quinta-feira, abril 20, 2006

Mais uma TAP(ONA) da TAP nos Açorianos

É o que sou forçado a concluir do “interessante” acontecimento e informação seguinte:

Vou deslocar-me ao “rectângulo continental” durante alguns dias.
Mais, exactamente, entre hoje e o próximo dia 30.
Eram, pelo menos, os meus cálculos.
Era, pelo menos, o que a minha agência de viagens de muitos anos, me tinha garantido como certo, há alguns dias atrás, quando a reserva foi feita.
Ontem, ao "levantar" e pagar as passagens, fiquei a saber que o regresso no dia 30 passou apenas a ser uma hipótese.
A TAP resolveu colocar o meu regresso em lista de espera.
Porquê?
Porque é o que TAP passou a fazer, há poucos dias para cá, aos residentes nos Açores, desde que não “levantem” as suas passagens três dias antes da data do início da viagem.
É o que me dizem na agência de viagens.
Porquê mais esta discriminação “altamente positiva” para os residentes nos Açores?
Na agência não me souberam explicar.
Eu, só com as minhas limitadas capacidades pessoais, também não consigo entender.
Sobretudo, porque é uma regra nova e imprevista.
Sobretudo, porque só se aplica aos passageiros de 2ª categoria da TAP, os negregados residentes nos Açores.
Sobretudo, porque é a aplicação de mais uma sonora “TAPONA” da TAP, em cheio, na cara dos açorianos.

Nota Final

Esta entrada, inicialmente, era para ser apenas, um “até breve”.
Até ao princípio do mês de Maio.
Agora, até pode ser outra coisa.
Um “até longo”.
Até… quando a TAP quiser!!!

terça-feira, abril 18, 2006

Guerra: Turismo fardado...

Ou, antes,
Turismo: Guerra à civil?
Parece que qualquer das versões "encaixa" perfeitamente nesta curiosa visão da guerra israelo-árabe.
Ou, então, no turismo que se tenta promover na "terra de ninguém" entre os dois povos.
E não será o turismo, também, sempre um exercício de equilíbrio instável (grosseiro ou subtil, consoante os casos) numa "terra de ninguém", onde o turista, às tantas, já acaba por não saber muito bem quem é, e os residentes que o recebem na terra que devia ser deles, já perderam a certeza sobre se ela continua a pertencer-lhes, ou se mudou definitivamente de senhorio?
Mas, vamos aos factos, que justificam estas divagações.
Os factos são da edição portuguesa desta semana do "Courrier Internacional".
De um artigo sobre " A Terra Santa, o muro e o recolher obrigatório".
O protagonista da história é um antigo soldado israelita que diz:


E acescenta

Já, há muito, sabemos que, se o Estado é a violência legítima, a guerra, qualquer guerra, continua a ser apenas a violência.

Mais inventivos ainda, nesta salada turístico-bélica, são os estratagemas com que israelitas e palestinianos enfrentam aquilo que continua a ser a cruz do nosso turismo insular: a chamada "época baixa":

A inventiva dos nossos "pensadores" do turismo insular não consegue colher aqui nenhuma sugestão válida?

Provavelmente, não.

Ao menos não são os únicos.

Como se descobre por este exemplo
do

mercado da fé

segunda-feira, abril 17, 2006

Uma Nova Joana Darc?

Será o que a França procura para socorro dos seus males?


Ou uma nova cara para a Marianne, a tradicional incarnação simbólica da República Francesa?
Ségolène Royal poderá vir a ser a escolhida pelo povo, para essa representação simbólica da mãe pátria, simultaneamente enérgica, guerreira, pacífica, protectora e maternal, que os republicanos franceses sempre associaram a Marianne?
É uma mera possibilidade.
Mas já pareceu mais inverosímil do que parece hoje.





Entretanto, a direita francesa também parece atenta a esta possível viragem cultural na preferência popular sobre os candidatos às presidenciais de 2007, e vai começando a sondar o terreno, com este rosto feminino das fileiras do RPR.

Trata-se de Michéle Aliot-Marie, actual ministra da Defesa.
A direita começa a tentar lançá-la no jogo das "candidatas a candidatas", com argumentos nem sempre felizes. Como este:

Será mesmo este modelo da "dama de ferro" gaulesa que a França precisa?

Parece-me muito duvidoso.

E que temos nós com isso ? - poderá perguntar alguém.

A nossa história ensina-nos que muito daquilo que começa em França acaba por chegar a Portugal.

E a falta de uma candidata feminina, nas últimas presidenciais portuguesas, pareceu-me uma lacuna cultural evidente, que, na altura própria, salientei.

sexta-feira, abril 14, 2006

Morte, Eis a Tua Vitória!



Quando não roubas apenas a alma,
Mas também não deixas resgatar o corpo…

Morte, eis aí a tua vitória.

Quando recusas aos homens,
aquilo que até os deuses sempre desejaram:
deixar o corpo na terra dos homens.





Morte, eis aí a tua vitória!


Quando não és apenas o final
de uma vida que completou o seu curso,
Mas a interrupção
de uma vida em percurso.

Morte, eis aí a tua vitória!

Quando ninguém te espera,
Ninguém te suspeita,
Ninguém te adivinha
Nos sinais da vida
De quem ainda está vivo.

Morte, eis aí a tua vitória…

Quando deixas para os velhos
o dever de chorar os novos,
E negas aos novos
o direito
a serem velhos.

Morte, eis aí a tua vitória…

Quando não roubas apenas a vida a quem matas,
Mas matas a vida a quem continua a ter de viver.

Morte, eis aí a tua vitória…

Quando a marca da tua passagem
não pode, nunca, ser contida
no ritual dos dias de luto.

Morte, eis aí a tua vitória…

Quando poupas a vida a alguém,
Que preferia a morte
à vida que lhe poupas…

Morte, eis aí tua vitória…

Quando,
tu,
cega ceifeira
das sementeiras da vida,
fazes ruir,
não o passado,
mas o futuro,
da vida que roubas.

Morte, eis aí a tua vitória…

Quando,
tu,
a evitada por todo o ser vivo,
te consegues
fazer convidada
de alguém.

Morte, eis aí a tua vitória…

Quando,
tu,
sempre surpresa
para aquele que matas,
ainda és maior surpresa
para aqueles que continuam vivos.

Morte, eis aí a tua vitória…

quarta-feira, abril 12, 2006

Na Politica Italiana e no Xadrez

Quem quiser iniciar-se, ao mesmo tempo, na política italiana e no xadrez, pode tentar começar por aqui.
Proavelmente, chegará ao fim da sua tentativa mais baralhado do que antes.
Poderá perder algum tempo.
Mas ganha, de certeza, agilidade mental.
E pode, igualmente, passar, com muito mais à vontade, deste labirinto político para as tradicionais palavras cruzadas ou o moderno Sudoku.


“Quem vence quem perde

No centro-esquerda, sai vitoriosa a Refundação Comunista, que aumenta o seu resultado total e se impõe como terceira força. À direita, a declaração de vitória mais clara pertenceu à UCD. Dois partidos que são os extremos à esquerda no seio de duas coligações diversas, a vencedora União e a derrotada Casa das Liberdades (CdL). Dos primeiros, que já fizeram cair um governo de centro-esquerda, diz-se que acabarão a fazer oposição ao novo executivo. Dos segundos, fala-se que poderão acabar mais próximos de Romano Prodi, oriundo dos democratas-cristãos, do que de um novo projecto à direita”... [Link]


terça-feira, abril 11, 2006

Entre a Terra e Vénus

Hoje, 11 de Abril de 2006,
a minha escolha é por Vénus.
É verdade que, na Terra, tenho um atractivo especial:
O desenlace da batalha entre os dois "marcianos"da política italiana, chamados Prodi e Berlusconi.
Mesmo assim, vou optar por Vénus.
Mais concretamente pela

Que, sem os habituais espaventos da NASA, consegue, hoje mesmo, uma granda façanha:


Mas, o que é que torna o planeta Vénus tão aliciante?

Tentremos percebê-lo através dos dados seguintes:


Além disso, para nos sentirmos quase como se estivessemos na Mãe-Terra, comparemos Vénus com esta:



Quem quiser continuar a viagem, e em muito melhores condições, pode fazê-lo através desta

infografia

Boa Viagem!

E não te esqueças que

a "Vénus bela(é) afeiçoada à gente lusitana,
Por quantas qualidades vê nela
Da antiga, tão amada sua, Romana:
Nos fortes corações, na grande estrela
Que mostraram na terra Tingitana,
E na língua, na qual, quando imagina,
com pouca corrupção crê que é a latina."

segunda-feira, abril 10, 2006

A Hora de uma morte...anunciada

  • Mais ainda. Morte acompanhada.
    Sim. Não acredito que a CPE vá morrer sózinha.
    Resta saber quem lhe vai fazer companhia no seu triste caixão.
  • O primeiro Ministro? Parece inevitável.
  • A única coisa a que ainda podia aspirar Jacques Chirac? A sombra de alguma dignidade política, quando só lhe restam os juízos da história sobre o seu desempenho como Presidente?
  • Esta maioria, que, de mandato para mandato, repete o mesmo erro. Pretender levar a cabo pequenas reformas "sectoriais," à custa de uma geração ou de um estrato social, sem envolver, nos custos sociais dessas reformas, o conjunto da sociedade?
  • A própria V República, fundada à imagem de De Gaulle e que lhe sobreviveu apenas porque lhe acabou por assumir a herança e o estilo, o anti-gaulista François Mitterrand?


Não sei.


Como certo, fique aqui registada a hora de mais uma vitória da rua sobre a democracia representativa.

E o registo de que, em França, nos últimos anos, estas vitórias se têm sucedido ciclicamente, com governos de direita e com governos de esquerda, sem proveitos políticos ou sociais visíveis para França ou a evolução da democracia.

domingo, abril 09, 2006

Paris, 2006

Mas podia ser
Constantinopla, 1452.
Mas é mesmo, em Paris, 2006, que se discute "o sexo" das palavras que terão o mágico efeito de superar o impasse da CPE, sem custos políticos para ninguém.
O "abre-te Sésamo" é:
Toda a gente percebe a aberração que a palavra representa.
Para a sua pronúncia e, mais ainda, para a sua compreensão.
Mas esta não é uma das características das palavras mágicas?
Faça a experiência.
Diga lá, "abracadabra".
Interessa é que seja dita.
Les mots pour le dire
LE MONDE 08.04.06

© Le Monde.fr

sexta-feira, abril 07, 2006

Dois séculos: As mesmas fronteiras?



Eis uma coisa que se dispensava como característica do século XXI.
Prolongar ou agravar as fronteiras que o século XX criou ou agravou.



O século XX, na Europa,
resolveu contar as liberdades.
Nem do velho ábaco precisou.
A aritmética mais elementar bastou.
Até os dedos da mão sobejaram.
Eram quatro as liberdades.
Liberdade para as mercadorias;
Liberdade para os trabalhadores;
Liberdade para os serviços;
Liberdade para as empresas.
E o século XXI conseguirá,
ao menos,
contar as fronteiras
e conter as fronteiras
que o século XX
mal,
muito mal,
disfarçou,
entre as liberdades,
que, tão parcamente,
catalogou?

terça-feira, abril 04, 2006

Epur si muove III

Pode parecer despropositado continuar agarrado a esta heróica expressão de Galileu, quando ninguém põe em dúvida que o “mundo se continue a mover”.
É verdade.
Mas só em parte.
Para já não falar, nas mil e uma variantes das concepções do “fim da história” ou do “eterno retorno”, que continuam a marcar muitas das ideias correntes sobre a marcha da humanidade, dos povos e dos indivíduos;
mesmo omitindo tudo isto, a verdade é que a conjuntura mundial parece ter sofrido uma rápida aceleração nos finais do mês de Março.
Sem cair num simplismo abusivo, os sinais de mudança parecem ter-se acelerado com o aproximar da primavera.
Exemplos.
Poucos e por grandes panorâmicas. Em voo de Açor.
A América de Sul parece preparar-se para opções decisivas, entre o primário populismo e o caudilhismo puro e duro, e novas experiências de soluções originais pela esquerda do espectro político.
Entre a luta para sair totalmente da sombra do gigante norte-americano (Venezuela) ou equilibrar melhor a sua inevitável relação com ele (Brasil) e a busca de soluções próprias (Chile, Bolívia,) procura-se um novo impulso transformador e reformador para os velhos problemas destes “sulistas” a dobrar (na América do sul residentes, e da Europa do sul, descendentes).
E, talvez, por isso, como eles próprios dizem: Tão longe dos deuses e tão perto dos…Estados Unidos!

George Watts O Minotauro

O curioso também é que, talvez pela primeira vez, além de procurarem soluções novas nos seus próprios países de origem, levam esta mesma vontade política para dentro dos próprios Estados Unidos.
Como se verificou na posição activa que assumiram no debate das recentes decisões norte americanas, sobre a emigração nos Estados Unidos.
No foco de todos os problemas do mundo ocidental – Israel e a Palestina- algo também parece ter mudado. As soluções de força e de predominante cariz militar, aparecem temperadas pela consciência clara da necessidade de soluções políticas, que combinem um grande consenso interno em Israel e políticas de mão estendida, com mais ou menos abertura, para com o povo palestiniano. Este, por seu lado, parece estar cansado de “intifadas”. Talvez por isso, tenha votado no Hamas, para o retirar da rua e trazer para a responsabilidade dos gabinetes ministeriais.
Nos Estados Unidos, não é muito seguro avançar com prognósticos sobre o que está a acontecer ou para acontecer, sobretudo, porque as alternativas de pessoas e de ideias não parecem muito claras do lado da oposição Democrata.
Uma coisa parece certa, porém.
A hora histórica do neo-conservadorismo triunfante, com a sua mistura de angelismo democrático e fundamentalismo religioso, que, entre outras coisas, levou à lamentável aventura do Iraque, parece estar em clara perda de influência e expansão.
E o trauma do 11 de Setembro a caminho da sua superação. O que, a ter êxito, levará a reajustamentos de posições políticas. Na opinião pública, que, nos Estados Unidos, tem mesmo muita força. E nos próprios partidos políticos americanos.

Paulo Veronese O Rapto de Europa

Na Europa, vivemos um momento de regressão.
No sentido de colocar os grandes problemas europeus entre parêntese, e regressar à predominância e preocupação com os problemas de cada país.
A Grã-Bretanha, com a sua histórica atitude distanciada de quem só “suja” as mãos na Europa, quando não consegue continuar a manter a sua auto-suficiência insular.
As duas locomotivas da política europeia, a Alemanha e a França, continuando à procura de saída para os seus problemas internos.
Por vias diferentes.
A Alemanha com a sua atitude histórica costumeira. Só por muito pouco não(?)“sacralizando” quem está no poder e concedendo-lhe carta branca para a procura de saídas para as crises.
A França, fazendo precisamente o oposto.
Contestando, na rua, a capacidade do poder que escolheu para a governar, para introduzir a menor das alterações na situação instalada, mesmo que esta esteja manifestamente desfasada em relação às aceleradas mutações sociais.
E, então, entre nós?
Entre nós portugueses.
E entre nós, açorianos.
Não se passa nada?
Estamos a viver um parêntese histórico?
Em pleno “olho do ciclone”.Onde nada acontece, quando tudo parece rodopiar à nossa volta.
Não. Parece que não.
Há notícias que “Epur si muove”.
Será o tema de próxima entrada.
Até porque esta já nem parece uma entrada.
Já é mais um “corredor”.

domingo, abril 02, 2006

Epur si muove II

Pois é, ela move-se.
Em França, ainda.
E sempre se moveu, em França, sob o signo de duas interpretações.
A do pessimismo.
A da perda do sentido da história.
A do "desarroi" e do "mal-aise", consigo própria e com os outros.
Ora acabrunhada, sob o signo do: "Não, não é nada".
Ou, então, exaltante e exaltada, sob o impulso do :"É tudo! É uma revolta!
É uma revolução!"

Retomo estas duas interpretações, agora, incarnadas em duas pinturas célebres da primeira metade do sec. XIX.
A primeira é do pintor Teodoro Géricault (1791-1824) , que, numa das primeiras manifestações do romantismo, tomou o tema do naufrágio da fragata Medusa, com centena e meia de pessoas a bordo, e lhe deu a expressão de profundo dramatismo e força trágica com os acontecimentos ocorridos na jangada com os náufragos.


A Jangada da Medusa de Teodoro Géricault, (1819)

O seu conteúdo parecia resumir com tal rigor, o fatalismo que, então, politicamente, dominava a França, que o historiador Michelet resumiu assim o seu significado alegórico da decadência do Estado Francês:
"Naquela jangada, Géricault fez embarcar toda a França, toda a nossa sociedade".

Apenas uma dúzia de anos depois, Eugénio Delacroix, também incluía num dos seus quadros toda a sociedade francesa (um operário com a espada, um burguês de chapéu alto, um jovem com duas pistolas), mas avançando, inexorável e heróicamente,comandada pela figura da Liberdade.

A Liberdade Guiando o Povo (1830)
de Eugène Delacroix (1798-1863)

E o signo de hoje, qual será?
O da Jangada destroçada de 1819?
Ou o da Liberdade triunfante de 1830?