terça-feira, março 29, 2005

Meu Deus! Nem os Jornalistas...?!

É a conclusão a que tenho de chegar!

Já nem os jornalistas entendem o PSD-Açores, depois de ter ouvido, na RTP-Açores, e lido, em dois diários regionais, as seguintes afirmações sobre as posições do PSD-Açores relativas ao sistema eleitoral:

"A bancada do PSD defendia que cada deputado fosse eleito por cinco mil votos, em vez dos seis mil actuais".

Não acredito que, mesmo com a actual incontrolada tendência do PSD-Açores para coleccionar disparates sobre esta matéria, que alguém da "bancada do PSD" tenha dito algo muito diferente daquilo que consta do seu projecto de sistema eleitoral. Que é o seguinte:

"Em cada círculo eleitoral são eleitos dois deputados e mais um por cada 5000 eleitores ou fracção superior a 2.500".

Esclareça-se apenas que a referência jornalística aos "seis mil actuais" se relaciona com a disposição estatutária que estabelece a eleição de um deputado "por cada 6000 eleitores recenseados ou fracção superior a 1000".

É verdade, que não houve qualquer ganho de clareza com a retirado pelo PSD do termo recenseados. Antes pelo contrário.

Em primeiro lugar, tem de se reconhecer a cruel ironia dos factos, ao constatar-se que, nem os jornalistas açorianos, especializados em questões parlamentares, têm ideias muito claras sobre o sistema eleitoral que o PSD-Açores considera inalterável no seu esquema básico, porque "a sua percepção por todos os eleitores é imediata, possibilitando uma adesão dos eleitores ao sistema em vigor"(preambulo do projecto do PSD).

De duas, uma.

Ou os jornalistas açorianos são muito mais estúpidos que os eleitores açorianos, ou então, os jornalistas açorianos, enquanto açorianos, têm "percepções imediatas" de que são destituídos...enquanto jornalistas.

Em segundo lugar, há aqui um sinal dramático para quem se preocupe com a saúde do regime democrático regional.

O partido histórico da alternativa nos Açores, que continua a ser o PSD- Açores, (pelo menos, enquanto o PP continuar dominado pelas "térmitas" do regime democrático açoriano chamadas Alvarino Pinheiro e Renato Moura), chega a esta incapacidade radical para fazer passar as suas mensagens políticas, depois de:

1- Os açorianos, lhe terem vindo a voltar as costas, de eleição em eleição, de forma cada vez mais convicta;

2- O PSD-Açores começar a dar sinais de estar a entrar num processo de racionalização e interiorização da sua dimensão actual, cada vez mais circunscrita à ilha e até ao concelho.

As questões postas no referendo interno do PSD-Açores sobre o sistema eleitoral e as suas posições "oficiais" sobre o mesmo são elucidativas a este respeito.

Chega a ser confrangedora, a total incapacidade do actual PSD-Açores para perceber a necessidade de o sistema eleitoral, para além de outras razões, também evoluir para a dimensão de que o PSD foi o primeiro protagonista histórico nos Açores- a dimensão regional.

Para o actual PSD-Açores esta dimensão é perversa e é de afastar.

É muito difícil conseguir uma forma mais eficaz e simbólica de renegar todo o seu passado histórico!

3- O PSD-Açores chega a esta incapacidade comunicacional até com os jornalistas, depois de ter insistido, na última legislatura, precisamente em nome desse pretexto da transparência mediática, que os jornalistas estivessem presentes nos trabalhos das comissões, e depois de ter revelado desprezo absoluto pelos resultados conhecidos do referendo interno sobre o sistema eleitoral.

Referendo que oscilou entre a inconstitucionalidade das perguntas (descoberta, a posteriori!!!) e a sua inutilidade.

4- Depois de o líder parlamentar do PSD, segundo os jornalistas, ter falado em abertura "para uma terceira solução de consenso", sobre o sistema eleitoral.

Terá falado mas não terá revelado o seu conteúdo.

Afinal, para que quer o PSD- Açores, os jornalistas nas comissões?

Quando lá os têm, usa-os para criar "suspense" sobre misteriosas soluções que, em vez de pôr em cima da mesa para os jornalistas verem... as mete na manga. Para eles, e todos nós, continuarmos a especular sobre aquilo que O PSD diz que tem e esquecermos a pobreza daquilo que nos consegue mostrar!

Meu Deus! Nem os "amigos" jornalistas! Que bem tentaram fazer a reportagem, "do ponto de vista" do PSD.

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