quinta-feira, dezembro 28, 2006

Natal: Adultos-Adolescentes, Adolescentes-Adultos...

...Que matam e morrem ao volante.
Sem glória nas alturas,
Nem paz nas sepulturas.
Primeiro mandamento português,
nas auto-estradas do Natal:
Matai-vos uns aos outros.
Todos, ou à vez,
Tanto faz
como fez!




«Calma, rapaz!» -
Vozes de prudência faziam-se ouvir.
Compreendia-se, os protectores do rapaz pareciam querer dizer que entre ele e aquelas máquinas não havia distância,
que era uma questão de inteligência,
uma entrega total do rapaz ao corpo dos carros,
uma vocação extraordinária,
não uma inconsciência da sua pessoa,
isso não,
antes uma hiperconsciência da engrenagem mecânica,
o que era fantástico.
Mas reconheciam que jovens assim constituem um perigo,
não distinguem onde o seu corpo começa e onde ele acaba,
e por isso se entregam a corridas desenfreadas,
fazem proezas e acrobacias, ferem-se e matam-se,
precisamente porque entre eles e os objectos não estabelecem dis­tinção,
sentindo-se eternos e invioláveis.

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