quarta-feira, dezembro 20, 2006

Entre grandes e pequenos escândalos

É assim que estamos vivendo esta, sempre antiga e sempre nova, época do ano.
Como todo o mundo de influência cristã (re)vivemos a hora alta do aparecimento histórico de Cristo.
"Escândalo para judeus e gentios", assim foi definido por quem lhe fez a síntese da vida e do pensamento.
O grande escândalo da história da humanidade, na visão de outros que não vislumbram, no percurso da humanidade, outro rasto de um Deus que incarna e sofre como qualquer outro ser humano. Apesar de não faltarem traços, na história da cultura pré-cristão, de deuses que se divertem com formas e comportamentos humanos.

Em Portugal, estamos a viver a hora alta-baixa dos pequenos escândalos de dimensão caseira que se sucedem em cadeia.
No mundo do futebol, o escândalo oscila entre a alcova e o gangsterismo de bairro da lata.
Entre Pinto da Costa e a sua ex-Catarina Salgado e o Mantorras e as muitas histórias confusas de intermediários de milhões e intometidos de milhares de euros.
No mundo da política, a cada passo do governo, a oposição descobre o escândalo do passo em falso.
É o escândalo do tatrifário eléctrico.
Que tanto é escândalo por ser elevado demais, como é escândalo por ser baixo de mais.
É o escândalo da demissão do Jorge da ERSE.
Que tanto é escândalo por só agora se ter demitido, como é escândalo porque se demite a poucos dias de terminar o mandato.
Que, afinal, termina, não por o próprio se ter demitido, mas por ter sido dispensado por oportuno despacho ministerial.
Ao que parece, antes de ter tomado a iniciativa da demissão, apenas o PS se terá preocupado em requerer a audição, na Assembleia, do referido Presidente da ERSE.
Agora, todos os partidos querem ouvi-lo, como se ele ainda fosse aquilo que já não é, mas não acham grande interesse em ouvi-lo, na qualidade de "individualidade", única coisa que ele, agora, é.
E é tudo?
Não. Não é.
Ainda falta o escândalo maior ( ou o mais pequeno).
O escândalo de um governo, que, acusado de cometer "crimes" de inconstitucionalidade, tem o supremo descaramento de se defender perante o Tribunal onde é acusado.
Já viram maior escândalo (anti) democrático do que este?
Um acusado, a defender-se?!
É lá possível!
Mas é o que a lei prevê.
Para toda a gente e para todos os casos.
E não só para o governo e para este caso.
Não interessa.
É um escândalo.
Jornalista dixit.
Está dito.
E político repetiu.
Está redito.

Quando será que inteligente jornalista (e político idem) percebe que se tudo é escândalo, nada é escândalo?














No seu requerimento, o PS lembra que no dia 12 deste mês tinha apresentado “um requerimento oral para a audição do então presidente da ERSE, engenheiro Jorge Vasconcelos”, sobre outras matérias “além da questão do tarifário da electricidade suscitada pelo BE”.O PS recorda que queria ouvir o presidente da ERSE sobre “as questões da política energética e, estando a individualidade em referência em fim de mandato, sobre a experiência no relacionamento entre a entidade reguladora e a Assembleia da República”.
PUBLICO.PT










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