A entrevista concedida pelo Presidente do Governo Regional à RTP-Açores merece algumas considerações. Em primeiro lugar, é de destacar o tom sereno e comedido de toda a entrevista. De quem se defrontou, nos escassos dois meses do seu exercício de funções, com problemas da maior dimensão não seria de esperar tanto. Mesmo quando colocado perante problemas decisivos como a alteração da Lei das Finanças Regionais ou o magno problema da Base das Lajes ou ainda a mais preocupante questão do desemprego, nunca o novel Presidente perdeu o seu ar de descontracção e amenidade que o caracteriza. As respostas às questões foram sempre dadas com acerto, ponderação e objectividade. Sempre se mostrou seguro das suas razões e nem levantou o tom de voz quando afirmou as suas discordâncias com o Governo da República em relação àquilo que se contentou em caracterizar como “leituras incorrectas” da realidade regional. Nunca se esqueceu, em relação mesmo às questões mais complexas, como a das Lajes e do desemprego, de distinguir, com oportunidade e rigor, os diferentes níveis de responsabilidades ou de limitação de competências quanto ao que é admissível exigir-lhe e quanto ao que lhe é possível prometer.
Não trouxe novidades, para quem pudesse estar à espera delas. É verdade. Mas acho que não seriam de esperar. De esperar, era sim que enfatizasse a sua preocupação no cumprimento das promessas eleitorais com que se comprometeu. Fê-lo abundante e repetidas vezes. Não se esquecendo de, simultaneamente, acentuar que esses compromissos não são para ser exigidos hoje ou amanhã, mas para serem satisfeitos dentro do mandato de 4 anos.
Não pretendeu apresentar-se com uma mão cheia de problemas já resolvidos, mas mostrou-se conhecedor e senhor das diversas etapas requeridas para a sua solução.
Na minha opinião, não defraudou nem desiludiu as expectativas e esperanças que a maioria dos açorianos depositou nas suas mãos. Para os tempos que correm, neste país, já não é pouco. Mas é o exigível.