quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Esta Manhã...Um Prémio Nobel veio ter Comigo




Tratou-se, nem mais nem menos, deste senhor da imagem, que dá pelo nome literário de Dario Fo. E que foi a grande surpresa do Prémio Nobel de literatura de 1997.
Infelizmente, os meus conhecimentos úteis da sua obra reduzem-se à sua autobiografia - Terra dos Mezaràt- publicada pela "Ambar" o ano passado, e a uma recente entrevista ao "L'Express"(nº 2847 de 26 de Janeiro deste ano).
Destes dois textos, singulares em muitos aspectos, não resisto a transcrever dois excertos.
Começo pela entrevista.
Pela resposta à última pergunta do entrevistador.
Perguntou este:"Quando recebeu o Prémio Nobel, distribuiu aos membros do juri desenhos satíricos da sua autoria. E leu um discurso intitulado "Contra jogulatores obloquentes" ( Contra os bobos), lembrando ao Rei da Suécia que, em 1757, o seu país tinha promulgado uma lei conta os saltibancos e chegou mesmo a perguntar-lhe : " Não tendes conciência que acabais de coroar um deles"? Nunca perde uma oportunidade de usar a sátira?
Resposta de DF:

"Nunca . O riso. Sempre o riso.
Quando uma criança nasce, os pais não descansam, até conseguir provocar-lhe o riso, fazendo-lhe caretas.
Porquê?
Porque no momento em que ela ri significa que a inteligência nasceu.
Significa que ela soube distinguir o verdadeiro do falso, o real do imaginário, a careta da ameaça ( no original francês: "la grimace da la menace", em português só me ocorre, de semelhante, "má cara" e "carantonha").
Significa que ela soube ver para além da máscara.
O riso liberta o homem do medo.
Todos os obscurantismos, todos os sistema ditatoriais se alicerçam no medo.
Assim, toca a rir!"



Não me atrevo a esbater a lucidez desta resposta com nenhum outro texto.Vou deixar para a próxima entrada, a passagem da "Terra dos Mezarát".

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