Desde 1888 que estas duas cadeiras estão vazias. Vazias, tal como a vida o impôs ao pintor Vicente Van Gogh. A primeira, pintou-a Van Gogh com as mesmas cores claras e vivas com que, poucos meses antes, ainda pintava searas, flores e campos em explosões de cor. Esta cadeira, porém, não transmite nenhuma força vital, mas muito abandono e ausência. Van Gogh pintou-a para si. E quase se retratou. Ao colocar nela, abandonados, o tabaco e o cachimbo que, nas penosas circunstâncias da sua vida na altura, eram o seu amparo contra a solidão e o isolamento.
A outra cadeira pintou-a para Paulo Gauguin, que o acompanhara nos últimos meses, mas que o iria abandonar à sua sorte, por incompatibilidade, por medo e por incompreensão.
No dia em que se recorda o nascimento de Van Gogh, no longínquo ano de 1853, não faça como Gauguin, dê-se ao incomodo de usar estas duas cadeiras como pretexto para a procura de Van Gogh. Da obra e do Homem. Procure-o no Google ou no Yahoo. Procure-o na Taschen ou na revista especializada. Procure-o no Museu ou na reprodução acessível dos seus quadros. Mas procure-o. Será recompensado.
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