terça-feira, agosto 02, 2005

Na Hora dos(novos) retornados




Entre acordes de violinos
( os cinco do Sporting
e “os” dos concertos de Chopin)
regressar também é o mote.


Num verão ameno, cabe uma amena entrevista de Santana. Verdadeiramente, de novo, ele, nada, tem a dizer. Como nunca teve. Mas descobre sempre um tema de sensação. Desta vez, entendeu revelar-nos aquilo que não é. E aquilo de que não gosta. Sobretudo, aquilo que não gosta que digam que ele é.

Assim, diz-nos que:

Não gosta de casa própria,
Mas não descuida renda
De casa alheia.
Embora o persiga a imagem contrária.
Que além de não ter casa própria,
Não gosta de pagar renda de casa alheia.

Não gosta de jantares de smoking,
Embora não se livre da imagem inversa.

Situação perversa,
Ganha em sete anos
De fazer vida com Cinha
E com sina
De fazer o contrário
Do que nos quer forçar
A acreditar, agora.

Não gosta de Soares,
Ou do que Soares pode vir a ser.
Não gosta de Cavaco,
Ou do que ele sempre foi.
Não gosta de Marcelo,
Ou do que ele sempre diz.
Nunca gostou de Balsemão,
Único a quem sempre disse não.

Não está morto.
Como se comprova pela fotos,
Que acompanham a entrevista.
Não pela entrevista,
Que é pretexto
Para as fotos.

Não perdeu nenhuma esperança.
Nem a de ser,
De novo,
Primeiro,
No país.
E primeiro,
No partido.
Embora tenha perdido
Os hábitos,
Em que foi
Único.
No partido
E no país.
Usar pulseira
Como talismã.
E falar sempre,
No PPD/PSD,
Como refrão.

Não fez voto de pobreza,
Mas é como se fizesse.
Nasceu e cresceu pobre,
E pobre, morrer
Lhe apetece.
Agora, aos cinquenta,
Não tem casa,
Não tem carro.
Só não morre à fome,
Mas não tem nada.

Não fez voto de castidade,
Mas é como se o fizesse:
Não tem mulher,
Mas tem casos.
Não é casto,
Nem é cauto.

Não fez voto de silêncio,
Mas é como se o fizesse.
Para o fim da vida,
O seu sonho é o nirvana,
Não conquistado ao Tibete,
Mas urbano ou suburbano,
Como quem mergulha,
Ao fim de semana,
Numa das sete piscinas
Que vai inaugurar
Em Monsanto.

Por agora,
No verão,
Vai dando entrevista,
De salão.

Enquanto espera
Por um programa
Que, da televisão,
Como sempre
E para sempre,
O restitua
À nação.

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