terça-feira, dezembro 21, 2004

O VICTOR E A SUA CRUZ

A cruz mais pesada do Victor não é ser Cruz.
É ser Victor. Literalmente Victor. Vencedor. Sempre Vencedor.
Vencedor, quando decide criar uma coligação. Que era mais do que uma coligação. Era um movimento. Para todos os açorianos.
Não coligou o PP para a campanha, nem movimentou os açorianos para o voto. Mas o Victor continuou Victor. Literalmente Victor.Vencedor. Sempre Vencedor.
Vencedor, quando se demite na noite das eleições. Por sentido de responsabilidade.
Vencedor, quando regressa para se recandidatar ao cargo de que se demitiu. Por igual sentido de responsabilidade.
Vencedor, quando se candidata à Assembleia Regional. Vencedor, quando se candidata à Assembleia da República. Vencedor, quando se ausenta da Assembleia Regional por causa da Assembleia da República. Vencedor, quando se ausenta da Assembleia da República por causa da Assembleia Regional. Vencedor, quando só aparece na Assembleia da República para colher o que outros semearam.Vencedor, quando não aparece na Assembleia Regional, porque aí nada havia para colher, porque não houve ninguém que tivesse capacidade de semear para ele. Mas ele é o Victor. Literalmente Victor. O Vencedor.
Vencedor, nos Açores, quando construiu o seu PSD sobre os pés de barro de uma geração de delfins. Vencedor, no continente, quando aceitou ser Vice do PSD de Santana em troca de um fugaz momento televisivo. Como líder demissionário, nada nem ninguém representava dos Açores. Passou a não representar nada nem ninguém no PSD nacional.
Nos Açores, reduziu um partido, outrora, hegemónico na sociedade açoriana, a uma facção. No continente, só se podia sentir bem, noutra facção. A que está a meio caminho entre os santanistas e as santanetes. Mas ele é Victor. Literalmente Victor. Sempre Vencedor. Para sempre Vencedor.
Vencedor, porque conseguiu iludir metade da sociedade açoriana com as suas perspectivas de vitória, solidamente fundadas na opinião publicada e nas sondagens apropriadas. Vencedor, porque, depois de derrotado, consegue iludir o seu próprio partido de que continua vencedor.Victor. Literalmente Victor. O Vencedor. Ele próprio é o seu arco e o seu triunfo.
Mas que Cruz, Victor!

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