Natal das sombras! Tu, agora, Avó!
Partiste há pouco, mas voltaste cedo...
Não tenho medo. Vem. Eu não estou só.
Chega-te ao pé de mim... Não tenho medo.
Medo de quê? É o Natal das Sombras...
A vida e a morte são a mesma linha.
Mistério dos que voltam: não me assombras!
Chega-te ao pé de mim, boa avózinha!
Foi bom que tu viesses! Mas eu, sei:
Não podes demorar-te, com certeza
Oh, avózinha, fica! Há bolo-rei
E nós cabemos todos nesta mesa!
E agora os tios... Boa noite... Olá!
Sentem-se aqui... Há lume na lareira..
Oh, a alegria enorme que me dá,
Se puderem ficar a noite inteira!
É Dezembro lá fora? Aqui, é Maio,
Pois onde entra o amor tudo florescePois onde entra o amor tudo floresce.
Quereis um golo de cacau? Tomai-o,
Bem quentinho! Vá lá, senão ele arrefece...
Porque não falam? Quero ouvir as vozes
Que há tantos anos esqueceram já!
Gostam de doces? Tenho aqui filhozes...
Foram feitas em casa... Provem! Vá!
E agora tu, meu filho... Tão pequena
Que a tua sombra franzininha é!
E ao pé dela é tão grande a minha pena...
Mas ainda é maior a minha fé!
Pousa as tuas mãozinhas nos meus ombros.
Não te esqueci, nem esqueço mais. Descansa.
Tu renasces comigo dos escombros.
Tu renasces comigo em cada esperança.
Encosta a cabecita nos meus braços.
É noite de Natal! Meu filho, vem! É noite de Natal! Meu filho, vem!
Foi longa a caminhada dos espaços.
Mas agora voltaste, ainda bem.
E por último, tu, Avô velhinho.
Meu Deus! Vens tão cansado, tão desfeito!
Tão pálido que estás... Tão curvadinho
Mas lá por dentro, sempre tão direito!
Toma esta manta e cobre os teus joelhos.
Já estamos todos... Como é bom assim!
Agora conversemos. Sim, meus velhos?
Saudade! É o teu Natal dentro de mim. Saudade! É o teu Natal dentro de mim.
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