O texto, de que, acima, se reproduz o título, e que foi publicado em "A União" do passado dia 27, vem assinado por Caetano Tomás.
Os paradoxos de raciocínio em que se espraia não serão tão célebres como os celebrados paradoxos de Zenão de Eleia. Mas também têm um Aquiles e uma tartaruga. E uma seta, que parece estar em movimento, mas, ele desunha-se por demonstrar que está parada.
Esta seta do novo (velho) Zenão florentino é a democracia nascida com o 25 de Abril.
Uma frase do texto resume essa concepção. "A partir do 25 de Abril, a meu ver, a alma portuguesa parece não ter melhorado nada".
Sobre esta subtil e evanescente entidade chamada "alma portuguesa"é-me muito difícil fazer diagnósticos. Sobre os portugueses é que não tenho dúvida nenhuma. As melhorias são evidentes.
Mas, além disso, da leitura completa do artigo depreende-se a perspectiva geral que o impregna.
A democracia de Abril, para Caetano Tomás, ficou ferida de morte e sem remissão possível, qual pecado original sem redenção, pelo período gonçalvista.
Sinceramente. É possível que este tenha sido um grave problema para Caetano Tomás. E que ele até, dentro de si, não consiga resolvê-lo. Daí o auto-retrato que o artigo acaba por ser. Mas a democracia portuguesa já o resolveu há muito. E plenamente. Outros terá. Mas este está mais que ultrapassado.
E quanto ao Aquiles e a tartaruga?
Bem podem ser a ditadura e a democracia.
Mas, no caso vertente, o paradoxo está em que as "ditaduras-tipo", a de Salazar e a de Hitler, podem alcançar o estatuto de democracia. É tudo uma questão de tempo e , ao que parece, de pessoas.
Até porque, nenhuma delas é intrinsecamente má. Intrinsecamente más são "as sangrentas ditaduras comunistas". As outras duas, não.
" O maior problema foi Salazar não ter percebido que era necessário virar para a democracia, logo a seguir à guerra".
"Claro que, acerca da Alemanha, houve os horrores do "Holocausto" que, como tal, não foi um resultado do regime. Mas saiu de dois ou três "loucos" à volta de Hitler".
Quanto a paradoxos auto biográficos de Zenão-não-de- Eleia fico-me por aqui.
Com duas invocações. Uma ao Bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes. E a outra, ao P.e Abel Varzim.
A que se pode acrescentar mais uma. A de um qualquer zaping televisivo sobre os canais que têm dedicado horas e horas, nos últimos dias, a retratos de Hitler e à sua época. Bastará isto, para perceber o conteúdo e a dimensão da verdadeira loucura do nazismo. Para quem de tal informação de reforço ainda necessitar. O que, pela amostra, parece ser muito mais gente do que seria de prever.
sábado, abril 30, 2005
Os Paradoxos de Caetano Não-Zenão, mas Tomás Não-de-Eleia
Publicada por Dsousa à(s) 9:06 da tarde
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