terça-feira, fevereiro 19, 2008

Há mais "américas" do que você imagina

A "américa" que vem descrita por Isabel Allende, nesta página da sua "Soma dos Dias" é uma delas.
Não creio que você seja capaz de ler este texto e não ficar, literalmente, "banzado".
Eu, por mim, tenho de reconhecer que fiquei.
Não é que não tivesse algum conhecimento ou notícia sobre esta "américa" fundamentalista e "bushista", mas vê-la descrita com este pormenor e crueza e com esta amplitude efeitos e consequências deixou- verdadeiramente surpreendido.
Volto a repetir.
Espero que lhe aconteça o mesmo, a si , ao ler este texto.
A não ser que, pelo menos mentalmente, já pertença a esta "américa"!

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A direita cristã, que os republicanos mobilizaram em 2000 com grande sucesso para ganhar as eleições presidenciais, sempre foi muito numerosa, mas nunca conseguira determinar a política deste país, com uma sólida vocação secular.
Durante a presidência de George W. Bush, os evangélicos não conseguiram
concretizar tudo o que fazia parte do seu programa político, mesmo assim as mudanças foram consideráveis. Em muitas instituições educacionais já não se fala da teoria da evolução, mas sim de "desígnio inteligente», eufemismo para a explicação bíblica da criação.
Dizem que o mundo existe há dez mil anos e qualquer indicação
em contrário é heresia.
Os guias do canyon do Colorado têm
de ser prudentes ao informar os turistas de que nas diferentes camadas geológicas é possível ler dois milhões de anos de história natural.
Se forem descobertos na Noruega vinte fósseis de animais marinhos do ta
manho de autocarros, os crentes atribuem-no a uma conspiração de ateus e liberais.
Opõem-se ao aborto e a qualquer forma de
controlo da natalidade, salvo à abstinência, mas não se mobilizam contra a pena de morte ou a guerra.
Vários pregadores baptistas insistem
na sujeição da mulher ao homem, apagando assim num só gesto um século de luta feminina.
Milhares de famílias educam os fi­
lhos em casa para evitar que sejam contaminados pelas ideias seculares nas escolas públicas, e depois esses jovens são enviados para universidades cristãs.
Setenta por cento dos estagiários da Casa Branca durante a administração Bush saíram de universidades deste tipo".

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