quinta-feira, outubro 13, 2005

Fontes com...Erros Imperdoáveis (III)





As eleições são verdadeiras dores de cabeça para os partidos! A sua preparação, as listas, as pré-campanhas e as campanhas são cada vez mais exigentes! E as consequências políticas dos seus resultados, cada vez mais dependentes dos caprichos das noites televisivas eleitorais!
As eleições também se podem transformar numa verdadeira dor de cabeça para os jornais e jornalistas, que não sabem distinguir entre fontes credíveis e fontes inquinadas ou pela impreparação ou pelo seu carácter tendencioso.
É o que parece ter acontecido, nestas eleições autárquicas, com o Diário Insular.
Anteontem, foi a maioria absoluta de Pedro Cardoso, erradamente atribuída aos votos da Ribeirinha.
Hoje, é a informação, agora atribuída explicitamente às suas fontes, que " cinco votos podem influenciar a distribuição de mandatos na Assembleia de Freguesia (do Posto Santo), já que a eleição do sétimo elemento ( a favor do PS) surgiu por mais três votos".
A única afirmação correcta em tudo isto é esta diferença numérica(rigorosamente nem se trata de votos, mas da diferença de quocientes de uma divisão) na atribuição do 6º mandato ao PS (não do 7º que é o do PSD).
Mas que cinco votos possam alterar a distribuição de mandatos é absolutamente falso.
Para que fosse possível alguma alteração na distribuição de mandatos seriam necessários, no mínimo, 8 votos. Mas, mesmo este número de votos, que é impossível obter com cinco votantes, apenas faria com que o 7º mandato do PSD passasse para 6º, descendo o do PS para 7º.
Não havendo, portanto, qualquer alteração na composição da Assembleia.
Para que esta acontecesse, passando, por exemplo, dos actuais 5 para o PS e 2 para o PSD, para 4 do PS e 3 do PSD, seria necessário que o PSD obtivesse mais 81 votos numa eventual repetição do acto eleitoral naquela freguesia.
Quem tiver a pachorra e a curiosidade de confirmar tudo isto, pode fazê-lo facilmente.
Não precisa de fontes que lhe façam a "papinha". Basta pegar nos resultados do PS (364 votos) e do PSD (138 votos) e dar-se à paciência de dividi-los por 1, por 2, por 3...até 7. Em seguida, alinhá-los por ordem decrescente e fazer, finalmente , a atribuição de mandatos. O resultado deve ser o seguinte: PS 1º, 2º, 4º,5º e 6º; PSD 3º e 7º.
Conclusão (pouco) jornalística: Quem quer saber, faz ou investiga; Quem quer ser enganado, pergunta às fontes.
Conclusão (muito) provável. Ou não foi esta a razão para ser pedida a intervenção da Comissão Nacional de Eleições; ou então, não se vê qualquer razão para a repetição do acto eleitoral.
Conclusão final para memória futura. Mais vale tentar convencer o eleitorado dos méritos dos candidatos e partidos do que tentar complicar, com picuinhas interpretativas e preciosismos jurídicos condenados pelo bom senso, o decorrer do acto eleitoral. Se tudo o que conseguiu, o PSD do concelho de Angra, com o clima de suspeição que tentou criar nalgumas assembleias de voto, foi este caso, não mereceu a pena o encarniçado esforço.
Nota final. Que relação possa ter este insignificante "fait divers" com a tomada de posse da Camara Municipal de Angra, é que ninguém consegue perceber. Que mestres do "suspense" são estes nossos "profissionais" da comunicação social!!!

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