A meio desta semana, resolvi retomar um velho hábito que, desde há tempos, interrompera.
Iniciar o meu dia, civicamente activo, com a “oração matinal” de ouvir o noticiário regional das oito e meia da RDP-Açores.
Não fiquei nada motivado para recair no velho hábito.
Porque não me apetece correr, em todas as manhãs dos meus dias, o risco de ficar em suspenso, entre o ridículo e o preocupante, como, nesse dia, de meados desta semana, me aconteceu.
Entre o ridículo de um “jornalista parlamentar” de muitos anos (pelo menos, em razão do número de anos que anda pela Assembleia devia justificar essa qualificação) de fazer notícia alarmista sobre a perspectiva de um plenário-relâmpago, dentro de uma semana, por, previsivelmente, vir a contar, “apenas,” com três pontos agendados para a reunião de Maio do plenário da ALRAA.
Precisamente, porque a sua experiência de veterano experimentado, senão no saber, pelo menos na idade “parlamentar,” lhe devia ter ensinado que a duração do plenário de uma assembleia política, nunca dependeu da quantidade de matéria legislativa agendada para a ordem do dia.
Depende antes, sempre, da “qualidade”da matéria política que os senhores deputados, conseguem (ou não conseguem) levar ao plenário, servindo-se ou não da matéria legislativa agendada, mas utilizando o quase inesgotável arsenal de instrumentos de actuação política que o Regimento generosamente lhes concede.
É verdade que, por norma, não o têm conseguido.
Apenas um exemplo, entre milhentos possíveis, por me parecer muito significativo.
No plenário do mês passado, o PSD-Açores tomou a decisão, “heróica,” de fazer a sua primeira interpelação ao Governo Regional, quando já vai a meio da terceira legislatura como partido da oposição.
Por acaso, já houve algum jornalista, preocupado com a duração dos trabalhos da Assembleia, que se tivesse dado ao incómodo de tentar perceber quantas interpelações ao Governo Regional, o PSD-Açores podia ter levado a efeito se usasse as possibilidades que o regimento lhe dá?
Nada mais, nada menos do que 19 (dezanove) interpelações (deixando em aberto a possibilidade de vir a fazer a 20ª interpelação no próximo mês de Junho).
É verdade.
O partido de alternativa, que é o PSD-Açores, podia/devia ter feito na Assembleia, 8 (oito) interpelações ao Governo, na Legislatura de 1996 a 2000, outras 8 (oito) interpelações ao Governo, na Legislatura seguinte (2000 a 2004).
Na actual Legislatura, no passado mês de Março, teve o glorioso “rasgo” político de transformar uma intervenção de um seu deputado no período antes da ordem do dia, em interpelação (pelo menos, foi essa a ideia transmitida pelos próprios serviços da Assembleia) macaqueando em estreia única, o que devia ser uma rotina de anos.
E ainda tem a possibilidade regimental de fazer a segunda interpelação, no próximo mês de Junho, em que termina a presente sessão legislativa.
Tudo somado, dá (daria) a bonita soma de 20 interpelações, em duas legislaturas e meia.
É por isto, e por mais algumas coisas de que falarei em próximas entradas, que não fiquei com muita vontade de voltar ao meu velho hábito de “regionalizar”as minhas manhãs com as preocupações “quantitativas” dos noticiários matinais da RDP-Açores.
Quarto Crescente em estreia e felicidade
Há 7 horas
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