“Penso que devo ser o último dos grandes presidentes de França.
Quero dizer, na linha de De Gaulle. Depois de mim, não haverá nenhum outro...
Por causa da Europa...
Por causa da mundialização...
Por causa da evolução inevitável da instituições...,
o Presidente vai transformar-se numa espécie de Super-Primeiro Ministro.
Ele será frágil.”
Nesta fase do debate e do combate das eleições presidenciais, não seria uma boa altura para pensar nestas palavras de François Miterrand, proferidas a poucos dias da sua morte de que a França, neste mês de Janeiro, comemorou e recordou a passagem do seu décimo aniversário ?
Não será mesmo de um Super- Primeiro-Ministro, que os portugueses andam à procura?
Pelo menos a maioria que as sondagens vão permitindo captar.
Decerto, não é à procura de um rei eleito, que reine mas não governe.
De alguém, que os representa, mas não os pareça acompanhar nas suas incertezas e dificuldades diárias.
De alguém, que esteja muito acima de todos eles pelo seu percurso e pelo seu estilo de vida .
De alguém, com quem eles apenas sintonizam através de entidades abstractas como a soberania nacional, o poder de veto,a promulgação das leis, o semipresidencialismo;
De alguém, que deixou, por alguns momentos, as páginas da história em que já o julgavam para sempre entronizado e, que, com divina e mais que humana generosidade, se predispõe a conceder-lhes a benesse da sua experiência universal e imensa sabedoria dos homens e da vida.
Será que o paradigma jurídico do Presidente da República ainda corresponde ao paradigma sociológico que os portugueses procuram nestas eleições?
Algum ajustamento haverá a fazer.
Que orientação deve seguir tal ajustamento, é o que há-de ditar o resultado destas eleições e a experiência de equilíbrio, desequilíbrio ou reequilíbrio de poderes, que se lhe seguirá.
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