Mantenhamo-nos, um pouco mais, na questão dos pequenos e grandes mitos.
Continuemos, igualmente, com a obra de que falei na entrada anterior, ( Los mitos de la Historia de España), mas cujo autor, por lapso, omiti.Aqui fica o seu nome: Fernando García de Cortázar.
Voltemos à citação do seu texto, que ficou incompleto na anterior entrada de fim de ano. "Um país, em democracia, não necessita de mitos.
Necessita é de viver com naturalidade, sem tribos nem bíblias políticas, o facto e a consciência nacional.
Um país em democracia não vive de metafísica, mas de compartilhar um legado comum de recordações, de lealdades não excluentes nem exclusivas, que permitam olhar o passado sem ódio nem azedumes recriminatórios.
Com a crítica dos absolutos começa a esperança, começa a liberdade". Alguns, ao ler este texto, poderão ser levados a pensar que ele traz tão marcada a verdadeira luta de Jacob e do Anjo de Rembrandt, que intercalei neste "post", e que, desde sempre, se trava em Espanha, com a virulência e o extremismo de posições, que o tornaria inaplacável em Portugal. Não me parece que seja assim.
Para qualquer das regiões deste país de centralismos muito enraízados.
Lembremos apenas, os obstáculos "mitológicos"( não lhes encontro melhor classificação) que, até hoje, impediram a regionalização do continente português, apesar de a Constituição o impor sem ambiguidades. E muito menos o é para as Regiões Autónomas.
A dificuldade está em conseguir reduzir às dimensões de um blogue, os abundantes exemplos destes escolhos "mitológios"que, até hoje, impediram a clarificação de questões de alcance vital para as Autonomias Insulares
Vou-me ficar apenas por um só exemplo.
Porque tem sido um dos meus "cavalos de batalha," nos tempos mais recentes, e em instâncias várias.
Alguém conseguiu explicar, até hoje, porque é que nunca se concretizou, com clareza, a simples disposição constitucional que diz:
"As regiões autónomas(...)têm os seguintes poderes, a definir nos respectivos estatutos"?
A concretização desta simples disposição, contida nesta palavra definir, já poderia ter arrumado, em definitivo, e há muito, aquilo que seis revisões constitucionais não conseguiram e três versões estatutárias ( se não erro no número) também não lograram alcançar.
Tudo, por uma simples razão.
Porque, fazê-lo, seria matar, de vez, uma dupla ilusão.
A ilusão dos autonomistas "progressivos"(mantenhamos o palavrão que, historicamente, os baptizou) e que continuam a dizer e a escrever, em moções para congressos recentíssimos, que é uma "leitura constitucional possível, de que, nas Regiões Autónomas, o Estado são os órgãos de governo próprio."
Deixo para futura entrada, a referência a um "mitologismo" perfeitamente desfasado, apesar de totalmente ridículo, que, nem a última revisão conseguiu arredar do texto constitucional.
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