quarta-feira, maio 04, 2005

QUANDO




Quando o poder, que emana do povo, deixa de ser exercido ou contra o povo se exerce, alegando servi-lo;

Quando a autoridade carece de autoridade e o legítimo se declara ilegítimo;

Quando a lei é uma palavra batida e pisada, que se refugia nas catacumbas do direito;

Quando os ferros da paz se convertem em ferros de insegurança;

Quando a intimidação faz ouvir suas árias enervantes e até o silêncio palpita de ameaças;

Quando faltam a confiança e o arroz, a prudência e o feijão, o leite e a tranquilidade das vacas;

Quando a fome é industrializada em slogans e mais fome se acumula quanto mais se promete ou se finge combater a fome;

Quando o cruzeiro desaparece no sonho de uma noite de papel por trás de um cortejo de alegrias especuladoras e de lágrimas assalariadas;

Quando o mar de pronunciamentos frenéticos não deixa fluir uma gota sequer de verdade;

Quando a gorda impostura das terras dadas enche a boca dos terratenentes;

Quando a altos brados se exigem reformas para evitar que elas se implantem e assim continuem a ser reclamadas como dividendo político;
(continua)

1 comentário:

ComUnidade disse...

olá, gostaria desse texto completo! vc tem, como faço pra ver a continuação? beijo