sábado, dezembro 31, 2005

O Mito e os mitos



Salvador Dali A persistência da memória

Tenho de reconhecer que, neste momento em que escrevo,
no final da manhã do dia 31 de Dezembro de 2005,
não tenho qualquer disposição para alinhar em considerações
mais ou menos "ad hoc",
mas sempre de ressonâncias, mais ou menos mitológicas,
sobre um tempo
(velho, inevitavelmente) e que acaba
e um tempo (novo, inevitavelmente novo) e que começa.

A minha inclinação é para arremeter contra todas as mitologias.
Mas esta mitologia do fim do ano é apenas uma pequema mitologia, incrustada no pequeno mundo quotidiano de cada um de nós.

De interesse muito mais relevante são aqueles mitos que, vindos do passado, mas com maquilhagem nova, continuam a comandar a nossa história de povo, nação e Estado do século XXI.

Mas, sobre isto, tenho aqui, na minha frente, palavras que, sem favor, se podem considerar definitivas.

Vêm de Espanha.

Foram escritas sobre "Os Mitos da História de Espanha".

Mas não são estas circunstâncias que lhes retiram oportunidade ou aplicação a Portugal.

O meu único trabalho vai ser o de traduzi-las.

Com a esperança que, mais alguém, entre o fim de 2005 e o começo de 2006, se dê аo incómodo de as ler.

E porque não? De pensá-las.


" O mito corrompe a História, isola os factos do mundo, deixa-os fundidos num marasmo teológico, num sonho agónico de vencedores e vencidos, apenas relacionados consigo próprios.

Eco e espelho, o mito contamina o presente de velhos fantasmas, fábulas e lendas.

Fica, então, o ruído e a fúria, o enfrentamento de séculos ou o vitimismo agressivo.

Daí que as sociedades mais sãs sejam aquelas que, livres de furores absolutos, pulverizam, com o pensamento científico e o debate, as manipulações mitológicas".

Há mais texto ainda.

Fica para próxima oportunidade.

Já agora, uma proposta mítica:

Que tal, entrar, em 2006, ( ou sair, de 2005, como preferirem) com o inabalável propósito de debater, (mais importante ainda, que, simplesmente, combater) todas as "manipulações mitológicas" que, descarada ou encapotadamente, nos assediam a cada hora de cada dia?

Grandes, muito grandes Entradas!

Mesmo que à custa de resvalar para o pequeno mito!

quinta-feira, dezembro 29, 2005

Afinal, O Espirito Santo foi um pouco mais loquaz.


E, em italiano, ainda me permitiu chegar quase ao pormenor dos segredos do Conclave.


Através deste


“Il diario di un cardinale che racconta i giorni dell'elezione papale.


Quem estiver interessado nestes altíssimos segredos vai ter mesmo que “puxar” pela capacidade linguística típica dos portugueses para se desenrascarem em todas as línguas românicas.


Para abrir o apetite, acrescento apenas que há duas referências, nada divinas, muito humanas mesmo, aos dois cardeais portugueses que participaram no Conclave.


A um, como fumador inveterado. Ao outro, como confidente de um cardeal em transe de angústia com o andamento das votações.


Leia.


Verá que são três dias eleitoralmente escaldantes.


E com o Espírito Santo muito... mas muito mesmo, abstencionista.

O Espirito Santo falou, em várias línguas.


Em italiano, tive me de contentar com o título da mensagem...


“ Dal diario segreto di uno dei partecipanti al conclave emerge per la prima volta la vera storia che portò Benedetto XVI alla guida della Chiesa. Al terzo scrutinio, l’argentino Bergoglio sembrava in grado di bloccarlo. Ma poi... [Link] (procurar o sumário 86)


E com um resumo que os interessados poderão ler no link seguinte:


“Il card. Bergoglio (Buenos Aires) era a un passo dal soglio di Pietro



Que O Espirito Santo sopra onde quer...


E não onde a Igreja diz (dizia?) que sopra,


É o que se comprova pelo facto de quatro respeitáveis nomes da Imprensa Internacional se repetirem, em cadeia,


a respeito da eleição do actual Papa, Bento XVI, o antigo Cardeal Ratzinger?


O Courrier International repete “El Pais”:


Plusieurs évêques brésiliens interrogés sur le sujet se disent peu surpris par une telle campagne et rappellent que "le cardinal allemand avait déjà affirmé, en 1978, que 'ce n'est pas l'Esprit Saint qui dicte aux cardinaux le choix du nom du nouveau pape', comme le prétend l'Eglise... [Link”]


O Jornal“ El Pais“ repete “O Globo”


El cardenal brasileño señala que a Martini no le benefició el hecho de "caminar con bastón" y que los amigos de Ratzinger hicieron correr la voz de que sufría el mal de Parkinson. [Link]


O brasileiro“ O Globo“ repete a reputada revista italiana de geopolítica “Limes“


Mas o mais radical de todos, é mesmo o antigo cardeal Joseph Ratzinger que, com grande antecipação sobre a sua eleição já dizia, em 1978, que, “ não é o Espírito Santo que dita aos cardeais a escolha do Papa como o pretende a Igreja”.

terça-feira, dezembro 27, 2005

As ”guerras santas” particulares...são as piores!

Eis outro exemplo sugestivo de guerras santas privativas.


Que nos vem de França.


Que, nos últimos tempos, se tem transformado num estranho viveiro de estranhíssimos exemplos(negativos).


L'extrême droite
s'adresse aux SDF... [Link]


Une association d'extrême droite proche du Bloc identitaire crée la polémique en distribuant une soupe populaire "exclusivement" au porc afin d'exclure les musulmans et juifs.


As regras são claríssimas. E de uma simplicidade... verdadeiramente cartesiana:


“Pas de file d’attente ni d’ordre de passage : ambiance gauloise oblige !! Seule condition requise pour dîner
avec nous : manger du cochonManger du cochon. En cas de doute, demander la carte d’adhérent à l’association Solidarité
Des Français. Si la personne n’est pas en possession de sa carte, prendre ses coordonnées et lui signifier
que son adhésion sera accordée lorsqu’elle fournira ses 2 parrainages d’adhérents à cours de cotisation
(voir nos statuts). Bien faire comprendre que nous n’avons déjà pas assez pour les nôtres.
Attention, fromage, dessert, café, vêtements, friandises, vont avec la soupe au cochon : pas de soupe, pas
de dessert...Pas de soupe, pas de dessert... [Link]


segunda-feira, dezembro 26, 2005

A cada um, a sua “guerra santa” particular...

São as piores de todas.


Porque não tem regra, nem lei, nem quaisquer outros limites de tempo, lugar ou modo.


São a cegueira total, ao serviço do ódio de morte ou do fanatismo visceral.


“Un vendedor palestino y musulmán que llegó procedente de otra ciudad de Cisjordania para ganarse la vida en Belén nos llama y saca algo del bolsillo que protege de la lluvia que cae sin piedad: una foto de Osama Bin Laden.Una foto de Osama Bin Laden. Le pregunto si de camino a Belén cruzó los puestos de control militares israelíes con esa foto en el bolsillo. "Sí, el jeque Ossama se merece que me arriesgue por él", El jeque Ossama se merece que me arriesgue por él",responde con un aire de vencedor de su guerra santa particular.

Belén, la cenicienta cristiana...

Belén, la cenicienta cristiana... [Link]


Por acaso, sabe que, em espanhol, a palavra “ceniciento”


significa mesmo aquilo que o nosso “portunhol” logo traduziria


por “cinzento”, “da cor da cinza”?


Mas que “Belén, la cenicienta cristiana”não é “Belém, a cristã cinzenta”, mas, sim, Belém, a cristã injustamente esquecida”.


Com efeito, a diferença de género, de ciniciento para cinicienta, acarreta uma diferença substancial de sentido. Significa “pessoa injustamente postergada, desconsiderada ou desprezada”.


Quem quiser fazer “filosofia linguística”, mais ou menos caseira, com este fenómeno de mudança de significado, que o faça por sua conta e risco. Por mim, não me arrisco. Até porque não tenho à mão um dicionário histórico da língua espanhola.


domingo, dezembro 25, 2005

A cada Natal, os seus Muros?


“tras la misa de medianoche, todos se olvidan. Hasta el año que viene".


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“en los alrededores están concluyendo un muro y verja de seguridad con todo tipo de cámaras de observación entre Belén y Jerusalén "que convierte la ciudad en una gran prisión".



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“En Belén se cuenta que si José y María hicieran hoy en día el trayecto de 150 kilómetros entre la ciudad israelí de Nazaret y la palestina de Belén, cruzando territorio de Cisjordania, tendrían que pasar por 15 puestos de control militares israelíes y esperar horas y horas en las colas”.



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Afinal, bem vistas as coisas, o Natal da cidade de Belém não é assim tão diferente da maior parte dos natais vividos por este mundo fora!

Com a meia-noite quase tudo acaba ou ...quase tudo recomeça como dantes...

As mesmas “prisões”de cada dia...

As mesmas horas e horas de espera nas “filas”...das ilusões ou desilusões da vida de cada um...

Muros...Muros... e mais muros...

Exigindo...saltos...e saltos... e mais saltos...

sábado, dezembro 24, 2005

#2 Natal das sombras!

Natal das sombras! Tu, agora, Avó!


Partiste há pouco, mas voltaste cedo...

Não tenho medo. Vem. Eu não estou só.

Chega-te ao pé de mim... Não tenho medo.

Medo de quê? É o Natal das Sombras...

A vida e a morte são a mesma linha.

Mistério dos que voltam: não me assombras!

Chega-te ao pé de mim, boa avózinha!

Foi bom que tu viesses! Mas eu, sei:

Não podes demorar-te, com certeza

Oh, avózinha, fica! Há bolo-rei

E nós cabemos todos nesta mesa!

E agora os tios... Boa noite... Olá!

Sentem-se aqui... Há lume na lareira..

Oh, a alegria enorme que me dá,

Se puderem ficar a noite inteira!

É Dezembro lá fora? Aqui, é Maio,

Pois onde entra o amor tudo florescePois onde entra o amor tudo floresce.

Quereis um golo de cacau? Tomai-o,

Bem quentinho! Vá lá, senão ele arrefece...

Porque não falam? Quero ouvir as vozes

Que há tantos anos esqueceram já!

Gostam de doces? Tenho aqui filhozes...

Foram feitas em casa... Provem! Vá!

E agora tu, meu filho... Tão pequena

Que a tua sombra franzininha é!

E ao pé dela é tão grande a minha pena...

Mas ainda é maior a minha fé!

Pousa as tuas mãozinhas nos meus ombros.

Não te esqueci, nem esqueço mais. Descansa.

Tu renasces comigo dos escombros.

Tu renasces comigo em cada esperança.

Encosta a cabecita nos meus braços.

É noite de Natal! Meu filho, vem! É noite de Natal! Meu filho, vem!

Foi longa a caminhada dos espaços.

Mas agora voltaste, ainda bem.

E por último, tu, Avô velhinho.

Meu Deus! Vens tão cansado, tão desfeito!

Tão pálido que estás... Tão curvadinho

Mas lá por dentro, sempre tão direito!

Toma esta manta e cobre os teus joelhos.

Já estamos todos... Como é bom assim!

Agora conversemos. Sim, meus velhos?

Saudade! É o teu Natal dentro de mim. Saudade! É o teu Natal dentro de mim.

sexta-feira, dezembro 23, 2005

#1 NATAL DAS SOMBRAS


Vêm as sombras hoje ter comigo.

Vêm as sombras num cortejo lento.

(Vêm as sombras a pedir-me abrigo

Ou sou eu que as procuro em pensamento?)

Natal das Sombras!Natal das Sombras! Bem o oiço e vejo.

Bem o sinto! Andam passos no caminho...

Chegam todas as sombras num cortejo,

Sentam-se à minha volta, de mansinho...

Primeiro, a sombra de meu Pai... Meu velho,

Vem aquecer-te, que está frio no Espaço!

Vem dar-me a tua bênção, teu conselho

E o teu abraço... Ah, mas que fundo abraço!

Há tanto tempo que não vinhas! Tanto!

Já na minha lembrança era sol-posto...

Perdoa! Olha as estrelas do meu pranto

Como derramam luz sobre o teu rosto!

Vieste agora, Pai, vieste agora

A festejar comigo o dia eleito,

Na hora da Família, nesta hora

Em que a ausência é presença em cada peito!

A noite de Natal tomba ao de leve

E de mistério a natureza veste...

Lá fora há tanto frio! O luar é neve.

Mas cá dentro há calor - porque vieste...

(cont.)

(Miguel Trigueiros, in “ O Natal na Poesia Portuguesa“ de Luis Forjaz T., pag.115-116, Dinalivro, 1987)

O “Choque Natalício”


Este ano bem esperava escapar ao “Choque Natalício”.


Pelo menos, na sua expressão mais ou menos literária ou bloguística.


Uma vez que, na sua dimensão pessoal e familiar, é impossível escapar-lhe.


Ele entra-nos pela casa dentro e pela vida, pela mão de toda a família e pelos cartões e sms de amigos e conhecidos.


Não é, sequer, que estivesse pensando em fugir-lhe, como vivência própria deste período do ano.


Mas estava pensando reduzi-lo ao ritual social e familiar da consoada, da visita aos amigos, e de outras praxes típicas da quadra.







Mas não pensava nada que ele voltasse a envolver-me interiormente, de forma a ter que materializar-se num texto e a experimentar aquele frémito de alma que nos obriga a dizer: este Natal do calendário voltou a ser mais um natal “meu”.Da minha agenda de vida.







A verdade é que tinha resistido bem, numa indiferença assumida e cultivada, às versões mais recentes do natal “up-to-date”, com figuras acrobáticas de “Pais- Natal” “made in china,” trepando empenas e paredes de habitações, em exercícios mais musculados do que o dos respeitáveis anciãos que , durante todo o ano, se exibem nas montras de algumas farmácias, em anúncios ao “Alho Rogof”; tinha resistido bem ao “niagáras “ de lâmpadas a irradiarem cascatas de luz e cor pelas fachadas, escadas, janelas, empenas, muros e pátios de cada vez mais casas das freguesias da Terceira; tinha resistido bem às iluminações feéricas de três Câmaras e de outras tantas cidades açorianas (Angra, Ponta Delgada e Praia da Vitória).


Perante tudo isto, tinha mantido uma indiferença estudada e falsamente segura.


Mas a carapaça começou a esboroar-se ontem, numa ocasional leitura de jornal, durante uma viagem de avião de São Miguel para a Terceira.


Mas a carapaça começou a esboroar-se ontem, numa ocasional leitura de jornal, durante uma viagem de avião de São Miguel para a Terceira.É provável que as sombras da noite que, lentamente caíam, quase ao ritmo da chuva miudinha que as acompanhavam, tenham contribuído para a nostalgia que, inevitavelmente, envolve o natal do sexagenário que me prezo de ser (que remédio!).


Mas os artigos de Daniel de Sá e Mariana Matos, lidos no suplemento de Natal do Açoriano Oriental, foram o “click” decisivo, para, mais uma vez, interiorizar o que me esforçara por manter como algo puramente exterior e apenas uma injunção de calendário, sem dimensão nem peso pessoal. E as sombras de todos os natais vividos e imaginados vieram ter comigo.


Primeiro, vieram as sombras trazidas pela mão de Camões, cujas redondilhas de “Sôbolos rios que vão”, tinham sido objecto de releitura recente, por acasos nada natalícios:


Acha a tenra mocidade

prazeres acomodados.

E logo a maior idade

Já sente por pouquidade

Aqueles gostos passados.



Um gosto que hoje se alcança


Amanhã já não o vejo;
Assim nos traz a mudança,


de esperança em esperança


E de desejo em desejo.



Mas em vida tão escassa


Que esperança será forte?


Fraqueza da humana sorte,


Que quanto da vida passa


Está recitando a morte!



Mas em vida tão escassa Que esperança será forte? Fraqueza da humana sorte, Que quanto da vida passa Está recitando a morte!Mas deixar nesta espessura


O canto da mocidade!
Não cuide a gente futura


Que será obra da idade




O que é força da ventura.



Que idade, tempo, o espanto


De ver quão ligeiro passe,


Nunca em mim puderam tanto


Que, posto que deixe o canto.


A causa dele deixasse.


Mas, depois de Camões, veio outro poeta que, não apenas indirectamente como Camões, cantou, no meu natal de sombras, as sombras que povoam todos os natais, que se prolongam para além dos natais da infância.


Estes, sim. Sem sombras. E só “força da ventura.”


Será o poeta da próxima entrada neste blogue.


Ainda hoje, ou talvez, só amanhã!

domingo, dezembro 18, 2005

Qual Congresso?


Qual Congresso do PSD-Açores?



Houve foi "pão e jogos" para todos.







Pão para a imaginação dos delegados, militantes e simpatizantes;


Jogos para a "clique" dirigente de sempre do PSD-Açores, que se serve dos Congressos e dos militantes,



  • Para os seus ataques e contra-ataques pessoais;
  • Para gerirem os seus próprios tempos políticos;
  • Para se vitimizarem e exaltarem aos olhos dos militantes.






Quanto a pão, para enganar a fome negra ao militante e delegado,


Saboreiem só este naco, quentinho do forno da imaginação de Costa Neves:



  • Quanto a pão, para enganar a fome negra ao militante e delegado, Saboreiem só este naco, quentinho do forno da imaginação de Costa Neves:Para o PSD, " o nosso projecto de desenvolvimento sustentável, com as suas componentes económica, social, cultural e ambiental";
  • Para o PSD, "Os nossos valores que tanto influenciam a maneira como estamos na política";
  • Para o PSD, "o modo como vivemos a autonomia e a nossa cultura europeia";
  • Etc. etc.,

  • numa dúzia de parágrafos delirantes da moção sobre, "O que nos distingue". E que o passado do PSD desmentiu durante 20 anos e o decorrer do próprio Congresso se encarregou de reconstruir e reconstituir, perante o olhar espantado dos (poucos) açorianos, que ainda se terão dado ao incómodo de os ver e ouvir pela televisão e a rádio.

Tudo isto, devidamente contrastado com a imagem negregada do PS-Açores.Pois,


Para o PS-Açores,


reserva Costa Neves



  • "A falta de estratégia";
  • "A falta de ética";
  • "A vacuidade de ideias";
  • Etc. etc. etc.,

  • numa interminável ladaínha de palavrosa extensão e nenhuma coincidência com a realidade que os açorianos conhecem e vivem.

Este é mesmo o verdadeiro único grande problema do PSD-Açores.


Continuar tão cheio de si próprio, e tão satisfeito com a sua auto-imagem, que não tem lugar nem porta de entrada para a realidade dos Açores e dos açorianos.


Continuar tão cheio de si proprio, e tão satisfeito com a sua auto-imagem, que não tem lugar nem porta de entrada para a realidade dos Açores e dos açorianos.

sábado, dezembro 17, 2005

O que Mota Amaral deu...

Mota Amaral tira....






Mota Amaral deu ao PSD- Açores, 20 anos de protagonismo na instauração da Autonomia;


Mota Amaral deu ao PSD-Açores, 20 anos de exercício do poder regional nos Açores;


Mota Amaral deu ao PSD-Açores, 20 anos de maiorias absolutas na Assembleia Regional;


Mota Amararal deu ao PSD-Açores, 20 anos de liderança estável e indiscutida;


Mota Amaral deu ao PSD-Açores, durante 20 anos,a ilusão de ser o único partido da confiança dos açorianos.






Como se viu nesta manhã aziaga do Congresso do PSD,


Depois de dez anos de cura, de escassa eficácia terapêutica, na oposição,


uma simples referência à "liderança simbólica" e "acima de toda a suspeita" de Mota Amaral,


impediu o PSD,



  • De ter condições, em Congresso, para "os militantes avaliarem e discutirem o partido 'por dentro', como

pretendia um bem intencionado que queria "melhor acção, mais partido";



  • De ter condições para elegerem uma liderança pelos seus méritos no presente e sua capacidade para o futuro;

  • De deixarem de ter um partido de "primas donas" ofendidas pelas referências cabalistícas que trocam entre si;

  • De encerrarem, em definitivo, dez anos de total ausência de protagonismo na construção da autonomia de segunda geração;

  • De passarem a ter condições para regressarem ao exercício do poder político regional;

  • De alimentarem aspirações a qualquer tipo de maioria, relativa ou absoluta, na Assembleia Legislativa da Região;

  • De conseguirem alguns anos de liderança estável e indiscutida;

  • De conseguirem voltar a ser o partido que, a nível regional, merece alguma confiança de alguns açorianos.

Mota o deu...


Mota o tira...


Quando começará


o novo PSD,


liberto do peso


da tutela


histórica e simbólica


de Mota Amaral ?

sexta-feira, dezembro 16, 2005

O Retrato do Eterno Feminino?...

...Ou apenas o retrato da mulher espartilhada pelas regras da etiqueta galante e palaciana da dama da corte dos séculos XVI/XVII?
O certo é que se trata do retrato (ideal) da dama da corte de Filipe III, tal como o esboçou D. Francisco de Portugal na "Arte de Galanteria", dado à estampa em 1670.
Cheguei a pensar traduzi-lo para linguagem actual, mas acabei por me convencer que seria mutilá-lo num dos seus maiores encantos: o sabor da linguagem barroca, própria da época em que foi escrito.
Espero é que a imagem do texto continue legível, quando "a der à estampa" no Ventilhador.

O Candidato...Preambular

Ao segundo debate, Manuel Alegre consolida a sua imagem do candidato que esgotou todos os seus méritos e virtualidades no gesto inicial da sua candidatura.

Manuel Alegre, como candidato presidencial, continua a resumir-se a esse gesto.

  • Mais nenhuma ideia.
  • Mais nenhum rasgo.
  • Mais nenhuma ousadia.
  • Mais nenhum grande propósito ou objectivo.

    E é a esta raiz que ele volta sempre, de forma directa ou indirecta.
    E a ela se reduz.

    Tal como o preâmbulo da Constituição de que é o autor material.
  • Mantem-se como nasceu.
  • Não por ser perfeito.
  • Mas por ser inútil.
  • Imutável.
  • Não por ser o texto que, na sua riqueza, contenha, potencialmente, todas as alterações que possam vir a ser efectuadas em todos os artigos da Constituição.
  • Mas, por ser uma moldura vazia que está para além do conteúdo de qualquer das alterações possíveis.
  • Manuel Alegre é apenas uma moldura para uma candidatura presidencial.
  • Uma bandeira a flutuar no vento que passa.
  • O que dirá o vento?

terça-feira, dezembro 13, 2005

Há Candidatos Presidenciais que dão Lições...

...Haverá candidatos presidenciais dispostos a recebê-las?


"J'ai tous les péchés : je suis une femme, je suis socialiste, je suis divorcée et je suis agnostique."

Michelle Bachelet, 54 ans, pédiatre, qui a élevé seule ses trois enfants, arrivée en tête à l'issue du premier tour de la présidentielle au Chili. Une femme courageuse et peu conventionnelle dans un pays conservateur où l'Eglise catholique est toute-puissante.

Quem quiser acompanhar, mais atentamente, esta nova saga do Chile pode fazê-lo a partir do texto seguinte:

"Avec 45,8 % des suffrages, Michelle Bachelet arrive largement en tête du premier tour de l'élection présidentielle au Chili.
La candidate socialiste confirme ses chances de devenir la première présidente du pays.
Elle affiche sa confiance en "une" de La Tercera (Santiago) : "Tout l'argent du candidat de droite ne pourra pas briser la volonté de la majorité (...). Je serai présidente du Chili."
Dans un billet titré "Michelle et le monstre", El Mostrador affirme que ce succès est d'abord une victoire contre le machisme. L'éditorialiste félicite la socialiste "pour s'être délibérément éloignée des modèles imposés par Margaret Thatcher, Hillary Clinton ou Condoleezza Rice, en donnant à sa personnalité publique une aura spontanée et chaleureuse".
A l'étranger, la percée électorale de cette fille de général mort sous la torture durant le régime de Pinochet est jugée avec bienveillance.
Pour le Seattle Times, elle signale "un changement culturel dans le pays".
Agnostique et séparée de son mari, Michelle Bachelet incarne les évolutions d'un pays "longtemps considéré comme le plus conservateur d'Amérique latine".

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Entretanto...

Lá pelo Epigrama passam-se coisas interessantes.

Interessantes, é capaz de ser um exagero desculpável do autor.

Mas, com alguma piada, seguramente.

Por que não dá uma espreitadela?

Olhe! Cuidado!

Não se deixe entusiasmar. E não perca o resto do seu dia, a devorar o Epigrama!!!

#08 A cada um, o seu muro da vergonha



  • A cada muro, o seu fracasso.

  • Em números, em cálculos oficiais, em tentativas de o tornar intransponível, na exigência de mais patrulhamento e mais agressivos meios técnicos de vigilância e defesa.

  • Mas esta é apenas a face oficial de uma política de fronteiras fechadas.

  • A face real é outra.
  • É a de uma avalanche permanente de tragédias humanas, que todos têm o cuidado de oficialmente lamentar, mas, na realidade, de se servir delas e de colher benefícios evidentes.
  • O caso da fronteira entre o México e os Estados Unidos é apenas um dos exemplos desta verdadeira "tragédia humanitária".
  • Mas é um dos mais eloquentes.
  • Ou será que os números que se seguem, e que escondem vidas sofridas e casos dramáticos, não falam bem alto?

"De l'Accord de libre-échange nord-américain (Alena) signé par le Canada, les Etats-Unis et le Mexique, en octobre 1994 on espérait qu'il allait freiner la tendance à l'émigration des populations du Sud.
Ce calcul était erroné, comme l'a souligné le chercheur californien Wayne Cornelius, de l'université de San Diego, dans un entretien diffusé par la chaîne de télévision CBS :

Aux Etats-Unis, on a sous-estimé la demande de main-d'oeuvre, tandis qu'au Mexique on a à la fois surestimé le nombre d'emplois qu'allait générer le libre-échange et sous-estimé le nombre d'emplois perdus à cause de la concurrence des produits importés des Etats-Unis".

Malgré tous les obstacles, 300 000 Mexicains réussissent, chaque année, à émigrer aux Etats-Unis, et l'économie américaine continue à profiter de ces millions de travailleurs peu exigeants, comme le prouve le laxisme de l'administration envers les entreprises qui embauchent des étrangers en situation irrégulière.

De son côté, le Mexique bénéficie des transferts de devises opérés par les émigrés : 20 milliards de dollars en 2005".

sexta-feira, dezembro 09, 2005

O "Enola Gay" da Politica Portuguesa




  • As eleições presidenciais revelam-se, cada vez mais, à medida que se repetem e à medida que as pessoas se defrontam, com maior insistência, com o leque limitado de poderes do Presidente da República para lhes resolver os problemas do quotidiano, aquilo que poderiamos designar pelo "Enola Gay" do sistema político português.
  • Não são importantes por si próprias.
  • Nem são importantes pela importância das personalidades que, em cada caso, as protagonizam.
  • Nem pelas raízes ou conteúdo idelógico dos candidatos.
  • São importantes pelo potencial de destruição que transportam para o funcionamento do sistema político.
  • Tal como o "Enola Gay".
  • Era um avião como qualquer outro.
  • Mas...transportava a bomba atómica.
  • E é a "bomba atómica" da dissolução da Assembleia, que, mesmo com maioria absoluta, depende da decisão exclusiva do Presidente, que todas as eleições presidenciais trazem para o jogo eleitoral.
  • E ainda mais, a "bomba de hidrogénio" da demissão do Governo.
  • Muito mais gravosa para a saúde do sistema, porque não implica a sua aferição imediata pelo voto e pode levar à sua degenerescência.
São estes dois poderes presidenciais de excepção que devem atormentar os sonhos de Sócrates e que vão pesar, na minha opinião, na decisão de voto de muitos portugueses.
Daqueles que disso se apercebam, claro.
E há muita direita portuguesa, da pura e dura particularmente, que está à espera de Cavaco, exactamente por isto.
  • Daí o grande perigo de noções ambíguas como a de "cooperação estratégica,"que pode empurrar o Presidente para o plano inclinado de um juízo presidencial sobre o não "regular funcionamento das instituições democráticas," previsto no artigo 195º da Constituição, para a demissão do Governo.

quarta-feira, dezembro 07, 2005

# 2 Procure no Epigrama




Se quiser ver mais algumas perspectivas e notas sobre o Debate Cavaco/Alegre procure no Epigrama.

Se ainda não conhece, aproveite para conhecer.

Se já conhece, aproveite para testar a sua impressão inicial.

Dizem que a regra é não haver uma segunda oportunidade para uma primeira impressão!

Aproveita esta oportunidade para "pregar uma partida" à regra!

Trata-se de uma espécie de heterónimo bloguístico ( não é presunção! Cada um tem os heterónimos que pode!) do Ventilhador.

Não é bem um guardador de rebanhos.

É mais um espanta-pardais!

Mas, não se preocupe!

Não morde...pela calada!

Mas ladra alto!

Não está a ouvir?

terça-feira, dezembro 06, 2005

O Debate Previsto,mas não Visto (nem Ouvido)

Por isto mesmo, a maioria dos portugueses, nem valendo-se da sua reconhecida capacidade de percepção extra-sensorial, se deram ao esforço de tentar ouvi-lo.
É o que devemos concluir do inquérito-relâmpago da Eurosondagem.
Mas eu vi e ouvi. O debate-estreia. Má estreia, diga-se.
Importante, apenas, por aquilo que, nele, não aconteceu.
Pelo que não foi.
Mas debate importante .
Não para os dois candidatos que lá estiveram.
Mas para aquele que lá não esteve.
Exactamente.
Para Mário Soares.
Para ele,
que, contra todas as expectativas, dele próprio, provavelmente, e do PS, seguramente,
está transformado, no candidato-presente mais ausente ou do candidato-ausente mais presente (a combinação é indiferente) desta campanha presidencial.
Mário Soares está sempre à espera que ela arranque em moldes que lhe sejam favoráveis.
Para o que lhe basta começar a haver campanha.
O que voltou a frustrar-se, ontem.
Mais uma vez, não aconteceu campanha.
Em primeiro lugar, porque não houve verdadeiro debate.
Não houve confronto de posições.
Não houve troca directa de argumentos.
Nenhum esboço de polémica ou de ideias que delimitasse fronteiras claras e inultrapassáveis entre os dois candidatos.
Eles, não só fisicamente, mas também intelectualmente, nunca chegaram a estar frente a frente.
Tiveram apenas dois discursos paralelos.
Mas, para isso, bem podiam ter mandado à SIC dois mandatários.
O resultado seria o mesmo.
Eleitoralmente falando, claro.
E é disto que se fala, quando se trata de campanha eleitoral.
E não de um discurso académico, sobre as diferentes perspectivas que Cavaco e Alegre têm para a Presidência da República e para o País.
Diferenças que resultam, e nunca podiam deixar de ter resultado, não daquilo que eles deveriam ter mostrado, ontem, como candidatos, mas daquilo que os diferencia, inevitavelmente, como pessoas e cidadãos.
Mas tudo isto, os portugueses já conheciam.
Não precisavam ouvi-los, ontem.
E foi o que fizeram.
Não ouviram.
Ou simularam, para a Eurosondagem, que não ouviram .
O que vem a dar no mesmo.
Em segundo lugar, porque o debate se fez, sem qualquer alusão a nenhum dos outros candidatos que, nele, não participaram.
O que é perfeitamente compreensível, e até indiferente, para todos os outros candidatos.
Menos para Mário Soares.
O impulso que o trouxe a esta nova luta da sua vida, mais uma vez, não se confirmou.
Ser uma excepção.
O que, objectivamente, é.
Mas tarda, cada vez mais, a ser reconhecido.
A não ser nos aspectos negativos.
Na fronteira dos estereótipos do inconsciente colectivo português.
Em terceiro lugar, porque só uma vitória arrasadora de um dos dois contendores de ontem podia servir a Mário Soares.
Não foi nada disto que aconteceu.
Não aconteceu, nem relativo KO, nem absoluto OK, para nenhum dos lados.
Nenhum deles foi sequer “às cordas” daquele ringue, muito, mas muito, virtual.
Em quarto lugar, porque aquele formato de debate está talhado para Cavaco.
Mas, se ele não lhe conseguir dar a volta, como acho que conseguiu (ou quase ) com a entrevista a Judite de Sousa, na RTP, não serve a Mário Soares.
Em quinto lugar…Em quinto lugar, ponto final.
Para dois candidatos, que se revelaram tão pouco argumentativos,
mais argumentos revelam-se manifestamente…descabidos.
E, bloguisticamente falando, absolutamente indigest(ivos).

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Procure no Epigrama



Se, por acaso, procura pelo DSousa, por hoje, e por algumas horas, não o vai conseguir encontrar por aqui, no Ventilhador.

O Dsousa resolveu, hoje, ir deambular por outras coordenadas da blogosfera.

Mas não foi para muito longe.

Está aqui perto, mesmo ao virar da esquina desta pequena blogolândia insular.

Saiu, há momentos, para o seu novo Epigrama.

O nome é antigo. Os temas que evoca também. Mas espera-se que, aos poucos, se vá aproximando dos objectivos expressos nos subtítulos.

Apareça sempre! Epigrame-se!

De futuro, talvez o
Epigrama possa vir a dar uma ajuda a "Epigramar-se".

Por hoje, vai ter que "gramar" apenas com os prefácios.

Mas garanto-lhe que o "Epi"... vem já a seguir!

sábado, dezembro 03, 2005

Os blogues e a Internet: Quem Beneficia Quem?

É uma das perguntas que se podem fazer depois da leitura dos seguintes números da European Interactive Advertising Association, em resultado de um estudo abrangendo 7000 inquiridos em 8 países da Europa, em Setembro e Outubro passado, e que revelou que:


13% dos Europeus participam regularmente em blogues ("regularly contribute to blogs").



12% fazem "downloading" de "podcasts", ao menos uma vez por mês.


24% dos Europeus que usam a internet gastam mais de 16 horas por semana em linha (+17% que em inquérito anterior).



29% dos Europeus "descarregam" música da internet, ao menos uma vez por mês.



E 10% fizeram chamadas telefónicas através da web.



A média de tempo semanal dispendido na net é de 13 horas em França, 10 na Holanda e no Luxemburgo, 11 na Grã-Bretanha, 9 na Alemanha.



A média do internauta europeu é de 10 horas e meia semanais.



Como é habitual nestes assuntos, Portugal, embora, um "pouco" maior do que o Luxemburgo e com uma taxa de penetração da internet elevada (58,2% contra os 35,2% da média global de todo o continente europeu, segundo a "Visão"), não foi abrangido pelo inquérito.



Mais relevante ainda do que os números será a conclusão geral do estudo sobre a mudança de "estatuto" da internet, aos olhos dos utilizadores europeus desses 8 países:



"A confiança do consumidor na internet como fonte de informação transformou-a, para a generalidade das pessoas, no "media"mais consistente durante o dia. Com excepção das horas mais matinais (6am – 10am), a internet é o segundo "media" com mais utilização durante o resto do dia."


Mas, para além destes aspectos, o mundo dos blogues e da própria internet tem sido objecto de interessantes novidades de teorização e sistematização de que vou procurar fazer menção e reflexão em próximas entradas.




sexta-feira, dezembro 02, 2005

Algumas Horas Belas...

(…) Mas se te esqueceres ( e tu esquecerás…
/de resto tudo será esquecido, nada restará:
As alvoradas resplandecentes, as Primaveras
E os Outonos que pareciam não ter fim,
A luz vermelha que te iluminou o rosto numa tarde longínqua/
Deixa-me que te lembre, entre tantas,
Algumas horas belas(…)

(Safo, fragmento 96D)



Lembra algumas horas belas…
Deixa que a tua melancólica memória
Te lembre…
Lembra o sol de Outono,
em poente quente,
sobre as colinas de Roma.
Lembra o vulcão de milhões de lâmpadas
a implodir, em fogo, nos céus de Nova Iorque.
Lembra os rios de luz e de oiro,
nas águas nocturnas
do teu mar da tua Salga.
Lembra as sombras alongadas da vida,
na despedida do sol,
esgueirando-se pelas paredes
e pelas calçadas de Lisboa.
Lembra a plácida noite
do outono mediterrânico,
sem estrelas nem vento.
Só noite!
Lembra a feroz tempestade,
em estranja terra.
De tão certeira crueldade
que destruiu
os primeiros ninhos de andorinha
que conseguiste alinhar
nos telhados da tua vida.
Lembra…
Ou nada restará
De ti,
Na tua vida.

quinta-feira, dezembro 01, 2005

#07 A cada um, o seu muro da vergonha



"Si le projet de "mur" integral défendu par Duncan Hunter, représentant de la Californie, et par son homologue Virgil Goode, de Virginie, a peu de chances de voir le jour, la pression reste forte. Le président George Bush a réservé 7,5 milliards de dollars de son budget 2006 afin d'"affronter le grave problème de l'immigration illégale". Le secrétaire à la sécurité intérieure, Michael Chertoff, prévoit le recrutement de 1 000 agents supplémentaires pour surveiller les frontières avec le Canada, et surtout avec le Mexique. Selon le quotidien Washington Times du 4 novembre, des législateurs républicains préparent un autre projet de loi, visant à mettre fin au "droit du sol", inscrit dans la Constitution américaine, qui garantit la citoyenneté à tout enfant né aux Etats-Unis".

Este sonho do "muro integral", sob outras formas históricas, porventura, menos grosseiras, é um dos mitos recorrentes da sociedade americana e que mergulha fundo nas próprias raizes da sua história originária de colonos fugindo todos de algum mal da velha Europa: a fome, a miséria, as perseguições religiosas ou políticas, o desejo de levar à realização integral determinados princípios religiosos, morais ou políticos.
E que também tem concretizações várias nos diversos movimentos isolacionistas que estão sempre prontos a reaparecer em momentos de crise ou de viragem histórica.
Entretanto, enquanto sonham com a sua nova "Torre de Babel defensiva" ou com as muralhas para a sua "nova Jericó," vão construindo o "muro possível"com milhões de dólares, milhares de polícias e criando uma legião de "metecos" a quem passarão a recusar o elementar direito de cidadania, para, mais facilmente os poderem recambiar para as suas terras de origem.
Assim se caminha para o fecho de um ciclo histórico que muitos outros povos já percorreram.
Um país de imigrantes que cria
emigrantes sem país.

quarta-feira, novembro 30, 2005

"Não sei o que amanhã trará"

Esta teria sido a última frase escrita por Fernando Pessoa, segundo um dos balanços, mais ou menos necrológicos, que os 70 anos da morte de Pessoa, que hoje ocorrem, começam a fazer saltar para as páginas dos jornais.
E para as "entradas"dos bloggues, como este.

De Pessoa, se pode dizer o que ele disse da "noite antiquíssima e idêntica":

"Todos os sons soam de outra maneira
Quando tu vens.
Quando tu entras baixam todas as vozes,
Ninguém te vê entrar,
Ninguém sabe quando entraste,
Senão de repente, vendo que tudo se recolhe".

Tudo se recolhe,
para ouvir Fernando Pessoa dizer coisas definitivas como estas, sobre o homem do nosso tempo.
Sobre nós todos ( ou quase todos), filhos e herdeiros das incertezas dos tempos de hoje, que nos devoram a todos, passando por dentro de nós:

  • "Ficámos, pois, cada um entregue a si próprio, na desolação de se sentir viver.
  • Um barco parece ser um objecto cujo fim é navegar; mas o seu fim não é navegar, senão chegar a um porto.
  • Nós encontrámo-nos navegando, sem a ideia do porto a que nos deveríamos acolher.
  • Reproduzimos assim, na espécie dolorosa, a fórmula aventureira dos argonautas: Navegar é preciso, viver não é preciso".


Como se pode deduzir deste texto, Fernando Pessoa, primeiro, viveu ( ou "fingiu" viver, genial "fingidor" de si próprio e de todos nós), em todos os dias da sua vida, a frase do dia da véspera da sua morte: "Não sei o que amanhã trará".
Nota em tempo. O que efectivamente Fernando Pessoa terá escrito, terá sido o seguinte:"I know not what tomorrow will bring".

Última nota de "fingimento," do genial fingidor, cuja "pátria era a língua portuguesa"?!

terça-feira, novembro 29, 2005

Finalmente, o alegado flagrante


Desde que começaram as notícias sobre os alegados aviões, alegadamente alugados pela alegada Companhia Internacional de Aviação, antigamente mais conhecida só pela sigla CIA, que aguardava impaciente um flagrante desse passarões furtivos, que descolavam e aterravam sempre no passado. Tinham estado... tinham passado... há meses... há anos...
Finalmente aconteceu...
Finalmente, os nossos jornalistas mostraram que não são apenas dotados de excepcional ouvido para escutas e para desvendar segredos da justiça portuguesa, também são muito capazes de ver, claramente visto, os novos ovnis do século XXI e novíssimos segredos da CIA.
É claro que a imagem é de arquivo.
É claro que o dito avião passa regularmente pelas Lajes.
É claro que estava vazio!
É claro que a notícia com classificação de última hora tinha todas as condições para ser arquivada.
É claro que tudo isto se passou na "base militar norte americana das Lajes (Açores)" e não na Base Aérea nº 4, da Força Aérea Portuguesa situada nas mesmas Lajes e arquipélago.
Mas nenhum desses reles pormenores tem qualquer importância.
O que interessa é que quem quiser ter o seu encontro de terceiro grau com os passarões voadores da CIA só tem de ser tão regular como eles a espreitar para a tal "base militar norte americana".
Não faça é o mesmo que este desprevenido jornalista.
Pela sua e nossa saúde mental, leve a sua máquina fotográfica, por favor.

# 06 A cada um, o seu muro da vergonha

As cúpulas doiradas, que brilham sobre o "muro das lamentações"
podem ser as mesmas e do mesmo templo;

Exactamente as mesmas que brilham sobre o "muro da Cisjordânia".
Mas o seu significado é necessariamente diferente,
para quem as vê de um ou outro dos dois muros.


A importância decisiva do "factor muro" não podia ser mais evidente!
O primeiro dos muros aproxima as pessoas das cúpulas e do templo,
o segundo afasta-as.

segunda-feira, novembro 28, 2005

Dança de Carnaval:Uma das mais bonitas e melhor conseguidas

Esta era a opinião de José Noronha Bretão, sobre a dança da "Vida de São Sebastião,"da autoria de Coelho de Sousa e de que os possíveis interessados poderão ir tomando conhecimento, através do Álamo Esguio, que iniciou a publicação do seu texto, com base nos originais e na versão publicada na obra de José Bretão sobre o "As danças de Entrudo, Uma Festa do Povo".

Diz Orlando Bretão:"Das várias centenas de danças a que assisti considero esta uma das mais bonitas e melhor conseguidas".


domingo, novembro 27, 2005

Sete Dias é muuuiiiito Tempo!!!...

Só eu sei a razão porque guardei, precisamente para hoje, estes sete conselhos que descobri há alguns dias neste blogue.

A tradução e eventuais "traições" ao texto original são da minha inteira responsabilidade.



  • Sete conselhos para que o teu blogue sobreviva à sua primeira semana.

  • Não comeces o teu blogue, antes de dispores de um modelo personalizado. Se nem sequer te incomodares em lhe dares um toque pessoal quando ele nasce, muito mais facilmente te deixarás vencer pelos incómodos diários de manter vivo o teu blogue.
  • Actualiza o teu blogue com regularidade. Convence-te que escrever num blogue é como ter um cão que se tem de levar a passear dia após dia.
  • Não te deixes obcecar pelas estatísticas dos contadores de visitantes. Se o conteúdo do teu blogue é mesmo bom, os visitantes acabarão por aparecer.
  • Utiliza o corrector ortográfico. Mostra que te preocupas com a qualidade daquilo que escreves.
  • Procura transmitir uma imagem pessoal e bem definida através do cabeçalho do teu blogue.
  • Luta por objectivos realistas. Não tenhas a pretensão de chegar a ser o campeão das buscas do Google.
  • Nunca te dês por vencido. Ao fim e ao cabo, não será por seguires estas regras ou outras semelhantes, mas pelo empenho pessoal que venhas a colocar nesta tarefa, que conseguirás que o teu blogue ultrapasse a fatídica barreira dos sete dias.
  • Para o autor desta lista, porém, a maioria dos blogues que são abandonados na primeira semana sofrem de algum ou alguns destes defeitos.
  • Para o tradutor desta lista, o desafio dos sete dias é apenas um, dos setenta vezes sete desafios que, prolongar semana após semana, a vida de um simples blogue pode, algumas vezes, representar.

#05 A cada um, o seu muro da vergonha

As armas dos soldados que rezam junto ao muro das lamentações...

Têm a mesma função das armas que guardam o muro da Cisjordânia?

As armas, em bandoleira, no "muro das lamentações," são apenas mais um acessório da fé?
E as armas, em posição defensiva, junto de um espaço do muro por construir, um símbolo do que o muro da Cisjordânia realmente é, depois de construído?

sábado, novembro 26, 2005

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sexta-feira, novembro 25, 2005

A Televisão do nosso Desencanto

Com os telejornais do nosso espanto.




Cada vez entendo menos a nossa televisão e os seus paradoxais critérios informativos.
Problema meu, dirão alguns. Provavelmente com razão.
Mas incómodo e intolerável, para muitos. Posso garantir. E causa de irritação e rejeição para outros tantos. Também posso garantir.
Mas vamos a factos.
Dois exemplos desta semana.
Um regional e outro nacional, para equilibrar.
1. Terça feira passada, se não me engano no dia, o telejornal da RTP-Açores, brindou-nos, em dose dupla - uma, pelas 20 horas, outra depois da meia noite- com um telejornal de 40 minutos, assim, criteriosamente distribuídos:

  • 33 minutos sobre temas de saúde, com a presença e entrevista do Secretário Regional do sector;
  • 2 minutos de política, com uma conferência de imprensa do PCP;
  • 5 minutos de desporto.

    Observações para melhor ajuizar do evidente “equilíbrio jornalístico “ na ponderação destes tempos televisivos, em que vale a regra que “um minuto em televisão é uma eternidade”:
  • Em todos os temas tratados nos 33 minutos concedidos à saúde, só havia duas notícias daquele dia, uma das quais repescada de telejornal anterior. Esta última era a dos 4 cães micaelenses (trata-se mesmo de cães, embora se possa suspeitar que, para o jornalista de serviço, o importante não era tanto serem cães, mas serem cães da ilha maior) mortos por leptospirose e um Congresso de Oncologia.
  • Os restantes temas eram claramente de arquivo, mas ensanduichados naquele mesmo telejornal pelo racional critério das “cerejas:“a propósito de saúde”…mais este tema, e este…e este…de São Miguel às Flores, passando pela Terceira, para conferir aquela aparente açorianidade da praxe.
  • Mas as considerações sobre os temas reais ou implícitos e de que a saúde é apenas uma manifestação ocasional terão de ficar para “ventilhação” futura.
    2. O outro exemplo vêm-nos da RTP1.
  • A primeira notícia do telejornal de quarta feira é a da apresentação pelo Governo dos estudos relativos à construção do aeroporto da OTA, que, há muito, eram esperados e reclamados.
  • Como me parece óbvio, e por insuficientes e contestáveis que sejam, devem, esses estudos, seguramente, ter algum argumento favorável à localização do aeroporto na OTA.
  • Pois os jornalistas da RTP1 conseguiram o quase milagre de reportarem, questionarem, entrevistarem, comentarem, acrescentarem, inteligentemente indagarem “como é que vê? “como é que acha que”? e, porventura, o acutilante “como é que se sente”?;
  • Conseguiram tudo isto, sem, uma única vez, permitirem ao seu espectador perceber o mais elementar: O argumento do Governo para a escolha da OTA.
  • Com este memorável antecedente, corremos o sério risco de a OTA começar a funcionar, lá para meados da próxima década, sem que a RTP1, nos seus telejornais, se tenha sequer aproximado da grande e fatídica questão que interessa mesmo a todos os portugueses:
  • Por que razão a escolha da OTA?
  • Abençoadas televisões que nos deixam presos nas raízes da sabedoria: O espanto. O paradoxal espanto.

                          • # 04 A cada um, o seu muro da vergonha

                            O muro entaipa toda a janela que permita a comunicação
                            E previne contra o simples olhar de aproximação;


                            O muro multiplica as grades de prisão
                            E consolida todas as formas de distanciação;

                            O seu maior dano não é pela distância física que cria
                            entre os indivíduos,
                            É pela barreira psicológica e afectiva e cultural que reconfirma
                            entre os povos.

                            quinta-feira, novembro 24, 2005

                            #03 A Cada um, o seu Muro da Vergonha

                            Entre cada Continente, o seu Muro.



                            A Cada Muro, a sua Caravana

                            terça-feira, novembro 22, 2005

                            Congresso do PSD-Açores: I Congresso Nacional dos "Históricos"





                            Só ontem é que tomei consciência que o PSD-Açores se prepara para protagonizar, em rigorosa exclusividade, mais um grande feito na sua longa e perfeita história de muitos e grandes feitos.
                            Um congresso só para "históricos".
                            Mas não um congresso para "históricos"unidos por uma história e um passado comum, como seria de esperar de um partido que foi zelosamente amestrado para a unidade, pelo seu primeiro líder (sobre)natural.
                            Não.
                            Trata-se de um partido, rigorosamente"partido" ao meio, pela única razão que o podia e devia unir: o seu passado.
                            No momento do primeiro Congresso pós-Mota Amaral, o PSD-Açores entrou para as páginas da história e de lá nunca regressou para o encontro com a vida da sociedade açoriana, que continua feliz por ele se manter prisioneiro do seu passado e sem desencantar a via de retorno à realidade de hoje.
                            A lista de "históricos" do PSD da Terceira e de São Miguel, ontem estampada num diário regional, despertou-me para essa novidade da transformação do próximo Congresso do PSD-Açores, no Primeiro Congresso da Democracia portuguesa e da Autonomia açoriana, só para Históricos.
                            Da Terceira, acompanham o "histórico"Natalino Viveiros ao Congresso do PSD-Açores, os seguintes abencerragens da política açoriana:
                            Adolfo Lima, que lidera;
                            Adalberto Martins, que continua a acompanhar quem, já antes, o liderava;
                            E "muitos outros destacados militantes locais do PSD", no dizer de "A União".
                            Anónimos para nós e para o jornal. Mas, se "destacados", inevitavelmente, "históricos".
                            De São Miguel, a lista do mesmo jornal inclui os nomes, nunca por demais lembrados, de:
                            Vasco Garcia, que, como é óbvio, acumula. Além de liderar também dirige. Lidera uma lista e dirige um Gabinete... de Estudos.
                            E ainda é membro do grupo de trabalho da moção do candidato.
                            Grupo que Gaspar da Silva também ornamenta...
                            E ainda Lalanda Gonçalves...
                            E ainda Joaquim Machado...
                            Históricos nomes da história do PSD. Todos eles com história e com muitas histórias!
                            Razão tinha Mota Amaral, ao recordar, a propósito do 10º aniversário da sua evasão do Governo dos Açores para o remanso da Assembleia da Republica, que o fizera, exclusivamente por razões de cansaço pessoal.
                            O PSD-Açores, por si, ficara em perfeitas condições para continuar a governar os Açores.
                            E, aí estão, dez anos depois, todos os seus homens de antanho.
                            De regresso. A dar-lhe razão.
                            Com um pequeno atraso de dez anos!
                            Mas os mesmos, quase sem falhas.
                            Ou melhor, metade dos mesmos.
                            A outra metade, segue noutra carruagem.
                            Ainda um pouco mais lenta do que a do Natalino.
                            A do Costa Neves. Que não dá a cara. Dá moção por si.
                            Com os habituais rodeios, para chegar ao único sítio onde se sente como no seu "lugar natural". O do poder. Qualquer que seja! Pouco importa, qual seja!
                            À falha e à falta de outro, que venha o do partido!Pela segunda ou pela enésima vez. Para ele, será sempre "tempo novo". Porque tempo de (algum) poder!

                            segunda-feira, novembro 21, 2005

                            #01 A Cada um, o seu muro da vergonha

                            O MURO SONHADO

                            Francisco Goya



                            "Os Sonhos da razão política que engendram monstros"


                            "Un mur de 3 200 km longeant toute la frontière entre les Etats-Unis et le Mexique : telle serait la la "barriére de securité" idéale pour empêcher l'immigration illégale, affirment deux parlementaires américains, membres du Parti républicain, qui ont déposé un projet de loi dans ce sens, le 4 novembre".

                            #02 A Cada um, o seu muro da vergonha

                            O Muro da Vergonha e da Morte



                            A Cada Muro da Vergonha, o seu Cortejo de Cadáveres

                            La volonté des Etats-Unis de contrôler strictement leur frontière méridionale a déjà coûté la vie à des milliers de migrants, originaires du Mexique ou d'autres pays latino-américains. Depuis 1995, on a découvert, dans les zones désertiques qui bordent la frontière, plus de 3600 cadavres de migrants, morts avant d'avoir pu réaliser leur rêve. Mais l'on estime que le nombre réel de victimes serait deux à trois fois supérieur. "C'est une tragédie majeure, écrit dans le quotidien Reforma le politologue mexicain Sergio Aguayo, si l'on songe que, durant les vingt-huit ans d'existence du mur de Berlin, 192 Allemands sont morts en essayant de le franchir."

                            sexta-feira, novembro 18, 2005

                            #02 A Sorrir para a Eternidade...

                            NA POLÍTICA


                            Chirac trahi par ses lunettes
                            Pour Jacques Chirac, l'abandon des lentilles est un aveu d'usure.
                            Lui qui se teint les cheveux, qui veille à être bronzé toute l'année, lui qui enrage lorsqu'on ébruite qu'il teste une prothèse auditive, le voilà forcé de reconnaître qu'à dix jours de son septante-troisième anniversaire le temps a fait son œuvre...
                            Quant au choix de la monture, c'est "back to the Seventies".
                            Ne manquait plus qu'un Giscard surgissant d'un écran noir et blanc, et une séquence des Shadocks pour se sentir télétransporté dans les Trente Glorieuses.
                            (Le Soir)

                            #01 A Sorrir para a Eternidade...

                            NA LITERATURA


                            "Em vez de levar Tchecov para o estúdio, Giulio dirigiu-o para uma pequeno salão, fê-lo sentar e lançou-se num longo monólogo sobre o papel do fotógrafo numa estância frequentada sobretudo por doentes estrangeiros.
                            Sabia que muitos dos hóspedes de Badenweiler eram doentes à espera de salvação, mas cépticos quanto à possibilidade de a alcançarem.
                            Pelo que, todos eles, num dado momento, sentiam a necessidade de se fazerem fotografar, de deixarem atrás de si uma última imagem.
                            Pediam para ser retratados com uma luz doce que não acentuasse eventuais marcas de doença, em atitudes que traduzissem alegria de viver.
                            Este retrato psicológico da sua clientela devia interessar seguramente um escritor como Tchecov.
                            Este desarmou o fotógrafo ao dizer-lhe que também ele queria um daqueles retratos a sorrir para a eternidade(...)".

                            quinta-feira, novembro 17, 2005

                            A Palavra contra a História

                            Não há palavras que consigam alterar(e estragar) o curso da História, tal como ela foi vivida, nos anos setenta, pela minha geração.

                            Mas lá que chegam para estragar um dia, lá isso chegam.

                            O meu está estragado com a leitura matinal deste acto de contrição.

                            Não sei se o (seu) Deus lhe perdoará!

                            A História, tenho a certeza que não!

                            E espero que os tribunais, também não!

                            "Je regrette et souffre pour ces pertes (humaines) mais Dieu me pardonnera si j'ai commis des excès, ce que je ne crois pas."

                            Augusto Pinochet a été interrogé, lundi, par le juge Victor Montiglio. L'ex-dictateur chilien a dû répondre à 20 questions au sujet du massacre de 119 opposants lors de l'opération Colombo en 1975. Malgré une "démence modérée" diagnostiquée il y a trois ans, M. Pinochet est en état d'être jugé, selon des experts médicaux.

                            #04 ...E Liberta-te de Preocupações com o Futuro.



                            (...)"O dr. Bühl objectou dizendo que, de qualquer modo, através da sua obra, estava já projectado para o futuro.
                            Anton não colheu lisonja naquelas palavras, mas desenganou o amigo.
                            A modesta fama que conquistara seria de pouca dura e não ultrapassaria o limite de tempo necessário para a venda dos livros acumulados nos armazéns dos editores.
                            Quanto às suas peças, não contava nem com Stanislavsky nem com a devoção da mulher actriz para que sobrevivessem nos palcos de Moscovo ou S. Petersburgo.
                            A hipótese deste progressivo esquecimento era-lhe fonte de grande paz, sem sombra de ressentimento para com os vindouros"(...)
                            Nota em tempo: A fonte deste tema, explorado nos "Dias Contados", é um verso de uma ode de Horácio e que (só para os mais curiosos...) diz o o seguinte: Carpe diem quam minima credula postero. Que é como quem diz : Agarra o dia, confiando o mínimo no futuro.

                            #03 ...A Solução: Carpe diem...



                            (...) "Pessoalmente, porém, desde que a crise afogada em champanhe lhe anunciara para breve o próprio fim,saboreava uma liberdade nunca dantes assim vivida.
                            Nestas semanas, nestas horas que sabia derradeiras, apesar das constrições da doença, sentia-se um homem livre.
                            Poder antever o momento em que as parcas cortariam o fio da sua existência libertava-o da mortal ansiedade de quem vive sujeito às arbitrariedades e às etiquetas do mundo.
                            Com isto queria dizer que era um homem que não tinha de se preocupar com o futuro, um homem com um exclusivo apetite para o presente:
                            Carpe diem! (...)".

                            quarta-feira, novembro 16, 2005

                            Há Raciocínios Muito(mas mesmo muito) Cavilosos...

                            ...Tão cavilosos que se auto-destruem.

                            Este, por exemplo, da "primeira coluna" do Diário Insular" de hoje:

                            "Os Açores necessitam de uma oposição credível, suficientemente forte e organizada para que se constitua enquanto alternativa ao poder instalado. O partido no poder e o governo que ele sustenta, lucram igualmente da normalidade dessa situação.
                            Quanto mais a oposição aponta falhas e apresenta alternativas, mais aprimorada terá que ser a actuação do governo nas suas políticas, que, ou emenda a mão, ou não tardará a ser penalizado no acto eleitoral seguinte".
                            Mas quem que é que garante ao "colunista primeiro" do DI que o PSD-Açores não apostou, até hoje, precisamente, em não "aprimorar"(este verbo é uma "saborosa" delícia semântica!) a "actuação do governo" com as suas alternativas(suas/dela oposição, claro...) para que ele não tarde " a ser penalizado no acto eleitoral seguinte"?
                            É verdade que, em "cada acto aleitoral seguinte,"o PSD-Açores tem sido premiado, não com o acesso ao poder, mas com um novo líder. Mas tudo isto são apenas simples acidentes de percurso que não invalidam a pertinência do raciocínio.
                            Mais ainda, caro "colunista primeiro", posso-lhe garantir que, com os dois candidatos que, até agora, se apresentaram na disputa da liderança, é isto mesmo que vai continuar a acontecer ao PSD-Açores!
                            Continuar a sua vagabundagem política pela estrada, que tão bem conhece, do "quanto pior... melhor"!

                            terça-feira, novembro 15, 2005

                            #02...é Ocasião de Imoralidade.



                            (...) "Tchecov ouviu com atenção e procurou reconduzir à sua experiência profissional esta fábula que poderia ser grega ou romana, mas nunca russa.
                            Assistira a longas agonias de muitos doentes e não se lembrava de ter sentido neles o desejo de saber quando chegaria a sua hora, que previam inevitavelmente próxima, mas sem perderem a esperança de um milagre para além da ciência do médico.
                            A tal intervenção dos deuses.
                            Para um homem em boa saúde, esse domínio do ciclo da própria vida parecia-lhe fonte de imoralidade, não de liberdade.
                            Quantos crimes não seriam cometidos por quem, sabendo-se imune a uma punição fatídica até à data pré-fixada, não hesitaria em resolver violentamente os entraves quotidianos às suas ambições e aos seus desejos?"(...)

                            #01 Toda a Fonte de Liberdade...



                            (...) "Lembrava-se de ter lido num qualquer alfarrábio dedicado à mitologia que o grande desafio de Prometeu aos deuses tinha sido o de oferecer aos homens a possibilidade de saberem qual seria o dia da sua morte, de conhecerem o segredo das parcas, e não a sua iniciativa de lhes entregar o fogo.
                            Esse conhecimento libertaria os homens do domínio dos deuses e torná-los-ia senhores do tempo do seu destino.
                            Por isso, ao porem cobro aos desaforos de Prometeu, os deuses consentiram que os homens ficassem com o fogo, retirando-lhes a capacidade de antever a duração das suas vidas.
                            Se cada homem pudesse saber exactamente quanta estrada lhe tocaria fazer, deixaria de sofrer o peso do destino e cessaria de viver no temor dos deuses.
                            Teria conquistado uma liberdade somente limitada pelos anos que lhe tinham sido reservados"(...).

                            segunda-feira, novembro 14, 2005

                            Os Blogues mudam o Mundo.



                            Claro que "o mundo" que consta do título é apenas o célebre diário francês "Le Monde".
                            Quem conhece alguma coisa da sua longa história, sabe que sempre foi um dos jornais de referência da imprensa de influência e expressão mundial, que mais lentamente se foi curvando às exigências da evolução tecnológica.
                            A introdução da fotografia no jornal só há poucos anos se tornou habitual nas suas páginas. Mesmo assim, alguns dos seus muitos suplementos quase se mantiveram fieis à antiga tradição da sua aparência austera e quase sem cor. Le Monde Hebdomadaire, por exemplo.
                            O que é um verdadeiro sinal dos tempos é que, segundo o seu próprio director, Jean-Marie Colombani, o jornal, este ano, perdeu 45.ooo assinaturas "em papel", mas " Le Monde. fr" ganhou 65.000. É isto que explica que a audiência do jornal se mantenha nos dois milhões por dia.
                            Mas a que propósito é que entram aqui os blogues? É simples.
                            Como diz Le Point, os blogues estão entre os três factores que determinaram a nova cara com que "Le Monde "passou a ser publicado desde segunda feira passada.

                            • Os blogues, "impertinentes e, por vezes, melhor informados" que os jornais e os jornalistas.
                            • "Os quotidianos gratuitos, que instalam nas pessoas a ideia que a informação não se paga".
                            • "Os problemas estruturais do sector".
                            .
                            Será exagerado dizer que, blogue a blogue, se foi mudando
                            Le Monde e se está a mudar o mundo?

                            sexta-feira, novembro 11, 2005

                            Cavaco Silva: O Retrato do Mito

                            "O Mito é o Nada que é Tudo" (Fernando Pessoa)


                            "O carisma de Cavaco Silva é um caso extraordinário.


                            Porque o homem não tem realmente carisma: é seco, sem interioridade nem estilo, e não parece ser um grande amante da cultura.


                            Mas dez anos de governação e a adoração das massas ensinaram-lhe várias coisas: uma dicção pausada que ritma o olhar (de quem pensa profundamente e «em consciência» — expressão várias vezes utilizada no seu discurso), um meneio correspondente da cabeça, um semblante sério e grave, à medida das circunstâncias.


                            Tudo isto confere-lhe uma espécie de estilo.


                            Eis um homem honesto, íntegro, que já deu provas, que tem a «elevação» adequada a um presidente. Acima da política e dos partidos, e, como dizia um apoiante, «um bom pai de família, um bom marido e um pai da nação, porque a nação é uma família”. (...)


                            Todas estas imagens não compõem a de um presidente real, porque os poderes do Presidente são limitados.


                            Por outro lado, a imagem total que Cavaco propõe enferma de uma característica evidente: autoritarismo (ou rigidez, se se preferir este eufemismo) datado, «perfil» de outros tempos, não o de um Portugal que necessita de se abrir e de se exprimir, de portugueses que procuram tomar iniciativas.


                            A imagem de Cavaco Silva é a de «um grande estadista» a quem o povo deseja delegar a acção, desresponsabilizando-se da que lhe Incumbe.


                            Voltaremos, imperceptivelmente ao descanso inocente do Portugal arcaico sob a aparência da modernidade. "


                            (josé Gil, Courrier Internacional, nº 30, de 28.10.2005)

                            Erros (Im)Perdoáveis ? (VI)...


                            Depois de ter chamado à colação deste blogue, em entrada anterior, a Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira e a sua página na net com o seu taipal ("em actualização") de "obra de Santa Engrácia", não podia furtar-me a uma espreitadela à "homepage" da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores.

                            Como é de tradição nestes paralelismos insulares, as chamadas "vantagens comparativas" são claramente favoráveis ao nosso Parlamento Regional.

                            A sua qualidade coloca-a bastante acima da madeirense.
                            Mas, não é, ainda, uma "bela sem senão".
                            Pelo menos do ponto de vista daquela regra de que me fiz eco há umas entradas atrás.
                            Volto a recordá-la: "Se o seu site possuir algum link que não esteja com o vínculo pronto não o hospede. Deve-se evitar mensagens como "site em construção" site em actualização" "site em desenvolvimento", entre outras, porque eles mostam desorganização e causam impacto negativo no usuário".
                            Pode ser uma regra que alguns considerem excessivamente rigorosa. E, ainda recentemente, fazer o seu contrário, em Portugal, era um comportamento corrente.
                            Seja como for , a verdade é que o site da Assembleia açoriana não tem nenhum desses avisos na "fachada", ao contrário da Madeira.
                            Tem-nos pudicamente escondidos sob os itens da sua página inicial .
                            É menos descarada, mas a gafe está lá. Basta clicar neles para descobrir o "rabo do gato."
                            Esperemos que por pouco tempo.
                            Ao contrário de algumas outras gafes da nossa Assembleia, que parecem tardar em encontrar solução.
                            Mas estes são contos largos e outros, para outras alturas.

                            quarta-feira, novembro 09, 2005

                            De Novo, no Centro da História?




                            Não seria a primeira vez que a França passaria directamente das convulsões na rua para o coração da história.
                            Aconteceu no século passado, com o "Maio de 68".
                            Aconteceu no século 18, com prolongamentos vários no século 19, com a que ficou conhecida, precisamente pela "Revolução Francesa".
                            Voltará a acontecer, agora, com os distúrbios nas periferias das cidades francesas?
                            Mais uma vez, a vida rompe o dique das estruturas sociais caducas e incapazes de responder à muito sentida e falada "malaise"francesa?
                            "Malaise" da França consigo própria, com a Europa, com a globalização e, agora também, com uma parte importante dos seus próprios filhos e núcleos importantes das suas próprias cidades?
                            Não sei se os franceses estão, mais uma vez, a fazer história, ou apenas a fazer manchetes para os jornais.
                            Eles próprios não se descuidam é de mostrar-nos que já estão no centro dos olhares do mundo mediático. Preparam o salto para o coração da história deste século?
                            O mostruário que encabeça esta entrada é do Courrier International.

                            terça-feira, novembro 08, 2005

                            Bloguistas Tranquilos ?...

                            Numa França(e num mundo) em turbulência?




                            É o que recomenda aos 4 milhões de bloguistas franceses, o forum dos direitos na internet.
                            A não ser que os responsáveis do forum pensem que o centro de Paris... é toda a França, a hora escolhida para a recomendação parece não ser especialmente notável pela oportunidade.
                            Contudo, foi este o título escolhido para um tema importante para os bloguistas de França. O enquadramento na lei francesa da sua actividade, que se alonga por 14 páginas em pdf.
                            Uma rápida leitura deixou-me a impressão de um formalismo jurídico excessivo e de alguns pressupostos discutiveis.Trata-se apenas de uma primeira impressão, para melhor esclarecer em oportunidade posterior.
                            Entretanto, vistos da Argentina, os bloguistas franceses não parecem nada tranquilos.