quinta-feira, março 22, 2007

O dia da falta dela




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Mas que distracção!
Que imperdoáveis distracções,
em cadeia.
Foi o dia do pai.
E eu distraído.
Não houve pai para mim!


Ontem, foi o dia de quase tudo.



Do sono.
De quem o tem demais.
E de quem o tem de menos.
E eu, que sempre o tive de menos,
Distraído.
A dormir na forma.
No único dia do ano,
em que as pessoas,
com problemas do sono,
devem estar
bem acordadas
em honra
do sono
que lhes falta,
nos outros dias.


Da poesia.
E eu,
que, à falta de poesia minha,
me alimento da poesia dos outros.
No dia dela,
tenho o mais prosaico
dos dias.
Sem eco dela.
Nem própria,
nem alheia.
Nem sequer,
a do sonolento e triste
Nobre
do verso-anúncio
"O melhor da vida
é dormir,
tudo passa
sem se sentir".

Da floresta.
Com todos aos gritos
audio-visuais:
Onde está a minha árvore?
Para plantar aonde?
Na floresta?
Não.
No provérbio.
Ao lado do meu filho.
E antes ou depois do meu livro.
Ou, na rede.
Para dar sombra benfajeza
ao blogue,
que já tenho,
ou hei-de vir a ter.
Mas,
hoje,
é que não posso
mais distrair-me.
Hoje, é o dia da água.
Melhor dito:
Da falta de água.
E porque é uma coisa que eu,
eu, por mim,
não sinto.
E, nunca, verdadeiramente,
senti.
Mas
500 milhões sentem.
Quantos?
500 milhões
de seres humanos
têm falta de água.
Repito.
500 milhões de homens.
500 milhões de homens e mulheres.
500 milhões de homens, mulheres e crianças.
500 milhões
Têm falta de água.
500 milhões
Têm falta de água.
500 milhões
Têm falta de água.
É por isso que

deve vir até este sítio

o dia mundial da água

E confirmar que

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