quarta-feira, maio 30, 2007

As cadeiras vazias do dia da Região




Haverá alguma razão para que, nas imagens televisivas da transmissão em directo da cerimónia oficial das comemorações do dia da Região, na passada segunda-feira, as imagens que nunca mais se vão apagar da memória visual dos teleespectadores, sejam as da imensidão de cadeiras vazias, que ressaltavam em qualquer panorâmica do recinto preparado para o acontecimento?
Claro que há uma razão.
A mesma razão que faz com que, do recente Congresso do CDS/PP, por mais artifícios de comunicação de Paulo Portas, as imagens que hão-de marcar para sempre aquele Congresso, serão as da quantidade esmagadora de cadeiras vazias a reduzir a zero, o número, já escasso, de delegados presentes.
A mesma razão que leva a que se arraste, há mais de meia dúzia de anos, a decisão sobre a transmissão televisiva das actividades do Parlamento Regional. Aquilo que, erradamente, se resume na expressão oficializada de "Canal Parlamento".
Errada porque, com ela, se insinua, voluntariamente ou não, que, para a solução do problema, há apenas um processo. O recurso à solução tradicional adoptada pela Assembleia da República, com a montagem de uma estrutura dispendiosa e de nula audiência, que funciona com este nome. Mas não é assim. Há outras soluções, vindas do passado ou tirando partido dos mais recentes progressos tecnológicos nestes domínios.
Mas tudo isto são apenas desculpas de quem tarda em perceber o alcance desta decisão para uma Assembleia que tem, na sua imagem de proximidade ao povo que representa, a sua principal razão de existir e de funcionar.
E de quem, na grande oportunidade anual de dar uma imagem de entidade que o povo procura e nela se revê, através da organização do dia da Região, de que recentemente se passou a encarregar, não toma nenhuma providência, não se dá ao incómodo de qualquer cautela ou diligência, para que a regra da representação sem o povo, que é o seu drama de todos os dias, tenha, no dia da Região, a sua excepção.
Mas não.
Lá estão as cadeiras vazias, a ganhar dimensões de tragédia ( ou caricatura impiedosa) na sua força televisiva.
Quanto ao resto. Antes, quando a responsabilidade da organização do dia da Região era do executivo, tinhamos uma sessão com dois discursos. Um do Presidente do Governo, que era de circunstância, mas se esforçava por ser de reflexão. Outro de um convidado, que era de reflexão, mas se esforçava por se enquadrar na circunstância da comemoração.
Hoje passámos a ter dois discursos de circunstância. Um deles continua a esforçar-se por ser de reflexão. O outro... é, somente, a sua circunstância.
Além disto, há ainda a atribuição das insígnias honoríficas regionais.
Sobre este acto na passada segunda feira, apenas uma observação.
Para a escolha das entidades "insigniadas," e atendendo à unanimidade parlamentar da sua indicação, seria de esperar uma maior convergência de consensos, fora do parlamento, em relação àquelas que foram escolhidas por mérito da sua carreira política.
No jogo de agraciado rosa contra agraciado laranja, só me têm chegado ecos de descontentamento e surpresa, em relação a uma das rosas escolhidas.
Sempre foi rosa de mais espinhos que pétalas. E parece continuar a sê-lo.
Apenas mais um sinal de que, muita vez, quem representa o povo através dos partidos, está em risco permanente de se afastar, ao mesmo tempo, dos partidos e do zé-povinho?



terça-feira, maio 29, 2007

Shimon Peres, a previsibilidade imprevisível

Shimon Peree tem uma história política muito semelhante à do próprio país que serve há mais de meio século.
Toda a gente sabe qual foi a sua última derrota política.
Ninguém se recorda, já, de qual foi a sua última vitória.
Toda a gente sabe qual foi o último partido político a que pertenceu.
Ninguém faz a menor ideia de qual será o próximo.
Toda a gente sabe quem foi o seu último adversário.
Ninguém sabe qual será o seu próximo aliado.
Toda a gente sabe qual foi o último cargo a que se candidatou.
Ninguém sabe qual será o cargo para que estará disponível na próxima oportunidade política.
O cúmulo da ironia seria Shimon Peres,
que, enquanto líder do Partido Trabalhista de Israel,
sofreu derrotas sucessivas, frente à direita israelita do Likud,
acabasse por encerrar a sua sinuosa vida política
com uma derrota frente à candidata do seu antigo partido à Presidência de Israel,
a nossa conhecida Colette Avital
(antiga embaixadora de Israel, em Portugal).






DN Online: Veterano Shimon Peres candidato do Kadima à presidência de Israel



De regresso a Israel em 1953 assumiu cargos de chefia em todos os governos trabalhistas. Líder histórico do partido, em 2005 decidiu sair para se juntar ao velho rival Ariel Sharon no Kadima, a formação que este criara para chegar à paz com os palestinianos. Agora, é como candidato do partido centrista que tem a última hipótese de vencer a eleição nacional que sempre lhe escapou.
DN Online: Veterano Shimon Peres candidato do Kadima à presidência de Israel






segunda-feira, maio 28, 2007

Uma vitória da democracia

A simples realização de eleições é sempre uma vitória da democracia.
As eleições são sempre uma vitória da legitimação do poder pelo voto,
em substituição de outras formas de legitimação pela força das armas, do dinheiro ou da classe.
Mas, quando a esta vitória de todos, se pode juntar a satisfação dos dois principais contendores,
é caso para redobrado júbilo.
É o que, com mais ou menos sentido de humor, se pode dizer que ocorreu com as eleições autonómicas e municipais de ontem em Espanha.
O que significa apenas que as derrotas que todos sofreram (O PSOE em Madrid, por exemplo)não chegam para alterar substancialmente os actuais equilíbrios de poder em Espanha.
E as vitórias que todos tiveram (O PSOE, em Barcelona, Canárias, Sevilha, etc. e, genericamente, em número de lugares conseguidos nas autarquias) permitem-lhe apenas novo alento para pensar em reformular e afinar estratégias para o próximo embate decisivo das eleições gerais em Espanha.
Rajoy presenta los mejores resultados del PP en unas municipales y Zapatero asegura estar


Por su parte, Zapatero, no sin ironía, se ha referido a los resultados en estos términos:


"Yo estoy satisfecho de los resultados, veo que el PP también. Ésta es una de las cosas positivas de la democracia".
Rajoy presenta los mejores resultados del PP en unas municipales y Zapatero asegura estar "satisfecho" de los resultados - Cadena SER




sábado, maio 26, 2007

Uma má tradução portuguesa de Orwell

Uma vida, uma ficha 26.05.2007, José Pacheco Pereira


(via EDIÇÃO IMPRESSA)





Uma vida, uma ficha,
e um George Orwell,
de trazer por casa,
de levar à blogosfera,
e de chegar aos jornais,
chamado Pacheco Pereira.
Mas, ao contrário do autêntico Orwell,
não usa a imaginação para
antecipar o futuro.
Usa-a, para deformar
e caricaturar o presente.
E os seus desencantos
de vida e de pensamento
são sempre com o presente,
mal disfarçados em visões de futuro apocalíptico.
E, neste caso, desencanto com o presente político.
Ao contrário da maioria dos portugueses,
que escolheram este presente político e,
a avaliar pelas sondagens, continuam
a dar-lhe o seu apoio maioritário,
esta nossa versão portuguesa de George Orwell,
não gosta da presente situação política.
Está no seu direito.
Mas isto não chega para fazer dele o George Orwell,
que ele, modéstia à parte, (como sempre) se imagina já sendo.

quinta-feira, maio 24, 2007

O PSD-Açores Quer o Quê?




Mais debate político?
Claro que não quer.
Não quer.
Nem nunca quis.
Por agora, deixemos falar o Regimento da Assembleia,
para fazermos uma ideia daquilo que qualquer partido pode fazer,
na Assembleia Regional,
sobre a promoção de debates políticos.
Por agora também, comecemos por dar a palavra aos números,
para se fazer uma ideia daquilo que o PSD fez,
até hoje,
nesta matéria
e, sobretudo,
o que não fez,
em cerca de 30 anos de Assembleia
e 10 de oposição.


O que diz o Regimento?
1 "Os deputados podem formular oralmente perguntas ao Governo Regional, em pelo menos, uma reunião plenária por período legislativo"( artigo 180º do Reg.).
Vamos já aos números,
para percebermos a "força" da falta de vontade,
que o inefável e impagável PSD de Mota Amaral, Vítor Cruz, Costa Neves, Manuel Arruda, Costa Neves de novo,
conseguiu (evitar) fazer,
neste vastíssimo campo de debate político,
que são as perguntas orais ao Governo Regional.
Se pegarmos na letra do Regimento,
para tentar fazer um cálculo das oportunidades perdidas pelo PSD-Açores,


de promover o debate político na Assembleia, através de uma sessão de perguntas ( pelo mínimo) ao Governo,
em cada período legislativo
(sempre pelo mínimo, nunca pelo máximo, claro)
podemos arriscar o número provável de 179,5 oportunidades perdidas em 30 anos,
e de 59,5 oportunidades perdidas em 10 anos.
Como se percebe, este cálculo tem por base uma média de 6 períodos legislativos por ano.
É possivel saber o número exacto.
Mas não é isto que me interessa, por agora.
O que me interessa é dar a perceber a dimensão
e o número escandaloso de oportunidades perdidas
por este desperdício político,
que sempre foi, este PSD dos Açores.


E reconheçamos que este PSD do Costa Nevesx2 nem sequer é dos piores.
Não é, não senhor.
É mesmo o melhor de todos eles.
Melhor do que o PSD de Mota Amaral?
De Vítor Cruz?
De Manuel Arruda?
De Costa Neves X 1?
Pois claro que é.
Os outros todos,
perderam todas as oportunidades,
sem uma única excepção,
de utilizarem este mecanismo regimental de fiscalização do Governo e de debate político.
Costa Neves x 2, conseguiu ser a heróica, esforçada e meritória excepção.
Conseguiu fazer meia sessão de perguntas ao Governo.
Levou até 2007 para o conseguir.
Mas foi o único a vencer a inércia de mais duas décadas do PSD-Açores.
Conseguiu o verdadeiro passe de mágica da viragem.
Que é sempre o mais difícil.
E não tenho dúvidas que, num próximo Costa Nevesx3,
ele conseguirá levar o PSD-Açores a fazer uma sessão completa,
inteirinha, do princípio ao fim, de perguntas ao Governo.
Força, Costa Nevesx2.
O Guiness espera por ti.
Costa Nevesx2, ânimo!
"Pica," a fundo, para a sessão de perguntasx1.
O Chanceler de todas as ordens honoríficas portuguesas está a tua espera em Belém.
E as insígnias regionais ainda estão mais perto.
Até porque o "record" promissor da sessão de perguntas x 0,5,
já ninguém te pode roubar.
Tanto mais que há outros desafios regimentais, à tua espera.
Alguns deles, se calhar desconheces, como os debates políticos "urgentes".
Não sabias que o Regimento os prevê?
Não admira.
Tens andado tão ocupado a reclamar alterações ao Regimento,
que nem tempo tens,
nem fôlego te sobra,
para passar os olhos pelo actual.
Compreende-se.
Meia sessão de perguntas é um trabalho hercúleo.
Cuida-te.


Diário Insular  OnLine

PARLAMENTO
PSD quer mais debate político.
O líder do PSD anunciou ontem que vai propor aos restantes partidos com assento na Assembleia Legislativa - PS e CDS/PP - uma reforma do parlamento.
Aumentar o debate político e a fiscalização ao Governo são as principais metas.
Diário Insular OnLine












terça-feira, maio 22, 2007

Que país visitou Bento XVI?


Porquê este ar assustado e receoso?


Talvez, porque os "banhos de multidão,"
Não eram bem "à João Paulo II"?
Mas...



Mesmo assim, houve muita, fértil e festiva
imaginação popular.




E ainda maior animação e muita vocação para paparazi,
nos membros importantes da família.



Apesar disso, aquele olhar preocupado,
de germânico em terra de latinos,
aquele ar de pássaro caído do ninho,
não se desanuviou.

Por favor, levanta voo, Bento!
Por favor, levanta voo, Ratz!

Uma nova pista para Madeleine

A ideia é inglesa.
A pista é ,
sobretudo,
para espanhóis e ingleses.
O local do crime é que não mudou:
Algarve.
Ou será que também mudou para
ALLgarve?





ELPAIS.com - El captor de Madeleine puede estar en tu álbum de fotos - Internacional



El captor de Madeleine puede estar en tu álbum de fotos.
La policía británica pide a los turistas que visitaron el Algarve en mayo que envíen sus imágenes de viaje por si ayudan a encontrar a la menor Madeleine
ELPAIS.com - El captor de Madeleine puede estar en tu álbum de fotos - Internacional







sábado, maio 19, 2007

"Perguntar nada resolve"



Esta foi a advertência da mãe a Gunter Grass.
Ele, porém, passou a sua vida de escritor,
hoje com 79 anos
e uma obra literária vasta e polémica,
a desrespeitar este conselho materno.
Desde a sua estreia literária, com " O Rapaz do Tambor,"
até ao seu último livro autobiográfico,
lançado, agora, em edição espanhola.
Depois de tudo ter perguntado sobre a sociedade alemã
e os seus fantasmas
mal resolvidos e mal reconhecidos
e sobre o século que lhe foi dado viver
( "Mon siécle",na tradução francesa)
Gunter Grass,
hoje,
no declinar da sua vida,
resolve fazer as perguntas mais difíceis
sobre si próprio,
sobre a sua juventude de conivência ingénua com o nazismo agonizante.
Este é o tema central desta entrevista.











ELPAIS.com -







Yo me preguntaba cómo un chico que no era precisamente tonto había creído hasta el final en la victoria final.
Cómo fue posible que no lo pusiera en duda en ningún momento.
Cómo es posible que no se haya preguntado por el profesor del colegio que había desaparecido, y que volvió después de cierto tiempo, cómo no me pregunté qué había pasado con él.
Cómo no le preguntamos:
¿dónde ha estado usted?
¿En un campo de concentración?
¿Qué es un campo de concentración?
¡¿Cómo es posible no haberse hecho preguntas?!
¿Y qué había pasado con el compañero de clase que era testigo de Jehová y que no quería tocar su fusil?
¿Por qué desapareció?
Son cosas muy importantes sobre las que no me pregunté, cómo es posible que no me las preguntara.
ELPAIS.com - "Me dejé seducir por el nazismo sin hacer preguntas" - Cultura y Espectáculos - Agenda Ocio

















quarta-feira, maio 16, 2007

Bush contra Michael Moore

A doutrina neo-conservadora da guerra preventiva,
aplicada por Bush,
não a um país,
como o Iraque,
mas a um cidadão americano,
como Michael Moore.




MichaelMoore.com : Open Letter from Michael Moore to U.S. Treasury Secretary Henry Paulson



I believe that the decision to conduct this investigation represents the latest example of the Bush Administration abusing the federal government for raw, crass, political purposes.


Over the last seven years of the Bush Presidency, we have seen the abuse of government to promote a political agenda designed to benefit the conservative base of the Republican Party, special interests and major financial contributors.


From holding secret meetings for the energy industry to re-writing science findings to cooking the books on intelligence to the firing of U.S. Attorneys, this Administration has shown time and time again that it will abuse its power and authority.
MichaelMoore.com : Open Letter from Michael Moore to U.S. Treasury Secretary Henry Paulson



O Diario catalão La Vanguardia tem mais pormenores sobre esta exemplar estória bushista.

segunda-feira, maio 14, 2007

O outro assédio



O assédio para que a mulher seja o menos mulher possível.
O assédio de que , no Ocidente, as mulheres se podem queixar,
perante a lei,
é o assédio que sobrevaloriza um aspecto parcial da feminilidade,
em prejuízo da sua personalidade humana global.
Sobrevaloriza a diferença entre os sexos,
com desrespeito pela comum humanidade e natureza entre os dois.
O assédio de que aqui se fala e retrata pretende diminui-la em ambos.
Esconder a sua feminilidade para a anular como pessoa.












ELPAIS.com - Los vigilantes del decoro asedian a las iraníes - Internacional







Los vigilantes del decoro asedian a las iraníes
Más de 3.000 mujeres han sido detenidas en la ofensiva del régimen de Ahmadineyad contra la "vestimenta indecorosa" ÁNGELES ESPINOSA - Teherán - 14/05/2007
ELPAIS.com - Los vigilantes del decoro asedian a las iraníes - Internacional

















quinta-feira, maio 10, 2007

Que fazer com estas derrotas?

del.icio.us tags: , ,


Esta é a pergunta que os derrotados das eleições do passado dia 6 de Maio se devem estar fazendo, na Madeira e em França.
Em França, seguramente que se está agindo no sentido de lhe dar resposta e tirar lições.
O tempo político urge, com novas eleições à porta.
Na Madeira, é bem possivel que o estado de choque com os desastrosos resultados para as oposições, sempre previsíveis para os meros observadores, e sempre traumatizantes para os próprios intervenientes, ainda não tenha propiciado reflexão útil, para além dos habituais e inevitáveis lamentos sobre a fatalidade de ser oposição na Madeira.
Primeira questão.
Será mesmo possível englobar o caso francês e o caso madeirense numa mesma reflexão?
Pode não ser fácil, mas julgo que não será de todo impossível.
Tentemos.
Para que uma derrota política possa servir de alavanca a uma reflexão que aspire a ser ponto de partida para relançar os derrotados de hoje, no caminho de eventuais vitórias de amanhã, exige-se que se consigam juntar duas condições simétricas e simultâneas:

A primeira é que se tenham artes de construir uma alternativa para um eleitorado.

A segunda, é que se disponha de (ou se construa) um eleitorado para uma alternativa.
Estas duas condições, à primeira vista, podem parecer simples truismos ou elementares jogos de palavras.
Penso que não são.
A alternativa para um eleitorado, implica a construção de um projecto político, que seja percebido pelo eleitorado como inovador e mobilizador, em relação ao protagonizado pelo poder vigente.
E que, além de projectos claros e consistentes, agregados à volta de um tema central dominante, seja protagonizado por equipas de pessoas com credilidade na sociedade e com uma liderança emergente ou já consolidada.
Quanto ao eleitorado para uma alternativa, comecemos por explicitá-lo, por ser de conteúdo mais acessível e até quantificável, pelo menos aproximadamente.
Exemplifiquemos, na tentativa de o tornar ainda mais compreensível.
No caso de França, um capital eleitoral de 47%, como o obtido por Ségolène, no passado dia 6, resultando ainda, por acréscimo, de uma base eleitoral em movimento entre a direita e a esquerda, como se constatou na primeira volta, pelos 18% do eleitorado do centro de François Bayrou, é, seguramente, uma base eleitoral suficiente, para se perceber que há condições politicas e sociais, para se continuar a aperfeiçoar uma alternativa e consolidá-la para o futuro.
Também parece óbvio que, mesmo descontadas as circunstâncias, estruturais e ocasionais, em que foram disputadas as recentes eleições na Madeira, nem os 15% do PS, nem mesmo acrescentados das percentagens, ainda mais residuais e marginais, dos restantes partidos da oposição, são bastantes, para alicerçar uma base de apoio suficiente para a construção de uma alternativa.
Em reforço desta última afirmação, pode-se lembrar que, em 2004, o PS-Madeira conseguia uma das mais altas percentagens eleitorais da sua história, situando-se perto dos 28% do eleitorado.
Por contraste, e para um caso em que o PS conseguiu uma base eleitoral suficiente, para se posicionar como alternativa, como aconteceu nos Açores em 1996, o seu pior resultado de sempre verificou-se nas eleições de 1994, para o Parlamento Europeu.
Nessa altura, o PS-Açores quedou-se pelos 28% dos votos, mas não tinha qualquer representante seu na lista do PS e praticamente não participou na campanha eleitoral.
Entre este mínimo de 28% do PS-Açores, em 1994, e aquele máximo do PS-Madeira, em 2004, julgo que é fácil de deduzir onde se situa o patamar de um eleitorado para uma alternativa.

Mas esta segunda condição não se recebe, pelo menos inevitavelmente, como simples herança do acaso ou da história.
Pode construir-se, a partir da elaboração de uma alternativa para um eleitorado.
É o que poderá ser tema de próximas considerações sobre o assunto.
Esperemos que o sejam.

terça-feira, maio 08, 2007

O que fazer com esta vitória?

DN Online: O QUE FAREI COM ESTA VITÓRIA?


O QUE FAREI COM ESTA VITÓRIA?



DN Online: O QUE FAREI COM ESTA VITÓRIA?




É a única pergunta para a qual ninguém pode ajudar João Jardim a responder.
E este artigo de Mário Resende é bem a prova disto.
Prova e contraprova.
Porque escrito precisamente para alertar que:
João Jardim, "durante a campanha, ameaçou, aqui e ali, dar passos no sentido de um futuro que
só é equívoco para quem não estiver atento".
Mas, apesar desta afirmação,
nem o mais atento e arguto dos leitores de Mário Resende,
consegue descortinar
nem quais sejam esses passos
nem qual seja esse futuro.
Partindo do princípio que João Jardim se vai manter dentro do quadro legal existente,
só pode tomar iniciativas em dois domínios:
no domínio mediático e no domínio legal.
No domínio mediático, o máximo que pode fazer é continuar a diparatar contra os órgãos de soberania
e os seus representantes.
Não é nada que já não venha fazendo há muitos anos.
E estas eleições não lhe vieram dar
nem mais legitimidade
nem mais descaramento
para o continuar a fazer.
No domínio legal,
só descubro duas possibilidades:
Bombardear a Assembleia da República
com propostas sucessivas de alteração da Lei das Finanças das Regiões Autónomas
ou do Estatuto Político-Administrativo.
Ou ainda, inundá-la com outras iniciativas legislativas,
mais ou menos afrontosas da Constituição.
O que resultará daqui?
Depois de algum barulho mediático,
elas rolarem
para o poço sem fundo das gavetas das Comissões da Assembleia.
Ainda neste âmbito, pode descarregar sobre o Tribunal Constitucional,
repetidos e imaginosos pedidos de fiscalização da constitucionalidade das leis da República,
a começar pela das Finanças das Regiões.
E daí?
As gavetas do Tribunal Constitucional, para os pedidos de ficalizações sucessivas da constitucionalidade,
não são menos inesgotáveis do que as da Assembleia da República.
Resta-lhe esperar dois anos, abancado na sua nova maioria absoluta,
tal como já estava na anterior,
à espera que mude a maioria na Assembleia da República.
Tanto barulho, para tão pouco!
Uma sugestão:
Por que não tentar dar funcionamento efectivo a alguns dos mecanismos de consulta entre as Regiões e o Estado,
que, na vigência da anterior LFRA, pouco ou nada funcionaram?
Talvez seja uma forma mais eficaz de compensar a (reduzida) redução de verbas que sofreu com a actual versão da lei.
Mas também não deixaria de ser o cúmulo da ironia!

sábado, maio 05, 2007

Uma esquerda em renovação

Penso que vale a pena procurá-la,
na cola da batalha presidencial que se trava em França.
Quem se reveja neste campo
e nestas preocupações
tem tudo a ganhar
em ler este editorial
do novo director
do renovado "Liberation".
Une gauche renouvelée

Une gauche qui rassemble ceux qui croient qu’un autre monde est possible pour plus tard et ceux qui souhaitent, pour aujourd’hui, un monde meilleur, qu’ils soient d’une gauche radicale ou réformiste, cabrée dans ses refus ou bien ouverte au centre.
Pourquoi Ségolène Royal ?
Pas parce qu’elle est socialiste, mais parce qu’elle a su, avant tout, s’affranchir des pesanteurs de la vieille gauche pour ouvrir la brèche du renouveau.
Pas parce qu’elle est une femme, mais parce qu’elle est une femme libre.
On dit que ses chances sont minces.
Peut-être.
Mais l’élection n’est pas jouée avant que le peuple en ait décidé.
Nous y croyons.
Et, en cas d’échec, nous préférons être minoritaires en respectant notre idéal, plutôt que de l’affadir dans une neutralité sans âme.
A gauche donc, plus que jamais, sans exclure quiconque.
Au nom de notre passé, au nom de notre avenir.
Une gauche renouvelée

sexta-feira, maio 04, 2007

Afinal, É fácil, É barato e dá milhões

Não é isto mesmo que as pessoas ( e os governos ) querem?
Ou deviam querer?
Então, por que é que esperam?
Se o custo de fazer é menor que o custo de não fazer?
Se, hoje, tudo se tende a medir pela bitola do custo-benefício,
porque continuam a não-fazer?
Com elevadíssimo custo (para todos)
e sem benefício
(senão para alguns,
muito poucos,
embora sejam poucos
com muito
).
Controlar el cambio climático resulta posible y barato - Cadena SER


Controlar el cambio climático resulta posible y barato La ONU considera que mantener la temperatura en valores actuales supondría sólo gastar el 0,12% del PIB mundial 04-05-2007 AGENCIAS
Controlar el cambio climático resulta posible y barato - Cadena SER

quinta-feira, maio 03, 2007

É possível ganhar um debate, sem que o adversário o tenha perdido?

 

Technorati tags:

 

Acho que sim.
Se preenchidas algumas condições prévias.
Se o debate for na televisão.

Se o debate ocorrer dentro de uma campanha eleitoral.
Se as expectativas sobre o debate forem desequilibradas e um dos contendores tiver conseguido equilibrá-las.
Se um dos protagonistas do debate tiver de lutar, não só contra o adversário, mas contra estereótipos arreigados, como os de sexo, origem ou religião.
E se esta luta tiver sido ganha.
Se a atitude mantida durante o debate tiver sido a da determinação, persistência, convicções firmes, capacidade de luta, força para se impor ao aversário e para  o levar a reconhecer, explicitamente, ou a aceitar, implicitamente, falhas, erros ou imprecisões. 
Se o adversário tiver um legado político pouco coerente ou consequente com as posições que defende e isto conseguir ser posto em evidência.

Se as quase inevitáveis falhas ou imprecisões técnicas ocorridas durante o debate se revelarem  mais penalizadoras ou menos desculpáveis, para quem, por força das funções anteriormente exercidas, teria maior obrigação de evitá-las.

 

É certo que, este estendal de condições pode parecer excessivo em número e demasiado genérico, apenas  com o objectivo, consciente ou não, de esboçar um quadro muito concreto, para atribuir uma vitória, já previamente desejada ou mais ou menos preconceituosamente atribuída.
Tudo isto é possível.
Mas também é certo que é precisamente isto o que, realmente, penso do resultado do debate de ontem entre os dois "S" (Sarko-Sego) candidatos à Presidência de França.
Mal comparando embora, creio que Ségolène, ontem, se encontrava numa situação muito semelhante à de Mário Soares, nas últimas eleições presidenciais, em Portugal.
O seu maior inimigo não eram as suas ideias, méritos ou qualidades, no confronto com o seu adversário.
O principal inimigo a superar, eram os estereótipos correntes sobre alguém que já cumprira e conquistara o seu lugar  na história do país e, pela sua idade, devia aguardar apenas a entronização definitiva pelos historiadores e não, mais uma vez, forçar os eleitores a reconfirmarem tudo isso.
Só que Mário Soares nunca conseguiu essa superação.
Penso que, ontem, Ségolène Royal, pode ter dado um passo importante para esse objectivo.
Se chegará ou não, para lhe dar a vitória eleitoral, é outra questão.

A reacção de Bayrou, ao debate, e que dá título ao Le Monde, pode ser apresentada como uma confirmação possível do que fica dito.

quarta-feira, maio 02, 2007

Duelos em Maio

Tem sido esta a regra, em França, desde 1974.
É em Maio que os candidatos da 2ª volta das Presidenciais
jogam todos os seus trunfos nos écrans da televisão, perante 20/30 milhões de franceses.
Desta vez, será hoje mesmo.
Será um jogo decisivo para a França e para a Europa.
Pessoalmente, espero que o/a imprevisto/a vença o/a regra.