Túmulo de Galileu
Continua a ser verdade. Este nosso mundo “move-se”.E, neste final do mês de Março, move-se a grande velocidade.
Vejamos alguns sinais. Longínquos e próximos.
A França continua na rua.
Está-se a tornar num hábito entranhadamente gaulês.
Sabemos todos que a França sempre cultivou esta tradição.
Mas o ciclo parece começar a repetir-se, em vão, cada vez com menos eficácia e menos amplitude e ambição social. Já o foi para as grandes reformas e mudanças do Estado.
Pensá-las nos gabinetes e movimentos de pensamento e reflexão.
Trazê-las para a rua e dirimi-las com as forças do poder político do momento. Depois, mais que aplicá-las, tentar exportá-las.
O que parece é que a capacidade gaulesa para reformar e transformar as suas próprias estruturas sociais e políticas parece cada vez menor.
Há muito que deixou de ter qualquer sentido a frase de Hegel que sentenciava que “os franceses faziam as revoluções que os alemães pensavam”.
Nesta altura, a ideia com que se fica é que:
"Nem fazem, as que outros pensem,
Nem "pensam", as que eles próprios se abalançam a tentar fazer".
Nesta altura, da sua e nossa história, parecem reduzidos ao grau mais baixo do pensamento e da acção.
O grau zero do não.
Não às trinta cinco horas.
Não ao Tratado Europeu.
Não às manifestações sem distúrbios.
Não ao Smic-jovem;
Não ao CPE.
Não às negociações;
Não às condições prévias;
Não ao funcionamento das escolas;
Não a entendimentos suprapartidários;
Não a entendimentos intrapartidários,
que possam ser obstáculos a algumas carreiras políticas pessoais.
Não ao desbloqueio de ruas e vias férreas;
Não...Não…Não…
Em França, “apesar de tudo, o mundo move-se”,
Mas para onde?
David A morte de Marat
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