Anteontem, dia 30 de Setembro, acabou por ser um grande dia para a "vida" de Coelho de Sousa, falecido há dez anos.
Coelho de Sousa teve, na Sociedade Filarmónica de São Sebastião, a recordá-lo e a homenageá-lo, quase tanta gente como a que acorria, quando celebrava missa e lhe enchia a Igreja para lhe ouvir a homilía, ou pregava sermão, em dia de santo lembrado ou orago festejado.
Ou quando tinha em exibição, no palco da Vila ou do Seminário de Angra, peça de teatro, que escrevera, ensaiara, pintara os cenários, arranjara as letras para os actos de variedades ou dera os últimos retoques nos ensaios finais.
Ou quando era ouvido, diariamente, pela rádio, nos anos setenta ou era lido no jornal, nos anos oitenta, no "registo" ou no "nota bene" de cada tarde da "União".
Ou quando, nos anos sessenta, preparava os grandes desfiles e cortejos para as Sanjoaninas de Angra ou era ouvido, nos comentários que fazia durante esses desfiles que, ele próprio (ou outros, ou com outros) imaginara, desenhara, montara ou carpinteirara, em grandes traços de concepção geral ou pequenos pormenores de cuidado artesanal.
Anteontem, foi, de facto, um grande dia para a vida do poeta Coelho de Sousa, falecido há (já) dez anos.
Poeta que teve, a reeditá-lo, em 2ª edição do seu primeiro livro de poemas, Poemas de Aquém e Além, a Junta da Vila de São Sebastião.
Poeta que teve a (re)apresentá-lo aos seus velhos leitores e a revelá-lo a muitos novos, um grande nome da linguísica portuguesa, que é o escritor terceirense e Professor Doutor Luís Fagundes Duarte que, literalmente, conseguiu transmitir aos presentes que o ouviram e àqueles que o hão-de vir a ler em letra de imprensa, uma nova "epifania"da poética de Coelho de Sousa.
Poeta que teve a cantá-lo, em poemas e letras que rabiscava, às vezes, na velha mesa da Sacristia da Matriz, depois da missa, a pedido de ensaiadores em crise de inspiração e de temas, o coro dos idosos da Vila e o grupo coral da Vila, que o interpretaram numa dezena de canções, a que a sua inspiração de poeta deu letra e força.
Poeta que teve a recordá-lo, em muitos episódios da sua vida, o Professor Doutor Luís Fagundes Duarte, a vereadora responsável pelo pelouro da cultura da Câmara de Angra, Dr.a Luísa Brasil e, em representação do Governo Regional, O Director Regional do Desenvolvimento Agrário, Eng.º Joaquim Pires.
Todos eles se juntaram à Filarmónica de São Sebastião, ao Grupo Folclórico da Vila, aos familiares, às autoridades locais, e sobretudo, ao povo que encheu o salão da Sociedade para reencontrarem o Coelho de Sousa, na flor da sua juventude de 81 anos que, nesse dia, teria comemorado, se vivo fora.
Outros o fizeram por ele. Os mesmos que confirmaram, mais uma vez, as palavras que foram mais repetidas, na altura do seu falecimento. O Coelho de Sousa não morreu. Estará sempre vivo, na rede de laços que construiu, com a sua arte e a sua multiforme actividade, ao longo da sua presença continuada na vida de gerações de terceirenses e açorianos.
Saliente-se apenas que, alheia a tudo isto, esteve, nesse dia, a comunicação social da Terceira e aquela que, estando na Terceira, é dos Açores.
É o habitual. Deixar que a vida autêntica de pessoas e colectividades lhe passe ao lado, é especialidade que cultiva com zelo inexcedível.
Que lhe faça bom proveito! Ajudada pelo exemplar do livro reeditado e do convite entregue em mão a todos os seus responsáveis!
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