Disse a “Santa Isabel” do século XXI,
sob o poético disfarce de mordoma e política atitude de Presidente da Camara, em rodagem de pré-campanha:
Meu povo Rei e Senhor, estas são as AS GRANDES FESTAS DO DIVINO ESPÍRITO SANTO DE PONTA DELGADA.
E mais digo, meu povo Rei e Senhor, são grandes no nome, porque, na nossa sociedade da maior ilha açoriana, a grandeza de alguém ou alguma coisa deve começar na grandeza do nome.
São GRANDES, estas festas, porque representam uma tradição única. No mundo.
Não é o existir durante longos anos que as faz tradição, é o morrer, ritualmente de 20 em 20 anos.
Quem, nos Açores ou fora deles, se pode orgulhar de uma tradição como esta?
No ressuscitar é que está a sua força como tradição. Sem esta ressurreição, toda a nossa fé na grandeza destas festas seria vã.
São Grandes, meu povo Rei e Senhor, porque não podem deixar de ser grandes, feitas no maior concelho, que tem a maior cidade, da maior ilha dos Açores, só tem de ser, só podem ser GRANDEEEEEEES.!
As maiores, entre as GRANDES.
Até porque a sua medida de aferição não está em qualquer das outras oito pequenas ilhas dos Açores, mas no coração da GRANDE diáspora açoriana de Fall River.
São Grandes, meu povo Rei e Senhor, porque o homem, que mais luz faz brilhar sobre as maiores festas religiosas dos Açores, se encarregará, mais uma vez, de fazer luz sobre o assunto, dislatando solenemente:
"As maiores festas religiosas dos Açores são as festas de Santo Cristo e as maiores festas profanas dos Açores são as GRANDES festas do divino Espírito Santo de Ponta Delgada".
E mais podia ter acrescentado, meu povo Rei e Senhor: "Só nos falta ganhar o título das maiores festas do Carnaval, das Grandes Festas do Carnaval de Ponta Delgada".
Mas lá chegaremos.
Talvez, iluminando as “limas” de parafina da batalha das limas da terça-feira de Carnaval!
Além disso, nessas matérias, a RTP-Açores não dorme, está sempre pronta a dar dimensão açoriana a tudo o que tenha a medida da Avenida marginal de Ponta Delgada.
Mais ainda, a imaginação popular, num dos carros desta GRANDE festa , já se encarregou de introduzir, na própria GRANDE festa do Divino, a sua caricatura carnavalesca, com uma representação mecânica, em marionetes, de uma "folia".
Surpreendeu tudo e todos. Siderou o apresentador popular da televisão e o comentador erudito, que acabavam de garantir a genuinidade e autenticidade de toda aquela encenação.
Mas deu a nota justa, aquele carro.
Um dos poucos elementos autênticos daquele desfile de encenações foram as “folias”.
Mas num cortejo, que era, todo ele, um “pastiche, aquilo que era autêntico também tinha de ter, incluído no desfile, o seu próprio “pastiche.”
Note-se que, a encenação, tomada e aceite como tal, não tem grande mal.
O mal está em encenar a genuinidade e a autenticidade, com uma Presidente da Câmara, que se disfarça de mordoma e uma chefe de gabinete, que se disfarça de coordenadora e uma chusma de políticos de várias funções e calibres, mas todos da mesma cor política, se mascaram de devotos em procissão ou de membros de júri em tribunal.
Este júri é mais uma nota de falsificação. Nada, mais escandalosamente contra o sentido autêntico de uma festividade do Espírito Santo, que traduz a utopia da igualdade entre todos, do que um júri para contabilizar e premiar as diferenças!
O que menos faltam nos Açores são Câmaras que promovem festas, procissões e bodos, em cumprimento de promessas e votos.
O que não tínhamos ainda era uma Câmara que encenasse os votos, as promessas e as procissões que, com vera e genuína autenticidade, se realizam nas freguesias do seu concelho.
Passamos a ter.
A empresa de produção de eventos da dita Câmara não se chama “Anima”?
E, neste caso, não animou?
Quem?
O povo?
Claro que não.
As imagens da televisão não enganaram ninguém sobre a ausência de povo, neste “pastiche” do Espírito Santo. Ele, que nunca falta, nas autênticas manifestações do divino.
Mas animou a Câmara e sua Presidente e demais corte. Não é para isso mesmo que ela existe?
Já que parecem ter perdido, em definitivo, todos eles, a capacidade de ser povo e de estar com ele e de tê-lo consigo, mascaram-se de povo, simulando os actos do povo, que já não são.