O HORROR
"O horror é também parente próximo da embriaguez do sangue e do prazer do jogo.
Não passámos nós, crianças, longas noites de Inverno a ouvir histórias angustiantes?
Todas as nossas fibras vibravam, dava vontade de nos encolhermos numa gruta resguardada, mas pedia-se sempre mais(…)
Nos lugares onde o povo vai à procura de uma vida mais intensa em qualquer campo de feira, em qualquer concurso de tiro, o horror exibe-se nas telas pintadas, nas cores berrantes feitas para atrair clientes.
Crimes sádicos, execuções capitais, manequins de cera cobertos de tumores purulentos, um nunca mais acabar de monstruosidades anatómicas:
Quem as exibe conhece as massas e enche as algibeiras.
Demorei-me muitas vezes, diante de tais barracas, a fixar as caras que de lá saíam.
Havia nelas quase sempre risos, mas que tinham um som estranho, embaraçado, sufocado.
Que pretendiam, então, esconder esses risos?
E porque é que eu me encontrava ali?
Não seria, afinal o prazer que o horror me causava?
Ninguém pode dizer que é estranho aos prazeres das crianças e do povo.
sexta-feira, agosto 11, 2006
O Homem, A Guerra e o Horror (II)
Publicada por Dsousa à(s) 11:41 da manhã
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