O que me causa especial impressão no percurso político do PSD-post Mota Amaral, designadamente com Victor Cruz, é a incapacidade de definir, primeiro, e prosseguir depois, uma linha de rumo para o partido.
Às vezes, até nem era preciso defini-la. Ela já vinha definida pela história do partido.
É o caso, como deixámos comprovado, das questões relativas ao sistema eleitoral.
Como ficou evidenciado, Victor Cruz deparava-se com dois caminhos possíveis traçados pela história do partido.
Ou regressar à inspiração original de Mota Amaral, em 92. Optando por uma solução de aferição dos resultados eleitorais de ilha pelo contexto dos resultados globais na Região.
Ou então optar pela solução de recurso de melhoria da proporcionalidade global do sistema, diminuindo deputados.
Temos de reconhecer que, em relação a qualquer uma dessas soluções, o PSD de Victor Cruz se defrontou com dificuldades de relevo.
Em relação à primeira solução, Mota Amaral só lhe tinha deixado por herança a ideia. Nunca conseguira acertar na solução técnica.
É claro que ninguém imagina a "brilhante"(não é qualquer alusão ao psicólogo do debate televisivo) plêiade de "intelectuais" que assessora Victor Cruz, autêntico viveiro ( não é qualquer alusão maliciosa ao "viveiros que não entrou no debate televisivo) "crème de la crème" da "inteligenzia" regional, que, até hoje, não conseguiu produzir um só ( para amostra) gérmen de ideia politica alternativa, a conseguir atacar e resolver o problema.
Tentaram foi apoderar-se da solução do PS. Mas isto é outra história, para outra altura.
Restava-lhe a solução da redução de deputados.
Mas, para isto, teria de ter coragem e determinação política para resistir ao fogo de barragem, que a deletéria "térmita" do Alvarino Pinheiro, "mascarado" do que sobeja do PP, passou a espingardear contra a ideia.
E já se sabe que ao Victor Cruz ficou-lhe o reflexo incontrolável de marioneta política da "térmita-rainha", que é o politico mais célebre da jovem freguesia do Porto Martins.
Mas já estou a falar do desenlace de mais esta farsa política do Victor Cruz.
O meu objectivo era falar do seu começo. Que foi promissor. Como é de regra com Victor Cruz. Que ele completa sempre com outra regra. Acabar também sempre mal.
Mas o começo foi bom. Estas boas intenções iniciais estão contidas na moção de estratégia ao XIII Congresso do PSD, de Dezembro de 2000.
Depois de um verdadeiro hino aos círculos de ilha como a " melhor expressão" da "relação de proximidade" com os eleitores", acrescenta-se:
"O desafio é saber como melhor conjugar este objectivo (de melhorar esta relação de proximidade) com o de fazer que o juízo global dos eleitores açorianos seja melhor respeitado.
Não há sistemas eleitorais perfeitos, mas não devemos cruzar os braços perante a possibilidade de melhorar a actual solução.
Não é bom para a democracia que a maioria dos açorianos vote num partido e a maioria dos deputados possa ser de outro partido.
No mínimo, temos de fazer tudo para reduzir essa possibilidade, afastando indesejáveis conflitos de legitimidade.
O PSD não encara a possibilidade de aumentar o número de deputados e a manutenção do actual número de assentos parlamentares só é aceitável se permitir encontrar a melhor solução para ultrapassar os problemas que hoje se colocam. Caso contrário, a diminuição do número de deputados é um objectivo a prevalecer".
Não vou acrescentar mais nada. A não ser que, se pudesse, condenava Victor Cruz, a mais uma cruz. A cruz de repetir, todos os dias da sua vida, ao levantar e ao deitar, esta frase penitencial e curativa: "A diminuição do número de deputados é um objectivo a prevalecer".
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