terça-feira, janeiro 31, 2006

Os Açores têm três distritos



É a sólida convicção de uma senhora professora de Educação Cívica de uma das nossas escolas integradas.
E, pelo exemplo, também "integradoras".
Tão sólida é a convicção da cívica educadora que desafiou as suas jovens alunas a apresentarem-lhe uma declaração escrita(sic) do Presidente da Câmara (sic) a demonstrar-lhe o contrário.
É claro que a demonstração apropriada desse monumental dislate de uma professora de Educação Cívica, nos Açores, já lhe foi feita e, neste momento, já a senhora docente deve estar da posse de toda a verdade "cívica" sobre o tema.
Só lamento não estar em condições de informar como é que ela reagiu a tão inesperada informação e que crediblidade passará a ter junto dos seus alunos no seu estatuto de docente "cívica".
Quaisquer considerações sobre este "analfabetismo" cívico parecem-me escusadas.
Só espero que se trate mesmo de um caso único.
E a extinguir, quando vagar...Ou até antes!

domingo, janeiro 29, 2006

What is badware ?

What is badware?

Não creio ser demais repetir a pergunta.

Há escassos minutos ainda, a palavra e o conceito eram-me inteiramente desconhecidos.

Nem sequer constam do glossário tradicional do "malicious software" que atormenta todos os utilizadores da internet.

Como se pode constatar por este glossário.

Reviews and free downloads at Download.com



Mas já tem presença na internet



StopBadware.org

Já tem manifesto programático


StopBadware Manifesto


E definição com rigor universitário


Badware is malicious software that tracks your moves online and feeds that information back to shady marketing groups so that they can ambush you with targeted ads.

Vamos, então, aguardar notícias (ou contribuir para as descobrir), sobre esses "shady marketing groups".

sábado, janeiro 28, 2006

O Mozart possível. No dia seguinte.

Ontem, não houve actividades bloguísticas, aqui por estes lados.

Assim, só hoje, me posso juntar, ao que todo o mundo comemorou, ontem.

O 250º aniversário do nascimento do WAM, no ano do WAM, no tempo em que WAM estará mais no centro das memórias de todos os cultores desinteressados ou interessadíssimos de WAM.

Uso só a sigla, com as iniciais do nome de Mozart, em vez do seu nome, porque, se a sigla ainda não nasceu, não estará longe de ver a luz do dia da publicidade e do mercado global.

Junto o meu tributo do dia seguinte, com a seguinte história, já muito antiga:

Na corte celeste, quando Deus Padre está presente, os anjos ouvem Bach.Quando Deus Padre se ausenta, os anjos ouvem...Mozart.

Se me permite um conselho, seja "anjinho".

Ouça Mozart.
Ou WAM, se preferir.

E até pode tê-lo todo, em sua casa, por uma pechincha.

Por menos de 1,50€ por CD.

















Enquanto não se decide, deixo-o com estas imagens.

Este é considerado o último retrato de Mozart vivo.

É de 1789.

Mozart morreu, em 1791.














A imagem seguinte é da família.

Quando o que está em comemoração é o nascimento de Mozart,

é oportuno lembrá-la.



Finalmente, outro membro da família.

Joseph Haydn.

A quem o próprio Mozart, chamava o "papá Haydn".

Pai espiritual, claro.

De muita da sua inspiração e de muitas das suas obras.



Com toda a familia e obra de Mozart, assim reunida, podemos avançar, serenamente, pelo que promete ser o "ano um" da era Mozart.
Ou era WAM.
Esperemos que o seja, para muitos novos ouvintes WAM!

Wolfgang
Amadeus
Mozart

Nota Bene. Esta nota também é do "dia seguinte" a esta entrada mozartiana. Só, ao voltar a ler a entrada depois de publicada, é que constatei que o preço "por/CD" do "Tout Mozart" está errada. O custo de cada CD anda é pelos 0,70€.

quinta-feira, janeiro 26, 2006

Assim se faz a GLOBALIZAÇÃO cultural

Achinesando a ...GOOGLE(LIZAÇÃO).






Google chinês vai censurar termos politicamente sensíveis... Mesmo contrariando sua defesa por um livre fluxo de informações, a empresa se dispôs a fazer concessões. O sacrifício se justifica pelo tamanho do mercado chinês, o segundo maior do mundo, com 111 milhões de internautas.

Outras companhias, como a Yahoo e a Microsoft, também bloqueiam em seus sites chineses temas delicados, como a independência de Taiwan e o movimento espiritual Falun Gong (cujas práticas têm imensa popularidade na China, mas foram proibidas em 1999).

- Para operar na China, retiramos... [Link]


quarta-feira, janeiro 25, 2006

No se puede descartar que Portugal entre en una fase de convulsión.

Esta é uma das muitas frases que a imprensa internacional dedicou a Portugal, nos comentários à eleição do novo Presidente da República.


Parece-me que é evidente para toda a gente que nada pode ser descartado.



  • Nem a convulsão nem a comunhão.
  • Nem o entendimento total, nem o desentendimento absoluto.
  • Nem um país que, todo ele, se acolha à sombra pacificadora do novo “Cavaco-Presidente”, eleito por mais 30.000 votos, como, em 86, se acolheu, à sombra do “Soares-Presidente”, eleito por mais 100.000 votos de que o seu opositor.
  • Nem um país que continue tão dividido, nas expectativas e na imagem que se faz do novo Presidente, como se revelou nos votos.







Tudo está em aberto.


Tudo pertence ao mundo dos possíveis.







Tudo está tão incerto e indefinido



  • como antes da apresentação das candidaturas em tribunal,
  • como antes das candidaturas apresentarem os seus programas eleitorais,
  • como antes de se iniciar a pré-campanha eleitoral,
  • como antes de se iniciar a campanha eleitoral,
  • como antes dos debates televisivos de há um mês,
  • como antes...
  • como antes...
  • de ter havido um acto eleitoral considerado democraticamente modelar, em participação, em mobilização, em execução, no dia eleitoral e na noite de apuramento eleitoral, nas sondagens, nos comentários e nas declarações dos candidatos.

Esta é uma situação que, ontem mesmo, num dos muitos debates que se sucederam ao apuramento dos resultados, ouvi elogiar como fazendo parte do mistério, da nebulosa de secretismo e indefinição que deve rodear as funções e a figura do Presidente.

Porque este Presidente eleito teria sido, como candidato, o que melhor teria incarnado a imagem de


  • o menos ligado a qualquer partido,
  • o que menos compromissos concretos assumiu com o eleitorado,
  • o que só reconheceu e agradeceu o apoio dos líderes dos partidos que o apoiaram depois da eleição,
  • o que deu uma imagem de menor enquadramento partidário ou político,

ao apresentar-se à multidão, das varandas do CCB, não na companhia dos seus mandatários ( apolíticos, também?)
para quem acabara de fazer um discurso político, mas da família alargada, com a qual se gaba de nem falar de política.

Mas é uma situação que, cada vez mais custa a aceitar e a justificar depois de uma movimentação nacional para as presidenciais que mobiliza, há seguramente mais de dois anos, jornalistas, meios de comunicação social, comentadores e políticos de um país inteiro.
E que, depois de todo este trabalho de apuramento, selecção, triagem e decantação, o que se conseguiu foi eleger alguém, que entrou em todas estas sucessivas fases de “testagem”, como um enigma e a todas superou, saindo ainda com uma feição, humana e política, mais enigmática do que quando nelas entrou.

Com tabú e como tabú saiu da política há dez anos, e com tabú e como tabú regressa e se consolida(rá) para outros dez (prováveis).

Afinal, este país adora, da democracia, não é o seu esforço permanente que, como definição a singulariza, para tornar transparentes os mecanismos de funcionamento da sociedade, mas aquilo que, em democracia, continua a subsistir e a resistir a todos os esforços de transparência.

Com duas circustâncias agravantes, neste caso concreto de Cavaco.

Ele representar e ser apoiado pela área política de direita, a que o povo nunca tinha confiado, em trinta anos, a Presidência, por a considerar mais propensa à crispação, ao confronto e à instrumentaização das funções do Estado, do que ao consenso e ao compromisso e isenção inerentes ao cargo.

E ainda por, os motivos de possível conflito, entre a Presidência e o Governo, derivarem, não do exercício das funções para que Presidente e Primeiro Ministro foram eleitos pelo voto popular, mas daquilo que ambos são para além disto.

O Presidente, quer queira quer não, o depositário dos sonhos frustados da direita portuguesa.

O Primeiro Ministro, quer o queira fazer esquecer quer o assuma, o líder de um partido abalado por duas derrotas numa só eleição (um verdadeiro recorde para o “Guinesse”).

A derrota (absoluta) do candidato que escolheu.

E a vitória (relativa) do candidato que rejeitou.

terça-feira, janeiro 24, 2006

Uma Sensibilidade Nova...

...embora tardia, chegou a França.
 
Estará a caminho da Assembleia da República, em Portugal?
 
Chegará, algum dia, à Assembleia Legislativa, nos Açores?
 
Em França, foi necessário o terramoto político do referendo ao Tratado Constitucional da União Europeia, para que despertasse essa "sensibilidade parlamentar nova" para as questões europeias.
 
Em Portugal e nos Açores, quantas escalas de Richter e Mercalli terão de ser galgadas, para que o equivalente aconteça?  
 

Le président de l'Assemblée nationale, Jean-Louis Debré, a-t-il proposé que chaque Conseil européen soit désormais précédé d'une séance spéciale de l'Assemblée au cours de laquelle le gouvernement explique les positions qu'il s'apprête à    défendre. Plus révélateur encore de la sensibilité nouvelle des parlementaires sur les questions européennes, les auditions systématiques des ministres à    l'issue des principales réunions intergouvernementales. Ainsi, pour la première fois, le ministre de l'économie, Thierry Breton, sera-t-il entendu conjointement, jeudi 26, par la commission des finances et la délégation pour l'Union européenne, sur les décisions en matière de taux réduits de TVA.

 
 
 
 

As virtudes do “NON”

Jose Manuel Barroso, le 23 janvier 2006, à Bruxelles. | AFP/JOHN THYS


Le non au référendum sur la Constitution a agi auprès des parlementaires français comme un révélateur de la distance qui s'était établie avec les instances européennes. La première conséquence a été le renforcement de la présence de fonctionnaires du Parlement français à Bruxelles afin d'améliorer le suivi des négociations européennes et d'anticiper sur l'impact des propositions de la Commission au niveau national. Le traité d'Amsterdam prévoit, en effet, un délai de six semaines entre la transmission au Conseil et au Parlement européens d'une proposition d'acte législatif et son inscription à l'ordre du jour. [Link]


domingo, janeiro 22, 2006

Uma semana de (pequenos) dilemas

Há semanas assim.

Em que a vida nos obriga a opções sem meio termo.

Ou entregarmo-nos à força e à intensidade dos factos e acontecimentos de cada dia (ou semana) que nos cabe em sorte, ou continuarmos dispersos por mil e uma pequenas tarefas.

Como escrever para "o ventilhador", "o epigrama" ou o "álamo esguio".

A minha opção desta semana foi pela "velha" vida, contra as novas tecnologias.

E da próxima?

E da outra, depois da próxima?

É questão de esperar.

Para ver.

Esperemos, então.

E, logo, veremos!

segunda-feira, janeiro 16, 2006

# 1 Os dilemas das presidenciais 2006


“Penso que devo ser o último dos grandes presidentes de França.
Quero dizer, na linha de De Gaulle.
Depois de mim, não haverá nenhum outro...
Por causa da Europa...
Por causa da mundialização...
Por causa da evolução inevitável da instituições...,
o Presidente vai transformar-se numa espécie de Super-Primeiro Ministro.
Ele será frágil.”


Nesta fase do debate e do combate das eleições presidenciais, não seria uma boa altura para pensar nestas palavras de François Miterrand, proferidas a poucos dias da sua morte de que a França, neste mês de Janeiro, comemorou e recordou a passagem do seu décimo aniversário ?


Não será mesmo de um Super- Primeiro-Ministro, que os portugueses andam à procura?


Pelo menos a maioria que as sondagens vão permitindo captar.


Decerto, não é à procura de um rei eleito, que reine mas não governe.


De alguém, que os representa, mas não os pareça acompanhar nas suas incertezas e dificuldades diárias.


De alguém, que esteja muito acima de todos eles pelo seu percurso e pelo seu estilo de vida .


De alguém, com quem eles apenas sintonizam através de entidades abstractas como a soberania nacional, o poder de veto,a promulgação das leis, o semipresidencialismo;


De alguém, que deixou, por alguns momentos, as páginas da história em que já o julgavam para sempre entronizado e, que, com divina e mais que humana generosidade, se predispõe a conceder-lhes a benesse da sua experiência universal e imensa sabedoria dos homens e da vida.


Será que o paradigma jurídico do Presidente da República ainda corresponde ao paradigma sociológico que os portugueses procuram nestas eleições?


Algum ajustamento haverá a fazer.


Que orientação deve seguir tal ajustamento, é o que há-de ditar o resultado destas eleições e a experiência de equilíbrio, desequilíbrio ou reequilíbrio de poderes, que se lhe seguirá.


sexta-feira, janeiro 13, 2006

Sobre Souto Moura. O que não se compreende.

Mantendo-nos apenas naquilo que, hoje, é notícia sobre Souto Moura, que também dá pela designação de Procurador Geral da República, o que não se compreende é o título das notícias. 

Mas, então, ainda é notícia, e título de notícia ou "lead" de notícia,

que:

 
  1. Souto Moura diz que será instaurado um inquérito
  2. "Ordenou-se de imediato a instauração de um inquérito que apurará com rigor a correspondência ou não correspondência de tais notícias ao efectivamente ocorrido e daí se extrairão as devidas consequências", diz a PGR em comunicado.
  3. Casa Pia: PGR abre inquérito sobre registo de chamadas telefónicas    
  4. «inquérito rigoroso » sobre o caso.     
  5. Casa Pia: PGR abre inquérito sobre escutas (act.)
  6. A Procuradoria-Geral da República abriu um inquérito para apurar a veracidade da notícia divulgada hoje pelo 24horas sobre um registo de milhares de chamadas feitas a partir de telefones de altas individualidades no âmbito do processo Casa Pia.

 

Mas tudo isto, já não é dito e redito pela enésima vez, sem quaisquer resultados?

  • E continua a ser notícia ?
  • E continua a ser título de notícia?
  • E continua a ser "lead" de notícia?

E se, para variar, passasse a ser notícia, e título de notícia e "lead" de notícia:

  1. PGR  ainda precisa de fazer inquéritos para saber o que se passou no processo mais mediático dos últimos anos em Portugal.
  2. Encontra-se o registo das chamadas, mas não o mandado do juiz para as fazer.
  3. Encontram-se chamadas aos milhares, números de telefone às centenas, conteúdos de conversas sem qualquer relevância para o processo, nem uma só que tenha qualquer ligação com o processo Casa Pia.

E, por exemplo, a terminar, uma notícia como a seguinte:

  • Há uma razão histórica de peso para Souto Moura, também conhecido, desde há anos demais, como Procurador Geral da República, não ter pedido  a demisão:

Pilatos também ainda nunca pediu para sair do "Credo".

 

 

 

 

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Esta manhã, o "surrealismo" belga...veio ter comigo

Vou é necessitar do dia todo, para esclarecer se o auto-designado " surrealismo belga" me atingiu com esta notícia:







Cinq ans après avoir interdit l'écourtage des oreilles des chiens, la Belgique a interdit cette année l'amputation des queues de chien, sous peine d'amende pouvant atteindre 5 500 euros.Ou, se, pelo contrário, o que me deve deixar verdadeiramente siderado, são os preconceitos mútuos, entre flamengos e francófonos:

Cloisonnement identitaire entre Flamands et Wallons



Les francophones jugent globalement les Flamands égoïstes, orgueilleux, austères, mais aussi courageux, gestionnaires et créatifs. » Paradoxalement, dans la même enquête, les Flamands s’estiment moins rigoureux et créatifs mais plus négligents que les Francophones... « On aura tout vu ! Avec ces résultats, qui apparaissent tellement à contre-courant des idées reçues, ce sondage confirme une des grandes caractéristiques de la Belgique : le surréalisme. »


La presse aussi est exclusivement unilingue. « Il n’y a jamais eu de journal bilingue en Belgique, alors que ça a été le cas en Suisse ou au Luxembourg. Le bilinguisme n’a jamais existé en Belgique », observe Guido Fonteyn. Pas de médias bilingues et très peu de lecteurs bilingues. « Il n’y a que 3 % de personnes qui lisent la presse de l’autre communauté », ajoute M. De Winter.



Pior ainda será, provavelmente, se alguém tiver a curiosidade de procurar saber o que pensam os cães com donos flamengos, dos cães com donos francófonos.
Ladram-se, uns aos outros, em inglês, na Grand-Place?

terça-feira, janeiro 10, 2006

Esta manhã, a Google veio ter comigo.

 Não é que este encontro não seja quase diário.
 
Mas, hoje, teve, porventura, algumas modalidades próprias.
 
Veio, quase em simultâneo, nas suas duas faces.
 
A sua face de inovação e novidade quase permanente
 
com o seu   
 
Google Pack
Tenho de confessar que o "Pack" não me deslumbrou. Talvez por, de imediato, não lhe ter conseguido medir o alcance. É assunto a seguir.
 
A outra é a dos receios que, recentemente, tem vindo  a ser  soprados de França, contra o perigo da hegemonia  da Google. Que seria apenas mais um dos disfarces para a hegemonia anglo-saxónica da cultura.
Este debate que, em França, surgiu a propósito do projecto da Google de construir um biblioteca "numérica universal", volta  a ser retomado pelo
Magazine Literaire deste mês.
Infelizmente as duas páginas dedicadas ao assunto não estão acessiveis no "site " da revista.
Mas o debate e as suas  conclusões são bastante equilibrados.
Uma das conclusões é que a resposta da Europa ao desafio da "Biblioteca Numérica Universal" deve ser, não a de tentar impedi-la, como se fosse uma ameaça para a cultura europeia na sua diversidade, mas "Construir uma biblioteca numérica europeia". E  a outra, é que "opposer papier et écran dans lédition est un faux dilemme".
Vai mesmo em francês. Porque parece tratar-se, em grande parte, de mais um "faux dilemme", dos muitos em que a França dos últimos anos se tem enredado.
 
Magazine
 
 
 

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Uma leitura matinal: Três Ideias a Reter

Que font les Français ? Ils regardent la télévision. Trois heures et 26 minutes en moyenne par jour et par personne, si l'on en croit les derniers chiffres de Médiamétrie.


Contrairement à ce qu'on supposait, la télévision n'a pas tué la radio : celle-ci a su conserver un public attentif, qui tend l'oreille et retient ce qu'il écoute. En revanche, la presse écrite quotidienne a été de plus en plus affectée par le petit écran, avant de l'être par Internet, qui a effacé les frontières entre texte, son et image.



Le zapping ne se limite plus à la boîte à images : c'est devenu une manière de vivre. Faire un kilomètre à pied par tous les temps pour acheter son quotidien semble appartenir à un autre siècle : on attend qu'il soit livré à domicile, dans la boîte aux lettres ou sur l'écran. Tout doit être à portée de main, de télécommande ou de souris.



La boîte à images , par Robert Solé;

domingo, janeiro 08, 2006

# 4 as histórias Fabulosas de...

JOSEP MARIA FONALLERAS  
 
Tabaco y adulterio
 
Allí se va a encontrar con personajes de su calaña con los que mantendrá, al principio, conversaciones sin ningún interés, sobre la propia ley, sobre lo oprimidos que están los fumadores, sobre el resfriado que van a pillar. Poco a poco, después de tres o cuatro excursiones fuera de la nave, los astronautas fumadores cogerán confianza e incluso puede que acaben por intercambiarse los números de móvil. Él le dirá a ella: "No fumar en un estanco es como ir a la panadería y no darse el placer de comerse un mendrugo antes de haberlo pagado". Y ella le contestará: "O como entrar en una tienda de ropa y no resistir la tentación de mirarte al espejo". Él intervendrá: "   ¿Piensas dejarlo?". Y ella: "Ahora, menos que nunca". Y él: "   ¿Quedamos después de los entremeses? Y ella: "Cielos. A mí ya me traen los postres". Y así, hasta llegar al adulterio.

http://www.lavanguardia.es/web/20060108/51216362752.html

# 3 as histórias Fabulosas de...

 

O “Joãozinho feliz”

Tendo achado demasiado pesada e incómoda a barra de ouro que ganhara,

o Joãozinho

  • trocou-a primeiro por um cavalo,
  • depois trocou o cavalo por uma vaca,
  • a vaca por um ganso
  • e o ganso por uma pedra de amolar;
  • e mesmo esta acabou lançando à  água,

pois não se dava conta do prejuízo.

Pelo contrário:

achava que tinha ganho, finalmente, o dom precioso da liberdade completa.

A história deixa por conta da fantasia do leitor

imaginar o tempo que João deve ter levado a curar-se da sua perturbação,

e como deve ter sido sinistro o momento em que despertou da sua pretensa libertação.

Moral: Há uma variedade de insensatos que, mesmo antes de analisarem uma novidade, já a consideram melhor, por se tratar de algo novoHá uma variedade de insensatos que, mesmo antes de analisarem uma novidade, já a consideram melhor por se tratar de algo novo.

 
 
 

 

quinta-feira, janeiro 05, 2006

# 2 As histórias Fabulosas de...



Antonio Alçada Baptista


Mas, afinal, o que é o Brasil?


É tão fácil de ver e tão difícil de dizer.


O Brasil é aquele homem loiro que uma noite, há treze anos, dançava numa boite de São Paulo com uma negra e para quem o meu amigo Diaulas Readel me chamou a atenção:


-Estás vendo aquele alemão, além, dançando com a mulata?


- Estou, e daí?


É capaz de estar aqui há três meses e há quatro ainda era nazi.


O Brasil é isso.


Desta vez, Fernando Claro deu-me mais um precioso elemento para a explicação deste meu caso com o Brasil.


Isto porque eu lhe perguntei qual a razão por que não havia lá touradas já que, em toda a
a América Espanhola, a tourada suscitava interesse e aficion.


-A Coisa tentou-se mas o negócio não deu, não.


Em 1950, quando Mendes de Morais foi prefeito do Rio mandou construir uma praça de touros ao lado do Maracanã.


Para promover melhor as corridas, deixou que a entrada fosse gratuita.


Aquilo ficou cheio mas teve que acabar.


Pois não é que o povo torcia pelo touro?! Era. Aplaudia o touro e
assobiava o toureiro. Aí os toureiros se desmoralizavam muito e a
coisa não deu, não.
Pois não é que o povo torcia pelo touro?! Era. Aplaudia o touro e assobiava o toureiro. Aí os toureiros se desmoralizavam muito e a coisa não deu, não.


Moral: Creio que o Brasil corresponde àquela parte de mim que torce
pelo toiro,



que homenageia a sua fúria solitária,


a sua coragem desacompanhada,




  • contra o jogo,


  • as astúcias


  • e as vantagens dos homens.

# 1 As histórias Fabulosas de...




Millôr Fernandes



O Socorro




Ele foi cavando, foi cavando, cavando, pois sua profissão - coveiro - era cavar.


Mas, de repente, na distracção do ofício que amava, percebeu que cavara de mais.


Tentou sair da cova e não conseguiu.


Levantou o olhar para cima e viu que, sozinho, não conseguiria sair.


Gritou.


Ninguém atendeu.


Gritou mais forte.


Ninguém veio.


Enrouqueceu de gritar.


Cansou de esbravejar.


Desistiu com a noite.


Sentou-se no fundo da cova, desesperado.


A noite chegou, subiu, fez-se o silêncio das horas tardas.


Bateu o frio da madrugada e, na noite escura, não se ouvia mais um som humano, embora o cemitério estivesse cheio dos pipilos e coaxares naturais dos matos.


Só pouco depois da meia-noite é que lá vieram uns passos.


Deitado no fundo da cova o coveiro gritou.


Os passos se aproximaram.


Uma cabeça ébria apareceu lá em cima, perguntou o que havia:


«O que é que há?»


O coveiro então gritou, desesperado:


« Tire-me daqui, por favor. Estou com um frio terrível!».


«Mas coitado!» - condoeu-se o bêbado. - «Tem toda razão de estar com frio.


Alguém tirou a terra toda de cima de você, meu pobre mortinho!».


E, pegando a pá, encheu-a de terra e pôs-se a cobri- lo cuidadosamente.



Moral: Nos momentos graves é preciso verificar muito bem para quem se apela.

segunda-feira, janeiro 02, 2006

# 2 O Mito e os mitos

Mantenhamo-nos, um pouco mais, na questão dos pequenos e grandes mitos.

Continuemos, igualmente, com a obra de que falei na entrada anterior, ( Los mitos de la Historia de España), mas cujo autor, por lapso, omiti.
Aqui fica o seu nome: Fernando García de Cortázar.


Voltemos à citação do seu texto, que ficou incompleto na anterior entrada de fim de ano.

"Um país, em democracia, não necessita de mitos.
Necessita é de viver com naturalidade, sem tribos nem bíblias políticas, o facto e a consciência nacional.
Um país em democracia não vive de metafísica, mas de compartilhar um legado comum de recordações, de lealdades não excluentes nem exclusivas, que permitam olhar o passado sem ódio nem azedumes recriminatórios.
Com a crítica dos absolutos começa a esperança, começa a liberdade".

Alguns, ao ler este texto, poderão ser levados a pensar que ele traz tão marcada a verdadeira luta de Jacob e do Anjo de Rembrandt, que intercalei neste "post", e que, desde sempre, se trava em Espanha, com a virulência e o extremismo de posições, que o tornaria inaplacável em Portugal.

Não me parece que seja assim.
Para qualquer das regiões deste país de centralismos muito enraízados.
Lembremos apenas, os obstáculos "mitológicos"( não lhes encontro melhor classificação) que, até hoje, impediram a regionalização do continente português, apesar de a Constituição o impor sem ambiguidades.

E muito menos o é para as Regiões Autónomas.
A dificuldade está em conseguir reduzir às dimensões de um blogue, os abundantes exemplos destes escolhos "mitológios"que, até hoje, impediram a clarificação de questões de alcance vital para as Autonomias Insulares
Vou-me ficar apenas por um só exemplo.

Porque tem sido um dos meus "cavalos de batalha," nos tempos mais recentes, e em instâncias várias.
Alguém conseguiu explicar, até hoje, porque é que nunca se concretizou, com clareza, a simples disposição constitucional que diz:
"As regiões autónomas(...)têm os seguintes poderes, a definir nos respectivos estatutos"?
A concretização desta simples disposição, contida nesta palavra definir, já poderia ter arrumado, em definitivo, e há muito, aquilo que seis revisões constitucionais não conseguiram e três versões estatutárias ( se não erro no número) também não lograram alcançar.
Tudo, por uma simples razão.
Porque, fazê-lo, seria matar, de vez, uma dupla ilusão.
A ilusão dos autonomistas "progressivos"(mantenhamos o palavrão que, historicamente, os baptizou) e que continuam a dizer e a escrever, em moções para congressos recentíssimos, que é uma "leitura constitucional possível, de que, nas Regiões Autónomas, o Estado são os órgãos de governo próprio."

A definição que a Constituição remete para os Estatutos, se realmente efectivada, impediria toda a verosimilhança a afirmações deste jaez.

Do outro extremo do espectro político, de pendor centralista, deixaria, também, de haver margem para afirmações como as que foram produzidas depois da penúltima revisão constitucional, em 1997, em que se chegou a falar de "festim autonomista".

Exclamações que, inevitavelmente, voltarão a ouvir-se, enquanto persistir a indefinição actual, que só serve de pasto a estas duas posições "mitológicamente"extremadas.

Deixo para futura entrada, a referência a um "mitologismo" perfeitamente desfasado, apesar de totalmente ridículo, que, nem a última revisão conseguiu arredar do texto constitucional.