sexta-feira, abril 14, 2006

Morte, Eis a Tua Vitória!



Quando não roubas apenas a alma,
Mas também não deixas resgatar o corpo…

Morte, eis aí a tua vitória.

Quando recusas aos homens,
aquilo que até os deuses sempre desejaram:
deixar o corpo na terra dos homens.





Morte, eis aí a tua vitória!


Quando não és apenas o final
de uma vida que completou o seu curso,
Mas a interrupção
de uma vida em percurso.

Morte, eis aí a tua vitória!

Quando ninguém te espera,
Ninguém te suspeita,
Ninguém te adivinha
Nos sinais da vida
De quem ainda está vivo.

Morte, eis aí a tua vitória…

Quando deixas para os velhos
o dever de chorar os novos,
E negas aos novos
o direito
a serem velhos.

Morte, eis aí a tua vitória…

Quando não roubas apenas a vida a quem matas,
Mas matas a vida a quem continua a ter de viver.

Morte, eis aí a tua vitória…

Quando a marca da tua passagem
não pode, nunca, ser contida
no ritual dos dias de luto.

Morte, eis aí a tua vitória…

Quando poupas a vida a alguém,
Que preferia a morte
à vida que lhe poupas…

Morte, eis aí tua vitória…

Quando,
tu,
cega ceifeira
das sementeiras da vida,
fazes ruir,
não o passado,
mas o futuro,
da vida que roubas.

Morte, eis aí a tua vitória…

Quando,
tu,
a evitada por todo o ser vivo,
te consegues
fazer convidada
de alguém.

Morte, eis aí a tua vitória…

Quando,
tu,
sempre surpresa
para aquele que matas,
ainda és maior surpresa
para aqueles que continuam vivos.

Morte, eis aí a tua vitória…

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