sábado, dezembro 31, 2005

O Mito e os mitos



Salvador Dali A persistência da memória

Tenho de reconhecer que, neste momento em que escrevo,
no final da manhã do dia 31 de Dezembro de 2005,
não tenho qualquer disposição para alinhar em considerações
mais ou menos "ad hoc",
mas sempre de ressonâncias, mais ou menos mitológicas,
sobre um tempo
(velho, inevitavelmente) e que acaba
e um tempo (novo, inevitavelmente novo) e que começa.

A minha inclinação é para arremeter contra todas as mitologias.
Mas esta mitologia do fim do ano é apenas uma pequema mitologia, incrustada no pequeno mundo quotidiano de cada um de nós.

De interesse muito mais relevante são aqueles mitos que, vindos do passado, mas com maquilhagem nova, continuam a comandar a nossa história de povo, nação e Estado do século XXI.

Mas, sobre isto, tenho aqui, na minha frente, palavras que, sem favor, se podem considerar definitivas.

Vêm de Espanha.

Foram escritas sobre "Os Mitos da História de Espanha".

Mas não são estas circunstâncias que lhes retiram oportunidade ou aplicação a Portugal.

O meu único trabalho vai ser o de traduzi-las.

Com a esperança que, mais alguém, entre o fim de 2005 e o começo de 2006, se dê аo incómodo de as ler.

E porque não? De pensá-las.


" O mito corrompe a História, isola os factos do mundo, deixa-os fundidos num marasmo teológico, num sonho agónico de vencedores e vencidos, apenas relacionados consigo próprios.

Eco e espelho, o mito contamina o presente de velhos fantasmas, fábulas e lendas.

Fica, então, o ruído e a fúria, o enfrentamento de séculos ou o vitimismo agressivo.

Daí que as sociedades mais sãs sejam aquelas que, livres de furores absolutos, pulverizam, com o pensamento científico e o debate, as manipulações mitológicas".

Há mais texto ainda.

Fica para próxima oportunidade.

Já agora, uma proposta mítica:

Que tal, entrar, em 2006, ( ou sair, de 2005, como preferirem) com o inabalável propósito de debater, (mais importante ainda, que, simplesmente, combater) todas as "manipulações mitológicas" que, descarada ou encapotadamente, nos assediam a cada hora de cada dia?

Grandes, muito grandes Entradas!

Mesmo que à custa de resvalar para o pequeno mito!

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