quarta-feira, fevereiro 08, 2006

O Espinheiro do Apólogo

Este tema do espinheiro, como símbolo de uma das atitudes mais tradicionais e, culturalmente mais enraizadas, sobre a política e os políticos, é um tema quase inesgotável.

E também venerável pela sua antiguidade.

A sua primeira leitura é obviamente desfavorável ao exercício da actividade política e aos seus actores.

Mas não é, seguramente, a leitura inevitável, nem sequer a única leitura possível.

Bastará pensar que não se pode criticar o espinheiro por não dar azeitonas, figos ou uvas, como a oliveira, a figueira e a videira.
Senão, não seria espinheiro.
Mas oliveira ou figueira ou videira.
Mas dá sombra.
E dispõe-se a oferecer a sua sombra a todos.
Só põe uma condição.
Que todos a queiram.
Que é uma condição, que, hoje, nós percebemos muito bem , no contexto em que é posta pelo Apólogo.
Mas que é uma condição, que se poderia considerar revolucionária para o, provável, século XII AC, em que é posta.

Não se deve considerar isto, um belo “fruto”, para um reles espinheiro de tão recuados tempos?
Além disso, trata-se de um “fruto”que não nasce no espinheiro com a inevitabilidade biológica com que as azeitonas nascem nas oliveiras, os figos nas figueiras e as uvas nas videiras.
Se o espinheiro se quedasse ao nível biológico apenas produzia espinhos.

Dito isto, deixo-vos com duas imagens alusivas ao espinheiro.

A primeira é de uma acácia.




Género a que pertence o espinheiro.
A segunda, é a imagem de um ramo de uma “acacia glomerosa Benth”, a que se dá a designação vulgar de espinheiro.


A estas imagens acrescento um texto, que sugere também uma outra pista para uma diferente leitura do apólogo do espinheiro.


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