(...) "Tchecov ouviu com atenção e procurou reconduzir à sua experiência profissional esta fábula que poderia ser grega ou romana, mas nunca russa.
Assistira a longas agonias de muitos doentes e não se lembrava de ter sentido neles o desejo de saber quando chegaria a sua hora, que previam inevitavelmente próxima, mas sem perderem a esperança de um milagre para além da ciência do médico.
A tal intervenção dos deuses.
Para um homem em boa saúde, esse domínio do ciclo da própria vida parecia-lhe fonte de imoralidade, não de liberdade.
Quantos crimes não seriam cometidos por quem, sabendo-se imune a uma punição fatídica até à data pré-fixada, não hesitaria em resolver violentamente os entraves quotidianos às suas ambições e aos seus desejos?"(...)
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