O outro nome que desejo recordar, neste Dia Mundial do Teatro, é o do português António José da Silva, o Judeu, como ficou conhecido.
Pois como tal, ou mais rigorosamente, como "judaizante", morreu.
Amarrado ao poste, depois, degolado e, finalmente, queimado.
Em 19 de Março de 1739.
Há pouco mais de 2 séculos e meio.
Em auto de fé, solene, celebrado na Igreja do convento de São Domingos, com todo o aparato e presença dos fidalgos e homens da corte, incluindo o próprio D. João V.
E muita daquela arraia-miuda que, não muito tempo antes, acorria ao Bairro Alto a aplaudir as suas peças.
Acham estranho?
Claro que não é.
Sobretudo, em Portugal, que sempre foi um país de suaves brandos costumes, mais ou menos bárbaros.
É claro que as verdadeiras razões de tão cuel e infeliz destino, apenas aos 34 anos de vida, tinham mais relação com trechos como o seguinte, da sua Esopaida, publicada cinco anos antes, do que com umas vagas acusações de carácter religioso.
Nesta peça, ele escrevia assim, sobre a justiça e os magistrados daqueles tempos:
"Toda a justiça acaba em tragédia".
Como regra geral, parece um mero exagero teatral.
A própria morte trágica do seu autor encarregou-se de comprovar que não se tratava apenas de "exagero teatral".
segunda-feira, março 27, 2006
Dia Mundial do Teatro - II
Publicada por Dsousa à(s) 7:45 da tarde
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