Sócrates encerra confusão, Marques Mendes cai em "doença prolongada"

José Sócrates impõe ao PS referendo sobre o aborto



Marques Mendes diz que Valentim Loureiro perdeu confiança política do PSD

Afinal, Sócrates parece ter recuperado a linha de actuação que o caracterizou durante as campanhas eleitorais.

É verdade que deixou o grupo Parlamentar e o Partido, em zig-zag errático durante demasiado tempo, para quem tem a maioria absoluta com a responsabilidade histórica de encerrar, em definitivo, o percurso, sem rumo nem norte, dos últimos tempos da anterior maioria governativa.

Quem assistiu ao último debate do Programa da RTP2, com representantes dos grupos parlamentares da AR, percebeu facilmente que a representante do PS estava em situação de total indefinição e incapacidade de resposta política para as questões, que, sob o tema do referendo e do próprio aborto, lhe iam sendo colocadas.

Tudo isto devia servir de lição a alguns (no caso, provavelmente, sobretudo algumas) esquerdistas apressados e complexados perante as urgências "à Bloco de Esquerda". Estas precipitadas urgências podem deitar a perder em dias o que se levou anos a ganhar. No caso, um referendo ao aborto, com resultado favorável à alteração da actual lei.

Quanto a Marques Mendes, com o seu pseudo-critério de carácter político instalou a confusão total. Para além da vontade do líder de decidir neste ou naquele sentido, o que é que distingue, do ponto de vista político, o caso de Valentim Loureiro, a quem Marques Mendes nega confiança política, do caso de Isabel Damasceno, a quem ele a reitera?

Absolutamente nada.

Por isto mesmo é que, como diz a notícia, "instado a distinguir a situação de Valentim Loureiro da de Isabel Damasceno - autarca de Leiria que foi hoje confirmada como candidata pelo PSD, apesar de também ser arguida no processo de corrupção no futebol Apito Dourado -, Marques Mendes recusou-se a responder".

Recusou-se agora. E não será nunca capaz de fazê-lo, em qualquer outra altura, apenas com base neste suposto critério.

O critério faz lembrar aqueles misteriosos e indecifráveis "critérios jornalisticos", que levam a considerar como notícia de abertura de telejornal, os casos de meningite pneumocócica, com direito a fotografia e identificação completa de todos os intervenientes, se for possível, e a esconder sob o tradicional quase anonimato envergonhado, os casos de morte por "doença prolongada".

A doença de Isaltino Morais, Valentim Loureiro e Isabel Damasceno ameaça transformar-se numa "doença muito prolongada" para Marques Mendes!