Antes de deslindar a questão posta no título, farei uma referência às condições concretas de observador distanciado, em que acompanhei os trabalhos do congresso do PS-Açores ocorrido no passado fim-de-semana.
Tomei conhecimento directo apenas das intervenções transmitidas pela RDP-Açores, na tarde de Sábado, que, por acaso, incluíram as intervenções que o jornalista de serviço considerou de maior significado político. E assisti, pela televisão, à sessão de encerramento.
Algumas observações prévias que vão preencher esta primeira entrada do blogue sobre o assunto.
Por aquilo que pude perceber, a organização pareceu-me de um profissionalismo que não era habitual no PS-Açores.
Refiro-me ao palco do Congresso; à utilização das cores, com o azul e os Açores a dominarem o cenário dos acontecimentos; ao vermelho e aos símbolos do PS-Açores, discretamente arrumado, aquele, para uma parede lateral e reduzido, este, a dimensões mínimas; à bandeira dos Açores a adejar, quase permanentemente, (pareceu-me que não se manteve até ao fim do discurso…porque até uma bandeira tem o direito de se auto-arrear, perante tão longo discurso) por trás do líder do PS-Açores, e de mais ninguém.
Nem Sócrates teve direito a tal simbologia privativa do líder.
Tudo, a indiciar que estava ali o PS-Açores, mais na sua circunstância de partido do poder que passa, e não de qualquer ideologia partidária que permanece, embora transformando-se e adaptando-se às circunstâncias de ser poder ou oposição.
Sobre os dois discursos de encerramento, duas observações: uma formal, em relação ao discurso de Carlos César. A sua duração de uma hora e a sua ambição, cronicamente habitual mas pouco razoável, de pretender meter sempre em todos os seus discursos, todo o passado, todo o presente e todo futuro do seu governo. O que leva a discursos de duração descomunal e...inaudível em rádio e, sobretudo, em televisão.
Em relação ao discurso de José Sócrates, resumirei o que penso, dizendo que o considero um dos melhores discursos, senão o melhor, que, até hoje, ouvi de qualquer responsável político nacional do PS (e já ouvi muitos) sobre o papel da autonomia no todo nacional e a complexa, mas necessária, articulação que entre estas duas parcelas de Portugal tem de existir (a terceira parcela, a Madeira, só entrou no discurso de forma subtil e alusiva e porque já, antecipadamente estava mais na cabeça das pessoas, sobretudo de alguns jornalistas, do que no discurso).
Neste aspecto pode-se considerá-lo um marco histórico na assunção pelo PS nacional do legado autonómico do PS-Açores como governo.
Como não estou escrevendo um artigo para o jornal, mas uma simples entrada para um blogue, vou-me quedar por estas considerações.
Amanhã, (num qualquer amanhã!) haverá mais.
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