Uma Rectificação, Uma Coincidência, Um Contexto
A rectificação é sobre a data da morte, em auto de fé, de António José da Silva. Ela ocorreu a 18 de Outubro de 1739.
A outra data que referi deve-se a um lapso da minha fonte inicial (Mendes dos Remédios), que falava do “dia do seu passamento em 19 de Março de 1739”.
Embora, de seguida, descreva os acontecimentos da pompa do auto de fé de condenação do dramaturgo, como tendo ocorrido em 18 de Outubro.
A curiosidade é que Dario Fo, o outro dramaturgo que evoquei no dia do Teatro, completou 80 anos, no dia 26. Ou seja, no dia anterior, ao dia consagrado ao Teatro.
Como se pode confirmar na sua página pessoal, está de boa saúde e em força no palco das batalhas políticas italianas, para as eleições legislativas do próximo dia 9 de Abril.
A contextualização das atribulações da actividade teatral de António José da Silva e a sua morte trágica às mãos sanguinárias da Santa Inquisição, adquirem uma outra luz, se considerarmos o seguinte texto, do conhecido mestre da língua portuguesa, que dá pelo nome de Pe Manuel Bernardes e que, numa obra contemporânea de todos estes acontecimentos, sobre o teatro, dizia o seguinte:
Como se pode calcular, não é nada difícil, partindo destas muito genéricas considerações, personalizar, em António José da Silva, este diabo que, nas tábuas do palco, tece com tal arte a trama da história, “que a alma gosta do mesmo veneno que está bebendo”.
Daí, a fácil dedução inquisitorial:
António José, Cigarra?!
Talvez!
Cigarra venenosa?
De certeza!
Mas o dia 18 de Outubro de 1739, não terminaria sem mais um desfecho de trágica ironia:
Nessa mesma noite, muitos dos que se tinham associado à sua morte durante as "festividades" do auto de fé, iriam aplaudir o final da sua última peça de teatro, o "Precipício de Faetonte", quando o filho do sol ascende para o Infinito num carro em chamas.
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