quinta-feira, setembro 15, 2005

A "Ciclomania" dos candidatos reciclados





Sejamos justos.
Eu, pelo menos, quero ser justo.
Espero que ninguém se tenha dado ao malévolo despropósito de concluir, por causa da minha "postagem" de anteontem sobre o "placebo", que Costa Neves era um candidato sem ideias. Um parolo ou paroleiro de um candidato. Só com palavras. Ou até, só com palavras novas.
De modo nenhum.
Costa Neves é um candidato com ideias. E com ideias bem assentes. Eu diria mesmo, com muitas ideias-feitas.
E que repete incansavelmente. Tal como deve fazer qualquer político que se preza.
Esta é a lição dos grandes mestres. Repetir, repetir, repetir é a primeira figura de retórica de qualquer político.
Disse-o Napoleão comentando Maquiavel.
É verdade que Costa Neves não é um nome tão clássico da política como qualquer deles. Individual ou conjuntamente considerados.
Mas, à nossa modesta medida insular, é um seguidor quase modelar.
E até com alguns méritos próprios, de que qualquer daqueles dois era destituído. Costa Neves não só usa ideias feitas. Muito talentosamente, até abusa e abuso alardeia.
Vejam só.
Costa Neves não só usa ideias feitas. Usa as ideias feitas contra os factos. Ou então, numa variante também meritória, usa sempre as mesmas ideias, apesar dos factos serem diferentes e variados. Os factos, traiçoeiramente, podem desrespeitar as ideias dele. Mas ele mantem-se-lhes fiel. Pior para os factos, claro...
Dois exemplos. Simples, mas antológicos.

Creio que as pessoas que, em política, não usam a memória apenas para se esquecerem, se recordarão que Víctor Cruz, há um ano por esta altura, percorria os Açores, ilha a ilha, comício a comício, conferência de imprensa a conferência de imprensa, a proclamar o fim do "ciclo socialista" nos Açores.
Julgo que me posso dispensar do trabalho de confirmá-lo com transcrições dos jornais da altura.
Será mais interessante transcrever dos jornais deste mês de Setembro, o que diz Costa Neves.
Diz, com a segurança de quem repete uma evidência que os factos "comprovaram" há um ano, que "está na hora de um tempo novo e de um novo ciclo" para Angra.
Como se percebe trata-se de uma clara originalidade. Só que com um ano de atraso, mas com a "força" de uma teoria que dispensa a prova dos factos. Tal como Víctor Cruz, há um ano, Costa Neves repete, talentosamente: "agora, compete aos angrenses escolherem o melhor candidato para este novo ciclo".
Quando comecei esta "postagem" pensava acrescentar mais um exemplo elucidativo e exclusivamente da autoria de Costa Neves, tanto no passado regional, como no presente autárquico.
Ficará para outra oportunidade.
Por agora, chamo a vossa atenção para mais um exemplo fotográfico do culto da ideia feita e do desprezo dos factos.
Reparem nas duas imagens da Praça da Vila de São Sebastião, antepostas a este texto.
A colorida, é do manifesto do PSD. Ignora, simples e sobranceiramente, que aquela imagem está contra os factos.
A outra imagem a preto e branco é do Boletim Municipal da Câmara de Angra, que documenta a alteração dos factos.
Esta tem árvores novas, mas...em fim de ciclo. A outra tem árvores de folha caduca...em começo de quê? Repita, senhor candidato. É este o seu papel na política. Repetir e repetir-se!
Que suplício, para os pobres eleitores!

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