sexta-feira, agosto 11, 2006

O Homem, A Guerra e o Horror (II)



O HORROR

"O horror é também parente próximo da embriaguez do sangue e do prazer do jogo.

Não passámos nós, crianças, longas noites de Inverno a ouvir histórias angustiantes?
Todas as nossas fibras vibravam, dava vontade de nos encolhermos numa gruta resguardada, mas pedia-se sempre mais(…)

Nos lugares onde o povo vai à procura de uma vida mais intensa em qualquer campo de feira, em qualquer concurso de tiro, o horror exibe-se nas telas pintadas, nas cores berrantes feitas para atrair clientes.
Crimes sádicos, execuções capitais, manequins de cera cobertos de tumores purulentos, um nunca mais acabar de monstruosidades anatómicas:

Quem as exibe conhece as massas e enche as algibeiras.

Demorei-me muitas vezes, diante de tais barracas, a fixar as caras que de lá saíam.
Havia nelas quase sempre risos, mas que tinham um som estranho, embaraçado, sufocado.
Que pretendiam, então, esconder esses risos?
E porque é que eu me encontrava ali?

Não seria, afinal o prazer que o horror me causava?

Ninguém pode dizer que é estranho aos prazeres das crianças e do povo.

Sem comentários: