Estou em dívida comigo próprio em dois "post" sobre as malfadadas gralhas.
Este é o primeiro.
Devo este primeiro, por respeito a um comentário do Cristóvão de Aguiar sobre as "gralhas insolentes".
Bem sei que é com atraso pouco cibernético que volto ao assunto, mas julgo que convém fazê-lo, porque podem ter ficado na mente de quem nos tenha lido, mais dúvidas sobre a matéria do que aquelas que eu ou o Cristóvão de Aguiar, decerto, desejaríamos.
Não pretendo alimentar qualquer polémica sobre o tema com Cristóvão de Aguiar, com quem venho tentando aprender a bem-escrever português, pelo menos, desde "A Semente e a Seiva". Há mais de um quarto de século, portanto.
Posso ter sido mau aluno, mas tal nem significa que não tenha direito a opiniões próprias sobre o assunto ou que, exprimindo-as, esteja a tentar "ensinar o Padre-Nosso ao Vigário".
No meu "murganhito, "encontrou Cristóvão de Aguiar várias maleitas.
A que considero mais importante é a que se relaciona com as duplas Forum/Fora e Curriculum/Curricula.
Nenhuma das consultas feitas (e foram várias) abonam em favor da opinião de Cristóvão de Aguiar. Ambos os termos ou são considerados palavras invariáveis, quando aportuguesados ou, se utilizados no plural, deviam sê-lo segundo as regras do português (foruns ou curriculuns, por exemplo), mas nunca usando o plural latino.
Esta opinião é a aceite e fundamentada no Ciberdúvidas do SAPO, como pode ser comprovado nos linkes seguintes: forum e fora, curriculum e curricula.
Para quem não se queira dar ao incómodo dos linkes, acrescento apenas que faz tanto sentido usar "fora" ou curricula", como usar "memoranda" a fazer de plural, em vez de "memorandos". E que o "Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa", que regista cerca de 30 acepções diferentes da palavra "fora", não a refere no sentido de plural de "forum". E o "Houaiss" é considerado o mais exaustivo dos actuais dicionários da lusofonia.
Quanto às restantes "morganhices" do meu texto, que a inquisitorial ratoeira do Cristóvão teria apanhado, não me parece necessário convocar um ou vários "forum" de linguística, por causa delas. Ou invocar um ou vários prestigiados "curriculum" para o efeito.
Assinalo apenas que "clima", no sentido de "ambiente", é registado por todos os dicionários que conheço, e não consta ter sido acusado de "brasileirismo foleiro", por exemplo, o "Grande Dicionário da Língua Portuguesa", de José Pedro Machado, ainda mais, abonado com o nome da "Sociedade de Língua Portuguesa."
Também não encontrei qualquer fundamento, para condenar expressões como "tolerante para" ou "pode dispensar". Nem sequer, nenhuma, das muitas e contraditórias regras para o uso do hífen, me obriga a escrever boa-fé em vez de boa fé.
Mantenho o entendimento que devem, todas elas, ser consideradas matéria de livre opinião, e não de qualquer decisão ex cathedra de nenhum "forum" de um só perito, ou de vários, com importantes curriculum/currículos.
Para todas estas questões, e muitas outras, remeto os interessados, para o já referido Ciberduvidas.sapo.pt.
Para algumas das questões atrás referidas podem ser "clinkados" os linkes seguintes: clima, pode dispensar, regência das palavras, uso do hífen, hífen e o novo acordo.
Quem ainda estiver com disposição para uma leitura sobre temas afins desta problemática pode ler Português- língua abastardada.com.
quarta-feira, dezembro 29, 2004
CICLONE (de gralhas) EM DEZEMBRO
Publicada por Dsousa à(s) 8:22 da manhã
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