terça-feira, março 01, 2005

As Vitórias de Hoje e as Vitórias de Sempre do Socialismo Democrático


A dois dias das eleições do passado dia 20, o mais lúcido e mais respeitável dos pensadores da nossa contemporaneidade, o sempre actual e sempre jovem Eduardo Lourenço, antecipava o sentido da vitória eleitoral do PS, apontando-nos o critério histórico seguro para a sua correcta leitura.
Considero a leitura completa do artigo, que, actualmente, se encontra incluído no Dossier do Público sobre as Legislativas, um acto de cultura elementar, mesmo para quem não se reveja em todos os pormenores do seu conteúdo.
Para a parte que aqui me interessa salientar, transcrevo os seus dois primeiros parágrafos :
"Há trinta anos, o Partido Socialista é, quase por antonomásia, a encarnação da democracia em Portugal. Por culpa própria, em parte, os portugueses já se esqueceram disso. De algum modo, esse é também o maior elogio que se pode fazer ao antigo partido de Mário Soares e de Salgado Zenha: ser "democrático" já não denota nada, como era o caso nos primeiros cinco anos após o 25 de Abril. Nasce-se democrático, como se nasce português e este registo de nascimento parece passado directamente no céu democrático. Não o é. Trata-se de uma conquista histórica de uma dada geração..."
Penso que é esta a regra, para a leitura de todas as vitórias do socialismo democrático nas urnas.
Desde há mais de trinta anos, que, não só em Portugal, mas também um pouco por todo o mundo, que o povo procura, no voto nas correntes políticas do socialismo democrático, a porta de saída para salvar, ao mesmo tempo, a democracia e a busca de novas formas e novos caminhos para o reforço da liberdade, como condição do acesso do maior número ao progresso e à modernidade.
Para o comprovar, poderíamos recuar até ao Chile de Allende.
Não pretendo ir tão longe no espaço nem tão atrás no tempo.
Vou-me ficar pelo 10 de Maio de 1981, em França, com a eleição de François Mitterrand; pelo 28 de Outubro de 1982, com Filipe González, e a vitória do PSOE em Espanha, e pelo nosso 10 de Outubro de 1996, nos Açores.
Mas não vai ser nesta entrada. Fica para próximas oportunidades. Espero que menos marcadas pelos incómodos das irritantes e oportunistas gripes.

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