domingo, outubro 28, 2007

Esperar a morte ou fingir a vida?



A sociedade, os gover­nos ou o raio que os partisse até tinham inventado uns quantos programas a pensar nos velhos.
Centros de dia, por exemplo, velhinhas fazendo flores de papel e velhos fabricando apitos. Cantando juntaram-se os dois à esquina, a tocar a concertina.
Ou universida­des de terceira idade, estava boa essa, universidades para velhos que aprendiam por exemplo a distinguir o estilo gótico do românico, e quando já sabiam enter­ravam-nos. Ou aprendiam alemão, que tinha três arti­gos, der, die, das. Engasgavam-se no der, tropeçavam
no die e quando chegavam ao das estatelavam-se dentro do caixão e ficavam arrumados.
Era no que davam essas coisas de terceira idade.
Universidades para eles? Não valia a pena fingir. Para eles o que havia eram lares, infantários de terceira idade, com fraldas e babe­tes. E açoites no rabo, também, segundo alguns. Ora porra. Portanto não o lixassem com essas aldrabices
de universidades e o raio.
Ser velho era esperar a morte. Era preciso enca­rar isso. Ali estava ele portanto, sentado à espera dela. Que um dia bateria à porta, ou entraria, de repente, sem bater.


Foi este texto de Teolinda Gersão que, ontem, me ocorreu, quando assisti a uma reportagem da televisão, sobre uma, porventura generosa, mas sem dúvida bizarra, iniciativa camarária, de proporcionar aos "velhinhos" lá da terra umas experiências radicalmente jovens de saltos em pára-quedas e complementares acrobacias aeronáuticas.
Felizmente, entre prolongar a vida, caindo-lhe em cima de pára-quedas, e ser enterrado em estilo romano-gótico, há alternativas.
Talvez, nem sempre fáceis de descobrir.
É questão de não desistir de procurar.
Mesmo que, nesta busca, se esgote o resto dos dias que restam.


quarta-feira, outubro 24, 2007

Os grandes problemas destes pequenos alpinistas da política são exactamente estes: A obsessão pelos ajustes de contas pelos lugares (cargos) perdidos,

e até já julgados pelo povo (caso de Santana Lopes), mas cujos processos, como litigantes de má-fé, eles estão sempre prontos a reabrir, e a obsessão pelos lugares (cargos) a que, ainda, podem aspirar, nem que seja como hipótese mais imaginária que real.
Mas não será mesmo, apenas e totalmente, num mundo mais imaginário que real, que eles se movimentam e jogam! Que está mesmo para além do virtual "second life."


Rui Gomes da Silva, o homem que sempre esteve com Santana e agora regressa, com Luís Filipe Menezes, ao lugar de vice-presidente do partido, não é explícito, mas deixa perceber o essencial quando diz: Estou absolutamente convicto de que Menezes vai ser primeiro-ministro. Quanto a Santana Lopes, já foi presidente de Câmara, líder do PSD e primeiro-ministro. Mas ainda tem dois cargos que pode ocupar na estrutura do Estado. Um é o de Presidente da República, o outro o de Presidente do Parlamento, lugar que ficaria vago se o PS perdesse em 2009 ou se, ganhando sem maioria absoluta, acabasse por cair.

Source: e-xpresso

terça-feira, outubro 23, 2007

Os nomes dos heróis... todos

Este é um tipo de texto dificíili...íssimo de encontrar na imprensa portuguesa.

Um texto que fale de heróis vivos.
De heróis vivos, por méritos adquiridos em acções e acontecimentos ocorridos na véspera.

De heróis vivos, que, depois da vitória, regressam, normalmente, às suas tarefas de todos os dias, sem esperar pelas coroas de louros.

De heróis vivos... num país que só gosta de reconhecer e homenagear, principalmente nestes domínios da política e da diplomacia, heróis... mortos, sobretudo, se enterrados e desenterrados várias vezes pelos ventos da história.

De heróis vivos de duas classes de portugueses - os políticos e os diplomatas - que metade dos seus concidadãos considera medíocre e incompetente, a primeira delas, e parasitária e inútil, a segunda.

Um texto que, muito poucos dos actuais jornalistas dos nossos auto-designados jornais de referência se atreveria a escrever, com receio dos preconceitos do jornalista do lado, ou dos humores do patrão de " cima".
Por isto mesmo, o texto é escrito por alguém que conhece as exigências e os meandros da diplomacia e da política e não costuma preocupar-se com o que os "outros" pensam ou repetam.
E não, por um jornalista.

O seu nome também mecere ser acrescentado a esta lista: Diogo Freitas do Amaral.
Por este escrito e por muitas outras razões.

A vitória da presidência portuguesa, reforçada mais ainda por ter sido obtida em Lisboa, tem um nome e tem um rosto - o do primeiro-ministro, eng. José Sócrates. Foi ele que, mais de um ano antes, tomou as necessárias (e por vezes difíceis) decisões preparatórias; foi ele que superintendeu activamente na actuação de todos os ministros do seu Governo antes e durante a presidência; foi ele que contribuiu decisivamente (em termos que não devem ser revelados por enquanto) para o êxito do último Conselho Europeu da presidência alemã, em Junho deste ano; foi ele que, com determinação e simpatia, conseguiu convencer os presidentes ou primeiros-ministros mais recalcitrantes; foi ele que coordenou a intervenção coadjuvante, mas preciosa, de Sarkozy, Merkel e Brown junto dos restantes países; e foi ele, enfim, que durante a cimeira, em Lisboa, pela noite fora, definiu onde era possível ceder e onde era preciso dizer não. Arriscou muito; e, portanto, ganhou muito. Já era um grande primeiro-ministro cá dentro; passou a sê-lo também lá fora. Mas, como toda a gente compreende, um processo destes é um trabalho colectivo. Três nomes foram já, muito justamente, elogiados em público: o do dr. Durão Barroso, como presidente da Comissão Europeia; o do dr. Luís Amado, como ministro dos Negócios Estrangeiros; e o do dr. Manuel Lobo Antunes, como secretário de Estado dos Assuntos Europeus. Há, porém, mais alguns nomes que entendo não deverem ser esquecidos: o do anterior secretário de Estado Fernando Neves, que orientou muito bem todos os trabalhos preparatórios da presidência portuguesa em 2005-2006; o do dr. Nuno Brito, diplomata de grandes méritos, que é desde 2005 o director-geral dos Assuntos Comunitários, em Lisboa; o do excelente embaixador de Portugal, junto da União Europeia, Álvaro Mendonça e Moura, que foi, antes e durante a presidência portuguesa, the right man in the right place; e, por último, os de todos quantos - no ministério, em Bruxelas, nas capitais dos países membros e na missão especial criada para apoio à presidência portuguesa, coordenada pelo dr. Jaime Leitão, também diplomata de carreira - contribuíram empenhadamente para o êxito de Portugal. Todos estão de parabéns.

Source: DN Online: O NOVO TRATADO EUROPEU: TRIPLA VITÓRIA

sábado, outubro 20, 2007

Maragall igual si próprio! Sempre!

Sempre pronto a jogar nos limites do possível.
Sempre apostado em os superar.
Na política e na vida.
Força Pascual!
Força Maragall!



Pascual Maragall anuncia que tiene Alzheimer en CADENASER.com



Pascual Maragall anuncia que tiene Alzheimer en CADENASER.com


Pascual Maragall anuncia que tiene Alzheimer


El ex presidente de la Generalitat de Cataluña y ex líder del PSC, Pasqual Maragall, ha anunciado hoy públicamente que sufre Alzheimer "desde hace unos meses". Maragall lo ha explicado en las puertas del Hospital de Sant Pau tras visitar la Unidad de Memoria y el Laboratorio de Investigación de Alzheimer del servicio de Neurología del centro barcelonés."En ningún sitio está escrito que la enfermedad sea invencible", ha dicho.

O Fado, o Tejo e o Desespero

Foi a cor e a visão ultra romântica que os suiços encontraram para enquadrar o desenlace do folhetim do casal sarkozy.

sexta-feira, outubro 19, 2007

Ni Putes ni Soumises

Actualité, L’octobre noir de Sarkozy



Actualité,


L’octobre noir de Sarkozy



L’heure des ruptures
L’octobre noir de Sarkozy
La présidence de l’actualité heureuse est terminée. Dans un climat social déjà tendu, le coup le plus sévère pour Sarkozy est aussi le plus intime. Carole Barjon dévoile les étapes de la séparation d’un couple qui, sous l’oeil des médias, aura toujours tout mélangé, passion et ambition, vie privée et vie publique






Não sei se Cecilia pertence ao não à associação feminista "Ni putes ni soumises," fundada pela actual membro do governo de Sarkozy, Fadela Amara.
Nem sei, em que percentagem, na sua vida real, ela se aproximou da concretização do lema da associação.
O que parece evidente, é que o casal Sarkozy conseguiu levar até ao limite da perfeição, em termos de gestão política e de imagem, o seu "affaire" conjugal. O texto para que acima se remete é bem ilustrativo deste tipo de gestão ao longo da vida do casal.
Podiamos comparar esta façanha com a ruptura do Mourinho com o Chelsea.
O domínio é completamente diferente, os efeitos pessoais de ambas as rupturas também, mas o modelo de gestão mediática é claramente semelhante.
Com uma pequena diferença.
Neste último caso, ela desenrola-se ainda dentro dos limites do modelo do herói e do vilão.
Um dos intervenientes faz o papel de mau. O nababo russo presidente do Chelsea.
O outro, o papel de mágico com expedientes inesgotáveis.
Podiamos comparar ainda este caso dos "sarkozy", com o caso, perfeitamente paralelo, do par Ségolène Royal e François Hollande, casal de relevo semelhante ao dos "sarkozy" na vida política francesa.
Ela candidata que foi às eleições presidenciais francesas deste ano.
Ele Secretário Geral que foi, e é, do PS francês.
A gestão mediática da sua separação foi absolutamente desastrada.
Ambos sairam do desenlace dos acontecimentos, com a imagem de pessoas agastadas, infelizes e destroçadas pelos factos. Que é o que, na realidade, quase sempre acontece.
Mas, na nossa sociedade-espectáculo o que fica é a imagem dos factos e não os factos.
E a imagem que, ontem, se podia colher de ambos os personagens da separação dos "sarkózy" era a de que nenhum deles parecia, nem ao de leve, afectado pelos acontecimentos que envolveram, de facto, o homem-Sarkózy mais que o político- Sarkózy, e a mulher- Cecília, mais que a eventual perfeita "ni putes ni soumises" que Cecília o seja.







quinta-feira, outubro 18, 2007

Informal, mas vital

Diário Digital


Diário Digital



Image-0437


Que aquilo que começa como Cimeira Informal
venha a terminar como a CIMEIRA VITAL,
encerrando e ultrapassando os anos de impasse e atrofia,
em que o projecto europeu se tem vindo a arrastar.


O Presidente vai cumprir a ordem de João Jardim?


Sobre as declarações que ele não deve fazer na Madeira.
Jardim é terminante. "Não faça declarações dessas na Madeira."
Aceitam-se apostas.
A minha aposta é que, ele, o Sr. Presidente da República vai repetir aquilo que já vem fazendo há muito.
"Comer e calar" perante todas as "jardinadas" bolsadas da Madeira.
Como tem feito, com uma cumplicidade lamentável, em todos os casos das "jardinices" mais recentes, como a recusa em cumprir a lei do aborto, a lei de finanças regionais, etc. etc.
Entretanto, vai aproveitando situações espúrias como as "Uniões de Facto" para que César se deixou embarrilar por Alberto João, para vir deixar, nos Açores, os recados que Alberto João lhe proíbe na Madeira!





http://jornal.publico.clix.pt/Default.asp?





segunda-feira, outubro 15, 2007

Estranha forma de (não) "liderar" um Congresso

Para um líder recém-eleito por sólida maioria em eleições directas, a prova do congresso ou é uma confirmação institucional clara dessa liderança ou é um fracasso.
Ou não é uma coisa nem outra.
E é um fracasso.
De qualquer forma, muito dificilmente poderá ser mais um caso a confirmar a tradição teatral de que um mau ensaio geral é prenúncio de uma boa estreia.
Este tipo de Congresso só pode servir para a consagração, institucional, orgânica, aparelhística se quiserem, do poder do líder.
Não para a diminuição ou divisão do poder com outros.
É claro que é também o momento da partilha orgânica do poder, a partir do vértice da pirâmide já encontrado, mas não para transformar o vértice da pirâmide, em simples peanha para a entronização de outros pequenos líderes secundários.
Na realidade, nada do que aconteceu no Congresso de Torres Vedras me pareceu de bom augúrio para o principal interessado, Luís Filipe Meneses.
Principalmente por culpa dele próprio.
Por sofreguidão de estreante.
Ele confirmou que as pernas lhe tremiam, quando se aprestava para o seu primeiro discurso de encerramento, mas não foi aí que o prestígio institucional da sua liderança, mais "tremida" e diminuída saíu.
Quando ele iniciou o Congresso, já levava a pena de morte institucional, suspensa da decisão sobre o centro de gravidade mediático do congresso que a comunicação social, inevitavelmente, sempre cria, em todos os congressos, e de modo particular nos do PSD que ela, comunicação social, sobretudo a televisa, dogmaticamente, decidiu que são, por definição, mediáticos.
Aos partidos em Congresso, só resta tentar aproximar esse centro mediático daquele centro que interessa ao partido.
Segundo os tropismos mais primários do monstro mediático, já se sabe o "petisco" que ele mais aprecia. O único de que se consegue mesmo alimentar.
É sempre o mesmo: o "petisco" dos problemas não resolvidos.
Pode ser apenas um, por contraposição a milhentos de outros, porventura, já resolvidos. Mas será, necessariamente, neste, em que ela centrará as sua atenções.
E qual era esse problema, no Congresso de ontem?
A liderança do Grupo Parlamentar.
Para cúmulo, todas as pistas deixadas pelo líder apontavam para a mesma pessoa, sem que ele o assumisse claramente como a sua opção, matando, no ovo, a mórbida tentação mediática.
Resultado: o problema não resolvido de Santana Lopes tornou-se no tema central e no centro de gravidade medíática do Congresso.
Não contente com isso, Meneses, em vez de fazer o que todos os líderes fazem, que é dirigir os trabalhos, em coordenação com a Mesa, fazendo avançar as intervenções de acordo com o seu impacto medíático previsível, procurou dirigi-lo do palco, num impulso irresístivel e desesperado para tentar recuperar o único "notável- baronete" do PSD, que não pudera evitar o Congresso, por não se poder furtar a dirigir a mesa.
O repto publico do líder a Manuela Ferreira Leite só podia ter um efeito inevitável: Criar mais um outro centro de gravidade, agora dentro do próprio Congresso, e transformar o líder em humilde suplicante. Tributário rejeitado de uma pessoa e das suas ideias. Nem mesmo pensando como o líder, Manuela quer estar, politicamente, comprometida com ele.

Quanto ao discurso de encerramento, foi um óptimo discurso de Congresso, mas teve o mesmo defeito da preocupação dominante das listas.
Para as listas dos órgãos do PSD, o critério prevalecente não pareceu ser um qualquer critério político de renovação, competência ou adequação geográfica ou estratégica que se esperaria, mas o critério arqueológico de recuperação de todos os fantasmas políticos do PSD, desde a mais remota origem, vivos ou mortos, com longo ou curto passado, pessoal político ou partidário.
O discurso obedeceu a idêntica preocupação de tocar em tudo e para todos.Foi muito enciclopédico, mas pouco definidor. Muito abrangente, mas pouco clarificador. Muito de plateia e muito pouco de gabinete de estudos. Foi muito um pontapé de saida simbólico e muito pouco a primeira jogada do início de um verdadeiro desafio.
Resta-me uma pergunta de açoriano?
Com este líder estará o PSD português condenado a repetir o percurso do PSD-Açores? Cada vez mais, um partido para dividir com outro, o PS nomeadamente, os dois níveis de poder do país? Para ele, o poder autárquico. Para o outro, de momento o PS, o poder nacional?
Para um líder que acha que o PS detesta as autarquias e odeia as regiãos, poderia ser um forçado tratado de "tordesilhas,"mas pode ser também, uma consoladora ou paliativa compensação.

quinta-feira, outubro 11, 2007

Uma mão cheia de derrotas

Acho que não se pode resumir de outra forma o resultado final da operação "jardim+cavaco" que César iniciou na Madeira com a badalada "União de Facto" e terminou nos Açores com o "veto" presidencial de "mais e melhores políticas e não de mais e maiores poderes".

O que é mais curioso ou irónico é que Cavaco respondeu a Carlos César, quase com as mesmas palavras e posições com que Carlos César e o PS iniciaram a sua caminhada da "Nova Autonomia," na década de 90 e a que se tinham, ambos, mantido fiéis, (salvo compreensíveis inflexões tácticas de circunstância) até às propostas iniciais do PS-Açores para a revisão Constitucional de 2004.
Lembremos só, num esforço breve de revisão histórica, que César fez discursos repetidos, entrevistas sucessivas e campanhas eleitorais continuadas, afirmando que os problemas da autonomia não se centravam na necessidade de mais poderes, nem o seu destino ou interesse para os açorianos tinham a mais remota relação com querelas como as que, sistematicamente, o PSD mantinha sobre, por exemplo, o Ministro da República.
Curiosamente ou nem tanto, o PS-Açores deixou-se envolver, (ou até as suscitou), pela segunda vez, em tempos mais recentes, em querelas protocolares e estatutárias relacionadas com a figura do Representante da República.

Para além disso, o PS-Açores, sempre contrapôs a sua concepção de autonomia, orientada para a clarificação e delimitação, o mais rigorosa e cincunscrita possível, entre os poderes das Autonomias e os da República, por contraste com o PSD-Açores, protagonista-mór de uma concepção de autonomia baseada em conceitos genéricos, abstractos e imprecisos, que se evitavam definir, concretizar e delimitar, ao arrepio do que, explicitamente, previa a Constituição, para se poder continuar a manter em aberto o horizonte de uma autonomia, que Mota Amaral costumava resumir no mote: "A Região é o Estado aqui".
Foi precisamente esta omissão das instâncias políticas, regionais e nacionais, que o Tribunal Constitucional se apressou a preencher e continuará a fazer ressurgir, inevitavelmente, enquanto, manietados por essa velha concepção de autonomia que recusa a auto-limitação, rigorosa mas revitalizadora, em nome de um vago, inconsequente e contínuo aprofundamento ou alargamento, que serve de alimento a todas as revisões constitucionais e estatutárias, para, logo de seguida, se esboroar, a cada novo confronto concreto com o Tribunal Constitucional.
Reconheçamos que, aquilo que, na verdade, acontece, como é timbre, aliás, da bem característica mentalidade portuguesa, é que ninguém tem autêntica vontade política de romper com este círculo vicioso.
Nem os autonomistas, nos Açores, com receio de serem acusados de tomarem a iniciativa de limitar a autonomia, nem os centralistas de todas as cores, porque sabem que qualquer "perda", real ou aparente, nos textos políticos aprovados pela Assembleia da República será, rapidamente, recuperada pelo Tribunal Constitucional.
Fiquemos-nos, por agora, por esta grande derrota de fundo de Carlos César, deixando para próxima oportunidade as muitas outras derrotas, formais e de circunstância, que, na minha modestíssima e pessoal opinião, transformaram esta campanha de César, iniciada, na Madeira em má companhia e terminada, nos Açores, com uma mão cheia de fracassos.

Este fracasso maior já foi sublinhado por alguém, que comparou a actual atitude de Cavaco para com César, à atitude de Mário Soares para com Mota Amaral, quando lhe recomendou a substituição da sua equívoca"autonomia progressiva" por uma saudável "autonomia tranquila".
Não sei se se poderá dizer, com inteiro rigor, que, neste caso, Cavaco "vestiu" a pele de Soares. Não tenho é grandes dúvidas que Carlos César nesta, (inesperada?) comédia de equívocos, conseguiu "vestir", de uma só vez, a "pele" de Mota Amaral e a de João Jardim.

terça-feira, outubro 09, 2007

Um aceno muito especial para esta famíla. Agora que o seu chefe jaz morto e arrefece e os restantes estão a contas com a justiça chilena.

Um aceno muito especial de muita especial antipatia.
Confesso não ser um grande adepto das velhas maldições que duram até à quinta geração, mas não me repugna nada abrir uma que outra excepção.
Acabo de abrir uma, agora.


sábado, outubro 06, 2007

O grande confronto em Portugal

Quando as grandes opções da esquerda francesa passaram por Portugal.


A perspectiva de Jean Daniel.


Carnets d’actualité




Ensuite, cela a été la grande épreuve du Portugal.
Les uns n’avaient d’yeux que pour le vieil et noble
communiste Alvaro Cunhal. Les gauchistes avaient un faible pour Otello
de Carvalho qui inspire à BHL des accents lyriques. Le leader
social-démocrate Mario Soares dira plus tard que sans le soutien
du « Nouvel Observateur », une partie des socialistes
français, et donc de l’Internationale socialiste,
s’apprêtaient à livrer le Portugal aux communistes.
Kissinger s’y était déjà
résigné.
BHL n’en dit rien.



Carnets d’actualité



sexta-feira, outubro 05, 2007

Costa Neves, mais longe e diferente de João Jardim do que seria necessário e útil ao PSD-Açores. Carlos César, mais semelhante e perto de João Jardim do que seria vantajoso e desejável, à imagem continental da autonomia dos Açores.

É evidente que me refiro, neste título, aos ecos nos OCS do continente, da actuação de um e outro, em níveis e âmbitos diferentes.
Costa Neves, no nível e âmbito partidário, no decurso das peripécias e do resultado das eleições directas do líder do PSD.
Carlos César, nas declarações prestadas e exploradas pelos OCS do continente na sua deslocação à Madeira, no âmbito da reunião das RUP.
Por hoje, falemos só de Costa Neves.
Muitos se recordarão que, na burocrática e "vexata" questão do pagamento das quotas dos militantes do PSD, Açores e Madeira partiam em situação semelhante: com divergências astronómicas entre o número de militantes-votantes apresentados pelas duas candidaturas. Creio mesmo que a situação da Madeira foi a primeira a surgir na comunicação social e, por isso, eu próprio me ter feito eco dela nesta entrada.
O que é certo é que, provávelmente, ninguém se recordará de como é que a questão foi resolvida na Madeira. Eu, pelo menos não me recordo. De qualquer maneira, foi resolvida "à João Jardim".
Como não era assunto que desse boa publicidade e imagem, foi resolvido discretamente, com um qualquer compromisso de bastidores ou mesmo com ordens expressas nesse sentido.
Com Costa Neves, ao contrário, foi resolvido de forma a fazer ressaltar aos olhos da opinião pública as maiores maleitas políticas que, desde sempre, caracterizam a prática pseudo autonomista do PSD-Açores, em termos partidários e de Região.
Incapaz de formular, (ou de impor a formulação) da sua verdadeira concepção da autonomia regional e, agora, partidária, ao nível dos textos legislativos (constitucionais e estatutários, no caso da Região e estatutários, no presente caso do partido), mas agindo na prática e procurando transmitir a falsa imagem de uma cobertura legislativa que, de facto, não existe.
Trata-se de uma autonomia em descarado e macaqueado "trompe l'oeil" que , há demasiados anos, vem prejudicando e dificultando o caminho para a superação dos impasses, em que a autonomia regional, revisão após revisão constitucional e revisão após revisão estatutária, se tem visto enredada (inextrincavelmente enredada).
Costa Neves, em todo este imbróglio da quotas nos Açores, tudo o que conseguiu foi mostrar que o PSD-Açores não sabe ser autonomista onde devia sê-lo, nos Estatutos Regionais do Partido que estabelecem o princípio do pagamento de quotas por todos os militantes, e finge ser autonomista naquilo que, em democracia, não pode sê-lo, defendendo uma prática anti-estatutária.

terça-feira, outubro 02, 2007

Uma viagem até à Birmânia, com monges na rua e militares que deviam mandar nos quarteis, mas mandam é nas ruas, só nos pode fazer bem.


E por que não Mota Amaral recomeçar tudo de novo?

Por outras palavras, porquê Mota Amaral não fazer aquilo que, há já muitos anos, se dizia, como anedota verosímil, nos tempos do receio do holocausto nuclear nas crises "quentes" da guerra fria?

Depois da auto-destruição de todo o género humano, disse o macaco para a macaca, únicos sobreviventes do "dilúvio" nuclear:

"Lá vamos ter que começar tudo de novo"!

Acho mesmo que Mota Amaral devia começar pela liderança parlamentar do PSD no continente, como preparação para voltar à liderança do PSD-Açores.

Num partido que, cá como lá, parece ter perdido as referências do próprio passado e a orientação acertada para o futuro, só lhe resta recorrer a alguém que se disponha a "arregaçar as mangas" para novas "arrancadas".

Recordo que as promessas de novas "arrancadas" eram recorrentes nos discursos de Mota Amaral, nos seus anos de governação açoriana, embora sempre sem grandes efeitos práticos.

Tente, agora, aquilo que, então, lhe terá faltado!

Mota Amaral O nome do ex-presidente da Assembleia da República e do Governo Regional dos Açores anda nas bocas de alguns apoiantes de Menezes como uma das hipóteses a ter em conta. Figura respeitada dentro e fora do partido, Mota Amaral permitiria disfarçar o estilo populista que Menezes pode dar ao PSD. É um bom orador, tem humor, mas um estilo reservado - seria o oposto de Santana Lopes - que poderia deixar a imagem de algum cinzentismo à bancada "laranja". O facto de ter sido apoiante de Marques Mendes, ainda que discreto, permitiria a Menezes levantar a bandeira da unidade partidária, que salientou no seu discurso de vitória, e passar a ideia que não iria haver vinganças pós-eleitorais. O problema, e não é pequeno, é que o estilo e as ideias de Mota Amaral não casam em nada com o de Menezes e, a existir um convite, dificilmente ele seria aceite por Amaral. "O cargo requer energias que neste momento não estão ao meu alcance", disse ontem ao PÚBLICO.

Source: EDIÇÃO IMPRESSA