Estas duas páginas são páginas genuínas arrancadas à nossa melhor história.
À história da cultura popular açoriana das nossas comunidades rurais.
Penso que ninguém discutirá a afirmação de que a expressão mais representativa dessa cultura pertence, de pleno direito histórico, às nossas filarmónicas.
No caso em concreto destas duas páginas, marcadas pela humidade e pela passagem do tempo em mãos nem sempre cuidadosas, trata-se de uma história de 121 anos, ontem, completados.
Trata-se da acta de uma reunião realizada em 29 de Novembro de 1886, em que um grupo de 14 sebastianenses se reúne para fundar a "União Popular", nome com que, então, resolveram baptizar a filarmónica de São Sebastião, na mesma noite e acto em que a geravam, "constituindo-se em (seus) sócios" como se diz na acta.
Essa noite de primeira reunião foi também noite de profunda união popular entre todos os presentes.
Apenas 14, mal excedendo a dezena, que costuma ser historicamente - na grande história dos grandes acontecimentos (cristianismo, maoismo, entre outros exemplos) - mas também -como se vê neste exemplo - na história dos pequenos acontecimentos que fazem a história anónima e real dos povos e comunidades, o número-mágico (ou quase) para iniciativas destinadas a durar e a perdurar.
Como continua a ser este, ainda hoje, o feliz destino da "Sociedade Filarmónica União Sebastianense", como acabou por ser designada, posteriormente.
Como se vê, a "União" ficou-lhe, no nome e na realidade, da sua já longa vida de 121 anos.
Para muitos mais ainda.
É o que se espera e deseja nesta data.
E que se registe em acta.
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