segunda-feira, março 31, 2008

Antes ridículo que trágico

Há medidas que não podem deixar de ter uma tonalidade de inconfundível ridículo e grotesco, quando as lemos como sinais de uma liberalização em curso na sociedade cubana.
Esta dos hotéis é uma delas.
A da autorização do uso generalizado do telemóvel, foi outra.
A do aumento de páginas de alguns jornais oficiais ou oficiosos para darem guarida a algumas queixas e notícias sobre corrupção e abusos da administração, é ainda um terceiro exemplo.
Mas, por detrás dessa face humorística ou ridícula oculta-se/revela-se uma outra face trágica sobre as limitações férreas e a intromissão abusiva do governo nos mais elementares direitos dos cidadãos, que, como é claro, não eram considerados com tais.
E continuam a não sê-lo.
Veja-se que, neste caso da entrada dos cubanos nos hotéis nunca se fala em restituir direitos aos cubanos, mas de simples vantagens para a economia.
A revolução que representa o, aparentemente simples, conceito de cidadão com direitos e deveres, ainda não está a bater à porta da chamada liberalização cubana.
Quando conseguir arrombar essa porta estreita, passaremos a ter, então, verdadeira liberalização e libertação das pessoas
. Los cubanos podrán entrar en hoteles para turistas en CADENASER.comAguardemos que esteja para breve.



Los cubanos podrán entrar en hoteles para turistas en CADENASER.com


Los cubanos podrán entrar en hoteles para turistas


La medida pone fin a una restricción de los noventa para impulsar el turismo en la isla


REUTERS 31-03-2008


Los cubanos van a poder alojarse en cualquier hotel de la isla gracias al levantamiento de una prohibición que les impedía el acceso a los mismos.


sábado, março 29, 2008

sexta-feira, março 28, 2008

O poder dos vencidos

O destino dos votos dos partidários do candidato vencido, na disputa interna dos democratas, começa a
preocupar os dois candidatos democratas.
Há o perigo real de eles preferirem deslocar os seus votos para o partido republicano, em vez de votarem no "inimigo interno" que os derrotou.
Hillary e Obama começam a chamar a atenção para a diferença "abissal"que há entre John Mccain e eles próprios.
É bom que o façam e, sobretudo, que o demonstrem.
Que é, pelo menos, tão grande como a diferença que, neste artigo do Le Monde, Mcain mostra existir entre as suas perspectivas para a política externa americana e as do actual presidente Bush, apesar de ambos republicanos.
Trata-se de um rotundo e estrondoso Requiem, um impiedoso"descansa em paz eternamente" à política bélica e unilateralista de Bush.


Fazer em conjunto.

Estabelecer um pacto global Europa-Estados Unidos.

Tentar convencer e não impor soluções aos aliados europeus.

Tudo o que Bush nunca disse nem nunca fez.
Todo o contrário daquilo que os neo-conservadores republicanos insistentemente doutrinaram.
É verdade que são palavras escritas na Europa e para europeus lerem.
Mas elas não podem deixar de ter eco nos Estados Unidos, como já tiveram,
mesmo que em surdina.
Sobretudo, não podem deixar de ter consequências futuras para a política externa americana, seja quem for que ganhe as presidenciais americanas
.Le Monde.fr : Etats-Unis-Europe,




Le Monde.fr : Etats-Unis-Europe, "pacte global", par John McCain -


Notre grande puissance ne signifie pas que nous pouvons faire ce que
nous voulons quand nous le voulons
, et nous ne devons pas non plus
croire que nous possédons toute la sagesse et la connaissance
nécessaires pour réussir. Nous devons écouter
l’opinion et respecter la volonté collective de nos
alliés démocratiques. Si nous estimons qu’une action
internationale est nécessaire, qu’elle soit de nature militaire,
économique ou diplomatique, nous nous efforcerons de convaincre
nos amis que nous avons raison. Mais nous, en retour, devons être
prêts à être convaincus par eux.


quinta-feira, março 27, 2008

Hillary num beco com poucas saídas

Se é que ainda tem algumas.
Em termos de previsões para os próximos embates
elas não parecem chegar
para superar a distância que, actualmente, a separa de Obama.
Já que se prevêem apenas reduzidas diferenças entre as vitórias previstas para Hillary e para o seu adversário.
A vantagem de Obama -150 delegados - parece excessiva, para ser superada ou significativamente encurtada nas votações dos 10 Estados que o farão a partir deAbril.
Em termos de propaganda e combate estritamente político e eleitoral todas as tentativas de Hillary para conseguir a reviravolta que se impunha, falharam ou voltaram-se contra ela.
Até o problema do pastor negro que lhe caiu do céu como verdadeira prenda divina acabou anulada por um discurso de Obama.
Para a história ficou o discurso. O pastor saiu de cena para não mais voltar.
A última esperança e cartada dos superdelegados, parece revelar-se cada vez menos segura, face a defecções como a do Governador do Novo México que, toda a sua vida foi pro-Clinton e, no momento mais azarado para os Clinton, os troca por Obama.
Tudo aponta para que Hillary, que entrou pela porta larga das grandes expectativas de vitória, termine a sua campanha, saindo pela porta estreita da derrota prevista e previsível.
Esperemos pela sentença definitiva dos votos, dentro do Congresso dos democratas e fora dele.
A sentença do mundo mediático dos analistas e comentadores não podia ser mais definitiva contra Hillary.
Mesmo que se trata de um definitivo muito...provisório.
Obama acaricia la victoria · ELPAÍS.com



Obama acaricia la victoria · ELPAÍS.com

Con todo, la peor noticia para Clinton es el ciclo electoral pendiente.
Quedan 10 elecciones. Ella es favorita en Pensilvania, Kentucky,
Virginia Occidental y Puerto Rico. Obama puede ganar en cinco de los
restantes y queda sin pronóstico Indiana
.
Matemáticamente, es casi imposible que, con este panorama,
Clinton pueda superar la ventaja de unos 150 delegados que actualmente
tiene Obama
.

quarta-feira, março 26, 2008

Pequenas querelas de baixo calibre

É ao que parece estar reduzida a disputa interna entre os candidatos democratas Hilary e Obama,
nesta pausa de intervalo até aos iminentes embates eleitorais do próximo mês de Abril.
Hilary escreve sobre a questão do pastor Wright.
Os jornais, pelo seu lado, vão lembrando que quando um político sente necessidade de escrever sobre um tema que esteve em alta nos "media," isto só significa que já está gasto em termos mediáticos.
Por outro lado, lembram episódios dos Clinton com o próprio pastor Wright, durante o caso Lewinsky e que sempre se podem voltar contra Hilary.
Em resumo, u
ma campanha negativa que outra campanha negativa tenta anular.
Estamos, sem dúvida, numa das fases menos estimulantes da longa disputa eleitoral dos democratas para as presidenciais.
É verdade que, quando menos se espera, esta fase em baixa pode vir a ser ultrapassada.
E a temperatura bélica voltar a subir.
Por agora, os contendores desta longa maratona alimentam a corrida, com mútuas pirraças e remoques directos ou indirectos.
NPR: Clinton Attacks Obama and Wright Relationship



NPR: Clinton Attacks Obama and Wright Relationship



When a politician has to bring up a problem, he writes, it means the air is coming out of it in the media.

terça-feira, março 25, 2008

A Europa a "bolinar" na conjuntura e a estagnar na sua estrutura económica

São ventos de pessimismo os que sopram do outro lado do canal da Mancha.
A Inglaterra não vai mergulhar em nenhuma recessão, súbita e profunda, vai "bolinar", entre as décimas a mais ou a menos, nos ventos contrários de uma estagnação deslizante, durante dois anos, que parecerão bem mais longos.
E a "tartaruga", que tem sido a Europa desde o anos 70, se não tomar medidas adequadas e rápidas no seu mercado de trabalho e aparelho produtivo (resta saber quais, mas não é muito difícil adivinhá-las) vai continuar a marcar passo no seu nível médio de vida (um terço abaixo) da "lebre" que têm sido os Estados Unidos.


segunda-feira, março 24, 2008

A cimeira das Lajes que nos convinha

Não tenhamos dúvidas.
Esta era a cimeira das Lajes que nos convinha.
Quando o Presidente dos USA e o primeiro ministro de Espanha se "juntam"
à manifestação de protesto silencioso,
toda de branco vestida,
pelos presos políticos em Cuba.
Esta cimeira, sim.
Honraria as Lajes como ponte entre as duas margens do Atlântico.
Infelizmente, na história política, as cimeiras pela paz,
antes de uma guerra estalar, são a excepção.
Depois delas, tenta-se, então, à volta de uma mesa dividir os despojos...
irmâmente
. Zapatero y Bush apoyan la liberación de los presos políticos cubanos · ELPAÍS.com


Zapatero y Bush apoyan la liberación de los presos políticos cubanos · ELPAÍS.com

domingo, março 23, 2008

(XI) Vitorino Nemésio - Uma caricatura de escárnio e mal dizer (XI)



VIII

E depois ficou à coca,
muito encolhido na toca,
esperando pela justiça.
E a justiça foi feita,
tal como a luz se fizera.
Enfim, enfim, director!
Cantara-lhe as loas os poetas
em récuas, távolas, graais,
pois nunca serão demais
para ocupar a vazia
cave porca, cave fria
onde assentam arraiais!
Viva a Santa Academia!
Viva o Governo que as cria!
Viva a Terra que os nutria!
Vivam todos muito iguais!

Vitorino sem ninguém,
com essa gente está bem.

sábado, março 22, 2008

A Cristo Crucificado

POEMAS TRADUZIDOS

por Manuel Bandeira

A CRISTO CRUCIFICADO

(De autor espanhol não identificado)

Não me move, meu Deus, para querer-te
O céu que me hás um dia prometido:
E nem me move o inferno tão temido
Para deixar por isso de ofender-te.

Tu me moves, Senhor, move-me o ver-te
Cravado nessa cruz e escarnecido.
Move-me no teu corpo tão ferido
Ver o suor de agonia que ele verte.

Moves-me ao teu amor de tal maneira,
Que a não haver o céu ainda te amara
E a não haver o inferno te temera.

Nada me tens que dar porque te queira;
Que se o que ouso esperar não esperara,
O mesmo que te quero te quisera.


Nota- Deste poema, diz o grande poeta brasileiro Manuel Bandeira (1886-1968) que esta "maravilha já foi atribuída a Santa Teresa, a Frei Pedro de lo Reyes, a São Francisco de Xavier, e até a Santo Inácio de Loiola. A todas estas hipóteses já foram opostas objecções bem fundadas. Para mim, andou ali a mão de poeta bissexto".
Para Manuel Bandeira poeta bissexto era o poeta de produção rara mas, com um exemplar, pelo menos, excepcional. Neste caso, teríamos um bissexto anónimo.



sexta-feira, março 21, 2008

(X) Vitorino Nemésio - Uma caricatura de escárnio e mal dizer (X)





VI

Subitamente a luz fez-se
no seu espírito letrado.
Coimbrices e açorices

já davam que tinham dado.

Foi-se a fé da sua infância,

comoveu-se honestamente,
bateu com força no peito,
ajoelhou no sobrado
(era convés de um navio)

e botou versos a fio
e ficou santificado.

No dia em que,
caprichosamente,
o calendário juntou aquilo que mais apela
ao sentido da morte (paixão de Cristo)
e ao fenómeno da renovação e beleza da vida
(Primavera, árvores e poesia)
não será despropositado juntar-lhe
mais um contraste e, a propósito dos dois
impressionantes casos lembrados nas anteriores entradas,
recordar o conteúdo da legislação em vigor na Europa,
sobre a eutanásia passiva e activa.
É o que faz o artigo seguinte:
Législations et pratiques de l'euthanasie à l'étranger, EUTHANASIE


Législations et pratiques de l’euthanasie à l’étranger, EUTHANASIE
En Europe, seuls les Pays-Bas et la Belgique ont formellement légalisé l’euthanasie, sous de strictes conditions. Le Luxembourg a adopté le 20 février dernier en première lecture une loi qui va dans le même sens, et qui devrait passer en deuxième lecture avant l’été.

quinta-feira, março 20, 2008

Um rosto a recordar. Um grave problema resolvido

Não poderia ser maior a proximidade dos acontecimentos.
O de Chantal Sébire e o de Hugo Claus.
Não podia ser maior o contraste entre as mortes de uma e de outro.
A primeira é encontrada morta em casa.
Clandestinamente.
Como, entre nós, acontecia, até há pouco tempo, com os abortos.
O segundo, recorre à lei que prevê o seu caso.
Conclusão: Há que ajustar as leis e as práticas médicas
á humanização da morte, como parte da vida que é.

quarta-feira, março 19, 2008

Um rosto para recordar. Um problema por resolver

Image-0558











É assunto e caso para voltarmos a eles, posteriormente.
Por hoje, que fique apenas um rosto.
Por hoje, que fique apenas um problema
a que a lei ou a prática médica
não podem continuar a fingir ignorar.
Chantal Sebire aparece muerta en su casa · ELPAÍS.com




Hace dos días, el Tribunal de Gran Instancia de Dijon denegó su petición para que le fuera aplicada la eutanasia activa, ya que sufría un cáncer incurable en la cavidad nasal que se iba extendiendo hacia el cerebro y le producía serios daños, como una ceguera progresiva, así como intensos dolores.
Chantal Sebire aparece muerta en su casa · ELPAÍS.com


(IX)Vitorino Nemésio - Uma caricatura de escárnio e mal dizer (IX)






VII

Mas mesmo assim lá não ia.
E seu desgosto subia,

atravessava fronteiras.

A literatura morria!

Não havia! Não havia!!

Há Nemésio, há Vitorino,

gritava o coro ensinado.

E Vitorino sorria

entre triste e consolado.

Pois Vitorino sabia

como o tinha ensaiado.

terça-feira, março 18, 2008

Mais um capítulo (pacífico) na "guerra" das bandeiras

Voltemos ao assunto, que ontem retomei neste Ventilhador, da chamada, eufemisticamente (ou antes, hiperbolicamente), guerra das bandeiras.
Já vimos que se trata de uma questão de alta sensibilidade, a respeito da qual nem mesmo duas regiões autónomas, tão próximas na geografia e nas tradições autonómicas, como os Açores e a Madeira e cujos Estatutos, por isto mesmo, são, basicamente, idênticos, tenham conseguido, até hoje, harmonizar as respectivas disposições estatutárias, sem que se possa vislumbrar, no plano dos princípios, nenhuma razão válida para a divergência de formulações.
Avancemos, desde já, que apenas a circunstância de o palco das "cenas bélicas" de 1986 terem sido os Açores explicará, porventura, a divergência de formulações, claramente menos autonomistas no caso dos Açores.
Mas deixemos os comentários para melhor ocasião, e contentemo-nos, por hoje, com a transcrição das disposições dos actuais Estatutos dos Açores e da Madeira e da formulação, agora, proposta pelos Açores para a 3ª revisão estatutária.
Repitamos as disposições do Estatuto dos Açores:
No seu artigo 6º, que trata dos símbolos da Região, diz-se, no seu n.º 2:
"Os símbolos regionais são utilizados nas instalações e actividades dependentes dos órgãos de governo próprio da Região ou por ela tuteladas".
O seu n.º 3 acrescenta:
"Os símbolos regionais são utilizados conjuntamente com os correspondentes símbolos nacionais e com salvaguarda da precedência e do destaque que a estes são devidos, nos termos da lei".

O Estatuto da Madeira, pelo seu lado, estabelece no seu artigo 8º n.º 2:
"Os símbolos regionais são utilizados nas instalações e actividades dependentes dos órgãos de governo próprio da Região ou por estes tutelados, bem como da República nos termos definidos pelos competentes órgãos".
E, no seu n.º 3:
"Os símbolos regionais são utilizados conjuntamente com os correspondentes símbolos nacionais e com salvaguarda da precedência e do destaque que a estes são devidos, nos termos da lei".
Acrescenta ainda, um n.º 4 que diz:
"A bandeira da União Europeia é utilizada ao lado das bandeiras nacional e regional nos edifícios públicos onde estejam instalados serviços da União Europeia ou com ela relacionados, designadamente por ocasião de celebrações europeias e durante as eleições para o Parlamento Europeu".

A ante-proposta da 3ª revisão do Estatuto aprovada por unanimidade pela Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, em 31 de Outubro de 2007 e entregue na Assembleia da Répública no mês seguinte, a 21, reza assim:
Artigo 4º nº 2:
"Aos símbolos da Região são devidos respeito e consideração de todos".
O nº 3 diz:
" A bandeira e o hino da Região são utilizados conjuntamente com os correspodentes símbolos nacionais e com a salvaguarda da precedência e do destaque que a estes são devidos".
O n.º 4 afirma:
A bandeira da Região é hasteada nas instalações dependentes dos órgãos de soberania na Região e dos órgãos de governo próprio ou de entidades por eles tuteladas, bem como nas autarquias locais dos Açores.

O nº 4 inova, dizendo:
"A utilização dos símbolos da Região é regulada por decreto legislativo regional".

Alguns comentários impôem-se. Mas não serão para hoje.

segunda-feira, março 17, 2008

(VIII) Vitorino Nemésio - Uma caricatura de escárnio e mal dizer (VIII)





VI


E Vitorino ensinava
e semeava e podava
muita letra inofensiva.
E gemia pelos cantos
que não havia um escritor,
que toda a literatura

morrera da sua amargura
de não ser um director.
Mas, enquanto assim dizia,
ia ensinando a poesia
aos alunos mais espertos.
Uma poesia inocente!
Ou bela prosa vazia
com muita pornografia
de jornalismo impotente.


Vitorino desistia

de estar bem com toda a gente.

As bandeiras e as suas "grandes" guerras

Como se pode verificar pela notícia que segue,
em Espanha há uma "guerra" das bandeiras no País Vasco.
Não duvido que outras existirão, noutras comunidades autónomas espanholas.
Nos Açores, já tivemos uma, nos anos 80, que levou à devolução de um estatuto revisto,
pelo próprio Presidente da República que, para o efeito, se deslocou de propósito à Região e à Assembleia Regional.
Na Madeira, recentemente, voltava a levantar-se o problema.
São, realmente guerras infindáveis, estas das bandeiras.
Curioso é constatar que os problemas têm expressão oposta, nas regiões autónomas portuguesas e nas espanholas.
Em Portugal, a questão é a da obrigação ou não, dos organismos do Estado hastearem as bandeiras das regiões.
Em Espanha, é o do hasteamento da bandeira espanhola nos edíficios do próprio estado central.
As disposições legais vigentes em cada país também reflectem esta diferença de situações.
Em Espanha, as disposições legais são as que constam da notícia.
A diferença é notória se as compararmos com as disposições constantes no Estatuto da Região Autónoma dos Açores.
No seu actual artigo 6º, o Estatuto estabelece, no seu n.º 2, que "os símbolos regionais são utilizados nas instalações e actividades dependentes dos órgãos de governo próprio da Região ou por ele tuteladas", acrescentando, no número seguinte, que "os símbolos regionais são utilizados conjuntamente com os correspondentes símbolos nacionais e com a salvaguarda da precedência e o destaque que a estes são devidos, nos termos da lei".
El Poder Judicial pide al Gobierno que obligue a cumplir la ley de banderas · ELPAÍS.com



El Poder Judicial pide al Gobierno que obligue a cumplir la ley de banderas


EFE - Madrid - 13/03/2008 Vota Resultado 2 votos El Consejo General del Poder Judicial (CGPJ) trasladó ayer al Gobierno una petición del Tribunal Superior de Justicia Vasco (TSPJV) para que se haga cumplir la Ley de Banderas, de modo que se coloque la bandera española en los edificios judiciales de esta comunidad. El acuerdo se refiere a la Ley de Banderas (1981) que impone que "en las Comunidades Autónomas cuyos Estatutos reconozcan una bandera propia, ésta se utilizará juntamente con la bandera de España en todos los edificios públicos civiles".
El Poder Judicial pide al Gobierno que obligue a cumplir la ley de banderas · ELPAÍS.com

sábado, março 15, 2008

( VII)Vitorino Nemésio - Uma caricatura de escárnio e mal dizer (VII)



v



Ficou tudo como dantes;
ou antes, ficou pior.
Mas o que importa saber
é que o Dr. Vitorino
não foi posto director.
Vitorino sofreu muito.
Entregou-se mais às letras.
Dedicou-se aos seus alunos.
Escreveu muitos artigos
em que não dizia nada,
para ver se a assinatura,
a tal maldita, a escusada,
se sumia das lembranças.

Vitorino, amargamente,
estava bem com toda a gente.

O CORO DAS MÃES (I)

Nunca tive a preocupação de conseguir a consonância de temas entre o Álamo Esguio e os meus outros dois blogues, este Ventilhador e o Epigrama, embora estes últimos, por razões de tempo e disponibilidade, acabem, muita vez, por alinhar pelos mesmo temas.
Nasceram para serem, um, a face que pensa e outro, a face que ri, mas este verso e reverso dos acontecimentos, nem sempre é evidente ou fácil de deslindar.
Mas vou abrir uma excepção, e trazer para os dois últimos, o tema que desde há vários dias vem sendo publicado no Álamo Esguio, sob o título de "Romance das mães que choram".
Na versão do "Ventilhador e do "Epigrama, o tema manter-se-á o mesmo, mas o título será o "CORO DAS MÃES".
É retirado da obra de Giovanni Papini, Juízo Universal, e que voltei a redescobrir, por simples coincidência, numa velhinha edição da "Livros do Brasil" dos anos 50.


CORO DAS MÃES

Eis ante Ti, Senhor, a infinita turba das criaturas que aceitaram a tua condenação

das mães que a expiar a culpa da mãe dos vivos pariram com dor

daquelas que com o próprio sangue e o próprio sofrer transmitiram, até à última noite, a vida.


Os homens criaram tudo o que ao Mundo pareceu belo e grande, mas
nós criámos, no mais quente abrigo do nosso corpo, os criadores.

Todo o género humano é filho da nossa carne e da nossa dor.

Mesmo os mais protervos conquistadores e dominadores foram expelidos sanguinolentos e gemebundos, da nossa vagina.

Fomos dóceis cúmplices do pecado dos homens, mas nem sequer os santos mais seráficos e cândidos haveriam podido nascer sem a nossa voluptuosidade e a nossa tortura.


Para dar a vida aos novos homens, a nossa esteve sempre em perigo;
muitas vezes a perdemos.


Nem
todas aquelas que estão ante Ti, Pai, se tornaram mães por vontade de amor.

Houve mulheres que conceberam por obediência, por temor, por inconsciência, por violência.

Mas todas amaram, mesmo as filicidas, os frutos do seu ventre.

Em muitas de nós houve traição, esquecimento, abandono, cegueira e baixeza,

em todas nós houve sombra ou princípio ou peso de pecado.

Mas Tu, Senhor, Tu que fizeste padecer tanto uma mãe feita de terra, como nós, volve os
olhos apenas para as nossas ânsias e para os nossos sofri­mentos.

Se o Homem foi por Ti condenado a espargir o seu suor sobre a terra

nós fomos condenadas, por culpa do homem, a espargir suor de sangue e lágrimas de dor.


Como à mãe de Caim e à mãe de Cristo, à maior parte de nós foram
arrancadas, antes da nossa morte, as flores da nossa vida.


Arrebataram-no-las, a maioria, outras mulheres mais jovens que foram punidas, por sua vez, com o suplício feliz da maternidade.


Mas arrancou-os ao nosso amor, contra a lei natural do amor, a morte.



quinta-feira, março 13, 2008

(VI) Vitorino Nemésio - Uma caricatura de escárnio e mal dizer (VI)




Quando estala um borborinho,
e muitos papéis circulavam,
que muitos milhares assinavam.
e tudo iria mudar...
E Vitorino com medo
de que tudo se mudasse
e que, se não assinasse.
o não punham director,
fez das tripas coração,
pediu a todos perdão.
e muito a medo... assinou.

Vitorino, aflitamente,
estava bem com toda a gente.

As longas batalhas dos USA

A longas batalhas se habituou (ou se viciou) a América.
E não só às longas e pacíficas batalhas presidencais.
Mas também às outras.
Às que envolvem sangue e mortes reais.
São 200 conflitos sangrentos, em 231 anos de história.
A impressionante média de uma guerra em cada 14 meses.
É de parar...
e pedir ajuda ao resto do mundo para...
a América pensar,
antes de se arrojar ao próximo "Iraque",
ao próximo "Vietnam",
ou à próxima "Cuba".








L’Amérique a une grande expérience de la guerre, 200
conflits en 231 ans d’histoire, soit une guerre tous les 14 mois
.









terça-feira, março 11, 2008

(V)Vitorino Nemésio - Uma caricatura de escárnio e mal dizer (V)






IV

E Vitorino subia
em ambições naturais.
De doutor a professor,

não era nada de mais...

Tinha de ser director!

-
pois outrossim que diria
a gente da sua aldeia
para quem o professor
nunca é Snr. Doutor
mas o da Escola Primária.

Estava quase, quase, quase...

segunda-feira, março 10, 2008

Resultados das eleições em Espanha: Títulos à esquerda e à direita

A vitória do PSOE nas eleições de ontem recebe ênfase desigual, nos títulos de três diários espanhóis, consoante o seu posicionamento, mais à esquerda ou mais à direita.
À esquerda, "EL PAIS" mantém o seu tradicional equilíbrio nos títulos, mas centrando-os no essencial e personalizando e quantificando a vitória: Zapatero repite victoria con más fuerza · ELPAÍS.com


ELECCIONES 2008
Zapatero repite victoria con más fuerza
El PSOE, con 169 escaños, y el PP con 153, aumentan sus apoyos respecto a 2004 - Descalabro de IU y ERC, mientras los nacionalistas moderados se mantienen
Zapatero repite victoria con más fuerza · ELPAÍS.com


O "Publico", pelo seu lado, lança para os olhos dos seus leitores a vitória do PSOE, em jeito colorido e garrafal de cartaz:


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À direita, "EL MUNDO", prefere chamar a atenção para as responsabilidades da vitória, citando Churchil e para o seu preço - vencer a crise, tendo o pressuroso cuidado de nunca associar o nome do PSOE à palavra vitória, nem o do PP, à palavra derrota.

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domingo, março 09, 2008

(IV) Vitorino Nemésio - Uma caricatura de escárnio e mal dizer (IV)






III


E Vitorino fazia
Grandes teses de Herculano
que ainda um dia acabaria,

e artigações de jornal,

e palestras na Emissora,
e, pegando na tesoura,

compôs o Gomes Leal.
E fazia também versos
com bocadinhos dispersos

de tudo o
que era moderno,
com pósinhos só do eterno
do folclore oficial.

Vi to r i no, cautamente,
estava bem com toda a gente

sexta-feira, março 07, 2008

(III) Vitorino Nemésio - Uma caricatura de escárnio e maldizer (III)



II

E Vitorino escrevia
de tudo o que lhe passava

ao rés do bico da pena.
Rainha Santa ou baleia,
nessa arte de fazer meia
com verso, prosa ou idéia,
ficavam muito engraçadas.

Toda a gente se encantava

e os ilhéus todos à uma
proclamavam que em suma
nada havia de melhor.
E os outros, intimidados,
concordavam que era bom,
embora sem tom nem som
ou com isso sem mais nada.

Vitorio, finamente,

estava bem com toda a gente.

quarta-feira, março 05, 2008

(II)Vitorino Nemésio - Uma caricatura de escárnio e maldizer (II)


Em letras, da mula-ruça,
doutor de trocas-baldrocas,
doutor de fosse-o-que-fosse,
pois que um tamanho talento
seria apenas jumento
se na terrinha o deixavam.

Com o seu arzinho modesto,

O seu passinho tão lesto

sua fala toda uus,

para Coimbra o mandaram,

que sempre se governaram

os que em Coimbra estudaram,

e tinha de ser doutor.

Mas Vitorino escritor

é que sonhou logo ser.

Nesse tempo, os estudantes

em Coimbra eram escritores.

E mais valia escrever,

porque os doutores não escreviam,

e Vitorino seria

um doutor entre escritores

e um doutor que escrevia.

Vitorino, mansamente,
estava bem com toda a gente.

terça-feira, março 04, 2008

Dois debates:sempre o mesmo estilo Rajoy

Assisti, ontem, ao segundo debate entre Zapatero e Rajoy.
Rajoy não conseguiu alterar o seu estilo de tentar demolir o adversário.
Não lhe reconhece nenhum mérito,
nenhuma política em nenhum sector,
e, sobretudo, é mentiroso.
Em resumo, não conseguiu, o candidato do PP, sair da parte mais fácildo papel da oposição.
O negativismo e,
mais ainda,
o negacionismo.
Quem se apresenta como alternativa tem de ser mais do que isto.
Tem de propor e contrapropor.
Rajoy pouco disse em relação a propostas.
Em relação a contrapopostas às muitas do adversário, disse nada.
Assim se perdem debates. Dos estilos enfrentados · ELPAÍS.com


Dos estilos enfrentados · ELPAÍS.com

El candidato del PP no se apeó de la actitud agresiva que
caracterizó el primer debate, y el candidato socialista, en
cambio, supo reaccionar con energía a las embestidas de su
adversario. No es extraño que las encuestas den a Zapatero como
vencedor, incrementando la diferencia respecto al anterior.

segunda-feira, março 03, 2008

(I) Vitorino Nemésio - Uma caricatura de escárnio e mal dizer (I)

O texto que, nos próximos dias, vai ser publicado no Ventilhador, (preenchendo um período de ausência, de duração incerta, no continente, do responsável do blogue ) ainda se pode considerar ter por motivação imediata as recentes comemorações do aniversário da morte de Nemésio.
O seu conteúdo pode parecer injurioso para Nemésio, mas tem de perceber-se que se trata de uma caricatura sarcástica de raízes muito antigas na literatura portuguesa e que Jorge de Sena cultivou.
Como todas as caricaturas, tem por base um exagero em relação à personalidade de Vitorino Nemésio. A sua ligação ao jornalismo e a sua ambição de ser responsável por jornais como director.
Duas características que, longe de o diminuírem apenas o engrandecem.
Tanto mais que, sendo este poema, implacavelmente satírico para Nemésio, datado de 15 de Dezembro de 1956, a vida daria a Nemésio, bastantes anos depois, a oportunidade de demonstrar que não estava disposto a tudo sacrificar, para conseguir estar à frente de qualquer jornal.
Tal aconteceu por duas vezes.
Da primeira, quando, ainda no período marcelista, foi convidado para dirigir "O Século"e não se coibiu de tornar públicos os objectivos que o moviam na aceitação do cargo.
Considerados inaceitáveis para os tempos de então, o convite foi cancelado.
Da segunda, quando, já depois do 25 de Abril de 1974, aceitou dirigir um jornal de direita, "O Dia", e abandonou o lugar passados poucos meses, por discordar dos rumos que o jornal levava.
Tudo resumindo, pode dizer-se que o Romance-real- da vida de Vitorino Director desmentiu o Romance- satírico- do Vitorino Director que Jorge de Sena, enfaticamente, imaginou.



ROMANCE DE VITORINO DOUTOR

Nas ilhas dos Bensaúdes
do ananaz e da América,
foi que nasceu Vitorino,
com seu nariz de judeu
sua cara de sandeu,
suas graças de menino

E Vitorino crescia

em falas mansas e doces,
em jeito de quem dá couces
a quem os gosta de levar.
E tais patranhas dizia,
com tal sabença escondia
o que estivesse a pensar
que todos na sua aldeia,
pensando no continente
(onde os ilhéus são a gente
que melhor sabe empurrar)
para doutor o criavam

domingo, março 02, 2008

Ingrid Betancourt: Uma mãe angustiada; Um presidente inflexível




É uma das perguntas da hora que passa.
O que terá mais peso no destino de Ingrid, refém das FARC há seis anos:
A máscara da angústia que é o rosto de sua mãe ?
Ou os dois dedos da intransigência reclamando vitória total, do Presidente Uribe da Colombia?
As razões do coração e da vida contra a razão ( real ou pretensa) do Estado.
É uma luta tão velha como a humanidade, mas, em cada caso, tão pungente, como se estivesse a ocorrer pela primeira vez na história da humanidade.





La mère d’Ingrid Betancourt réclame


La mère d’Ingrid Betancourt réclame "un geste humanitaire", FARC


Bush et Uribe, bonnêt blanc et blanc bonnêt !
Le Président colombien Alvaro Uribe restera inflexible dans toute négociation car il a un compte personnel à régler avec les FARCs, la mort de son père. Il l’a affirmé lui-même ! On peut en déduire que cet homme est prêt à sacrifier un nombre indéterminé d’otages pour assouvir une vengeance toute personnelle !