sexta-feira, junho 30, 2006

Os mesmos a marcar 2 séculos. O sec. XX com a riqueza. O séc. XXI com a caridade.

dicattali capa11


Neste dicionário escreve Attali o seguinte sobre a


"FRATERNIDADE



Suporte das grandes esperanças, utopia do próximo século.
No século XIX, a liberdade conduziu, no que toca aos aspectos positivos, à eclosão das nacionalidades e, quanto aos aspectos negativos, à exploração da classe operária.
No século XX, a igualdade desembocou positivamente na social-democracia e negativamente no comunismo.
No século XXI, só a fraternidade poderá tornar compatíveis as duas utopias precedentes.
Só ela poderá conciliar mercado e democracia, levando as minorias a aceitarem as decisões maioritárias que concorram para a igualdade, mas que poderiam preferir recusar em nome da liberdade."


Num dos seus últimos números o "Courrier Internationale" brinda-nos com a seguinte notícia:

Screenshot - 30-06-2006 , 14_09_47

Le XIXe siècle fut le siècle du capitalisme, le XXe celui du socialisme, le XXIe siècle va être celui de la charité..." [Link]



O texto em inglês pode ser lido aqui

Estaremos mesmo condenados ao "eterno retorno" do mesmo e dos mesmos?


Apenas mudam os rótulos.


quinta-feira, junho 29, 2006

Quantas Sanjoaninas, nessas primitivas sanjoninas de "Boa Memória"?

Pelo menos, duas "festas", a concorrer no mesmo tempo do calendário e, quase, nos mesmos espaços da cidade.

Em bom rigor, até são três festividades a conviverem em mistura , inicialmente pacífica mas acabando em conflito ( como veremos), se, a estas duas manifestações que, hoje, chamaríamos profanas, acrescentarmos as cerimónias presididas pelas autoridades religiosas (missa, sermão, comunhão e procissão).

Que sempre foram duas, as festividades "profanas," com a designação comum de "festas de São João," de cunho, inspiração e diverso protagonismo e grau de participação também diferente, não é o que se deve deduzir das duas descrições seguintes que faz Gervásio Lima ?

E esta outra descrição, com o mesmo sentido
e poucas variantes de conteúdo.

quarta-feira, junho 28, 2006

As Sanjoaninas da "Boa Memória" III


Em entrada anterior sobre este tema, com base no “velhinho” texto de Gervásio Lima, já se constatou uma primeira característica das festas que, por tradição histórica, mais que pelo seu tema e conteúdo, se continuam a chamar festas joaninas ou sanjoaninas.
Acredito que, no texto que a seguir se reproduz, não seja difícil descobrir uma outra característica que, nos tempos que correm, inevitavelmente se perdeu na Terceira.



Screenshot - 28-06-2006 , 11_31_13


Refiro-me à característica de serem promovidas, realizadas, protagonizadas, lideradas pelas práticas e gostos de um determinado grupo social, a que a arraia-miúda do povo se associa, alegremente ou piedosamente, segundo os contextos. Pelo menos, no caso das sanjoaninas era alegremente.
Noutros casos, como os que, a seguir, se reproduzem, continua a ser “piedosamente".


Screenshot - 28-06-2006 , 12_30_53

domingo, junho 25, 2006

Duas Notícias dos Planetas dos Mundiais 2006

Esta, é do Planeta dos Relvados.


Um Penalti - Entre a História e a Vitória

O árbitro foi claro no seu gesto.
E no seu preceito.
Num penalti,
com a bola,
só pode haver um feito:
a baliza.
De qualquer que seja
o jeito!

O sueco resolveu ficar na História.
Espantar o mundo.
O guarda redes,
mais que ninguém,
atirando a bola
para o além.

O mais longe possível.
Da baliza e da vitória.
Não fez golo.
Mas fez História.
Não fez glória.
Mas fez História.
A sua equipa não ganhou o jogo.
Mas ele ganhou títulos.
Nos jornais.
E na História Mundial
deste Mundial 2006.
Não terá uma taça,
Terá muita página.
Não teve nenhuma graça.
Terá abundante fama.
Não levou a sua equipa à Vitória,
Mas terá o seu nome na História.



Esta história é do Planeta das Passareles:



Antes do França-Togo, do Mundial 2006,
em que a França jogava o seu futuro na competição
e o Togo mais uma oportunidade terapeutica
para a cura do "complexo de colonizado",
a perspectiva
togolesa era esta:


E com toda a razão.
Nos tempos que correm,
até se tem a impressão,
que o sítio do mundo
onde os franceses pior se sentem
é "chez lui".




No fim de tudo, tiveram de aceitar, como
prémio de consolação, este radioso sorriso togolês
de sedução e alegria da togolesa Miss-Mundo.

E este V da vitória, igualmente efémero, como
o de todas competições, mas igualmente saboroso
com o de todos os desafios superados.

sábado, junho 24, 2006

Baleia À Vista Para Todos


Ou baleia... no prato.

Só para (alguns) japoneses.

Esta cruenta opção não parece preocupar muito as autoridades japonesas.

Até porque tem a seu favor o "decisivo" argumento das memórias da infância!!!

A minha infância por uma baleia.

Ou por uma espécie inteira.

Não é pedir muito, pois não?







© Le Monde.fr






Poraqui também se pode encontrar alguma informação útil sobre o assunto.



sexta-feira, junho 23, 2006

A transição em Espanha e na Catalunha.

Entre a Espanha das Autonomias, por exemplo, e outra realidade futura, espanhola e catalã, a criar ou a inventar,
perde-se apenas uma peça importante ou encerra-se um ciclo?
Pode ser uma simples “nuance”, sem importância histórica, mas também pode ser uma distinção grávida de futuro.

O artigo linkado e que sugere a pergunta é um texto com actualidade para quem se interesse por estas questões, só aparentemente muito distantes do nosso próprio futuro autonómico.


Con el abandono de Maragall la transición pierde una pieza importante de la transición en Catalunya y en EspañaCon el abandono de Maragall la transición pierde una pieza importante de la transición en Catalunya y en España... La transición ha terminado en Catalunya y en España... La transición ha terminado en Catalunya y en España. [Link]


As sanjoaninas de boa memoria "histórico-lendária"

É verdade.
As "Festas de S. João da ilha Terceira",
tal como vêm descritas no texto
que ontem utilizei
não passam de uma recordação
que, como todas as festas "recordadas"
têm tanto de história como de lenda.
Têm tanto daquilo que,
efectivamente, se viveu,
como daquilo que se revive pela memória.
E uma e outra destas vivências, 
a primeira, enquanto experiência directa,
a outra enquanto experiência recordada e revivida, 
acabam por transformar-se em  "realidades", a maior parte das vezes, completamente diferentes.
Não só é verdade aquilo que a sabedoria popular consagrou sobre festas
("o melhor da festa é esperar por ela"),
mas também aquilo que a experiência de cada um confirma na maioria dos casos
( "o melhor da festa é recordá-la").
Se bem repararam no texto em que se baseou o última entrada,
retirado de uma obra que se propõe,
desde o título,
falar das "festas de São João", elas são descritas, no início do século vinte, em termos de passado.
Em termos de algo que já não correspondia à realidade histórica, factual, vivida no tempo em que o texto era escrito.
As festas "constituiram",os forasteiros "acorriam", as câmaras "subsidiavam".
E a única referência histórica precisa é quase o mais antiga possível:1654.
Tudo isto se confirma e torna ainda, aparentemente, mais intrigante,
quando Gervásio Lima diz o seguinte:    


 
passado.

quarta-feira, junho 21, 2006

Sanjoaninas- as festas da boa memória?

Num feliz acaso que,
vez que outra,
favorece os desorganizados como eu,
fui descobrir este vetusto exemplar
da autoria de Gervásio Lima (1876-1945),
sobre as "Festas de São João na ilha Terceira".
Além da notória deterioração da capa,
o exemplar de 94 páginas
tem uma outra curiosidade.
Não tem qualquer indicação que permita situar,
com rigor, a data da sua edição.
Haverá, provavelmente, quem consiga datá-lo.
Por mim, só consigo chegar à conclusão
que deve ter sido publicado nos primeiros anos
do século vinte.
Já deve,portanto, ter feito o seu primeiro centenário
de vida impressa.



Por hoje, contento-me com deixar por aqui
as páginas nove e dez, com que o autor inicia
o livro.
Acrescento apenas uma pergunta:
Será possível, em face do texto aqui tanscrito,
justificar o título escolhido?

terça-feira, junho 20, 2006

19 de Junho - dia de contas em dois planetas (II)

No planeta político da Catalunha, as contas são outras.
Mas também têm algum conteúdo futebolístico.
O que mais se discute, à semelhança do “golo” anulado
aos Franceses, é se, no referendo, a “bola” dos votos “sim”
ultrapassou a linha de golo.
Do ponto de vista legal, do ponto de vista da opinião pública
e jornalística, espanhola e internacional, não restam quaisquer dúvidas:
O Estatuto foi assumido como um novo passo do “catalanismo,”
na linha da sua evolução histórica tradicional.
Como um compromisso aberto,
sempre acatado, mas sempre discutido,
sempre actual, mas sempre actualizável,
sempre envolvendo,
profundamente e vitalmente,
toda a sociedade Catalã
e toda a sociedade Espanhola
no seu debate e preparação,
mas sempre as afastando e distanciando
na hora da colheita e apreciação dos resultados.
Esta forma peculiar de evolução aproxima
o “nacionailsmo-autonómico”(se assim pode ser catalogado) catalão
do processo de construção da União Europeia,
visando um resultado global final semelhante
de maior interdepêndencia,
mas inverso em relação às competências.
Cada vez mais competências para a Catalunha,
em relação ao todo que é a Espanha.
Cada vez menos competências
para as partes componentes da União (os Estados).


O texto que se linka a seguir,
embora de um jornalista não-catalão;
talvez por isso mesmo
ou apesar disto mesmo,
parece-me situar bem a questão.


C'est que le nouveau statut ne correspondait pas seulement à un mouvement défensif. Le catalanisme "est un nationalisme très particulier", note Joan Culla, professeur d'histoire à l'Université autonome de Barcelone. "Jusqu'à présent, il n'a jamais aspiré sérieusement à l'indépendance. A chaque occasion, il a opté pour coexister dans un espace commun, sans rompre." Symbolisé par un bilinguisme assumé, ouvert à l'image d'une économie fondée sur le commerce, il serait intrinsèquement, selon ses tenants, un nationalisme de rassemblement et non de clivage. Trois décennies de gouvernements nationalistes, d'abord de centre droit puis, ces trois dernières années, de gauche, ont installé, en quelque sorte institutionnalisé le sentiment national catalan. Est-il devenu pour autant plus diviseur ?... [Link]


segunda-feira, junho 19, 2006

19 de Junho - dia de contas em dois planetas (I)


  • No planeta futebol.
  • E no planeta político da Catalunha.

  • No planeta futebol,
    dois dos favoritos “naturais,”
    -o Brasil e a França -
    dos dois continentes
    considerados hegemónicos
    no panorama futebolístico mundial
    -Europa e América do Sul-
    acabaram, ambos,
    por aparecer como a caricatura tosca de si próprios.
    Como se estivessem a reproduzir um modelo de futebol
    de “nível sub-aquático”,
    que os japoneses tivessem antecipado,
    naquela brincadeira piscícola
    de amarelos e azuis debaixo de água.


    O Brasil, muito a custo, lá conseguiu evitar o naufrágio,
    depois de ter atirado borda fora
    com os destroços do “Titanic,” chamado Ronaldo.
    Pior sorte tiveram “les Bleus”.
    Só se conseguem ver livres do “arrastão”
    Zidane & Cª , no próximo jogo.
    Entretanto, passam pela humilhação
    de se terem de aplicar, de lápis atrás da orelha,
    às contas de merceeiro de um qualquer bairro
    suburbano de Paris:
  • Tout n'est pas perdu. L'Equipe sort la calculette et se demande si la France peut se qualifier pour les huitièmes de finale de la compétition.
  • Oui, si elle bat le Togo par deux buts d'écart ;
    oui, si elle bat le Togo par un seul but d'écart

  • et si la Suisse ne bat pas le même Togo ce lundi ;
  • oui, si elle fait match nul contre le Togo
  • et si la Suisse fait match nul contre le Togo
    puis contre la Corée du Sud en marquant au total un but de moins que la France.
    Tout n'est pas perdu donc. [Link]
  • Tudo bem ponderado, o mais interessante ainda era que "les bleus" chegassem a campeões do mundo através do milagre dos "match nul".
    Assim, quem teria razão seria o árbitro que, ontem, lhes anulou o golo!
    Continuam irredutíveis na sua aldeia, estes gauleses!
    No caldeirão, ainda restará alguma gota da poção mágica?

Até porque, se ela não aparecer, nunca mais vão terminar as manifestações de piedosa comiseração que já começam a aplicar aos "velhinhos" gauleses da selecção "azul," os bem intencionados Suiços e os sempre prestáveis amigos Espanhóis .

domingo, junho 18, 2006

O que fazer aos políticos que não “ salgam”?



A pergunta que, há duas entradas atrás, fiz, sobre os políticos que só se ouvem a si próprios e que mais ninguém ouve, trouxe-me à memória, pergunta equivalente (mutatis mutandis) que o P.e António Vieira fazia sobre “o sal que não salga”.



Se lerem o texto de Vieira, talvez encontrem alguma sugestão aplicável (sempre mutatis mutandis), àquela classe de políticos.







“Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção; mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? Ou é porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se não deixa salgar e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhes dão, a não querem receber. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores dizem uma cousa e fazem outra; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que fazer o que dizem. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores se pregam a si e não a Cristo; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes, em vez de servir a Cristo, servem a seus apetites. Não é tudo isto verdade? Ainda mal!

Suposto, pois, que ou o sal não salgue ou a terra se não deixe salgar; que se há-de fazer a este sal e que se há-de fazer a esta terra?







O que se há-de fazer ao sal que não salga,O que se há-de fazer ao sal que não salga, Cristo o disse logo: Quod si sal evanuerit, in quo salietur? Ad nihilum valet ultra, nisi ut mittatur foras et conculcetur ab hominibus. «Se o sal perder a substância e a virtude, e o pregador faltar à doutrina e ao exemplo, o que se lhe há-de fazer, é lançá-lo fora como inútil para que seja pisado de todos.»


é lançá-lo fora como inútil para que seja pisado de todos.»





Quem se atrevera a dizer tal cousa, se o mesmo Cristo a não pronunciara? Assim como não há quem seja mais digno de reverência e de ser posto sobre a cabeça que o pregador que ensina e faz o que deve, assim é merecedor de todo o desprezo e de ser metido debaixo dos pés, o que com a palavra ou com a vida prega o contrário”. [Link]


Para além do planeta futebol

No dia 18 de Junho.
Para além do Planeta-futebol, há um outro universo que continua a girar.
Próximo do nosso universo insular, nalguns aspectos.
Bastante distante, noutros.
Mas, uma olhadela a este universo político catalão, neste dia 18 de Junho, de referendo sobre o seu Estatuto Autonómico, só nos pode ser salutar.
A nós todos.
Que vivemos outra Autonomia.
Com outro Estatuto.
Com outra gestação estatutária.
Sem lugar legal para referendo,
mas, com muito menos lugar do que seria desejável,
para outras formas de participação.







... ZAPATERO pide a los catalanes que "no engorden el no de la falta de respeto a Catalunya"



MARAGALL llama a "aprovechar la oportunidad de dar un salto de gigante como país"



MAS: "Hemos dicho sí desde el Governo y desde la oposición siempre por servir al país”


Estatut del 2006, convertido en objetivo del catalanismo, recibió ayer el último empujón de sus patrocinadores antes de ser sometido al veredicto de la voluntad popular.
El presidente de la Generalitat, Pasqual Maragall, y los dos principales artífices del pacto político que lo ha hecho posible, el presidente del Gobierno, José Luis Rodríguez Zapatero, y el líder de Convergència i Unió, Artur Mas, echaron el resto en el esfuerzo de expresar a la ciudadanía la convicción de que el 18 de junio Catalunya tiene la oportunidad de "dar un paso de gigante como país", tal como lo definió el president Maragall en su mensaje institucional. ... ... [Link]


Imagens e Textos do Planeta Futebol

Screenshot - 18-06-2006 , 10_21_50
Esta imagem e comentário do "Le Monde" poderão ficar
no álbum de recordações memoráveis de Figo
ou no álbum de recordações memoráveis
da Selecção Portuguesa de Futebol.
Nunca poderão é ser incluídas no álbum das recordações memoráveis do árbitro francês, que deixou passar sem punição exemplar, o "coup de pied de l’adversaire en plein visage".
O comentário jornalístico também é memorável.
Como não deixou o Figo inutilizado, o "coup de pied" causou " plus de peur que de mal".
Esperemos para ver, qual será o comentário de "Le Monde," se algo de semelhante acontecer a algum "génio" futebolístico da selecção francesa que, até agora, tem trazido aos franceses "autant de peur que de mal"!






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Com que então, o único comentário "técnico," também de "Le Monde", para o Portugal-Irão, de quem se pressupõe ser um especialista em matéria futebolística, é que, no jogo de ontem, o Irão até conseguiu "quelques belles ocasions"!!!
A palavra "belles" só pode mesmo ser entendida no seu sentido estético literal.
Apropriada, porventura, a uma "bela" imagem de um qualquer instantâneo fotográfico de uma jogada do Irão.
Porque, no sentido de, "belas oportunidades de golo perdidas," representa manifesto exagero "gaulês," face a idênticas situações do lado da selecção portuguesa.






Relativizemos um pouco tudo isto, com a célebre regra (gaulesa também) que, no planeta futebol, o que é verdade além Pirineus pode ser mentira aquém.

sexta-feira, junho 16, 2006

Na Terceira, O Pessimismo Político contra o Optimismo Empresarial




O Pessimismo Político





O Optimismo Empresarial







Não é fácil de entender,
como é possível encontrar,
no mesmo dia,
no mesmo jornal,
na mesma ilha,
à ridícula distância
de 4 páginas,
uma visão política
de um partido político,
tão carregadamente
pessimista;
E uma decisão empresarial,
traduzindo uma visão,
tão optimista
sobre o futuro da mesma ilha,
que, pela primeira vez,
na história recente da Terceira
arrisca um investimento privado,
maior que os maiores investimentos públicos
previstos para um concelho.

Quem é que estará cego?

O empresário,
que está disposto
a arriscar o seu dinheiro?
Ou o político,
incapaz de riscar
da sua visão,
o preconceito,
que não lhe deixa ver
o que se passa à sua volta?

Para que servem os políticos,
quando baralham o sim com o não,
o claro com o escuro,
o preconceito com a realidade?

quarta-feira, junho 14, 2006

Dois anúncios como quaisquer outros?

Não.
Não me parece que devam ser classificados
comos dois anúncios, iguais a quaisquer outros,
das centenas, que todos dos dias cogumelam
pelos jornais da região.

Lê-os.
E, depois, avalia.























Achas, que os podes considerar ao mesmo nível,
no conteúdo e na forma,
doutros anúncios que, todos os dias, formigam
pelas páginas dos nossos jornais?
Anúncios de carros em segunda mão,
terrenos e habitações para compra ou venda!
Não.
Não me parece que se possam equiparar
a nenhum desses.
Nota.
Uma primeira diferença genérica
seria o facto de a maioria desses outros anúncios,
a acrescentar aos anúncios de carácter oficial e público
( que transformam muitas das páginas dos nossos jornais,
em meros apêndices do Jornal Oficial)
representarem
a irrupção de novos comportamentos,
novas formas de chegar aos clientes,
para equipamentos também novos
( apartamentos, televisores, automóves, etc.)
introduzidos nas nossas ancestrais
formas de vida e relacionamento social.

Nestes dois casos,
parece-me que acontece precisamente o contrário.

Trata-se de tentar conseguir uma dimensão nova
para comportamentos antigos.

Por outras palavras,
aquilo que, talvez,
qualquer um de nós dissesse no círculo familiar ou de amigos,
sobre o seu animal de estimação
ou sobre o seu velho conhecido ou amigo carteiro,
nestes dois casos, mantêm-se,
no seu conteúdo,
e até mesmo na sua forma coloquial,
totalmente idêntico àquilo que seria dito
na intimidade da família
ou da relação pessoal directa.

Mas, com estes anúncios,
deixa esse domínio privado
para aceder ao domínio público,
da opinião publicada
e da opinião ledora de jornais,
como modelos de comportamento,
a serem transformados
em regra universal de conduta.

Que sociedade protectora dos animais
não ambicionaria saber todos os gatos
tratados, não apenas, genericamente,
como os melhores companheiros do homem,
mas como aquela gata,
concreta e individualizada,
como um ser único,
com três meses,
uma mancha na cabeça,
a sua surdez
e aquela respiração difícil?

Que personagem da nossa sociedade privada,
ou mesmo da nossa vida pública,
não inveja, secretamente,
aquele "José Domingos, como era conhecido"
que, (imaginem!!!), 37 anos, sim,
trinta e sete anos depois
do exercício da sua "missão"de carteiro
(uma eternidade, por quaisquer padrões que se avaliem)
ainda é recordado por ter "servido generosamente,"
"ter feito muitos favores,"
(o que, ao contrário do que possa parecer,
não tem a menor a relação com favoritismos injustificados)
e "levado muitas encomendas"e
(o que muito mais é) ter trazido "de volta muitas outras".
Quem não se morde de saudável inveja
e perdoável ciúme?
Quem nos dera a todos!
E quem me dera a mim!
Maestria,
a representar, no palco,
papéis de doutor e de velha, teve o José Domingos?
Não.
Desculpem, lá!
Mas não!
Maestria,
teve ele, a viver os seus 32 anos, como carteiro.
Trinta e sete anos depois,
ainda há disso memória!

terça-feira, junho 13, 2006

Mundial 2006 Desmente Aristóteles e Vieira

"Falando dos peixes, Aristóteles diz
que só eles,
entre todos os animais,
se não domam nem domesticam.

Dos animais terrestres
o cão é tão doméstico,
o cavalo tão sujeito,
o boi tão serviçal,
o bugio tão amigo ou tão lisonjeiro,
e até os leões e os tigres com arte e benefícios se amansam.
Dos animais do ar,
afora aquelas aves que se criam e vivem connosco,
o papagaio nos fala,
o rouxinol nos canta,
o açor nos ajuda e nos recreia;
e até as grandes aves de rapina,
encolhendo as unhas,
reconhecem a mão de quem recebem o sustento.

Os peixes, pelo contrário, lá se vivem nos seus mares e rios, lá se mergulham nos seus pegos, lá se escondem nas suas grutas, e não há nenhum tão grande que se fie do homem, nem tão pequeno que não fuja dele.

Os autores comummente condenam esta condição dos peixes, e a deitam à pouca docilidade ou demasiada bruteza; mas eu sou de mui diferente opinião.
Não condeno, antes louvo muito aos peixes este seu retiro, e me parece que, se não fora natureza, era grande prudência.

Peixes! Quanto mais longe dos homens, tanto melhor; trato e familiaridade com eles, Deus vos livre!

Se os animais da terra e do ar querem ser seus familiares, façam-no muito embora, que com suas pensões o fazem.
Cante-lhes aos homens o rouxinol,
mas na sua gaiola;
diga-lhes ditos o papagaio,
mas na sua cadeia;
vá com eles à caça o açor,
mas nas suas piozes;
faça-lhes bufonarias o bugio,
mas no seu cepo;
contente-se o cão de lhes roer um osso,
mas levado onde não quer pela trela;
preze-se o boi de lhe chamarem formoso ou fidalgo,
mas com o jugo sobre a cerviz,
puxando pelo arado e pelo carro;
glorie-se o cavalo de mastigar freios dourados,
mas debaixo da vara e da espora;
e se os tigres e os leões lhe comem a ração da carne que não caçaram no bosque,
sejam presos e encerrados com grades de ferro.

E entretanto vós, peixes, longe dos homens e fora dessas cortesanias, vivereis só convosco, sim, mas como peixe na água".

As imagens são de peixes, domados e domesticados, para um "Mundial 2006 aquático," disputado no "Aquário de Yokoshava", no Japão, entre a equipa da casa(de azul) e o Brasil(de amarelo).

As imagens foram retiradas
daqui , daqui, daqui
e também
daqui


O texto é do "conhecido" Sermão de Santo António" do P.e António Vieira, pregado em S. Luís do Maranhão, três dias antes de se embarcar ocultamente para o Reino.

Leitor, se desperdiçaste os dois linkes anteriores, aproveita este terceiro linke, que faz o favor de te levar directamente à leitura de todo o Sermão".

Não te assustes com a palavra "Sermão".
Também lhe podes chamar
"o mais belo texto que, alguma vez, foi escrito em português".

domingo, junho 11, 2006

Portugal-Angola O peso dos preconceitos gauleses

A última novidade que esperava encontrar hoje, era um texto em francês, do "universalista" Le Monde, sobre o Portugal-Angola desta tarde, no mais puro estilo chauvinista gaulês, mas bem mascarado com a desculpa dos "apostadores britânicos" e as peripécias e as imagens de um desafio de futebol, velho de 5 anos.
Daqui a pouco poderemos ter a confirmação ou não( esperemos que não) destes sombrios presságios parisienses.

Portugal-Angola : le poids du passé

Pour les parieurs britanniques, l'Angola est l'équipe dont on a le moins à espérer, l'outsider suprême de ce Mondial. En face, les Deco, Pauleta, Cristiano Ronaldo devraient faire parler leur talent. Mais la rencontre s'annonce aussi musclée : le dernier match entre le Portugal et son ancienne colonie, en 2001, avait en effet donné lieu à une avalanche de cartons rouges... [Link]




S P Q R - o profetismo do P.e António Vieira...

... e os trocadilhos alfacinhas

"Finalmente, se havemos de dar fé a Corásio, êste foi o mistério com que as sibilas escreveram aquelas quatro letras S. P. Q. R., as quais os romanos aplicaram às suas bandeiras, entendendo por elas: Senatus, Populus Que Romanus, sendo que a verdadeira significação era: Salva Populum Quem Redemisti (8)... [Link]




Screenshot - 04-06-2006 , 19_34_59_ver001

Estas quatro letras garrafais, inscritas nos enormes pendões das procissões da Quaresma e Semana Santa, sempre deram origem às mais disparatadas e inventivas traduções.
Algumas ficaram ligadas aos maiores nomes da nossa literatura.
Ou porque as forjaram. Ou porque as registaram.
Eis dois exemplos.
De séculos diferentes.


O primeiro, é de Gervásio Lobato, o romancista e homem de teatro, e que é recordado na literatura portuguesa, sobretudo, como autor da "Lisboa em Camisa".
Descreve ele, o ambiente das procissões da Semana Santa, na Lisboa dos finais do século XIX, que, ao contrário de tempos recentes, já decorriam, "quase sem espectadores e sem actores.
Poucos irmãos com capa, poucas senhoras nas janelas, poucos basbaques pelas ruas".
Mas, ainda assim...


"...Sempre houve quem representasse o espírito lisboeta
e os bons ditos tradicionais, que sempre são inspirados pelo pendão, disseram-se.
Ouvimo-los no Chiado, no Domingo de Ramos.


S. P.Q.R.



- Senhor, o povo quer república, dizia um.
- São propostas que rejeito, dizia outro.
E, por fim, houve um terceiro que teve o espírito originalíssimo de
lhe dar esta interpretação perfeitamente nova e graciosíssima
Salada, Pão, Queijo e Rábanos.
Depois disto, compreendem bem que não assistimos ao resto da procissão.
Viemos para casa rir com o bom dito para não darmos escândalo na rua."

O outro exemplo é do século anterior e, como quase não podia deixar de ser, atribuída ao inevitável Bocage:


"Assistia Bocage a uma récita de curiosos, no camarote do pai de três meninas que representavam na peça - uma grande peça do século XVIII.
No meio do segundo acto aparece um pendão, em que se lêem as letras seguintes:


S.P.Q.R.

O pai das meninas pergunta confidencialmente:
- Ó senhor Bocage, que querem dizer aquelas letras?
Bocage respondeu:
- Senatus populosque romanus.
- Sim - insistiu o pai. - Mas aquilo, no teatro, deve ter outra qualquer significação, que o senhor saiba.

Bocage respondeu:
- Tem, mas eu é que não queria dizer-lha.
- Porquê? Diga, diga!
Então, Bocage, ao ouvido do homenzinho, exclamou:
- São p... quantas representam.
Escusado é dizer-lhes que o pai das três meninas
o pôs fora do teatro".

Como se vê, também quase sem excepção, as narrações das anedotas do Bocage acabam a fazê-lo pagar pelo seu atrevimento.
É dentro desta regra, (que desafiar as conveniências, sempre se pagou caro em Portugal), que Gervásio Lobato não deixou de incluir na sua descrição, o cuidado de, prudentemente, se retirar para rir no recato de casa, para não sofrer as conseqüências de "dar escândalo na rua".
Como seria de esperar e se pode confirmar pela Wikipedia, não são exclusivas dos portugueses, as traduções fantasiosas desta sigla.

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Sono Pazzi Questi Romani (Astérix)

sexta-feira, junho 09, 2006

O que é Tourear? A Resposta do Filósofo (Ortega y Gasset) II

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  • Nesta entrada - O que é Tourear? A resposta do Filósofo (Ortega y Gasset) I - tinha interrompido este tema na  definição com que  Ortega sintetiza a sua explanação sobre o acto de tourear. 
    É a seguinte:
    Tourear bem é fazer que não se desperdice nada da investida do animal, mas que o toureiro a absorva e governe inteira”.
    Antes de abordar, em pormenor, os diferentes elementos técnicos desta definição, parece-me vantajoso fazer, com Ortega, uma prévia digressão sobre outra actividade lúdica com a qual o toureio parece ter, à primeira vista, grande afinidade.
    O acto de caçar.
    Mas não. Tem muito menor proximidade do que aquela que  se possa supor. Há mesmo entre as duas antagonismo total.
    Retomemos as considerações de Ortega:
    "A caça é uma faina entre dois animais, dos quais um é agente e o outro paciente, um caçador  e outro caçado.


Se o caçado fosse também, e na mesma ocasião, caçador, não haveria caça.


Teríamos um combate, uma luta em que os dois interessados se comportariam  com a mesma intenção e análoga conduta.
A luta é uma ação recíproca.
O gladiador no circo não caçava a pantera que da jaula lhe tinham soltado, mas lutava com ela..."
Esta comparação orteguiana com o gladiador é suficiente para assinalar  a diferença entre a caça e qualquer tipo de luta entre homem e animal.
Quando ela existe não há caça. Mas, tanto pode haver circo romano como pode haver... toureio.
As diferenças ficam mais claras ainda, nesta prosa de Ortega:
"Se um animal que é uma peça a caçar lutasse normalmente  com o homem, de modo que a relação entre os dois consistisse nesse combate, teríamos um fenómeno completamente distinto da caça.
Por isso, tourear não é caçar.
Nem o homem caça o touro nem este, ao investir, o faz com intenção venatória.
A tauromaquia é, com efeito, algo assim como uma luta sui generis que, em rigor, tão pouco é isto (...)
A caça termina no "apoderar-se" da peça, viva ou morta.
Por isso, além de ser, no toureio, recíproca a perseguição, dizia eu antes, que nem o toureiro caça o touro nem este aquele, apesar de ambos atacarem com grande afinco e sem contemplações o corpo um do outro.
Mas nem o toureiro pretende "apoderar-se" do touro nem o touro do toureiro.
A investida do cornúpeto tem uma intenção oposta ao "apoderamento".
O touro não quer ter o toureiro vivo nem morto, mas, pelo contrário o que quer é suprimi-lo, aniquilá-lo, "tirá-lo da sua frente, "desmaterializá-lo".
Por isso, quando o corneou à sua vontade e tem a impressão de que ele já não existe, deixa-o a li, abandona-o e provê, sem mais, a outras necessidades suas.
Pelo contrário, os actos da caçada vão todos informados pelo propósito e fim de ter a peça, de a "tomar".
Se o caçador desportivo mata a rês não é para a matar, não é um  assassino; mas a morte do animal é a forma mais natural de o ter e  o "colher".


Podemos ainda perguntar. E no toureio espanhol, porque o toureiro mata o touro?
Nesta entrada, vou-me quedar por aquilo que Ortega disse sobre o tema, numa nota deste livro "Sobre a Caça e os Touros":
"Quanto ao que o toureiro se propõe fazer com o touro, não se pode dizer em poucas palavras, porque é matéria muito subtil.
Desde logo, não se propõe o mesmo que  o touro em relação a ele.
O que lhe interessa  não é suprimir o touro, matando-o. 
A sorte de matar, o seu sentido e a sua exigência são um segredo da história do toureio que não vou esclarecer aqui".

Constate-se apenas que Ortega não esclareceu aqui, nem em nenhuma outra ocasião.  O livro que anunciou sobre o assunto (Paquiro o las corridas de toros) nunca chegou a ser escrito.

terça-feira, junho 06, 2006

À Boa Memória deste Dia


Esta entrada é dedicada a todos aqueles
que estão interessados em manter
a boa memória deste dia.




... entendemos fazer sentido instituir no calendário oficial um dia dedicado à sensibilização de todos para o importante papel que a relação com os cães tem na nossa vida, dia que pode ser particularmente interessante para uma importante pedagogia de valores de cidadania a incutir nas nossas crianças e nos nossos jovens, razão pela qual parece adequada fazer aproximar esta data do 1 de Junho, Dia da Criança...

Nestes termos, a Assembleia da República resolve, nos termos do nº 5 do artigo 166º da Constituição, instituir o dia 6 de Junho como Dia Nacional do Cão. [Link]



Para que, deste dia, se recorde o que deve ser recordado
mas também não se esqueça o que não deve ser esquecido.

domingo, junho 04, 2006

Sara Santos...de casa faz milagres em casa

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  • Santos de casa não fazem milagres?
    É a regra geral do comum dos mortais.
    Mas está a provar-se que Sara Santos se rege por regras próprias.
    Pertence à categoria dos Santos de casa que fazem milagres. Em casa. Na própria casa e em casa alheia. Alternando não só nas casas, mas também na qualidade dos milagres. Uns são bons. Outros não podiam ser piores.
    Milagre, verdadeiro milagre. E dos bons, é a revista Magma. Conseguir lançar uma revista de qualidade literária reconhecida e, sobretudo, badalada, dentro e fora das fronteiras regionais dos Açores, é autêntico milagre. Milagre da sua "casa" municipal e feito na sua "casa" municipal.
    Mas, conseguido este suave milagre, Sara Santos resolveu alternar. Na casa e no tipo de magia. Da casa municipal voltou-se para a sua própria casa. E da magia branca daquele primeiro milagre para um segundo, de magia muito mais escura.
    Porque não transformar o marido, em chefe de gabinete?
    Se bem pensou, melhor o fez, como é da praxe dizer-se nas histórias mais antigas.
    Sobretudo daquelas que têm nomes também muito antigos como o de nepotismo.
    Mas, contra estas apressadas classificações históricas, tem, a Santos de casa que faz milagres em casa, sólidos contra argumentos.
    Miraculosamente irrefutáveis.
    E sofisticados.
    Ninguém consegue provar que, se o marido, porventura não o fosse, não seria nomeado, por ela, para o mesmo cargo.
    Conclusão.
    Não se podendo prová-lo, passa a ser, miraculosamente óbvio, que ela, se o não fizesse, estaria a prejudicar o marido, por ser marido.
    Não é evidente?
    Claro que não.
    Mas também não é ilegal.
    Bem. Mas não há aquela regra da "mulher de César"...?
    Dirá a Santos de casa que faz milagres em casa, está na cara, isto é, na própria letra, que esta regra é para a mulher do marido.
    Não, para o marido da mulher.
    É abusivo tentar alargar esta interpretação, aplicando-a ao marido.
    Seria uma "liberdade" literária admissível na Sara Santos, directora da "Magma", mas que a Sara Santos, Presidente da Câmara, rejeita peremptoriamente.
    Mas estes milagres chegarão para a canonização da Santos de casa que faz milagres em casa?
    Não.
    Mas há mais milagres.
    E milagres tais, que vão obrigar a abrir o processo de declaração de santidade exemplar.
    Exemplos.

  • O dom da ubiquidade concedido ao marido no despacho de nomeação, permitindo-lhe ser chefe de gabinete da Câmara das Lajes do Pico, nos Açores, e exercer a actividade docente, algures, no Continente.
    Querem mais?
    Pois aí vai.

  • Os tradicionais eleitores do velho PSD-Açores desesperam, à procura da antiga herança política dos tempos de Mota Amaral, malbaratada pelos seus, sucessivamente mais precários, continuadores.
    Esta é precisamente uma das mais típicas tradições desses "saudosos" tempos.
    E começo a acreditar que o actual líder do PSD-Açores, Costa Neves, está a conseguir recuperá-la.
    Ele, que foi seu infatigável praticante, nos seus tempos de Secretário Regional.
    Tinha mesmo uma prática magnanimamente alargada a ascendentes e a colaterais.
    Se ressuscitar estas práticas não é verdadeiro milagre, o que é que será um milagre?
    Nem sequer é ressurreição, por inércia de uma prática recente.
    É mesmo o regresso a um passado longínquo que, se está mesmo a ver, que os açorianos "anseiam" que reapareça no Pico e se transforme num "tsunami" político a chegar a todas as ilhas.
    Será preciso ainda falar de mais milagres?
    Não, acho que não.
    Mas, para os cépticos que ainda restem, tomem lá mais um.

  • Quem tenha lido as notícias sobre este assunto na imprensa regional, deve ter reparado no mesmo fenómeno que eu.
    Os títulos da notícia falam é dos socialistas que acusam. Não, dos acusados. O marido e a Sara Santos.
    Quem quiser saber algo sobre os dois, tem de ter o trabalho de ler a notícia.
    E toda a gente sabe, a começar pelos jornalistas, que os olhos dos leitores são preguiçosos.
    E muitos passarão adiante, encolhendo os ombros e carregando o sobrolho, diante de "mais uma estúpida briga entre partidos".
    Que chamar a isso?
    Pura magia milagreira.
    Daquela que, se não leva aos altares, leva aos palcos da grande política.
    É por isto, que julgo traçado o destino da Sara Santos de casa que faz milagres em casa própria e alheia.
    É deste confuso magma que a nossa vida política (não) necessita, mas vive.
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