

O que, porventura, muita gente também não que há-de querer.

Mas o DI pensa que sim.

São esses poucos que merecem a consideração do DI.

Felizardos beneficiários de uma oportunidade jornalística perdida!