sexta-feira, março 30, 2007

A reportagem vale, sobretudo, pelo título





Mas o conteúdo não deixa de ter também interesse.
Pelo menos, estas "gafes" encenadas do comediante BUSH,
não provocam "danos colaterais" irreparáveis.





ELPAIS.com - El comediante Bush & CIA - Internacional



El comediante Bush & CIA



ELPAIS.com - El comediante Bush & CIA - Internacional



quarta-feira, março 28, 2007

Por que é que Salazar não há-de continuar a ganhar concursos?

Quando continua a abundar gente
pronta a querer e a fazer,
exactamente,
aquilo que Salazar quereria e faria.
Todos os pretextos servem.
Até o refinado argumento
da opinião dos clientes
sobre a exigência da perspectiva "científica"
em relação aos livros sobre religião.
Acho simplesmente espantoso ser uma livreira
a decidir do carácter "científico" ou não de um livro.
Espero que se alguém se lembrar de escrever sobre
"O lápis azul da livreira"
respeite esta solene exigência!






Açores não quiseram O Evangelho Segundo Judas




Quase duas dezenas de livrarias dos Açores, entre as quais três lojas da Post, a livraria católica, não quiseram comprar o livro O Evangelho Segundo Judas, por Benjamim Iscariotes, publicado na semana passada em vários países. O livro, da autoria do romancista Jeffrey Archer e do biblista Francis Moloney, quer recriar a história de Judas a partir da narração de Benjamim Iscariotes, apresentado como o filho do "apóstolo maldito".

segunda-feira, março 26, 2007

Tal como os pais, na RTP


Os estudantes de Letras têm dois dias para decidir se querem uma associação com dirigentes simpatizantes do Partido Nacional Renovador (PNR) e do movimento da Frente Nacional, a Lista X; ou ligados ao PCP, a Lista U.








Os extremosos pais deixaram-se encurralar entre Álvaro Cunhal e Oliveira Salazar,
na escolha para o maior dos Grandes Portugueses promovida pela benemérita RTP.
Porque é que os letrados filhinhos haviam de ser mais espertos
e não ficar sem opção ou meio-termo,
entre a extrema direita/fascismo e o PCP?
Só uma obervação.
É da historia do século passado que estas situações de "classe contra classe", de extremo contra extremo,
se transpostas para o âmbito nacional,
levaram sempre ao mesmo resultado:
às ditaduras.
Também, aqui, será apenas uma "brincadeira" de estudantes?
Como, na RTP, era apenas um concurso?





Uma das grandes opções


Finalmente, a chanceler respondeu às críticas aos seus métodos, discretos e longe da ribalta, lembrando que foi assim que logrou em menos de 24 horas finalizar uma Declaração de Berlim com sentido e que também o Tratado de Roma foi negociado à porta fechada.


(via )





Não tenhamos dúvidas.
Esta é uma das opções decisivas para os políticos dos novos tempos.
Escolher entre a ribalta e a História.
Os que escolham a ribalta sempre,
só por acaso,
conseguirão acertar o passo com a História.
O princípio vale
para os políticos da democracia,
como para as instituições da democracia.
Algumas destas já fizeram a escolha pela ribalta,
como é o caso da nossa Assembleia da República.
Não há reunião de deputados,
por mais ou menos importante que seja,
que não esteja sujeita à regra geral da presença dos jornalistas.
Resultado:
Todos na ribalta.
Nenhum na História.










quinta-feira, março 22, 2007

O dia da falta dela




Technorati tags:


Mas que distracção!
Que imperdoáveis distracções,
em cadeia.
Foi o dia do pai.
E eu distraído.
Não houve pai para mim!


Ontem, foi o dia de quase tudo.



Do sono.
De quem o tem demais.
E de quem o tem de menos.
E eu, que sempre o tive de menos,
Distraído.
A dormir na forma.
No único dia do ano,
em que as pessoas,
com problemas do sono,
devem estar
bem acordadas
em honra
do sono
que lhes falta,
nos outros dias.


Da poesia.
E eu,
que, à falta de poesia minha,
me alimento da poesia dos outros.
No dia dela,
tenho o mais prosaico
dos dias.
Sem eco dela.
Nem própria,
nem alheia.
Nem sequer,
a do sonolento e triste
Nobre
do verso-anúncio
"O melhor da vida
é dormir,
tudo passa
sem se sentir".

Da floresta.
Com todos aos gritos
audio-visuais:
Onde está a minha árvore?
Para plantar aonde?
Na floresta?
Não.
No provérbio.
Ao lado do meu filho.
E antes ou depois do meu livro.
Ou, na rede.
Para dar sombra benfajeza
ao blogue,
que já tenho,
ou hei-de vir a ter.
Mas,
hoje,
é que não posso
mais distrair-me.
Hoje, é o dia da água.
Melhor dito:
Da falta de água.
E porque é uma coisa que eu,
eu, por mim,
não sinto.
E, nunca, verdadeiramente,
senti.
Mas
500 milhões sentem.
Quantos?
500 milhões
de seres humanos
têm falta de água.
Repito.
500 milhões de homens.
500 milhões de homens e mulheres.
500 milhões de homens, mulheres e crianças.
500 milhões
Têm falta de água.
500 milhões
Têm falta de água.
500 milhões
Têm falta de água.
É por isso que

deve vir até este sítio

o dia mundial da água

E confirmar que

terça-feira, março 20, 2007

Mais dois fanáticos das Crónicas do Lobo



Gonçalo é "um grande adepto" das crónicas.
"Acho que são das coisas que vão ficar com mais força.
Ele consegue concentrar nelas uma intensidade literária e emocional que é muito rara.
Consegue violentar o leitor, no sentido de o sacudir.
É muito difícil emocionar na literatura e ele nas crónicas consegue emocionar mais.
Podem não ser tão trabalhadas como o romance, mas o leitor leva um safanão muito grande.
No romance há mais uma distância de contemplação.
Nas crónicas uma pessoa sente-se puxada para um ringue."


Neste corpo, as crónicas "são extraordinárias" e "têm uma leitura mais fácil" do
que os romances.
"Ele faz de qualquer fait-divers, da realidade mais banal uma
epopeia
.
Tudo lhe serve, qualquer coisa."


segunda-feira, março 19, 2007

Um Uivo do Lobo


Vou continuar a aproveitar o pretexto do prémio ao Lobo.
Aproveitar, para trazer aqui alguns exemplos,
escolhidos mais ou menos ao acaso,
dos uivos passados à escrita, deste grande,
senão único, exemplar, de verdadeiro lobo ibérico,
que é o escritor Lobo Antunes.
Por hoje,
que seja este:




quinta-feira, março 15, 2007

Atirem-se ao Lobo (Antunes)

Aproveitem a desculpa do prémio Camões,
e atirem-se à leitura de Lobo Antunes.
E se têm dúvidas por onde começar,
se sentem alguma alergia aos romances de mais 300/400 páginas,
comecem pelas crónicas.
Atirem-se a elas como lobos.
Verão que lhes ganham o gosto e o vício.
Tenho a certeza que chegarão a lamentar que sejam apenas três volumes.
Géneros menores?
De género menor, somos todos nós,
que para aí gatafunhamos em blogues,
jornais e quejandos.
É a hora do Lobo.
A ele!
Todos a ele!



Livro de Crónicas, 1995
Segundo Livro de Crónicas, 2002
Terceiro Livro de Crónicas, 2006

Na concisão das crónicas há uma concentração de elementos narrativos e uma definição de personagens que acho inexcedível. As crónicas são experiências de processos narrativos e de personagens que depois vamos encontrar com outro tratamento nos livros. São uma espécie de laboratório. A crónica não é, de todo, um género menor. É um género muito difícil para quem o pratica. O texto curto é tão difícil quanto o romance de 400 páginas. São técnicas complementares, não se excluem de maneira nenhuma. A crónica é outra coisa, mas menor nunca.


quarta-feira, março 14, 2007

O descrédito da justiça à portuguesa

Technorati tags:

Há flagrantes da vida do nosso tempo que são mais instrutivos do que longos discursos, debates ou grandes discussões sobre um tema.
No caso em apreço, o flagrante é um "zaping" televisivo da noite de ontem, que me levou a um dos muitos programas das nossas televisões, com nomes bélicos (trio de ataque, no caso), e que, em sapientes grupos de três "experts," dissecam, implacavelmente, os males, passados presentes e futuros, do nosso futebol.
Na altura que entrei em "campo", Oliveira e Costa, conhecido responsável e apresentador de uma empresa de sondagens, falava de um relevante acontecimento não-desportivo que marcara a semana-desportiva anterior.
Refira-se, a talho de foice, que esta também é uma das mais notórias características do nosso inigualável mundo do desporto. As grandes questões em debate mediático no mundo do desporto raramente são de âmbito desportivo. A não ser que se circunscrevam às minudências televisivas dos erros dos árbitros contra algum dos três grandes, são declarações ou factos, que nascem nas páginas dos jornais, para nelas morrerem na semana seguinte, depois de acalorados e emocionantes duelos verbais entre personagens, que saem e entram na discussão, como actores num palco.
Mas qual era, então, o grande acontecimento que Oliveira e Costa, em cenário de fundo verde, na sua qualidade "televisiva" de sportinguista (por vezes até a gravata do "expert" também é da apropriada cor clubista) destacava na semana?
A revelação do verdadeiro "segredo de Fátima", desculpem, de um dos últimos dos grandes segredos deste transparente mundo futebolístico português.
A revelação, primeiro estampada na internet, depois com repetição exaustiva em toda a comunicação social, dos vencimentos dos jogadores do Sporting.
Sobre este facto fazia ele o seguinte raciocínio:
Em todos os tais grandes clubes portugueses de futebol, este é um segredo tão bem guardado, que, nem sequer, é do conhecimento de todos os membros das próprias direcções dos clubes.
Este segredo, até hoje mantido em inviolável reserva por todos os clubes, como é que, só no caso do Sporting, acabou nas páginas dos jornais?
Dedução de Oliveira e Costa:
Porque, em razão de um conflito, que, só indirectamente, envolveu o Sporting, mas se originou num diferendo entre um jogador do Sporting e o seu empresário, os vencimentos dos jogadores do Sporting chegaram ao conhecimento da justiça portugesa.
E esta só poude fazer aquilo que mantém como regra para todos os segredos de justiça: conseguiu fazê-los chegar à comunicação social.
Oliveira e Costa acrescentava que não tinha qualquer dado concreto, que lhe permitisse tirar esta conclusão, mas era a única que considerava plausível para o estranhno e inusitado acontecimento.
Penso que Oliveira e Costa, neste caso sem precisar de sondagens, nos fez um dos mais implacáveis e realistas retratos da imagem negativa que a justiça portuguesa tem, junto da generalidade dos portugueses.
Não só se revela incapaz de os defender, a tempo e horas, no exercício dos seus direitos, mas ainda os consegue privar daqueles que ela própria deve respeitar na sua actuação.

sábado, março 10, 2007

O Ruir de Lisboa

O ruir do país.
O ruir das pessoas em Lisboa.
O ruir das pessoas no país.
O retrato das pessoas,
de uma capital e de um país
no balanço literário de um tempo de desencanto.
O retrato de um país "deixado cair no meio da noite",
como uma das personagens de um dos contos de Teolinda Gersão.


Procure numa livraria perto de si.


Image-0289 Visão Online - JL - 
Contos do nosso mal-estar



Mas o tema mais forte para mim é o ruir de Lisboa.


Em Portugal atravessamos uma fase muito difícil.
Uma fase de grande desencanto,
de ausências de perspectivas,
de muito desemprego,
de todo o tipo de problemas sociais,
de percebermos que estamos na cauda da Europa,
de tanto esforço em vão,
de tantos sacrifícios pedidos sem as coisas evoluírem.
Estamos numa crise civilizacional e cultural terrível, e reconheço que há um lado sombrio no livro.
Embora haja também uma grande vitalidade, uma grande força e uma grande rebeldia.


Visão Online - JL - Contos do nosso mal-estar
(via Visão Online - JL - Jornal de Letras, Artes e Ideias - nº 950)

quarta-feira, março 07, 2007

Na Madeira, há vozes mas não há nomes

Há denúncias mas não há denunciantes.
Há críticas mas não há críticos.
Há um nome mas não há nomes.
Há eleições mas não há opções.
Há oposições mas não há oposição.
Há escolhas mas não há alternativas.
Há ressentimentos que dividem emoções,
não há descontentamentos que unifiquem vontades.
Se calhar, cada vez faltam menos coisas,
mas também cada vez mais
se lhes sente mais a falta.
Na Madeira, o labirinto parece certo e seguro,
e a saída incerta e insegura.
Resta aos madeirenses
(e só a eles)
um esforço mais
(ou muitos esforços mais)
para acelerarem a hora,
da transformação do incerto
em seguro
e do inseguro
em certo
.





DN Online: De Janina que nunca saiu da Madeira e da crítica a uma geração que alegadamente tem medo do 'on', segundo um jornal que colecciona processos na ilha


Há quem diga, no entanto, o que Janina não disse.
Que Alberto João Jardim foi "um pedaço agressivo na forma, que não precisava de chegar ao ponto a que chegou";
que a convocação de eleições foi uma estratégia política para benefício próprio e que pouco beneficia a Madeira".
É uma aluna da mesma universidade quem o diz, mas
sem revelar o nome,
porque essa revelação "poderia trazer-lhe confusões". "Preciso de encontrar trabalho, sabe."
E o anonimato é salvaguarda para quem denuncia, mas também faca em que um dos gumes pode servir o denunciado. Seja.
De qualquer forma
não há nome.
DN Online: De Janina que nunca saiu da Madeira e da crítica a uma geração que alegadamente tem medo do ’on’, segundo um jornal que colecciona processos na ilha


terça-feira, março 06, 2007

Da dificuldade(madeirense?) de compreender o parlamentarismo

Comecemos com exemplos concretos.

Um exemplo açoriano.
Em 1998, nos Açores, vivia-se em regime de governo minoritário do PS.
Em razão dos resultados eleitorais de 96, só com o apoio dos deputados do CDS/PP era possível aos dois partidos mais votados, o PS e o PSD, formarem maioria na Assembleia Regional.
É neste contexto que o líder do CDS/PP resolve retirar o apoio parlamentar que, até então, o seu Grupo Parlamentar havia dado ao PS e concedê-lo ao PSD.
Foi isto mesmo que ambos os partidos se apressaram a comunicar ao Ministro da Republica a quem, então, competia nomear e exonerar governos regionais.
Que fez este?
Lembrou-lhes (por estas ou por outras palavras) que, em regime parlamentar, a vontade efectiva de uma Assembleia nunca pode ser pressuposta, tem de ser, sempre, demonstrada pelos factos.
E que, em regime parlamentar, "o único facto" que conta é a vontade dos deputados, demonstrada em votos, e não aquilo que quaisquer líderes partidários, estribados em antecedentes, porventura, sem quaisquer excepções ou falhas, de férrea disciplina partidária, suponham dever deduzir-se.
O resultado é conhecido. A aventura do CDS/PP morreu na "praia", porque, nem ele nem o seu requestado parceiro do PSD se dispuseram a "mergulhar" nas "águas" da Assembleia Regional.
Outro exemplo mais recente, vindo de Itália.
Há duas semanas, o primeiro ministro italiano Romano Prodi apresentou a sua demissão ao Presidente da República porque, na sua opinião, deixara de ter condições para garantir apoio maioritário parlamentar, depois de perder no Senado o voto de confiança pedido para a sua política externa.
Que lhe lembrou o Presidente da República?
Lembrou-lhe (por estas ou equivalentes palavras) que só uma votação explícita, nas duas câmaras, sobre essa confiança, lhe permitiria tirar tal conclusão.
Assim o teve de fazer Romano Prodi.
E, hoje, continua Primeiro Ministro.
E óbvio que, em ambos os casos, o que interessa não é o desenlace concreto ocorrido em qualquer deles, mas o princípio aplicado em ambos.
Em regime parlamentar, em regime puramente parlamentar, em que a subsistência ou não de um governo, no caso italiano, ou da formação de um novo governo, no caso açoriano, nunca pode ser indiciada, suposta ou prognosticada, deve sempre ser testada, mais ainda em condições excepcionais de confiança ou censura de um governo ou de formação de um novo.
A pergunta que fica é se, no actual caso da Madeira, se respeitou esta regra.
É óbvio que não.
Mas é assunto para deslindar um pouco mais, em próxima oportunidade.

sábado, março 03, 2007

Escolher Bagdade para morrer


Este diário do director da biblioteca de Bagdade não necessita de palavras de introdução ou de comentário.
Só necessita de ser lido.
Faça o linque para o texto em Espanhol ou Inglês e leia-o.
Faça esse favor a si próprio.

ELPAIS.com -



SÁBADO, DÍA 10 El ser humano perfecto
No hay más noticias sobre la ejecución del bibliotecario ni el otro compañero desaparecido. He decidido poner en marcha un comité especial para investigar el caso.
Me doy cuenta, cada vez más, de que hoy en día, en Bagdad, el ser humano perfecto sería aquél capaz de desconectar todos sus sentidos. Estar ciego y sordo ya no es una maldición en este país, sino una bendición.
ELPAIS.com - "M. no viene hoy; dice que una bala perdida mató a su hija" - Internacional







Diary of Saad Eskander (Feb 2007)



I have come to realise that nowadays in Baghdad, the perfect human being would be one who can switch off all his senses. To be blind and deaf is not a curse anymore, but a blessing in disguise
Diary of Saad Eskander (Feb 2007)



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sexta-feira, março 02, 2007

Discursos (I) O Discurso Perfeito

É o minimo que se pode dizer do discurso de Paulo Portas, ontem.

  1. Pelo folhetim preparatório dos sucessivos anúncios, adiamentos e reanúncios.
    Que vêm de muito longe.
    Pelo menos desde a sua aparição e realce inesperado, em jantar natalício, promovido pela principal estrutura de qualquer partido na oposição: o Grupo Parlamentar do PP.
    Acrescente-que, num partido de quadros e de rarefeita implantação social. como é o PP, ser "dono" do grupo parlamentar é ser "dono" da imagem pública de um partido. O que é quase tudo o que um partido como o PP, na oposição, pode ter.
  2. Pelos cenários escolhidos.

Digo cenários, porque foram dois:
O Centro Cultural de Belém, em primeiro lugar.

A sala do CCB escolhida., em segundo.

Esta só podia ser a mesma em que começou a última corrida vitoriosa da direita portuguesa: a candidatura de Cavaco Silva à Presidência da República.
Assinale-se, desde já, que, com este cenário, Paulo Portas envia dois sinais àquele que ele julga ser o seu eleitorado (virtual, pelo menos). Que PP começa uma corrida que, para além do Largo do Caldas, visa Belém.
Que é ele  quem virá concretizar as esperanças mais inconfessadas mas mais profundas que a direita portuguesa personalizou em Cavaco Silva e que, hoje, vive em desilusões mal contidas, pela colagem  presidencial a Sócrates.

3.  Pelo pouco que disse, pelo  muito que subentendeu e ainda mais pelo que insinuou.

4. Por tudo isto, foi mais do que um discurso, foi um tiro de aviso.

  • Para Ribeiro e Castro?
    Não. Nem nele falou. Nem precisava. Portas não falou para quem (ele julga) que nem sequer chega a existir como obstáculo real. Ribeiro e Castro  não passa de um acidente no percurso de PP. Mero acidente. E apenas pelo lugar que ocupa. Não pela pessoa que é.

  • Para o CDS?
    Também não. O CDS é apenas um instrumento. O seu instrumento. O seu trampolim. Já o foi. Para tornar verosímil aquela pose de Estado que ele nunca mais despiu desde que exerceu funções ministeriais. E há-de voltar a ser. Para lhe graduar esta pose, de ministerial, em presidencial. 

  • Para Sócrates?
    Apenas para lembrar dele, aquilo que a direita que ele visa não encontra em nenhuma das suas actuais lideranças. A determinação. A segurança. A definição de rumos e metas precisas.

  • Afinal, Portas fez o discurso perfeito para quem?
    Para aquela direita profunda, sociológica e que diriamos portuguesmente secular, que já não se revê totalmente na sua última vitória (a de Cavaco) e que, neste momento, ainda está "lambendo" as feridas da sua última grande, enorme derrota ( para ela, a mais inesperada e traumatizante de todas as derrotas até hoje sofridas, porque mais cultural do que política) do referendo ao aborto.
    É desta direita que PP se quer o D. Sebastião.
    É para ela que PP pretende trazer os segredos mágicos da sua Arte do Estado. E para quem, até hoje, ele esteve falando da tribuna televisa do seu Estado da Arte.