Em letras, da mula-ruça,
doutor de trocas-baldrocas,
doutor de fosse-o-que-fosse,
pois que um tamanho talento
seria apenas jumento
se na terrinha o deixavam.
Com o seu arzinho modesto,
O seu passinho tão lesto
sua fala toda uus,
para Coimbra o mandaram,
que sempre se governaram
os que em Coimbra estudaram,
e tinha de ser doutor.
Mas Vitorino escritor
é que sonhou logo ser.
Nesse tempo, os estudantes
em Coimbra eram escritores.
E mais valia escrever,
porque os doutores não escreviam,
e Vitorino seria
um doutor entre escritores
e um doutor que escrevia.
Vitorino, mansamente,
estava bem com toda a gente.
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