São os números,
de hoje,
da minha
doméstica pedometria.
Não são muitos.
Nem chegam a metade,
dos passos,
das únicas caminhadas da minha vida,
que me esmero em quantificar,
por tardio capricho tecnológico.
As únicas caminhadas que faço
sem outro objectivo
que não seja
o simples
e determinado objectivo
de fazê-las
ou tê-las feito.
Estes passos de pedometria,
de que só, fisicamente,
se beneficia,
tal como são feitos,
assim
podem ser
desfeitos,
refeitos,
rarefeitos,
contrafeitos,
precisamente,
porque,
apenas
para o físico
têm efeitos.
Mas os
2884 passos
de hoje,
não podem,
nunca mais,
ser
desfeitos,
refeitos,
ou contrafeitos.
Foram passos
para uma morte.
Passos para a morte.
Passos para a minha morte.
A morte
de qualquer ser vivo,
com laços de convívio,
e de afecto,
tidos
e mantidos
para além da simples presença física,
é a nossa própria morte
antevista
antecipada,
figurada,
anunciada,
brutalmente
despoletada.
Nunca mais,
poderei desfazer
estes
2884 passos
da minha doméstica
pedometria.
Foram passos meus
para o atropelo
da morte fria.
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