Vêm as sombras hoje ter comigo.
Vêm as sombras num cortejo lento.
(Vêm as sombras a pedir-me abrigo
Ou sou eu que as procuro em pensamento?)
Natal das Sombras!Natal das Sombras! Bem o oiço e vejo.
Bem o sinto! Andam passos no caminho...
Chegam todas as sombras num cortejo,
Sentam-se à minha volta, de mansinho...
Primeiro, a sombra de meu Pai... Meu velho,
Vem aquecer-te, que está frio no Espaço!
Vem dar-me a tua bênção, teu conselho
E o teu abraço... Ah, mas que fundo abraço!
Há tanto tempo que não vinhas! Tanto!
Já na minha lembrança era sol-posto...
Perdoa! Olha as estrelas do meu pranto
Como derramam luz sobre o teu rosto!
Vieste agora, Pai, vieste agora
A festejar comigo o dia eleito,
Na hora da Família, nesta hora
Em que a ausência é presença em cada peito!
A noite de Natal tomba ao de leve
E de mistério a natureza veste...
Lá fora há tanto frio! O luar é neve.
Mas cá dentro há calor - porque vieste...
(cont.)
(Miguel Trigueiros, in “ O Natal na Poesia Portuguesa“ de Luis Forjaz T., pag.115-116, Dinalivro, 1987)
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