Pois é, ela move-se.
Em França, ainda.
E sempre se moveu, em França, sob o signo de duas interpretações.
A do pessimismo.
A da perda do sentido da história.
A do "desarroi" e do "mal-aise", consigo própria e com os outros.
Ora acabrunhada, sob o signo do: "Não, não é nada".
Ou, então, exaltante e exaltada, sob o impulso do :"É tudo! É uma revolta!
É uma revolução!"
Retomo estas duas interpretações, agora, incarnadas em duas pinturas célebres da primeira metade do sec. XIX.
A primeira é do pintor Teodoro Géricault (1791-1824) , que, numa das primeiras manifestações do romantismo, tomou o tema do naufrágio da fragata Medusa, com centena e meia de pessoas a bordo, e lhe deu a expressão de profundo dramatismo e força trágica com os acontecimentos ocorridos na jangada com os náufragos.
A Jangada da Medusa de Teodoro Géricault, (1819)
O seu conteúdo parecia resumir com tal rigor, o fatalismo que, então, politicamente, dominava a França, que o historiador Michelet resumiu assim o seu significado alegórico da decadência do Estado Francês:
"Naquela jangada, Géricault fez embarcar toda a França, toda a nossa sociedade".
Apenas uma dúzia de anos depois, Eugénio Delacroix, também incluía num dos seus quadros toda a sociedade francesa (um operário com a espada, um burguês de chapéu alto, um jovem com duas pistolas), mas avançando, inexorável e heróicamente,comandada pela figura da Liberdade.
A Liberdade Guiando o Povo (1830)
de Eugène Delacroix (1798-1863)
E o signo de hoje, qual será?
O da Jangada destroçada de 1819?
Ou o da Liberdade triunfante de 1830?
Quarto Crescente em estreia e felicidade
Há 12 horas
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