sexta-feira, novembro 22, 2013

Sol da manhã

O sol sobre o mar
Ergueu-se majestoso
Na terra vai tornar
Tudo belo, tudo vistoso...

Rei do dia
Vencedor da noite
Penhor de alegria
Da escuridão açoite.

Cada dia nasce
Cada dia fenece
Sem ele a face
Do mundo escurece.

Prenda renovada
Em cada manhã.
Presença ansiada
Abraço de lã

Da harmonia das esferas,
És o zeloso guardião
Sobre tudo imperas,
Oh sol da minha afeição.


sexta-feira, setembro 13, 2013

Pacu

O texto publicado no Diário Insular, no passado Sábado ,com o sugestivo título de “Pacu e os eleitores” despertou em mim  a ideia para um breve escrito sobre “Pacu e os jornalistas”.
Pelo que respeita à cobertura jonalística de campanhas e pré-campanhs eleitorais( para nos mantermos no mesmo tereno ) afigura-se-me que os jornalistas se podem classificar em três categorias, o jornalista ganha-pão, o jornalista que tem mais olhos que barriga e o que tem mais barriga do que olhos.
O jornalista ganha-pão é aquele que tem uma sensibilidade muito viva para o seus problemas pessoais e que fará tudo para poder comer três vezes ao dia.Pouco interessam  as suas convicções(normalmente é-lhe indeferente  trabalhar ou não  ao arrepio delas) ele não deixará de cumprir as tarefas que lhe encomendam. Faz  lembrar aqueles católicos sociológicos que  independentemente das suas convicções mais íntimas ,estarão sempre presentes, na missa, na coroação, na procissão.
O jornalista que tem mais olhos que barriga  é aquele que está de olho vivo para aquilo em que os candidatos se assemelham, mas que é totalmente falho de apetite e atenção para as diferenças que os distanciam. Pode vê-las, ocasionalmente, mas nunca as come ou digere. Tem uma medida e pauta única para todos. São todos iguais. Venha o diabo e que escolha.
O jornalista que tem mais barriga do que olhos é aquele que (quase fisicamente, mas decerto metaforicamente) come e abocanha o candidato. Ele é que é o protagonista. O candidato é apenas uma figura menor para contracenar com o jornalista. O jornalista quase que o dispensa e só precisa dele como pretexto.
Custa meter o Pacu, neste quadro?  Não. Também, entre os jornalistas, o Pacu não teria alimentação garantida,


terça-feira, setembro 03, 2013

Aniversário de morte de Coelho de Sousa

Perfazem-se hoje 18 anos sobre a data da morte de Coelho de Sousa (2 de Setembro de 1995). Podia recordá-lo de muitas maneiras. Por palavras minhas. Por palavras dele próprio  Prefiro fazê-lo através de um episódio narrado por outra  pessoa. Por Onésimo Teotónio de Almeida.
 O facto de eu ter uma biblioteca  que bate recordes de desorganização, permite-me descobrir de quando em vez novidades “antigas” que a memória esquecera. Ontem mesmo, fui redescobrir os”Onze Prosemas” do Onésimo. Num deles  - o prosema sobre a nuvens -  Onésimo viaja de avião sobre os  gelos Da Gronelândia, quando o comandante de bordo anuncia que se encontravam a sobrevoar “north of Terceira Azores”. A informação deixou indiferente os restantes passageiros. Apenas Onésimo abriu uma nesga da sua persiana. Mas, diz Onésimo, “nada de ilha e nem sequer mar só nuvens e mais branco e de repente uma alucinação  Não é a Serra de Santa Bárbara essa não  fura assim este algodão espesso mas o PICO ele mesmo ou a ponta dele um cone de azul plantado sobre aquela imensidão de branco sereno e altivo imponente e majestático altaneiro e belo que o padre Coelho na aula de português disse parecer um seio mas isso era visto de Angra o cimo da montanha sobre o corpo de São Jorge como se de uma mulher deitada ou sereia estendida de costas(...)
Só eu levarei comigo na bagagem para casa aquele cume da montanha do Pico que eu sozinho namorei de longe muito longe e era azul suave e talvez mesmo um seio terno como na metáfora do padre Coelho na minha aula de português”-
 Nota oportunista. Curiosamente, hoje, também foi desbloqueada a situação de impasse que impediu durante alguns dias que o “Testamento Poético” de Coelho de Sousa estivesse acessível para aquisição. Lembro o link http://www.bubok.pt/livros/7321/TESTAMENTO-POETICO


segunda-feira, agosto 26, 2013

A vaidade

  1. A vaidade é a espuma do orgulho.

quarta-feira, julho 31, 2013



A felicidade é feita de pequenas coisas. Sobretudo, pequenas coisas que são o resultado de um grande esforço, de permeio com algum espírito de aventura a risco.
Estas afirmações muito genéricas vêm a propósito de uma coisa muito concreta. ...Do facto de ter tido
ontem nas minhas mãos a concretização de um sonho longamente acalentado. A publicação do "Testamento Poético" de Coelho de Sousa. Para mim, que tenho milhares de livros em casa, devia ser apena mais um. Mas não. Aquele é "o"livro que tem por detrás de si muitas horas/anos de selecção, organização, catalogação de um espólio imenso mas desordenado. Costumo dizer que é o meu contributo de reformado para o enriquecimento da cultura açoriana. Talvez seja presunção, mas, pelo menos, foi esta aspiração que encheu e preencheu os meus dias de reformado. E que assumiram outras formas para além do livro. Um blogue e um "site" mantidos ao longo de uma dezena de anos.
Mas atrás, falei de aventura e risco. Refiro-me ao processo de publicação do livro. Um processo moderno de auto-publicação, em que tudo é da responsabilidade e da escolha do autor. A paginação, a formatação em Word e PDF, a escolha e o desenho da capa, etc. Todos os pequenos e grandes pormenores que permitem a composição de um livro. Tudo novo para mim, tudo incerto quanto ao seu resultado final. Hoje, estou convencido e vivendo o resultado de um final feliz.


A propósito ( ou a despropósito) lembro que o livro pode ser adquirido aqui http://www.bubok.es/comprar/TESTAMENTO-POETICO/id=225438Ver mais


sábado, julho 20, 2013

Evidências

quarta-feira, junho 26, 2013

A vida

  1. Que fiz eu da vida?
    Que fez ela de mim?
    Quanta coisa feliz ignorada e perdida!
    Quanto princípio que não teve fim!
    (Fernando Pessoa)

    Variantes

    Que fiz eu da vida?
    Que fez ela de mim?
    Quanta inutilidade aprendida
    Em Francês, Português e Latim.

    Que fiz eu da vida?
    Que fez ela de mim?
    Uma vivência comedida
    Sem magia de perlimpimpim.

segunda-feira, junho 24, 2013

A vida

  1. Que fiz eu da vida?
    Que fez ela de mim?
    Quanta coisa feliz ignorada e perdida!
    Quanto princípio que não teve fim!
    (Fernando Pessoa)

    Variantes

    Que fiz eu da vida?
    Que fez ela de mim?
    Quanta verdade a começo pressentida
    E acabando desdenhada por fim.

    Que fiz eu da vida?
    Que fez ela de mim?
    Quanta hesitação sofrida
    Entre o Não e o Sim.

sábado, junho 01, 2013

Sonetilho

  1. Sonetilho 11

    Canto longínquo
    Triste e lento.
    Som oblíquo
    Como o vento.

    Sentir profícuo
    Em cada momento.
    Veloz e ubíquo
     E com sentimento.

    Música da noite
    Que se insinua
    Grave e profunda.

    Embora me acoite
    À luz da lua
    Na escuridão se afunda.

quarta-feira, maio 01, 2013

O pimeiro primeiro de Maio


    1. O primeiro primeiro de Maio. Em 1974.Encontrava-me em Lisboa nesta data. Vivi a emoção da liberdade reconquistada. Senti-me mais um na multidão que transporta bandeiras, que entoa slogans. O povo unido jamais será vencido. O povo que reencontra a sua unidade primordial. O povo que esquece e apaga todas as diferenças. O povo que procura e celebra uma nova idade que começa. São 500.00? Não sei. Ao que parece é para cima de um milhão que se estende pela cidade, rumo à Alameda Afonso Henriques e vai desaguar num Estádio que, nesse mesmo dia, foi baptizado de 1º de Maio. Um misterioso sentimento de unidade liga todas as pessoas. Há reivindicações concretas. O fim da guerra colonial. O fim da censura. O direito à greve. Mas o que conta acima de tudo é esta liberdade nova que une, que festeja, que celebra. E há flores, muitas flores. E há cravos, muitos cravos que são atirados aos soldados que enquadram a multidão. Vive-se um espírito de euforia, em que tudo parece possível e fácil. Esbatem-se e anulam-se todas as divergências. Desfazem-se todos os preconceitos. Esboroam-se todas as distâncias e divisões.
      O primeiro primeiro de Maio foi o primeiro dia do trabalhador celebrado em liberdade, em Portugal. Mas “trabalhadores” eram todos os que vinham comungar na festa e banhar-se na multidão. Por isso mesmo, foi o primeiro. Mas mais que primeiro, foi único..

sábado, março 23, 2013

dia do pai


  1. ...
    Foto: Dia do Pai

Dia do pai
E o pai no seu dia.
Da memória não se esvai
Mesmo quando o pai morria.

Paternidade é um privilégio
Uma graça, um dom
É um singular mistério
P’ra cantar em qualquer tom.

Ser pai,
Suprema ventura.
Todo o bem atrai
E para todo o sempre perdura.

Ser Pai
E todos os filhos acolher.
É toda a alegria que se esvai
Se vir algum filho morrer.

Pais que envelhecem
A ver os filhos crescer.
Pais que nunca esquecem
Os que dele dependem no seu ser.

Com três letras apenas
se escreve a palavra pai.
É das palavras mais pequenas
E que do coração do filho nunca sai

O pai tem o seu dia
Para com alegria celebrar.
Sem truque nem magia
Na memória há-de ficar.

segunda-feira, março 11, 2013

Pescador da beira mar


Pescador da beira mar

Pescador da beira mar
Em tarde de domingo soalheira
O peixe hás-de pescar
E prepará-lo à tua maneira.

Pescar é um passatempo
Que ajuda as horas a passar.
Não tens em qualquer momento
A pressa a te atormentar

Anzóis e linha fina
Em flexível cana.de pesca
É quanto basta e te anima
Para fazeres a tua festa.

Peixes vários e saborosos
Para a tua mesa regalar.
São repastos deliciosos
E p’ra todos hão-de chegar.

Pescador de entretenimento
E longas horas a olhar.
Pescador tão paciente
Como a onda que bate devagar.
Foto
Foto
Foto

segunda-feira, março 04, 2013

Gazetilha


Jovem mulher é violada
Por padrasto homicida
Mas vai ser chibatada
Como se fosse corrompida

O caso é nas Maldivas
Com sistema de justiça original
Mistura o rigor britânico
Com a lei islâmica por igual.

A jovem tem quinze anos
E está a aprender à sua custa
Com tratamentos desumanos
De uma justiça que não é justa.

Degradante, desumano e cruel
Por qualquer lado que se considere.
Assim a Amnistia Internacional
Classifica o que tanto fere.

Não bastou a violação
Como abuso condenável.
Ainda vai sofrer detenção
Que não é considerada perdoável.

Revoltante a situação
Em alguns países, da mulher
Não tem quem lhe dê a mão
E é abusada quando se quer.

sábado, fevereiro 23, 2013

Gazetilha


Gazetilha

Andar na gandaia
pode não ser uma profissão,
Mas pode ser que atraia
Quem não tem mais nada à mão.

"Catadores de lixo"
Lhes chamou um administrador.
É para quem não poiso fixo
Nem ordenado de gestor.

Com coimas quer resolver
A fome de muita gente.
Tudo isto está a acontecer
Num país descontente.

Má vida ser gandaieiro
E do lixo matar a fome.
Melhor fora ser trapeiro
E ganhar o que se come.

É uma rua da amargura
Este país de Passos.
Não tem remédio, não tem cura
Nem trabalho para os seus braços.

O lixo dos contentor
É a última saída
Para quem já não é senhor
Nem sequer da própria vida.

A quem anda a comer
Dos desperdícios dos outros,
Pior sorte não pode haver.
É ser infeliz como poucos

A solidariedade falhou.
A caridade é uma palavra.
Nada mais restou
Que aquilo que não prestava.

sexta-feira, fevereiro 15, 2013

O nascer do sol


O nascer do sol

O sol que se ergue
No clarear da madrugada.
O mar que rebrilha
no fulgor do Sol.
A terra que desperta
De um sono pesado.
O mundo que acorda
Para uma vida nova.
A realidade que se enfrenta
Com redobrado vigor.
Os sonhos que se acalentam
Cheios de esperança.
O calor do coração
Que a vida aquece.
A felicidade que parece
Ao alcance da mão.
As angústias que se desfazem
Como pétalas pelo chão.
A alegria da vida
No sorriso da natureza.
O bem e o mal
Que se vêem com clareza.
Tesouros que se descobrem
Num raio de Sol.
Tudo é para todos,
E para todos reverte.

quarta-feira, fevereiro 06, 2013

Gazetilha


Vender nações em leilão
É ideia sem precedentes.
Tão barato e ali à mão
Não lhe faltaram clientes.

Façanha de um japonês
E bom uso da internet.
Não será a ultima vez
Que tal actividade diverte.

Cinquenta euros é o preço
da maior potência mundial.
Nem mais um euro ofereço
por um país tão banal.

A venda tem garantia
E tem escritura assinada.
Toda a gente confia:
É por Roosevelt firmada.

Há espertos e espertalhões
Que vendem notas falsas.
Este negoceia com nações
E não precisa de notas altas.

sábado, fevereiro 02, 2013

Mundo


Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria um rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo.
Mais vasto é meu coração.

Carlos Drummond de Andrade
Foto: Mundo  mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo  
seria um rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo.
Mais vasto é meu coração.

Carlos Drummond de Andrade

domingo, janeiro 27, 2013

Sol de Domingo


Manhã de Domingo,
Sol esplendoroso.
Não alcanço nem atino
No que haverá de mais ditoso.

Sol que aquece
Sol que acalenta.
Mereces uma prece
Para a felicidade que se inventa.

Mundo que brilha.
Pássaros que cantam.
A felicidade destila
E vidas novas se encantam.

Domingo de Sol
Domingo de luz
Luminoso farol
Que nos guia e seduz.

Fulgor da natureza,
Da alma calor.
Tudo renasce em beleza,
E ganha mais valor.
Foto: Manhã de Domingo,
Sol esplendoroso.
Não alcanço nem atino
No que haverá de mais ditoso.

Sol que aquece
Sol que acalenta.
Mereces uma prece
Para a felicidade que se inventa.

Mundo que brilha.
Pássaros que cantam.
A felicidade destila
E vidas novas se encantam.

Domingo de Sol
Domingo de luz
Luminoso farol
Que nos guia e seduz.

Fulgor da natureza,
Da alma calor.
Tudo renasce em beleza,
E ganha mais valor.

sexta-feira, janeiro 25, 2013

... e mal pagos

Portugal com mais de 800 mil trabalhadores mal pagos, segundo padrões da UE

O Eurostat calculou que, em 2010, 16,1% dos trabalhadores portugueses ganharam menos de 3,4 euros por hora, um número que faz a organização europeia dizer que são mal pagos. Considerando um trabalho semanal de 40 horas, isso significa que mais de 800 mil portugueses (num total de 4,98 milhões de pessoas activas) ganhavam até 590 euros brutos por mês.

terça-feira, janeiro 22, 2013

Nureyev


Decorreram 20 anos sobre a morte do grande bailariro russo Rudolf Nureyev.(7-3-1938 a 6-1-1983).
Nureyev foi um dos mais importantes bailarinos do século XX, destacando-se por ter reformulado o papel da figura masculina na dança, até então limitada ao suporte das bailarinas em palco.
Dançou nalguns dos palcos mais importantes do mundo e com grandes bailarinas, como Margot Fontayne, Eva Evdokimova e Veronica Tennant, e foi convidado para director do Ballet da Ópera de Paris, em 1983, continuando a dançar.
Rudolf Nureyev apresentou-se em Portugal, pela primeira vez, em junho de 1968, com Margot Fonteyn, para dançar "Giselle", no Teatro de São Carlos, em Lisboa- Tive a felicidade de assistir a este admirável espectáculo.
É precisamente do pas de deux do 2º acto de "Giselle", o vídeo que aqui se partilha.
Margot Fonteyn / Rudolf Nureyev: Giselle (PAS DE DEUX FROM ACT II)
Giselle (PAS DE DEUX FROM ACT II) BBC STUDIO RECORDING, RECORDED 2 JUNE 1962 - Philharmonia Orchestra/Robert Irving London Symphony Orchestra/John Lanchbery ...

sábado, janeiro 19, 2013

O relatório do FMI

"o líder do Executivo fez sobressair uma vez mais que, o estudo que encomendou ao Fundo Monetário Internacional (FMI) “não é uma Bíblia”, e reportou-se às acesas reacções que têm vindo a público acerca do relatório como excessivamente “dramáticas”.

O Primeiro Ministro acha, então, que as reacções vindas a público em relação ao relatório do FMI, são excessivamente "dramáticas"? Por acaso não serão "dramáticas" as perspectivas de:
Redução de 70.000 a 140.00 funcionários públicos para conseguir diminuir a despesa em 750 milhões de euros;
Corte entre 3 a 7% nos salários da função pública para poupar 325 a 760 milhões de euros;
Despedimento de 50.000 professores para conseguir 710 milhões de euros;
Redução do subsídio de desemprego para o nível do salário mínimo para gerar a poupança de 600 milhões de euros;
Aumento substancial das taxas moderadoras na Saúde até aos 50 euros;
Eliminação do subsídio por morte;
Eliminação do abono de família para as famílias com um rendimento superior a 5.000 euros anuais;
Corte do abono da família para os jovens entre os 19 e 24 anos;
Redução entre 10 a 15% nas pensões, para conseguir uma poupança, respectivamente, de 214 milhões de euros ou 1.500 milhões de euros;
Aumento da idade da reforma para os 66 anos para poupar 400 a 600 milhões de euros.
Aumento das propinas no ensino superior, etc. etc.

Esta visão global e que, mesmo assim, se fica pelas reduções e cortes mais gerais, não é suficientemente dramática para gerar inquietação e crítica?
Sobretudo, quando se podem apontar deficiências graves ao relatório, como conclusões não fundamentadas, dados manipulados, asserções não consubstanciadas e omissões surpreendentes. Além disso, é mais que evidente que não se visa nenhuma reforma profunda e substancial do Estado, mas apenas tentar encontrar os meios financeiros para manter o Estado que existe. É precisamente isto que falta a esta perspectiva redutoramente financista e financeira do Estado.

segunda-feira, janeiro 14, 2013

A entrevista

A entrevista concedida pelo Presidente do Governo Regional à RTP-Açores merece algumas considerações. Em primeiro lugar, é de destacar o tom sereno e comedido de toda a entrevista. De quem se defrontou, nos escassos dois meses do seu exercício de funções, com problemas da maior dimensão não seria de esperar tanto. Mesmo quando colocado perante problemas decisivos como a alteração da Lei das Finanças Regionais ou o magno problema da Base das Lajes ou ainda a mais preocupante questão do desemprego, nunca o novel Presidente perdeu o seu ar de descontracção e amenidade que o caracteriza. As respostas às questões foram sempre dadas com acerto, ponderação e objectividade. Sempre se mostrou seguro das suas razões e nem levantou o tom de voz quando afirmou as suas discordâncias com o Governo da República em relação àquilo que se contentou em caracterizar como “leituras incorrectas” da realidade regional. Nunca se esqueceu, em relação mesmo às questões mais complexas, como a das Lajes e do desemprego, de distinguir, com oportunidade e rigor, os diferentes níveis de responsabilidades ou de limitação de competências quanto ao que é admissível exigir-lhe e quanto ao que lhe é possível prometer.
Não trouxe novidades, para quem pudesse estar à espera delas. É verdade. Mas acho que não seriam de esperar. De esperar, era sim que enfatizasse a sua preocupação no cumprimento das promessas eleitorais com que se comprometeu. Fê-lo abundante e repetidas vezes. Não se esquecendo de, simultaneamente, acentuar que esses compromissos não são para ser exigidos hoje ou amanhã, mas para serem satisfeitos dentro do mandato de 4 anos.
Não pretendeu apresentar-se com uma mão cheia de problemas já resolvidos, mas mostrou-se conhecedor e senhor das diversas etapas requeridas para a sua solução.
Na minha opinião, não defraudou nem desiludiu as expectativas e esperanças que a maioria dos açorianos depositou nas suas mãos. Para os tempos que correm, neste país, já não é pouco. Mas é o exigível.

quinta-feira, janeiro 10, 2013

FMI


FMI não será apenas o anagrama de FIM? Fim da protecção na velhice. FIM da saúde para todos e de um Serviço de Saúde tendencialmente gratuito. FIM da tentativa de caminhar e construir uma sociedade mais justa e mais igualitária. FIM de procurar que a economia e os interesses económicos se subordinem à política e aos interesses gerais.FIM das medidas políticas subordinadas à lei e à Constituição. FIM da igualdade de oportunidades para todos no acesso à educação e ao ensino.FIM dos apoios à infância e à juventude.FIM de prestações sociais adequadas e adaptadas à realidade social e económica do país. FIM de uma carga tributária adaptada ao crescimento da economia e às exigências do consumo.FIM do Estado Social e suas conquistas. Simplesmente, FIM de um Estado em que valha a pena trabalhar e viver.

Foto: FMI não será apenas o anagrama de FIM? Fim da protecção na velhice. FIM da saúde para todos e de um Serviço de Saúde tendencialmente gratuito. FIM da tentativa de  caminhar e construir uma sociedade mais justa e mais igualitária. FIM de procurar que a  economia e os interesses económicos se subordinem à política e aos interesses gerais.FIM das medidas políticas subordinadas à lei e à Constituição. FIM da igualdade de  oportunidades para todos no acesso à educação e ao ensino.FIM dos apoios à infância e à juventude.FIM de prestações sociais adequadas e adaptadas à realidade social e económica do país. FIM de uma carga tributária adaptada ao crescimento da economia e às exigências do consumo.FIM do Estado Social e suas conquistas. Simplesmente, FIM de um Estado em que valha a pena trabalhar e viver.

segunda-feira, janeiro 07, 2013

Os Reis Magos

                                    Os Reis Magos
(Ao olhar um quadro de giotto)

Os reis ajoelharam.
O infante sorriu.
Todos juntos fizeram
Um quadro como nunca se viu.

De muito longe vieram
Em busca da esperança
Muitos presentes trouxeram
Ao Deus, que era criança.

Certezas não as tinham
Só acalentavam o sonho
Aquele a quem vinham
Tinha um aspecto risonho

Reis Magos da lenda
Atrás da estrela fugidia.
Cada um com sua prenda
E soberana cortesia.

Adoração dos magos.
Alegria dos pastores.
Etéreos mas não vagos
Cantam os anjos louvores.

Os reis são o mundo
E a humanidade representam
Têm um significado profundo
Na variedade que aparentam.

quinta-feira, janeiro 03, 2013

Natal incompleto


Natal incompleto.
Feito de memórias
Mas não de esperanças.

Natal da terceira idade,
Natal dos sonhos desfeitos.
Natal só da saudade
E à amargura sujeito.

Natal de caminhos andados.
Natal de vida vivida.
Natal de fantasia dorida
E de mundos nunca alcançados.

Natal sem ilusões.
Natal sem mal nem bem.
Natal só com recordações
Do que já se teve e não se tem.

Natal de muitas ausências.
Natal de pouco encanto.
Natal pobre de evidências.
Natal sem nenhum espanto.

Natal da solidão acompanhada
Natal sem alma nem sentimento
Natal da alegria forçada
Natal, fugaz momento.

Natal no calendário.
Natal data a cumprir
Natal, simples fadário
Que se aceita a sorrir.